sábado, 21 de outubro de 2023

As origens do Nagualismo: a organização da serpente




Quais são as origens do Nagualismo? Como surgiu o conhecimento da linhagem de xamãs guerreiros trazida à público pelo nagual Carlos Castaneda?

Segundo o mestre do nagual Carlos Castaneda, o nagual Juan Matus, o Nagualismo é uma tradição milenar, com milhares de anos, aproximadamente 10 mil anos!

A linhagem do nagual Carlos Castaneda, encerrada nele mesmo, é uma das linhagens do Nagualismo. O Nagualismo interessa-se apenas pela reprodução xamânica das linhagens, isso significa que não é um movimento baseado em proselitismo. As linhagens são constituídas por pessoas que possuem certas configurações de energia em função daquilo que é chamado de "o Regulamento da Águia".

Os primeiros praticantes, os primeiros videntes, conhecidos como os Antigos, os antigos feiticeiros, começaram no caminho do conhecimento pela experimentação de plantas de poder.

As plantas de poder foram as primeiras mestras da tradição xamânica dos toltecas.

Partindo desse ponto inicial, pode-se dizer que o Nagualismo é uma sabedoria advinda dos efeitos perceptivos causados pelas plantas de poder nos primeiros toltecas. Dizer isso equivale a dizer que a sabedoria dos toltecas nasceu como uma Sabedoria Verde, uma sabedoria que advém do verde, das plantas, dos fungos e da Terra. Bebendo do cálice da Terra as substâncias produzidas pelas plantas de poder e por seu espírito, os toltecas foram impregnados com sua sabedoria. Como um graal verde as plantas de poder abriram a visão daqueles homens e mulheres à mundos até então inconcebíveis.

Por terem as plantas de poder permitido o acesso dos primeiros toltecas a sabedoria infinita de outras realidades pode-se se dizer que essas plantas de poder ou plantas-mestras, foram para esses homens e mulheres o Nagual.

No Regulamento da Águia ou no Regulamento do Nagual está:

"Com a finalidade de guiar as coisas humanas até essa abertura, a Águia criou o Nagual. O Nagual é um ser duplicado para quem o regulamento foi revelado. Seja na forma de um SER HUMANO, um ANIMAL, uma PLANTA, ou qualquer coisa VIVA, o Nagual, em virtude de sua duplicidade é levado a buscar aquela passagem secreta ".

Então, conforme o Regulamento, o Nagual pode ser humano, animal, vegetal ou mineral, enfim, qualquer coisa VIVA, que possua a configuração apropriada em termos energéticos.

É interessante observar como a bebida Ayahuasca ou Runipan é formada pela junção de duas plantas, consideradas macho e fêmea. Assim também a bebida sagrada da Jurema é formada pela Jurema e uma outra planta, por exemplo, a Arruda da Síria. Aliás, segundo me informaram, a Jurema Preta, cresce em dois locais no mundo, México e Nordeste do Brasil, e foram trazidas de lá para cá em tempos ancestrais pelos Maias.

Vemos também uma forte ligação do Nagualismo com determinados animais tais como a Águia, a Cascavel, o Jaguar, o Coiote, o Veado e a Mariposa.

O Nagual não tem limites em suas formas de expressão.

No caso dos toltecas o Nagual apresentou-se inicialmente na forma e através das plantas de poder.

Há nas diferentes tradições xamânicas relatos, contos, mitos, estórias de como o Espírito sempre enviou mensageiros aos seres humanos em diferentes formas.

No próprio Regulamento da Águia está que o próprio Espírito deu origem ao primeiro par nagual e ao seu grupo de guerreiras e guerreiros.

"O modo como os toltecas começaram a seguir a trilha do conhecimento foi consumindo plantas de poder " – Don Juan, em O Fogo Interior, de Carlos Castaneda.

É bom colocar que o termo tolteca aqui não alude sobre uma cultura ou sobre um império, mas sim sobre mulheres e homens que por terem atingido um determinado nível de consciência e energia se chamavam de mulheres e homens de conhecimento, toltecas, videntes e guerreiros capazes de VER. Toltecas é um sinônimo para "homens de conhecimento" ou para xamãs que são capazes de ver a energia tal como ela flui no Universo.

Após um tempo consumindo plantas de poder eles aprenderam a VER, a perceber a energia diretamente tal como ela flui no Universo. Puderam aprender muito com sua capacidade de percepção ampliada. Lançaram as bases do conhecimento tolteca. Viram o ponto de aglutinação e seu brilho, viram que os seres humanos são bolhas de energia e luz, com configurações específicas, viram outros mundos e conceberam o Universo (Multiverso, em verdade) como um cebola, formado por diferentes camadas que interagem entre si sem se confundirem, perceberam que o ser humano é antes de tudo um ser de percepção e de energia, um viajante do infinito numa viagem de percepção, viram e travaram relacionamento com os seres inorgânicos chamando-os de aliados, perceberam a Terra como um ser vivo, estudaram as emanações da Águia e muito mais. Analisaram e sistematizaram seu conhecimento, passando a ensinar à outros, começaram a formar gerações de videntes. Ficaram fascinados com o que viram e não puderam fugir da atração que sua visão portentosa provocava.

O fascínio do que viram permitiu que eles aprendessem muito sobre as outras realidades, além da realidade de nosso mundo cotidiano, mas isso constituiu-se numa falha fatal para eles. Sabiam lidar muito bem com as outras realidades mas não tinham condições de expressar e manifestar seu poder e conhecimento nessa realidade. O fascínio de sua visão fez com que se descuidassem dessa camada da realidade e quando sofreram ataques ou invasões de outros povos conquistadores, seus aliados inorgânicos não puderam ajudá-los, eles não tinham suficiente poder pessoal para utilizarem-se de seus aliados nesse plano da realidade. 

Muitos sucumbiram. Alguns poucos se salvaram. Esses que se salvaram começaram a rever seu conhecimento diante do abalo que a invasão e a conquista de outros povos significou. Eles se perguntavam: Por que nós conseguimos sobreviver, invocando a força de nossos aliados e outros não? A resposta estava no poder pessoal. Assim o poder pessoal é compreendido pelos videntes que vieram a formar o novo ciclo:

Para adentrar ao nagual é necessário reforçar o tonal. O nome desse reforço é poder pessoal.
O uso de plantas de poder e o fascínio da visão provocado por esse uso tornou os primeiros videntes extremamente dependentes do poder das plantas-mestras e quando tiveram que enfrentar um desafio, como a invasão por outros povos, nesta realidade, não tinham poder próprio, poder pessoal para vencerem o desafio. Os poucos videntes que sobreviveram compreenderam isso, compreenderam que foi seu uso sóbrio de plantas de poder, o poder pessoal que conseguiram acumular através do uso da espreita, do sonho e da intenção que lhes permitiu invocar o poder dos aliados de maneira tal a surtir efeito sobre seus inimigos, a manipular a consciência de seus inimigos de tal forma que eles puderam, por essa manipulação, sofrerem o impacto do poder xamânico daqueles videntes ou, por outra via, simplesmente, os xamãs que dispunham de tal habilidade empreenderam a manobra de deslocar-se para uma outra realidade adjacente a esta evitando o ataque invasor.

Após revisar seu conhecimento e suas práticas diante do efeito devastador da invasão por parte de outros povos indígenas esse videntes, que ficaram conhecidos como os NOVOS VIDENTES, deram início a um novo ciclo do conhecimento tolteca, um novo começo onde o uso de plantas de poder foi diminuído e a ênfase estava na prática da espreita, do sonho e da intenção.

Logo, os novos videntes depararam-se como um novo, terrível e maior desafio: A Conquista Espanhola. Só o fato de terem dado ênfase ao poder pessoal via espreita, sonho e intenção permitiram que eles sobrevivessem a esse duro teste histórico. A arte da espreita levada as últimas conseqüências permitiu mesmo que eles se utilizassem das instituições conquistadoras, como a Igreja Católica, como refúgio e proteção, via infiltração secreta no corpo de membros da Igreja.

A partir do século XVI os novos videntes visando sua segurança fundaram várias linhagens, dividindo-se a fim de preservarem a si e ao seu conhecimento. A linhagem do nagual Carlos Castaneda e do nagual Juan Matus surge nessa época.

Eis a linhagem de Don Juan e Carlos Castaneda a partir do (a) desafiador (a) da morte – 1723 (século XVIII).
  1. Nagual Sebastian – " o nagual que perdeu o céu", segundo Florinda Matus. O Nagual que era sacristão e que primeiramente foi abordado pelo desafiador da morte em uma igreja.
  2. Nagual Santiestaban – mistério !
  3. Nagual Lujan – o marinheiro e praticante de artes marciais que no porto de Vera Cruz topou com o nagual Santiesteban. Recebeu do desafiante da morte 50 dons de poder !
  4. Nagual Rosendo – o nagual que foi enganado pelos seres inorgânicos e teve que resgatar seus pupilos Elias e Amália.
  5. Nagual Elias – o sonhador e artista que reproduzia os estranhos objetos que via em suas viagens no sonhar.
  6. Nagual Julian – o nagual que caminhava à beira do abismo, um tuberculoso que precisava continuamente espreitar a si mesmo para não sucumbir à sua auto-indulgência e sensualidade vivendo até à idade de 107 anos até que partiu para o Infinito, num ousado salto direto à terceira atenção, já que os outros naguais não deram um salto direto, segundo consta no texto recente sobre a Regra do Nagual de 3 pontas.
  7. Nagual Juan Matus – um modelo de sobriedade e elegância.
  8. Nagual Carlos Castaneda – o nagual de três pontas que revelou o conhecimento tolteca ao mundo em suas 11 obras de poder, "literatura" e "feitiçaria".
Antes houveram 8 naguais, perfazendo um total de 16 gerações incluso o Nagual Carlos Castaneda. Essa linhagem de 16 gerações teve seu início já no ciclo dos novos videntes, mas sofreu uma mudança profunda devida a relação simbiótica estabelecida com o Inquilino ou a "Desafiadora da Morte", um dos antigos videntes, que por um misterioso processo de fechamento da fenda de seu casulo luminoso, utilizando-se da energia produzida pelos naguais, e por uma movimentação específica do ponto de aglutinação, conseguiu manter-se vivo por muitos séculos operando nessa e em outras realidades com a totalidade de seu ser mágico, segundo relatos da linhagem de Carlos Castaneda.

Os números 4, 8, 12 e 16 parecem ser números básicos e importantes na estruturação de um grupo nagual.

A abertura do conhecimento propiciada pelo nagual de três pontas Carlos Castaneda inaugura um novo ciclo no conhecimento tolteca. Qual a característica desse novo ciclo ou do ciclo dos novíssimos videntes?

O novo ciclo se caracteriza pelo seu caráter ABERTO. O conhecimento está aí para aqueles que tiverem a decisão e a coragem de agarrarem seu cm cúbico de sorte.

A linhagem de Don Juan encerrou, mas o novo nagual deixou à porta do conhecimento aberta através de uma nova trilha: OS PASSES MÁGICOS.

A divulgação do conhecimento permite a prática por milhares de pessoas em todo o mundo. A prática em massa inaugura uma nova possibilidade: A MASSA CRÍTICA .

A característica essencial do novo ciclo é a possibilidade de uma REVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO NUMA ESCALA AMPLA.

As novas gerações de videntes tem apresentado uma mudança na cor de sua luminosidade, uma predominância do matiz VERDE, que os aproxima dos antigos videntes.

Há também a possibilidade de as linhagens que se extinguiram ou que passaram por um processo de descontinuidade serem retomadas, se houver praticantes suficientemente impecáveis para reestabelecer o "link" com tais linhagens.

Nos foi revelado recentemente o Regulamento do Nagual de 3 pontas que resumidamente nos diz :

Um grupo nagual é formado por guerreiros e guerreiras impecáveis que atuam como membros harmônicos de um corpo, como recíprocos energéticos, seres humanos que possuem características luminosas que os complementam.

Existem quatro matrizes luminosas básicas com doze variantes sintetizadas no homem e na mulher nagual. À medida que um tonal se aproxima do ideal de sua classe, manifesta um grau de consciência superior.

Quando os modelos ideais se encontram , tendem a combinar-se. Os sentimentos de atração entre os seres humanos podem explicar-se como resultado da fusão de seus moldes energéticos. O normal é que tal fusão seja parcial, porém as vezes ocorre uma repentina e inexplicável onda de simpatia; um vidente diria que ocorreu um ato de reciprocidade energética.

Os guerreiros de um grupo se combinam de um modo tal que sua relação produz ótimos resultados no sentido de acumular e ganhar poder.

Um grupo nagual é um organismo de massa crítica. Também chamado de organização da serpente, tal nome é inspirado na forma quadriculada da serpente cascavel.
D.R.

Obs: texto antigo, de 2009.

3 comentários:

Adri disse...

meu namorado tem me falado há anos sobre castañeda e o nagual, mas eu nunca consegui me interessar por essa linhagem. eu sei que é uma sensação estranha de repulsa... não consigo explicar pq.

Fridu Nanthjan disse...

Aloha, Adri.

Algo para ser investigado essa sensação. Aliás, bem curiosa. Digo isso porque se há reação, seja de qualquer tipo, tirando fora a indiferença, é porque tem algum tipo de ligação. Não é um conhecimento também que interesse ou provoque reações em geral, mas em algumas pessoas em particular.

No intento,

F.A.

Anônimo disse...

Intentando...

Sagrado Feminino: Kali.

Justamente hoje (08/03//2024) é interessante lembrar de um arquétipo do feminino que é fundamental, não só pela sincronicidade que está rola...