segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Conexão com o Centro da Galáxia - Hunab Ku



Existem alguns temas que são temas muito importantes num certo momento.
Os temas que tu levantaste são muito importantes neste momento da história planetária, podemos afirmar que toda essa campanha de brutalização e mediocrização que os grupos no poder encenam para condicionar a humanidade a funcionar abaixo de seus patamares mínimos é um trabalho destinado a impedir a tomada de consciência do momento incrível que estamos vivendo.

O condicionamento humano que assistimos ser imposto tem como um de seus propósitos chaves impedir a reconexão de parte significativa da humanidade com Hunab Ku¹.

Os Maias, entre outros povos que perdemos o contato até mesmo com a mais leve ideia de sua existência, ou outros ainda que só sabemos que existiram, mas nada compreendemos de seus modos de ser, como os Mazatecas, os Olmecas e outros contemporâneos dos Toltecas, que desenvolveram sofisticadas culturas e complexas abordagens da realidade a sua volta, todos esses povos tinham culturas sofisticadas e estavam envolvidos em pesquisas similares às que hoje são consideradas como sinal de "avanço" na nossa cultura.

O detalhe que tinham conhecimento do corpo de energia e de canais sutis de energia no corpo humano, reconhecendo a matéria em níveis mais sutis e assim traçando modelos de organismos que respeitavam outra disposição que a mera distribuição de funções primárias, como digestão, circulação, etc.
Também investigavam outros mundos e como não eram mineradores nem mercantilistas não pretendiam ir a outros mundos em busca de "matéria-prima"², podendo assim realizar tais viagens exploratórias em seu corpo de energia, que era desenvolvido em complexos métodos de treinamento, onde clãs diferentes tinham métodos diferentes de treinamento, como universidades diferentes hoje tem suas peculiaridades no preparar de quem vai lidar com o conhecimento oficial.

Em escolas estes(as) antigos xamãs também se organizavam e sistematicamente também exploravam a realidade, indo com outros poderes, indo com instrumentos diferentes, ao mesmo cerne da realidade que hoje nossos biólogos, químicos e físicos procuram encontrar.

Como os físicos contemporâneos em certo momento os(as) antigos(as) xamãs também se defrontaram com enigmas que os(as) forçaram a mudar completamente os paradigmas fundamentais sobre os quais assentavam suas descobertas. Mas toda essa sofisticada cultura ancestral foi até mesmo apagada da história, o mito deu lugar ao estereótipo e os povos supersticiosos, sem sofisticação nenhuma, os brutais que matavam por prazer, que queriam fazer da vida uma "coisa", os tristes e sujos, esses estão descritos como civilizados e heróis, os povos nativos, que viviam em harmonia profunda com a Natureza, entre si e principalmente consigo mesmos, os povos que tinham a sofisticada cultura como a dos Maias e outros tantos que a falsa história apagou, esses povos tiveram que desaparecer, ou migraram para outras condições da realidade, ou foram destruídos completamente, mortos de forma cruel e traiçoeira, muitas vezes dilacerados por cães que ainda assim pareciam ter mais humanidade que seus donos, que sob força da destruição pelas armas e com as doenças que trouxeram, conseguiram dizimar quase completamente o povo nativo. A arrogante cultura dominante quer vender o mito que é a mais sofisticada forma de organização social que já se apresentou neste planeta
³.
Num neodarwinismo social se fez ápice da evolução e os povos nativos são tidos, até por "esotéricos", como povos mais "atrasados". Uma sociedade que vive no meio do caos urbano, na violência, guerra, pestes, fome, miséria, competição desumana na qual seres humanos são transformados em objetos para servir a interesses de outros, onde se ganha com guerras, onde saúde é um artigo de comércio, nessa sociedade que vive mal e porcamente escondendo suas próprias incapacidades e irresoluções. Tem que se estar bem equivocado e condicionado para acreditar que a conquista de uma tecnologia, ainda em grande parte poluente e degradante ao meio ambiente, à saúde de quem a produz e acessível apenas a uma parcela mínima da população é o maior expoente do avanço tecnológico de todos os tempos. Nos refastelamos em brinquedos tecnológicos, em confortos gerados a custa da miséria e da degradação do meio, da extinção de ecossistemas, da agressão a vida e julgamos, como os crentes, que Deus fez o mundo para nos servir, que podemos esgotar esse mundo, que coisificamos, pois depois ganharemos outro. O Paganismo, o Xamanismo está a eons luz de distância de tais ideias. A Terra é um ser vivo e não podemos coisificá-la, explorá-la. Essa mentalidade oriunda dos povos que desenvolveram uma relação com uma divindade extracósmica, antropomorfizada, que está fora da vida, fora da existência, que se preocupa com o comportamento moral de suas "ovelhas", que "testa", "premia" e "castiga" suas "criaturas", leva a uma alienação tão grande das delicadas teias de equilíbrio que toda a vida mantém entre suas formas de manifestação que não é de se estranhar que foi este tipo de ideologia que gerou o modo de produção de riquezas que é totalmente degradante à Natureza e ao ser humano: a Era Industrial. E os países mais destruidores da Natureza e com tecnologia de armamentos mais mortíferas são os países que adotaram filosofias dos grupos que consideram a Terra e a Vida como "coisas", que podem usar para manter seu status. Não são os EUA, exemplo do branco, anglo saxão, protestante, também um exemplo de um povo completamente à parte das necessidades sistêmicas do planeta, gerando o caos no mundo apenas para manter seu status quo? Vejam o que fizeram aos povos nativos. Existe um livro chamado "Enterrem meu coração na curva do Rio" que vale a pena ler para aprender sobre a verdadeira história do invasor, cruel e saqueador, que invadiu e destruiu quase completamente a sofisticada cultura dos povos nativos da América do Norte. Que rezava nos cultos para que o senhor dos exércitos os abençoasse para dizimar os "infiéis" da Terra, infiéis seriam os povos solidários e pacíficos que aqui estavam em suas terras, nas quais as cinzas de seus avós repousava, invadida e saqueada. Os povos nativos de todo o continente continuam hoje sofrendo o mesmo tipo de opressão, e com a desculpa de combate ao narcotráfico os grupos que mandam nos EUA agora vão criar bases na Amazônia colombiana, para melhor administrar a exploração das riquezas que já realizam ali, em toda a Amazônia, degradando nichos ambientais complexíssimos, que levaram milhares de anos para se formar e que podem ser destruídos em dias de queimada, motosserra ou pelas infinitas formas que o ser humano é capaz de desenvolver para destruir a vida em nome do progresso. Este mundo alucinado e desequilibrado que estamos vivendo não surgiu à toa. Ele vem de um contexto histórico, ele é resultante de um conjunto de fatores que se desenvolveram para dar nisso que deu. Nestes últimos séculos grupos diversos trabalharam para "moldar" esse mundo, o que chamamos de realidade hoje, que acreditamos ser a "forma" natural do mundo, o "jeito de ser" resultante de um "processo evolutivo" é, para nós xamãs, o resultado de um desenvolvimento artificial arquitetado por grupos diversos que tinham em mente o "poder" sobre outros. Existem bons estudos que mostram como até os gostos e as artes atuais foram habilmente impostas a humanidade contemporânea, sugiro a leitura do livro: "The Cultural Cold War", de Frances Stonor Saunders, que conta a ação de organismos como a CIA agindo para determinar o que o mundo devia gostar, o que deveria ser "moda", quais os tipos de "Arte" deviam fazer sucesso, quais não, enfim, além de dominar o mundo econômica e militarmente os organismos que realmente têm o poder nos EUA sabiam que o poder só se mantém quando se controla também o mundo simbólico, os sonhos e perspectivas das pessoas.
Descobriram que não deveriam agir como seus antecessores, que reprimiam modos de pensar diferente, criar mártires é perigoso para quem quer dominar. Descobriram como dominar melhor se ao invés de reprimir moldassem o modo de pensar das pessoas. É isto que vem ocorrendo a muito tempo, várias "visões de mundo" estiveram em luta e a "realidade" que hoje vivemos só existe porque a visão de mundo que a determina como fato venceu até agora.
Verdadeira Matrix, o sistema dominante tem uma de suas bases de poder na total ignorância dos escravizados quanto a sua real condição, no fato que as pessoas levam vidas completamente medíocres mas não percebem isso, que o dom da vida é gasto em produzir futilidades e consumir também e isto é tido como “vida”.
Somos seres mágicos, capazes de coisas incríveis, mas nos isolaram dessa consciência. Os(as) xamãs toltecas dizem que estamos rodando feito peão, dentro de um rodamoinho e julgamos que estamos indo a algum lugar. Giramos num rodamoinho que nos traga para o fundo do vasto mar escuro da consciência e nos iludimos acreditando que estamos navegando para novos lugares, novos momentos existenciais. Esta é a armadilha na qual nossa espécie está presa desde o início desta era. Esta é a primeira e mais sutil diferença entre as diversas tradições de xamãs que hoje atuam no mundo. Existem homens e mulheres xamãs que têm o "Poder", tem a "Força" em si, agem e conseguem resultados, mas seu modo de lidar com a realidade ainda é dentro dos contratos dos que vieram após a dominação. Xamãs que agem dentro dos paradigmas do mundo dominado, que "rezam" a "deuses e deusas", que servem a seres outros, que tem uma postura de dominados perante o dominador, eles e elas tem em si o poder, curam, afastam pragas, auxiliam, mas o fazem a partir de um ponto de agir que está preso aos paradigmas do mundo dominado. Existem outros clãs que não concordam, não aceitam a dominação e agem a partir de outros referenciais, não se curvaram aos deuses e deusas impostos, quer pelos conquistadores íberos-crististas, quer pelos conquistadores anteriores que já vinham também com a mesma semente da escravidão e da deturpação do ser humano, reduzindo uma criatura mágica, que é nossa realidade profunda, a um mendicante. Existe tanta fantasia no caminho do Xamanismo como vamos encontrar nos esoterismos de outros povos. O Taoismo tem interpretações fantasiosas e supersticiosas, o Budhismo tem seitas que chegam a "adorar o dente de Budha", o Cristianismo, o Islamismo, o Judaísmo, em todos os caminhos vamos encontrar segmentos que buscam manter um contato com a essência profunda e transcendente dos ensinamentos e segmentos e que repetem a forma sem entender o conteúdo, que imitam fórmulas sem operar com a verdadeira essência do que é acessível. O Xamanismo passa pelo mesmo problema e quando vamos falar de Hunab Ku, do centro galáctico, da sincronização com as energias que vem deste centro, da data mágica de 2012, que é aproximada, pois essa medida que usamos foi propositadamente deturpada, justamente para evitar qualquer possibilidade das pessoas se ressincronizarem a esta "fonte" perdida. O mundo em que vivemos é uma completa ilusão, um mitote, um jeito de viver que foi desenvolvido e imposto para que pudéssemos ser escravos eficientes. A medicina, por exemplo. A medicina é um grande comércio e nos vendem a ideia que a medicina é muito mais eficiente que os velhos pajés e suas ervas. Mas vivemos numa civilização saudável? Os hospitais estão vazios? Farmácias quase não se encontram? Os planos de saúde , as políticas de saúde dos governos, tudo é um grande comércio. E a saúde psíquica da população? E a saúde psíquica das cidades? Sabemos curar resfriados? Temos mitos, temos crendices e uma das crendices modernas é o poder da ciência, e não somos diferentes de nossos antepassados, pois levamos as teorias da ciência tão a sério como levavam os antigos as "leis da igreja" ou coisas similares. O mais interessante é ver gente tentando pegar o saber das idades e querendo limitar esse saber para "provar" que ele é científico. Existem muitos mundos coexistindo. Por exemplo, esses dias estava andando no centro da cidade onde fico aqui em Minas com uma amiga ligada à prática do Xamanismo também. Ela tinha voltado de umas práticas que a Melina fez com as mulheres e estava cheia de energia. Nosso passeio pela cidade era pra ver os campos de energia das pessoas e estudar sobre uma coisa que a Melina começou a ensinar pra gente, sobre as "trilhas de energia" que se formam nas cidades, trilhas que entramos sem perceber e muitas vezes nos impregnamos da energia delas sem nem notar. Depois volto no tema em si, mas o que quero mostrar é, naquele instante, a quase totalidade das pessoas à nossa volta estava indo ou voltando de algum lugar, estava tendo relação com um tipo de mundo, agindo de um certo modo padrão no mundo e no entanto, sem que ninguém percebesse, vestidos não de plumas nem dançando ao redor de um fogo, estávamos lá, presentes, olhando o mundo usando um "jeito" ancestral, oriundo de civilizações que a maior parte das pessoas à nossa volta com certeza sequer ouviram falar. Para nós dois a realidade era completamente diferente da realidade que as pessoas à nossa volta percebiam. Aqui voltamos no caso dos portais. Existem pontos na Terra que facilitam a passagem de um plano para o outro, mas quem determina isso é a posição do nosso ponto de aglutinação, aí vale aquela frase que D. Juan Matus diz ao jovem nagual quando Genaro vai sumir desse mundo, alinhando outro: "Esta rua como qualquer outra conduz à Eternidade". Vivemos numa cultura padronizada e queremos estender esse modo limitado de ser a outros tempos e culturas. Fico pasmo quando leio certos relatos que pretendem dizer como eram as coisas entre os maias ou entre outros povos querendo fazer crer que o "tempo" e a "forma de existir" eram iguais a deste tempo. Temos uma visão cinematográfica do passado, ficamos presos a ver o passado como se fosse só um presente com outras roupas, mas isso é falso. A realidade, a "textura" da realidade era outra em outros tempos. E aí chegamos (finalmente) em Hunab Ku. Os antigos tinham vários calendários, tinham calendários para agricultura, calendários para estar em sintonia com as forças cósmicas e telúricas. Os antigos, entre eles os Maias, tinham uma sintonia natural com o centro galáctico, de onde chega um tipo de energia especial. O que os modernos meios de dominação não vão te deixar facilmente aceitar é que o tempo dos Maias e sua civilização não acabaram. Eles continuam existindo, em outras dimensões da realidade. Nada de "dimensões espirituais", nada de "planos mais elevados", apenas outra camada da cebola, os Maias e muitos outros povos continuaram a aventura da vida, aventura que muitos de nós fomos apartados, presos nesta estreita “realidade” que temos por única. Nos trancaram em celas perceptivas e nos contam que as matas e a vida está extinta, mas nós é que estamos apartados delas. Nos limitaram a um mundo dessincronizado, no qual se comemora a "passagem de ano" num dia qualquer, onde se coloca toda a energia das pessoas numa busca ansiosa por "dinheiro", algo que em si não tem valor nenhum. Hunab Ku faz parte das coisas que tentam nos fazer esquecer. Quando nos sintonizamos com o poder dos(as) xamãs da ancestralidade eles(as) também focam seu poder em nós. O tempo é uma ilusão e estamos presos a esta ilusão de várias formas. A noção que temos de "história" é uma das formas dessa prisão, pois só consideramos o tempo enquanto ele se afasta de nós, não consideramos o tempo "chegando". Para dar uma leve ideia disso, vamos usar a analogia do tempo com uma árvore, onde o presente é o tronco, o passado as raízes e o futuro a copa. O futuro, a copa, é tão responsável pelo presente (tronco) existir como o passado(raízes). Percebam que é outra abordagem, falamos do tempo passando e cada um de nós interagindo com o tempo. E o quanto sabemos de "nós", este "nós" que só existe no Aqui e Agora, local e tempo do qual estamos quase sempre ausentes? Em outros tempos a sintonia dos seres humanos com as forças telúricas e cósmicas era outra, de outra intensidade, resultando assim num tempo que só conseguimos aludir como "mítico" e povoado por seres que eram semideuses e deuses, por entes fantásticos e maravilhas mil, mundo que foi perseguido parte por parte e, aqui, fora dos livros, Mordor parece vencer sobre os reinos élficos. Mas ainda temos esperança e trabalhamos ativamente neste caminho, ainda existem xamãs , ainda se cantam as antigas canções, as velhas histórias ainda são mantidas e se os lugares naturais ainda existem imperturbáveis em alguns pontos do planeta, destes nichos podemos recomeçar, destes centros de vida podemos voltar a espalhar a vida. Vivemos essa batalha, pois existem os que desejam que não ocorra a conexão com o centro galáctico no momento certo. Lembrem-se que muitos povos nativos do continente previram com exatidão a chegada dos conquistadores e sua consequente destruição enquanto cultura. Hoje estamos do outro lado do árduo túnel, hoje estamos próximos ao momento no qual os mesmos calendários, que eram mais mapas de navegação do que meros marcadores de tempo. Assim, como marcamos num mapa nossa posição num espaço, os Maias e outros povos da ancestralidade também sabiam marcar no Tempo onde estavam, eles usavam o Tempo, que é bem mais que o contar de horas ou o mero acumular de memórias que nossa interação com a Eternidade à nossa volta produz. São outros paradigmas, por isso ir ao calendário Maia não é “rezar” pra Pacal Votan voltar ou ficar preso a isto, é entender essa Arte-Ciência de lidar com o Tempo como ele realmente é. E a energia necessária para isso pode ser absorvida do centro galáctico, chamado entre alguns de Hunab Ku. Hunab Ku tem suas emanações fluindo por "canais", por feixes de ondas, por "camadas" de realidade, por "frequências" diferentes. Alguns chamam essas ondas de Zuvuya. Os Zuvuyas correspondem aos Zinor da Árvore da Vida dos ancestrais povos do deserto, cuja leitura seccionada está entre os cabalistas. Entender a forma de sentir o mundo dos povos nativos exige energia e flexibilidade perceptual. Não há nenhum meio de usar o intelecto com sucesso aqui. O intelecto é resultante da atual posição do ponto de aglutinação, assim quando o ponto de aglutinação se desloca, em direção a outras condições de alinhamento, temos ao mesmo tempo uma invalidação da efetividade do intelecto. Por isso treinar o SENTIR é tão importante. Porque o SENTIR é uma condição diferente de sensibilidade e interpretação das emanações da ETERNIDADE que nos toca. Pensar é mais que o intelecto, o intelecto serve para treinar o pensar, mas só a vivência torna o Pensar intelectual o real PENSAR que é criativo e sem limites, PENSAR é uma forma muito sofisticada de usar o Tonal, dizem os(as) xamãs toltecas que PENSAR é nosso único escudo efetivo contra os ataques da ETERNIDADE. SENTIR é outra forma de se relacionar com a realidade à nossa volta. Há algo que nos toca, nos sensibiliza, mas o que interpretamos como esse algo é fruto de nossa socialização. Nossa socialização foi desenvolvida num mundo de escravos, portanto, quando estamos em nossa condição "natural", não "cultivada" estamos na condição de escravos(as) inconscientes do sistema dominante, quer por atos, quer por omissão operamos para perpetuar o estado de coisas que muitas vezes criticamos verbalmente. Por isso Morpheus conta a Neo que todo aquele que não é livre é um agente em potencial da Matrix. É fato. Estar coligado a Hunab Ku é voltar a sentir o Zuvuya, o campo sem fim das emanações da Eternidade, suas correntezas, seus ventos, velejar pelo Mar Escuro da Consciência novamente livre, não rodopiar indo ao fundo num rodamoinho crendo ir a algum lugar. Questões levantadas na lista: 1 -O que ou quem é ao certo Hunab Ku? Hunab Ku é o nome dado a concentração de energia do centro da galáxia, somos uma galáxia espiralada, girando para dentro, indo em direção ao centro, onde existem dois gigantescos buracos negros além de vários outros tipos de astros que nossa astronomia nem imagina, pois só pode ver imagens que saíram das fontes num passado distante, pois observa a realidade nos limites da velocidade da luz. O fato é que a distância em milhares de anos luz que estamos do centro galáctico não permite à astronomia oficial saber o que está acontecendo agora no centro galáctico. Mas existem outras formas de medição, os Maias deixaram calendários precisos para lidar com mensurações de energia realmente relacionadas com as emanações desse centro galáctico, pois embora a luz tenha seu limite de deslocamento existem outros tipos de radiações (podemos chamar de taquiônicas) que são transluminares, ao contrário das que captamos, seu limite mínimo é a velocidade da luz, assim, nunca vem abaixo desse limite e nos escapam cognitivamente. Sintonizar-se com Hunab Ku é recuperar a habilidade de estar sintonizado com emanações muito mais amplas da realidade. 2 - Quando e como ocorre esta reconexão? Há Há Há Há (risos) 3 - O que deve ser feito até lá? Tu quer receita de bolo guri? Não existe isso de fazer algo até lá e tal, isso tudo é velho paradigma, a questão fundamental está em outro ponto neste momento, a questão fundamental está em existir um alguém que faça ou não, que esteja ou não presente no momento da reconexão planetária. O primeiro segredo é que nós enquanto entidades singulares podemos nos ligar individualmente a Hunab Ku, cada um de nós, por sua própria força e intento. Este é o primeiro ponto que deve ficar claro, só precisamos da chance mínima que é saber possível essa reconexão, depois é só termos o firme intento de nos reconectarmos à FONTE. A FONTE sentirá nosso intento e virá em nossa direção com o mesmo ímpeto que a Ela dedicarmos. 4 - E depois dessa reconexão... Como fica?????? Essa é a pergunta mais comum quando se quer usar o intelecto para entrar num campo que não é dele. Tu queres ir a FONTE atemporal e me pergunta do depois :-)? Não tem depois, só o aqui e agora, quem sabe depois da reconexão alguns, a massa crítica, os mil gatos, conseguem sonhar um mundo menos desequilibrado, do contrário seremos apenas um mundo desequilibrado e ainda ligado a uma fonte de energia tremenda que irá potencializar nossas próprias mediocridades. Como fica? O que ganho com isso? O que serei? Tudo isso implica na prisão a um modelo conceitual da realidade que difere completamente da abordagem xamânica. O Xamanismo leva ao agir sem se preocupar com os "depois", é outro conceito estratégico. Isso não quer dizer que xamãs sejam irresponsáveis, claro que não, a essência mesmo do Xamanismo é a responsabilidade, pois um(a) xamã guerreiro(a) começa seu caminho assumindo total responsabilidade por sua vida e pelos seus atos no mundo onde estiver, sabendo que é ele (a) pelas suas atitudes que revela a si mesmo uma vida de Poder ou de entrega e indulgência. Data: Dom Jan 7, 2001 10:27 pm Assunto: Re: [ventania] Hunab Ku - mais perguntas Olá Ventanias. Olá Maria; Vamos às tuas questões. Primeiro sobre as "trilhas energéticas na cidade". Uma cidade também é um organismo coletivo. Hoje nossas cidades são amontoados de casas, feitas de acordo com o "gosto" pessoal de cada um, de acordo com as "posses" e tal. Mas nem sempre foi assim, entre os antigos caldeus e babilônios, por exemplo, uma cidade era uma "flor" que era construída para que os deuses e deusas, como "beija-flores" se sentissem por ela atraídos e viessem de seu voo nos céus até a mesma. Uma cidade é composta pela somatória da energia de todos que nela vivem e têm uma frequência energética. Nós deixamos rastros na energia da cidade quando nos locomovemos por ela.
Os caminhos que usamos, os lugares que vamos, todos ficam impregnados de nossa energia e, é claro, dos outros que usam o lugar também. Assim temos "trilhas" de energia numa cidade, lugares que tem a ver conosco e lugares que tem energia danosa à nossa realidade, não são "lugares ruins", apenas lugares não harmônicos à nossa realidade, como uma pessoa com rinite alérgica vai achar ruim uma estante de livros toda empoeirada na biblioteca, enquanto que outra sem problemas vai ficar ali e até achar o lugar “aconchegante”. Um dos treinamentos do Xamanismo urbano é reconhecer essas trilhas e aprender a quebrar as trilhas que fazemos mecanicamente, que nos prendem e nos ligarmos a outras trilhas que podem nos energizar. (Pergunta)Vivemos essa batalha, pois existem os que desejam que não ocorra a conexão com o centro galáctico no momento certo. Por quê? O que é que eles ganham ? Eu me sinto extremamente ingênua perguntando isso, mas tenho que perguntar... por quê? Eu trabalho com cursos em empresas e uma das frases que é quase um bordão é: não existe pergunta boba, existe a bobeira de não fazer perguntas. Esse assunto é muito sério e poucos sentem a real seriedade e complexidade desse tema. Existem interesses de diversos grupos em impedir que a espécie humana restabeleça o contato com Hunab Ku. Por quê? Creio que os porquês dessa resposta vão muito além da nossa compreensão, estamos falando entre outras coisas da ação direta de entes alienígenas nesse conluio entre forças humanas e não humanas para manter o mundo no estado desequilibrado que está.
O que sei é que reestabelecendo o contato com Hunab Ku teríamos mais energia harmônica no organismo Terra, que seria como um corpo tomado por parasitas, por vermes, por exemplo, que, de repente, se reestabelecesse, e por seus próprios meios poderia então se libertar dos vermes. O corpo da Terra está doente, se nós humanos recuperarmos a sintonia com Hunab Ku trazemos de volta um tipo de energia que ajuda a Terra se curar, curada a Terra por si mesma Ela expurga certos entes parasitas, que só estão aqui porque conseguiram desestabilizar a força da Vida, não é a toa que a presente civilização, totalmente escrava desses grupos, tenha em todas suas atividades chaves ações de destruição completa da Natureza. Data: Seg Jan 8, 2001 11:53 pm Assunto: Re: [ventania] Hunab Ku, Sexto Sol, "144" mil gatos O tema Hunab Ku é interessante porque é um mito das origens. Aqui começa o primeiro ponto a ser bem trabalhado na nossa abordagem do tema, para que tal abordagem não seja limitada, obliterada e até falseada pelos paradigmas ainda dominantes de nossa cultura. Os mitos de origem que temos falam de um deus criador, que não tem começo e que cria tudo e todos e ao criar o ser humano o faz senhor de toda criação, depois começa a escolher um tipo de humano contra outro (povo eleito), depois favorece o povo eleito no deserto e a religião dominante foi difundida em um clima de total intolerância com morte e destruição para todos que dela discordavam. Temos uma religião dominante que vem de um deus do deserto, interessante este dado pois como deus do deserto ele está dissociado da Vida e da Natureza e onde quer que a religião do deus do deserto exista há sempre uma degradação absurda da vida. Hunab Ku não é um Deus criador nos mitos originais, ele é a Fonte. A Fonte de onde tudo emana, mas a fonte em si não cria. Quando Hunab Ku toma a lama (terra e água) e cria os seres originais estamos lendo de novo um mito recorrente em vários povos, um momento em que as forças criadoras emanadas de Hunab Ku, seu sonhar podemos dizer, unem elementos criando vida, que além de ser a expressão da Fonte, pode se tornar auto consciente. Ir além dos conceitos limitados de deus é fundamental na compreensão do Xamanismo Guerreiro que aqui estudamos e na compreensão da forma de sentir e pensar o mundo desses povos ancestrais. Estamos presos ao arquétipo do deus judaico-cristão que é "pai", "pastor", que é antropomorfizado, pois tem "vontade", "ouve os fiéis", "castiga os infiéis" e por aí vaí. A busca desse tipo de Deus é bem estudada pela psicanálise quando se refere ao "pai psicológico". Toda criança tem sempre um adulto por perto, isso cria a ilusão que sempre haverá alguém para "salvar do perigo", "eliminar o desconforto". A vida revela que na realidade não temos isso, estamos expostos a uma realidade predadora que não tem porque nos proteger. Assim a tremenda carência que surge é superada por poucos, a grande maioria recorre ao sucedâneo de um "pai psicológico" e/ou uma mãe psicológica, um Deus ou Deusa, um partido político, um messias, enfim, alguém a quem o crente, o(a) seguidor atribui este papel de "cuidar" dele, esta carência não superada. Esse verdadeiro deus tribal elevado a categoria do abstrato conceito de Divindade cria problemas demais e faz com que as pessoas passem a vida dedicando sua energia a algo que é no fundo um conceito, pois o fato transcendente, a real divindade que este conceito quer aludir está bem longe do que hoje este conceito representa. No Xamanismo a divindade não é feita a imagem e semelhança do homem que assim o elege para rei da criação, no Xamanismo somos panteístas, vemos a Eternidade manifestar-se em cada face sua, em cada sinal de vida, na Natureza, no sorriso da outra pessoa que conosco interage, no pôr do sol, na chuva e no vento forte. Mas sabemos que há algo além, um algo que é tão tremendo e transcendente que mal aludimos ao mesmo, para não falsear com palavras. Mas existe, está lá, pronto para ser contactado, é uma consciência da Eternidade, sempre ali, sempre mudando, à qual podemos acenar através de atos impecáveis e restabelecer nosso elo de conexão com a Totalidade. Até hoje só conheci duas palavras que não falseiam essa realidade além das realidades, essa fonte das fontes: Tao e Intento . Bem... aí a pergunta 1... falou-se aqui de Hunab-Ku ser a primeira constelação de certo ciclo do universo que duraria 26.000 anos... o texto refere-se ao mesmo como um deus... alguém poderia dar uma ajuda neste ponto? A maior parte dos mitos antropomorfiza o que em leituras mais esotéricas vamos reconhecer como princípios. Um mito do passado hoje descrito por "pesquisadores" está para a realidade do mito vivo e presente na sua cultura de origem como uma foto em PB está para uma pessoa viva e atuante. Alude, diz que existe, mostra até alguns contornos, mas só, nada mais. Quando falamos que Hunab Ku gerou o primeiro homem e a primeira mulher do barro é uma forma de falar que das emanações dessa fonte vieram as forças que levaram a energia e a consciência a se organizarem em sintonia com a força da vida até surgir o que chamamos vida humana. E os mitos Maias são conscientes dos ciclos, pois só esta civilização dominante que nega os ciclos, para tentar criar sua própria continuidade, todos os povos anteriores sabiam que tudo era cíclico, não se refugiavam em teorias que não funcionavam. É interessante e seria cômico se não fossem trágicos os efeitos, ver esta civilização dominante se dizer racional e mais evoluída, mais "instruída" e "prática". Hoje, dentro de uma "universidade", centro pensante do mundo oficial, se investiga a natureza da matéria, os genes, a mente, o espaço distante, mas a verdade é que ainda "é mais difícil quebrar um preconceito que o núcleo do átomo". Os povos ancestrais tinham um conhecimento muito prático da realidade e os calendários Maias e de outros povos devem ser vistos assim. Cada criação de vida, cada reino, cada filo que surge, cada família, cada gênero, cada espécie é um momento de criação, de algo novo que surge entre a interação constante da consciência com a força vital. Os(as) xamãs se interessam em observar atentamente a vida e suas manifestações. A consciência é algo real e sensível , como o Tempo e o Espaço, para os(as) xamãs. Interagindo com a força vital surgem formas de vida que até então não existiam. Em nossa época isso é mais raro, os grupos que destroem formas de vida, que extinguem espécies, esses têm mais poder sobre a consciência coletiva. Minha questão 2 vai sobre o que se disse aqui "Sexto Sol"... isso propõe outros 5... é a determinação de uma "era"? Dura ela 26.000 anos? Eis outra questão... Essa coisa de 26.000 anos é muito, muito relativa e não pode ser pensada em termos de anos lineares, é só um jeito de falar de coisas que são muito complexas. O jeito de medir o tempo dessa era é por voltas da Terra ao redor do Sol. Cada volta completa é um ano, o detalhe é que cada Kin é um período que vai do nascer ao pôr do Sol, assim sendo cada Kin é único em si e também tem um padrão que se repete. Quando lidamos com calendários como o dos maias, vamos ter em cada dia um tom dominante, uma força regente e por aí vai, tudo vai estar ligado a uma busca de saber quais são os tipos de energia que nos chegam e como melhor aproveitá-los. A organização de um povo assim é completamente diferente dessa organização ainda resultante da era industrial que temos em nossas cidades. Levantamos mais ou menos na mesma hora, comemos na mesma hora, dormimos na mesma hora, tudo para fazer valer os princípios organizacionais que pretendiam servir a Era Industrial. Fomos padronizados. Para uma abordagem dos calendários mágicos dos antigos nossa relação com o tempo teria que ser outra. Mas o fato é que estamos aqui, nesta Era pós industrial, ainda sob paradigmas que sabemos ineficientes, que sabemos conduzir a degradação da vida em todas suas formas, mas que ainda servimos. Os maias marcaram 20 signos e 13 vibrações. Por que 20? Será porque contavam os dedos dos pés e das mãos? Nós só contamos das mãos e temos 10 como base. Já o 13 é um número mais complexo, primo, não se apresenta facilmente , mas o calendário lunar tem no 13 sua marca, são 13 luas, um "ciclo lunar completo". As pessoas ficam criando "cabalas" com esses números, mas eles são o que são, marcos, medidores, revelam ciclos objetivos de energia. Como estariam nossas Artes e Ciências se fosse a compreensão matemática dos Maias e não a dos helenos que tivesse sido usada como base? Os maias sabiam marcar o tempo como sabemos marcar num mapa um caminho a percorrer. Eles deixaram um rota, uma rota de tempo para nos conectarmos a fim de escaparmos da escravidão. Tempo é uma coisa que foi muito deturpada em nossas habilidades perceptivas. O tempo linear no qual somos forçados a acreditar é totalmente ilusório, embora dentro dele a mandíbula das horas nos cerceie como uma armadilha para ursos. Mas a mudança de sincronização com o Tempo, que tem relação com conectar-se a Hunab Ku, à Fonte, isto pode ser feito como forma de nos libertarmos da condição de escravos na qual fomos colocados, podemos nos libertar percebendo que a percepção é a chave. Assim um kin em 787 a.c; Séc X e 1976 são tempos muito diferentes. Em 1976 o tonal dos tempos, a forma fundamental da realidade era similar a nossa, já no século X estávamos em outro tonal dos tempos, ali, sem muito trabalho, poderia entrar numa névoa e sair num mundo paralelo, já no ano 787 a.c., dependendo da área do mundo que estivesse estaria entre os reis sacerdotes, as rainhas magistas que sabiam ser condors e serpentes, que sabiam ir e vir entre os mundos, poderia estar entre uma das tribos que estava ali começando sua jornada a outros mundos, sabendo que a conexão com Hunab Ku estava frágil demais para lidar com os conquistadores que em alguns katuns chegariam. O desaparecimento "misterioso" dos Maias está muito mais ligado à sua migração consciente para outras realidades, pois estavam cientes dos perigos que se aproximavam. O fato de que suas cidades, seus livros de pedras, deixados para serem lidos por um futuro então distante, hoje presente, o fato de que essas cidades foram depois ocupadas por outros povos faz com que muitos queiram ter "descoberto" nos achados dos restos, desses povos ocupando posteriormente os locais, pistas do "fim dos maias". Aconteceu uma mudança na realidade, como o outono prenuncia a fartura do verão e que tempos de escassez se fazem visíveis no horizonte, e, assim, quem sabia foi, quem entendeu migrou e quando veio a destruição puderam escapar. Foi um ciclo, esse ciclo se encerra em algum momento de 2012, o momento exato é fruto de cálculos muito sutis, ainda sendo determinados, porque o tempo flui “aparentemente” de forma uniforme, mas tem dia que passa mais depressa, tem dia que passa mais devagar, tem dia que tem mais tempo nele, tem dia que tem menos tempo nele. Tudo isso interfere até o momento cósmico no qual o sistema solar vai entrar noutro feixe de vibrações oriundas de Hunab Ku. O que os (as) xamãs perceberam é que tudo está em sintonia com tudo, algo que nossos cientistas mais arrojados têm percebido também, estamos dentro de sistemas que se inserem em sistemas mais amplos e temos uma teia de interconexões inenarrável em sua complexidade. Fazemos parte disso, portanto temos que saber que cada rito que os ancestrais criaram, cada momento do xamanismo é um processo complexo, relacionado com o Todo. Acessar o animal de poder, aprender um caminho de trabalho mágico, tudo isto faz parte de restabelecer conexões muito complexas com a Totalidade. Os Maias sabiam que tem Kin (período do nascer ao pôr do sol) com níveis e tipos de tempo diferentes uns dos outros. Têm kins que são portões, tem kins que são dias em que certos tipos de emanações chegam na Terra e em certas regiões da Terra que mexem com o tempo de forma muito própria. O poder de um kin no qual ocorre um solstício ou um equinócio é diferente de um outro kin, assim cada kin tem sua vibração própria, tem sua "onda" e sua "harmônica" que são palavras que aludem a estados diferentes de diferentes energias em momentos planetários diferentes. Vou parar esse mail por aqui que tá armando a maior tempestade, vem vindo forte, nuvens cinzas e vento de noroeste, ainda tá sol aqui onde estou, mas vejo as nuvens cinzas chegando, fortes. Voltando agora depois da Tempestade. O que seria um erro agora seria virarmos "maistas", isto é, seguidores dos maias. Temos que recuperar o paradigma maia, este é interessante, esse calendário lunar que trabalha sincronicamente com pulsos da vida, da vida telúrica e da vida emanada de Hunab Ku. Mas os Maias vieram e tiveram seu tempo, deixaram seus relatos e sinais como um farol, para que escapemos dos rochedos e voltemos a navegar no vasto mar escuro da consciência e não apenas nos laguinhos perceptivos precários que nos prenderam. Agora vai quanto ao sonho de mil gatos... Teria esta história toda a ver com os 144 mil ditos por Crowley? E com os veneráveis da Blavatsky? A ideia dos 144 mil está em vários tipos diferentes de tradição, 144, 144 mil, tem várias ideias sobre esse número, o número de “eleitos” ou algo assim. Não creio que seja um número exato, creio que é aproximado e é uma noção de algo. Precisamos atingir certa massa crítica, temos que conseguir gerar um padrão de consciência coletiva que vibre em tal frequência que nos coloque em sintonia com Hunab Ku. Tem gente que vale por dois, tem dois que não vale um, em termos de consciência esse número 144 deve ser a somatória de seres com um nível desperto no mínimo, cujo poder de sonho pode ajudar a humanidade a sair desse pesadelo onde está presa e ir para um sonho. Existe um exemplo, podemos dizer que Hunab Ku vai soltar uns tentáculos, uns tubos em direção à Eternidade, estamos no caminho desses tubos, mas temos que criar um lugar para esse tubo se fixar, criar uma “rugosidade”" no tecido da realidade, que está liso e sem um lugar onde o filamento enviado por Hunab Ku possa se enganchar. Temos que mudar nossa compreensão do espaço, existem modelos da astronomia contemporânea que podem nos ser úteis, como aqueles que comparam o universo a um vasto colchão d'água e os planetas e astros, em geral, são bolas que curvam esse espaço da superfície do colchão, criando curvaturas dimensionais. Podemos dizer que os fluxos que queremos conectar em Hunab Ku vão passar a certa distância de nossa posição, mas se "curvarmos" o espaço e o tempo de forma suficiente esses fluxos virão fluindo até onde estamos. (Pergunta)A "AMORC" (prefiro chamar de "R+" dá menos trabalho...) fechará suas portas em 2012 tb... tem algo a ver? Em sumo a pergunta seria: o Xamanismo e outros grupos "detectaram" isto espontaneamente e até onde outros grupos souberam disto por estudos e têm planos para tal? Se tu estudas os movimentos do sol e dos planetas vai perceber as mesmas coisas que outros que fazem o mesmo estudo, independente do nome que dês ao sol e aos planetas. Da mesma forma grupos diversos, herdeiros de tradições ancestrais, sabem quando algo realmente algo importante vai acontecer no planeta e se preparam para isso.
Eu, Nuvem que passa, falei e passo o bastão para que o assunto prossiga, enquanto com meu cocar espero nova mensagem.

Notas

¹ Hunab Ku era o nome dado pelos antigos maias ao centro de nossa galáxia. Interpretações sobre o significado de tal termo como a Divindade dos maias não são coerentes com a sofisticada visão de mundo de tal civilização ancestral. Os antigos maias compreendiam o centro galáctico como uma variável fundamental para a vida em nossa galáxia. Assim como o sol de nosso sistema é fundamental para nós, da mesma forma os maias viam o centro galáctico como o "sol central" de nossa galáxia e tudo o que acontecia nele tinha uma importância fundamental que nos toca de uma forma ou de outra, inclusive através de nosso sol. A ciência atual chama Hunab Ku de Sagitarius A* e sabe-se que lá há um enorme buraco negro com a massa calculada em torno de 4,31 milhões maior que o nosso sol. Agora, enquanto escrevo esta nota, em novembro de 2023, descobriu-se que Hunab Ku está em intensa atividade, aproximando-se do seu máximo em termos de velocidade de rotação, o que é muito significativo para cientistas e xamãs:
https://sputniknewsbr.com.br/20231030/cientistas-afirmam-que-buraco-negro-da-via-lactea-esta-girando-proximo-ao-maximo-31154891.html

² Tal como os Annunakis e outras civilizações alienígenas. Para mais informações sobre os Annunakis sugerimos o livro Um Presente das Estrelas, de Elena Dannan, que tal como o Livro Russo da Raças Alienígenas, faz um inventário bastante rico das diferentes raças alienígenas.

³ O presidente dos EUA declarou que "somos a nação essencial", "a nação mais poderosa da história da humanidade", o que reflete bem a arrogância citada por Nuvem que Passa: https://sputniknewsbr.com.br/20231023/somos-a-nacao-essencial-a-arrogancia-de-joe-biden-e-o-conflito-em-2-frentes-dos-estados-unidos-31004718.html

Outra ação da CIA foi a Operação Monckingbird (passarinho) para conquistar mentes e corações através da mídia, transformando-a numa máquina de propaganda disfarçada para atender as pautas do Império (anticomunismo e sonho americano), atuando na mesma época e em conjunto com a guerra fria cultural denunciada no livro citado. Dezenas de empresas jornalísticas foram cooptadas e centenas de jornalistas faziam para da folha de pagamento da agência de três letras. Segundo a Wiki: de acordo com Alex Constantine (Mockingbird: a subversão da imprensa livre pela CIA , primeiro capítulo do Governo Virtual: CIA Controle de Operações ideológicas na América, p 42), na década de 1950, "cerca de 3000 assalariados e funcionários da CIA foram envolvidos em esforços de propaganda ". Wisner foi capaz de constranger jornais para noticiar certos eventos, incluindo as responsabilidades da CIA para derrubar os governos do Irã (ver: Operação Ajax[12] ) e da Guatemala (ver: Operação PBSUCCESS).[13]

Uma referência cultural interessante sobre isso é o impactante documentário francês “Da Servidão Moderna” que pode ser visto aqui - https://www.youtube.com/watch?v=0PvcdU3L8r0  
Mais uma referência cultural é o livro e a série baseada na obra "O Homem do Castelo Alto", de Philip K. Dick, um escritor norte-americano de ficção científica que alterou profundamente este gênero literário, explorando temas políticos, filosóficos e sociais, autoritarismo, realidades alternativas e estados alterados de consciência. provável referência à obra de J.R. Tolkien: Mordor é a terra onde habitava Sauron, o senhor do escuro. Sauron é uma clara referência aos chamados draco-reptilianos. Mordor significa, na linguagem criada por Tolkien, “terra negra”. Uma outra referência cultural sobre esse assunto é o filme cult “Eles Vivem”, de John Carpenter, disponível AQUI - https://youtu.be/Qq3PxAbzcD0?si=Qeiot3gXx1SPpJD_ - e a entrevista com o xamã sul-africano Credo Mutwa, disponível no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=HLVQAHu6itQ&t=555s.

domingo, 5 de novembro de 2023

Egrégoras e energia natural - 1ª parte




Essa questão das coisas e seres que "geram" poder e das que são apenas espectros é um assunto muito importante para quem "navega" por mundos outros que não esse. Uma das coisas mais importantes para quem flui pela Eternidade é reconhecer quais os lugares e seres geram energia a partir de si mesmo e quais são apenas formas espectrais, criadas pela intenção de outros seres, formas geradas, que podem ter até seu poder, mas poder dos mais limitados, poder reduzido. Existem mundos criados pelo intento de poderosos (as) xamãs ancestrais, existem cidades, templos, enfim, um infinito número de lugares que foram gerados com os mais diversos propósitos ao longo de todos esses tempos que seres conscientes existiram neste mundo.

Grande parte do treinamento inicial de um(a) xamã guerreiro é aprender a ver a energia diretamente, além das barreiras da socialização. Por isso tais caminhos começam com o ir além da "forma humana", além do conjunto de estilos de raciocinar, de emocionar e reagir que temos em nós, que temos por nós. Somos, a princípio, apenas esse aglomerado, mas parte de nossa magia consiste em podermos mergulhar rumo a essência perceptiva que no cerne somos, e podemos, então, tornar nossa consciência um aspecto singular da vastidão inominável que é o Mar Escuro da Consciência¹.

Quando nos tornamos realmente existentes, quando nos lembramos de nós mesmos e deixamos de nos confundir com a ilusão, com o mitote² que criaram a nossa volta, para nele nos diluirmos e não nos percebermos ente singular, quando este "despertar" ocorre, só aí um(a) xamã é considerado existente, só aí começa a aventura efetiva que por um tempo incontável tem levado aos Xamãs que esse caminho trilham a serem conhecidos como "desafiantes da morte".

Quando vamos falar de Xamanismo do ponto de sentir o mundo desta linhagem é necessário que compreendamos bem que vamos usar palavras para apontar ao que está além das palavras. As palavras quais tais as usamos hoje estão numa sintaxe que representa o resultado da ação desse sistema escravizador que hoje domina o mundo. Portanto, as palavras determinadas pelos escravizadores não podem em si conduzir a liberdade. Mas parte da magia do Xamanismo é transformar correntes em asas, grilhões em chaves que abram as masmorras perceptuais onde trancaram nossa espécie e reduziram nossa realidade mágica a esta tacanha normalidade dos boçais capatazes que administram a senzala, para os senhores e senhoras feudais contemporâneos.

A palavra egrégora é uma palavra complexa. Não conhecemos a etimologia da mesma, não sabemos ainda a partir de que ideias semânticas foi formada, mas o que interessa então é que ela designa algo que existe. Se estamos imersos no vasto Mar da Consciência e Energia uma egrégora é um tanque, um armazém de energia que tem uma "tonalidade", uma "característica" própria, singular, por vezes chega uma egrégora a ter personalidade e em casos mais raros, mas registrados, há egrégoras que adquiriram mesmo singularidade existencial. Um dia lhes conto uma história de uma Divindade que surgiu como egrégora na Mongólia e hoje é um ser singular e consciente de si.

Mas uma egrégora não gera energia por si. Ela é alimentada, é resultante, daqueles que a geram e a mantém. Ordens iniciáticas realizam ritos com certos padrões comuns em todas suas secções entre outras coisas para alimentar a mesma egrégora, fortalecer a "alma grupo" da irmandade. Um exemplo de ação de egrégora é o poder das seitas evangélicas em pegar um cara que é viciado, perdido na vida e por o cara "na linha", entendendo eles que na linha quer dizer, um bom "trabalhador" que "serve" ao sistema eficientemente, sendo assim também um bom consumidor. Embora, se formos além das aparências veremos que é usado para tão escravizante propósito, no qual tais seitas usam um conhecimento sutil, a força da egrégora. Alimentada pelas orações, pelos movimentos pentecostais onde aspectos de energias ancestrais são evocadas, a egrégora do grupo é potencializada. Quando a pessoa, em cerimônia fortemente catártica, se "entrega a Jesus" e o "aceita como salvador pessoal", imediatamente a conexão com a egrégora é realizada e a força do grupo aumenta a força do individuo e ele consegue "se endireitar" (sic!).

Hoje a magia renasce, nós herdeiros espirituais e genéticos dos povos nativos podemos nos revelar mais abertamente, podemos falar de nossos sentimentos, do que as Avós e os Avôs nos contaram, mas isso porque a Igreja perdeu sua força de poder dominante no modo de pensar dos povos.

Onde foi dado um golpe forte nessa queda?

Quando João XXXIII tirou o latim, quebrando a união ritualística que gerava uma poderosa egrégora a essa herdeira direta do Império Romano, com seus Papas-Césares. Assim a egrégora é um reservatório de energia com uma programação, não é energia bruta, virgem, intocada, é energia já polarizada por alguém, ou algum grupo, quer conscientemente, quer inconscientemente.

A egrégora de um time de futebol tem um poder fortíssimo. E há outras egrégoras, como a da Coca Cola, como a de personagens fortes que começam em livros tidos por ficção, mas com o passar do tempo passam a ter tal presença na dimensão mítica da humanidade que eles tem força de existentes. A galera caoticista usa esses tanques de energia que estão por aí e ninguém percebe o poder. O Xamanismo através de sua história já usou tudo isso, já cultuou seres como deuses, já personificou os poderes da natureza, antropomorfizando a tal ponto tais forças que ficou muito da fantasia e quase nada do símbolo puro em muitas representações de deuses e deusas dos nativos, tais quais hoje se nos apresentam.

Muitos homens e mulheres xamãs se tornaram "deuses e deusas" para seus povos, atraíram entes que tinham tal vastidão de poder que foram tidos por "deuses e deusas" pelos que eram levados a adorá-los, muitas vezes com sangue e sacrifícios, que davam a energia que tais entes precisavam para atingir os "pedidos" dos fiéis.

O Xamanismo Guerreiro, frente as árduas condições em que sobreviveu muito aprendeu. Conquista de outros povos nativos, depois invasão dos atrozes e desumanos europeus, que praticavam contra os nativos todo grau de violência, quer física, quer moral, quer cognitiva, quando os afastavam de suas tradições e lhes impunham suas tacanhas crenças, a estes povos nativos, possuidores de cosmogonias, de conhecimentos sobre si e a realidade circundante que eram tão transcendentes que sequer visíveis foram aos bestializados conquistadores, que destruíam joias e monumentos de Saber apenas para derreter o ouro e a prata que ali estavam.

Os homens e mulheres xamãs que sobreviveram aos ataques, cujos "poderes" realmente "funcionaram" frente aos invasores começaram a perceber muitas coisas, quando, já como fugitivos, se reencontraram. As histórias contam desses encontros entre diversas "linhagens" de xamãs que sobreviveram a seus "centros de poder". Os arrogantes e ensimesmados homens e mulheres que criaram tantas cidades-estados pelas Américas, que dominaram tantos povos, as confrarias que formavam e os poderes que partilhavam, o domínio sobre outros que exerciam, criando tipos diversos de imperialismos, onde outros deviam trabalhar para que eles e elas, os iniciados, pudessem desenvolver ainda mais o intricado e complexo, o assombroso e poderoso conhecimento que tinham, mas que na hora do ataque a poucos serviu.

Duas classes de xamãs escaparam destes confrontos. Povos inteiros guiados pelos seus homens e mulheres xamãs deixaram essa realidade e foram viver em outros mundos. Os(as) xamãs do clã guerreiro, do qual algumas linhagens conhecidas hoje, como a do Nagual Charles Spider, descendem. Estes povos que migraram para outros mundos não o fizeram apenas para mundos geradores de energia. Alguns povos, como alguns grupos e mesmo alguns (as) xamãs isoladamente, criaram na amplitude da "Segunda Atenção" ilhas de existência. É um dos poderes do Sonhar, poder criar um mundo réplica de um que exista, ou mesmo algo totalmente novo, só pelo poder do Intento do(a) xamã que assim age³. Mas tais mundos são mundos espectros, mundos que não geram energia e este é o perigo de se desenvolver em corpo sonhador sem amadurecer primeiro, sem sair dos joguinhos e dos pueris paradigmas que as religiões e as pretensas filosofias espiritualistas nos deram sobre o que são "mundos evoluídos", "mundos superiores" e os "seres de luz e pureza" que nos esperam lá. Os que ficaram, os que sobreviveram mas não migraram para outros mundos, quer mundos geradores de energia como este, quer os mundos espectros onde criaram réplicas da civilização que deixavam, todos aprenderam muito. Estes que foram ainda voltam muitas vezes a este mundo, para nós do Xamanismo, muito do que se tem por contato "extraterrestre", quando envolve seres humanóides e mesmo os seres totalmente iguais a nós, está muito mais ligado com estes "humanos" que partiram um dia do que com seres oriundos de outros mundos, que serão inimaginavelmente diferentes, já que gerados em outras realidades, logo em outro conjunto de estímulos.

Mas o que importa agora é que os (as) sobreviventes aprenderam algo muito importante. Primeiro reduziram a extrema dependência que tinham de seus "protetores", de seus "entes amigos" , de seus "aliados". Perceberam que estes seres tinham também seus limites, podiam mesmo ajudar como batedores, muitos dos que estavam vivos ali estavam vivos porque esses entes os avisaram e puderam fugir a tempo, os alertaram de emboscadas. Mas perceberam que tais entes só agiam diretamente sobre os atacantes se tivesse o(a) xamã que a este ente era ligado, "poder pessoal", isto é, "energia acumulada" suficiente. É sempre a energia do xamã que permite a um ente de outra realidade se manifestar nesse mundo. Também notaram que muitas "armas mágicas", muitas das "peças de poder" pela quais tanto lutaram entre si, tantas vidas foram usadas para as conseguir, tinham um valor também relativo, uma arma de poder depende completamente do poder pessoal de quem a utiliza. Então começaram a perceber que muita coisa que praticavam tinha grande apelo, mas não tinha real valor de sobrevivência e estes homens e mulheres, que já foram um dia conhecidos como "desafiadores da morte" continuaram a sua trilha, estudando, praticando e aprendendo enquanto lutavam para sobreviver.

Veio a invasão dos europeus e tudo ficou ainda mais exigente aos que tentavam sobreviver. O poder de cada um destes conquistadores era terrível e o povo nativo estava longe de ter a crueldade e o sadismo desses conquistadores que praticavam atrocidades para "se divertir". Por esporte matavam centenas, trucidaram a mais bela cidade do ocidente que existia na ainda florescente cultura asteca, estes que haviam conquistado um povo mais antigo, que haviam quase destruídos xamãs que guardavam um saber milenar, eram agora destruídos por um povo ainda mais sanguinário, um povo para o qual todo sentido de humanidade e respeito pela vida havia sido perdido. Servindo a seus dois deuses, a Riqueza e o Sofrimento, os invasores cuidaram de roubar toda riqueza que puderam deste povo dominado e destruir a alegria pura e verdadeira destas gentes em um holocausto a seu deus do sofrimento e do sacríficio.

Nestas condições de extrema opressão o Xamanismo Guerreiro se escondeu em várias linhagens, que para se proteger perderam até mesmo contato uma com as outras. Algumas conseguiram ir para o "velho mundo" (frase totalmente sem sentido pois perto da ancestralidade destas terras, como o planalto central brasileito, o "velho mundo" é apenas uma criança), outros se refugiaram no anonimato de vidas simples em vilas camponesas, aparentemente servindo ao sistema dominante que estava se implantando e assim, sutilmente, sumiram da história para permanecerem vivos na Eternidade. Parte das descobertas dessas linhagens hoje começa a ser veiculada de forma mais aberta novamente, e nós temos a tremenda sorte de ter acesso as mesmas. O que sabemos a partir deste conhecimento acumulado é que uma situação geradora de energia nos alimenta, nos amplia, nos fortalece e uma situação espectral, vai de uma forma ou de outra consumir nossa energia.

Como tudo que um(a) xamã faz depende de energia vital é de suma importância para os praticantes discernir entre uma situação geradora de energia e uma espectral. No caso de uma egrégora é uma ligação em certo equilíbrio, você doa sua energia para a egrégora e ela te apoia. Mas quando vamos a mundos espectrais, a "templos no astral" e a uma série de lugares, que podem ser até por demais agradáveis, onde apenas "soltamos" energia, aí estamos numa condição não geradora de energia e corremos o risco de estar até mesmo num lugar que "vampiriza" energia. Existem mundos que só de irmos lá nos alimentam com sua energia e isto nos dá uma energia extra, algo que os(as) xamãs buscam disciplinadamente, pois precisamos de muita energia para todas as manobras que o Xamanismo nos permite. Para quem está familiarizado com o mundo dos aliados sabe o quanto temos que ser disciplinados para dar esses "mergulhinhos" naquele mundo de cavernas vivas e nos alimentarmos, só de estarmos ali, da inquietante energia que dele emana, sempre correndo o risco de cair nas artimanhas desses entes manipuladores.

Parece que em tudo isso, só o firme intento da Liberdade Total consegue mesmo nos tornar imunes a todos esses riscos. Por isso, no Xamanismo Guerreiro, não trabalhamos com divindades criadas pelo ser humano, ou egrégoras conscientes, buscamos diretamente na fonte, vamos à Terra, enquanto ser vivo e a seus poderes e manifestações, como ventos, cachoeiras, trovões, montanhas, chuva, vales, enfim, vamos a força manifesta em si, não a "representações" das mesmas. Existem energias oriundas dos astros, de planetas, de cometas, de meteoros, existe a poeira cósmica de cada estrela cadente, enfim, existe uma infinidade de modalidades de energia que a todo instante estão chegando até nós. Assim um xamã do raio vai usar o raio como seu instrumento de poder, um xamã das nuvens vai usar as nuvens e assim por diante, mas pode ficar adorando uma divindade que "representa" tal poder, ou efetivamente ir a uma "simbiose" com tais poderes, reconhecendo-os como aspectos conscientes da Totalidade, tanto quanto nós somos e assim estabelecendo uma ação conjunta com esses poderes.

O Xamanismo Guerreiro é magia, não pode reconhecer coisas como "rezar" para algum poder. O termo rezar, tal qual é usado hoje, vem num contexto de pedir, de suplicar, de um ser suplicante implorando e chantageando uma força superior, tentando suborná-la com sacrifícios e promessas para que ela ceda e atenda o "suplicante".

Notem como tudo isso está impregnado ainda dos paradigmas da civilização escravizadora na qual estamos inseridas e não tem nada a ver com a realidade viva do xamanismo. Entretanto muitos povos com o passar dos tempos perderam esse elo direto e consideraram cultuar formas mais importante que ir direto a essência e criaram certos tipos de práticas que são tidos por xamanismo, e até podem o ser, mas não fazem parte do que o Xamanismo Guerreiro escolheu como práticas mais estratégicas.

A pergunta é: tecnicamente, em termos de magia prática, qual a diferença de se utilizar um e outro?

Como tudo mais no universo do Xamanismo, depende do poder pessoal do praticante. Quem tem poder pessoal pode usar uma tampa de coca-cola como escudo, quem não tem pode ter o escudo de ypê do líder do clã da onça pintada que nem vai conseguir ativar o poder que está ali, contido naquele escudo ancestral.

Quando utilizamos uma energia "natural" estamos nos associando a uma força que tem sua própria consciência, assim juntamos nosso "intento" a um poder que pode ampliar e potencializar esse intento numa esfera muito maior que apenas a humana.

Quando usamos o poder de uma egrégora, sabendo que ela foi gerada por seres humanos quando muito teremos um poder mais amplo, quando uma egrégora é realmente ancestral e assim foi alimentanda inicialmente nos tempos "míticos" tendo seu poder, sua "baraka".

O Ser Terra é muito mais poderoso que qualquer egrégora humana criada, é mais antigo, mais pleno, e está em sintonias com certos "planos" que nós humanos sequer intuímos existir. Assim, quando nos conectamos ao Ser Mundo para agir magicamente estamos na realidade entrando em sintonia com um poder que transcende o humano, e tal poder "mais que humano" é uma energia muito mais poderosa para trabalhar no alcançar dos nossos objetivos do que um rito que estamos realizando com um poder "humano", por mais ancestral que seja este.

É bem interessante isso mesmo, isso é um dos aspectos que nós homens temos que aprender com a força feminina, ser mais maleáveis, fluir com menos rigidez. Essa minha amiga que está comigo esses dias tem falado muito sobre isso, sobre sentir o Tao, a totalidade que é também consciente de si e que está sempre sinalizando em nosso caminho. O detalhe é que estamos presos a raciocinar a realidade e os sinais do Tao são para os (as) que pensam. Estamos presos em nos emocionar com a realidade e os sinais do Tao são para os (as) que sentem. Estamos presos em reagir e os sinais do Tao nos pedem o AGIR.

Estarmos atentos e profundamente sensíveis a nós mesmos e ao mundo ao nosso redor é sempre uma forma eficiente de caminhar, seja neste mundo, seja em mundos outros que não esse.

Nuvem que passa
(escrito em 27/12/2000)

Notas

¹ Termo usado pelo novo nagual, Carlos Castaneda, em sua última obra: O Lado Ativo do Infinito. Equivale ao termo Águia usado pelos antigos xamãs desta linhagem, outros termos são Espírito, Infinito. De forma simples é o Poder que nos cerca. Nosso elo de conexão com o Mar Escuro da Consciência é o ponto de aglutinação, nossa essência perceptiva.

²Mitote, segundo Dom Miguel Ruiz, autor do livro Os 4 Compromissos: 
"Toda a sua mente é um nevoeiro que os toltecas chamam de mitote. Sua mente é um sonho em que mil pessoas conversam ao mesmo tempo, e ninguém entende o outro. Essa é a condição da mente humana — um grande mitote. Graças a ele, você não consegue enxergar o que realmente é. Na Índia, o mitote é chamado de maya, que significa “ilusão”. É a noção pessoal do “Eu sou”. Tudo em que você acredita sobre si mesmo, sobre o mundo, todos os conceitos e programas que você tem na mente, todos formam o mitote. Não conseguimos ver quem realmente somos; não conseguimos perceber que não somos livres".

³No livro Arte do Sonhar, Carlos Castaneda descreve o seu encontro com um feiticeiro da antiguidade, o desafiador da morte, e narra como ele foi transportado por tal ser para um mundo criado a partir da capacidade de visualização e intento de tal xamã.

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Xamanismo e Taoismo, por Nuvem que Passa.

Xamanismo e Taoismo 


"Podes fazer o corpo e o espírito se harmonizarem a ponto de se tornarem inseparáveis? 

Podes tornar tua respiração terna e suave como de uma criança?

Podes anular os pensamentos até purificar toda tua energia?

Podes governar o Império beneficiando a humanidade por meio da não ação?

Podes ser totalmente passivo, vendo abrirem-se e cerrarem-se as portas da Eternidade?

Compreendendo estas coisas podes permanecer como se não compreendesses nada?"

O trecho acima é do Tao Te King, o livro deixado por Lao Tsé ao deixar a China, quando da instauração de um estado de coisas nos quais ele percebeu uma era de deterioração e resolveu deixar o local. Conta a tradição que, ao atingir as muralhas, um dos guardas, admirado de sua sabedoria, pediu-lhe que deixasse algo escrito, para quando o período ruim passasse e novamente as pessoas buscassem o conhecimento essencial. Deixou-nos então o sábio, graças a este misterioso guarda de fronteira, cujo nome não sabemos, o livro, repleto de textos como o que está escrito acima.

O Taoísmo é de natureza xamânica, ou, se quiserem, o Xamanismo é de natureza taoística.

Antropologicamente vamos encontrar em estudos sobre o Taoísmo essa afirmação, é uma tradição que se enquadra no Xamanismo.

Ambas as escolas são caminhos que prezam valores e lidam com paradigmas que fazem da natureza algo vivo e dinâmico, que permeiam a realidade à nossa volta com mundos e seres e que trabalham com o desenvolvimento pleno do ser humano.

Quando chegamos no caminho temos muitas fantasias em nós, muitas projeções que nos iludem e podem mesmo nos confundir a tal ponto que podemos perder o elo com um Caminho e nos conectarmos a coisas fantasiosas apenas porque satisfazem e compensam nossas carências e medos.

A estrutura de um Caminho é complexa e o melhor é não se iludir, pois agir a cada instante como se fosse o último, ter foco no momento, ter um estilo de ação que expressem atitudes implacáveis, astutas, pacientes e gentis, tudo isso com sobriedade e desapego, não são palavras vazias, mas estilos comportamentais que são como katas, treinos onde fazemos os movimentos para ensinar o corpo a agir por si e com eficiência quando necessário.

Artes Marciais diversas emanam do Taoísmo, os Hsiens taoístas das montanhas, eremitas ou vivendo em pequenos grupos em cavernas nas faldas do Himalaia são exemplos de taoístas que têm também a ver com a imagem que temos de um(a) xamã: alguém que cavalga o poder.

As pessoas com as quais estudei tinham uma profunda influência do Taoismo. Oomoto é da região do Cantão, na China. Por isso tenho trabalhado bastante nessa interface entre a abordagem taoísta do mundo, originário de uma cultura complexa e ancestral. e o Xamanismo, que, também é, em seus vários ramos, originário dos povos nativos, em conexão ampla com a ancestralidade.

O Taoísmo aborda a realidade com grande similitude ao Caminho dos(as) guerreiros(as) xamãs¹.

Diferenças apenas no sentido de usar uma outra linguagem, uma linguagem que se afasta mais do ocidente e se parece mais com a linguagem que os antigos Maias, Toltecas, Olmecs e outros usavam.

Cada ideograma da língua chinesa é muito rico em conteúdo. Por isso ler uma tradução do Tao Te King é sempre uma aproximação da expressão original, como ler Nietzsche traduzido é sempre uma aproximação em compreender esse homem que antes de filósofo era um poeta.

Meditar sobre um texto desse permite conexões sutis.

O corpo e o espírito se harmonizam.

Esta é uma proposta do Xamanismo Guerreiro, se considerarmos o termo espírito aqui como o corpo de energia. Considerando ainda espírito como a energia da Totalidade, podemos levar nosso corpo a harmonizar-se com a realidade à nossa volta.

O Xamanismo trabalha com essa ideia e o Taoísmo também, levar o corpo a despertar, a eliminar de si todas as impurezas e toxicidades que possam ter nele se impregnado e então começar uma trilha de poder em direção a plenitude do contato com a energia viva que nos circunda em várias instâncias, uma força polar, uma força que ora opera num espectro, ora noutro, que flui e em seu fluir solve e coagula, criando e destruindo com isso, tudo que existe. Entramos no meio desse fluxo e começamos a aprender como usar esses fluxos para nossos fins, para atingirmos nossas metas.

No Taoísmo, temos um caminho similar e em ambos o que espera o(a) viajante é o frio olho do dragão que mira a ETERNIDADE. 

Por: Nuvem que Passa em Sábado, 03 de Agosto de 2002 - 04:32:28 (Brasília)

Notas

¹ Na linhagem de Dom Juan Matus houve um nagual chamado Lujan, praticante de artes marciais chinesas - Kung Fu - que integrou os Passes Mágicos com a Arte Marcial chinesa. Certa vez, praticando em lugar público,  ouvimos um jovem perguntar ao seu pai ou professor se os movimentos que praticávamos - Tensegridade - era um tipo de super Tai Chi. De outra feita quando praticávamos Tai Chi com um mestre chinês ele repetidas vezes nos perguntou se já tínhamos praticado Tai Chi antes. Parece que ele percebeu em nossa energia uma harmonia decorrente da prática dos Passes Mágicos, o que mostra que Xamanismo e Taoismo, de fato, possuem uma raiz comum, como comprovamos por via direta. Alguns movimentos de Tensegridade são verdadeiros katas, por exemplo: rastreando a energia, movimento ensinado no primeiro seminário de Tensegridade feito no Brasil, no ano 2000.


quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Quando o mundo virou coisa: a Carta do Chefe Indígena Sealth

Um belo exemplo sobre o tema desse texto - "Quando o mundo virou coisa" - encontramos nas palavras do Chefe Indígena Sealth, em sua famosa carta (1854), na qual responde à oferta de dinheiro feita pelo governo estadunidense por "suas" terras. Percebe-se a diferença abismal entre o paradigma ou visão de mundo de um representante dos povos nativos e a visão de mundo "coisificante" do homem branco. A seguir a Carta.


Como você pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? A ideia é estranha para nós.

Se nós não somos donos da frescura do ar e do brilho da água, como você pode comprá-los?

Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo.

Cada pinha brilhante, cada praia de areia, cada névoa nas florestas escuras, cada inseto transparente, zumbindo, é sagrado na memória e na experiência de meu povo.

A energia que flui pelas árvores traz consigo a memória e a experiência do meu povo.

A energia que flui pelas árvores traz consigo as memórias do homem vermelho.

Os mortos do homem branco se esquecem da sua pátria quando vão caminhar entre as estrelas.  

Nossos mortos nunca se esquecem desta bela Terra, pois ela é a mãe do homem vermelho.

Somos parte da Terra e ela é parte de nós.

As flores perfumadas são nossas irmãs, os cervos, o cavalo, a grande águia, estes são nossos irmãos.

Os picos rochosos, as seivas nas campinas, o calor do corpo do pônei, e o homem, todos pertencem à mesma família.

Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que quer comprar nossa terra, ele pede muito de nós.

O Grande Chefe manda dizer que reservará para nós um lugar onde poderemos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos.

Então vamos considerar sua oferta de comprar a terra. Mas não vai ser fácil. Pois esta terra é sagrada para nós.

A água brilhante que se move nos riachos e rios não é simplesmente água, mas o sangue de nossos ancestrais.

Se vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é o sangue sagrado de nossos ancestrais.

Se nós vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é sagrada, e vocês devem ensinar a seus filhos que ela é sagrada e que cada reflexo do além na água clara dos lagos fala de coisas da vida de meu povo.

O murmúrio da água é a voz do pai de meu pai.

Os rios nossos irmãos saciam nossa sede.

Os rios levam nossas canoas e alimentam nossas crianças.

Se vendermos nossa terra para vocês, vocês devem lembrar-se de ensinar a seus filhos que os rios são irmãos nossos, e de vocês, e consequentemente vocês devem ter para com os rios o mesmo carinho que têm para com seus irmãos.

Nós sabemos que o homem branco não entende nossas maneiras.

Para ele um pedaço de terra é igual ao outro, pois ele é um estranho que chega à noite e tira da terra tudo o que precisa.

A Terra não é seu irmão, mas seu inimigo e quando ele o vence, segue em frente.

Ele deixa para trás os túmulos de seus pais, e não se importa.

Ele sequestra a Terra de seus filhos, e não se importa.

O túmulo de seu pai, e o direito de primogenitura de seus filhos são esquecidos.

Ele ameaça sua mãe, a Terra, e seu irmão, do mesmo modo, como coisas que comprou, roubou, vendeu como carneiros ou contas brilhantes.

Seu apetite devorará a Terra e deixará atrás de si apenas um deserto.

Não sei.

Nossas maneiras são diferentes das suas.

A visão de suas cidades aflige os olhos do homem vermelho.

Mas talvez seja porque o homem vermelho é selvagem e não entende.

Não existe lugar tranquilo nas cidades do homem branco.

Não há onde se possa escutar o abrir das folhas na primavera, ou o ruído das asas de um inseto.

Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não entendo.

A confusão parece servir apenas para insultar os ouvidos.

E o que é a vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de um curiango ou as conversas dos sapos, à noite, em volta de uma lagoa.

Sou um homem vermelho e não entendo.

O índio prefere o som macio do vento lançando-se sobre a face do lago, e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva de meio-dia, ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo hálito – a fera, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo hálito.

O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo há dias esperando a morte, ele é insensível ao mau cheiro.

Mas se vendermos nossa terra, vocês devem se lembrar de que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seus espíritos com toda a vida que ele sustenta.

Mas se vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la separada e sagrada, como um lugar onde mesmo o homem branco pode ir para sentir o vento que é adoçado pelas flores da campina.

Assim, vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra.

Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.

Sou um selvagem e não entendo de outra forma.

Vi mil búfalos apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os matou da janela de um trem que passava.

Sou um selvagem e não entendo como o cavalo de ferro que fuma pode se tornar mais importante que o búfalo, que nós só matamos para ficarmos vivos.

O que é o homem sem os animais?

Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão do espírito.

Pois tudo o que acontece aos animais, logo acontece ao homem.

Todas as coisas estão ligadas.

Vocês devem ensinar a seus filhos que o chão sob seus pés é as cinzas de nossos avós. 

Para que eles respeitem a terra, digam a seus filhos que a Terra é rica com as vidas de nossos parentes.

Ensinem as seus filhos o que ensinamos aos nossos, que a Terra é nossa mãe.

Tudo o que acontece à Terra, acontece aos filhos da Terra.

Se os homens cospem no chão, eles cospem em si mesmos.

Isto nós sabemos – a Terra não pertence ao homem – o homem pertence à Terra.

Isto nós sabemos.

Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família.

Todas as coisas estão ligadas.

Tudo o que acontece à Terra – acontece aos filhos da Terra.

O homem não teceu a teia da vida – ele é meramente um fio dela.

O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus anda e fala com ele como de amigo para amigo, não pode ficar isento do destino comum.

Podemos ser irmãos, afinal de contas.

Veremos.

De uma coisa nós sabemos, que o homem branco pode um dia descobrir – nosso Deus é o mesmo Deus.

Vocês podem pensar agora que vocês O possuem como desejam possuir nossa terra, mas vocês não podem fazê-lo.

Ele é Deus do homem, e Sua compaixão é igual tanto para com o homem vermelho quanto para com o branco.

A Terra é preciosa para Ele, e danificar a Terra é acumular desprezo por seu Criador.

Os brancos também passarão, talvez antes de todas as outras tribos.

Mas em seu desaparecimento vocês brilharão com intensidade, queimados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e para algum propósito especial lhes deu domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho.

Esse destino é um mistério para nós, pois não entendemos quando osbúfalos são mortos, os cavalos selvagens são domados, os recantos secretos da floresta carregados pelo cheiro de muitos homens, e a vista das montanhas maduras manchadas por fios que falam.

Onde está o bosque?

Acabou.

Onde está a águia?

Acabou.

O fim dos vivos e o começo da sobrevivência.

Quando o mundo virou coisa

Quando o mundo virou coisa.

"Ou a saudade dos que não se deixam ser coisas, hoje vivendo entre quem foi levado à se crer coisa" 

Texto I de IX do Canto de chamada para a batalha dos(as) Guerreiros(as) do Arco-Íris.


Aloha viajante entre mundos!

Convido-o a sentar-se nessa fogueira virtual para que eu possa partilhar contigo aquilo que foi partilhado comigo, o avô que me contou também um dia ouviu de seu avô que ouviu do seu e de boca para ouvido vai nas raízes da árvore da existência, até antes da palavra, antes da aurora dos tempos.

O que alerto são os limites, palavras aludem, mas tu não podes sentir o brilho do meu olhar aqui, não podes perceber o tom da minha voz, não posso partilhar a "chincha" contigo assim te acautela e lembra que será necessária uma grande intenção firme de tua parte para que aquilo que estou a declarar seja compreensível.

Não toquei meu tambor para ti, para que nossos corações entrassem no mesmo compasso, e com os barulhos falsos da cidade te acautela, peço que te sintonizes além da ilusão desses ritmos que nos impuseram, o ritmo das "coisas".

Não dançamos juntos nossas danças de poder para que nossos corpos reconhecessem os clãs que nos originaram.

Entretanto, apesar de todo estes limites confio que os ventos que evoco quando escrevo estas palavras nesta manhã de chuva branda na Mantiqueira nos permitirão partilhar mais que palavras e nos colocar em compreensão com o sentimento.

Para que haja compreensão e não caias apenas em interpretações.

Pois hoje em muitos lugares do mundo os homens e mulheres, entes mágicos e seres vivos que nunca se deixaram ser coisas começam a sair de seus esconderijos para o canto de guerra da Batalha da Tribo do Arco Íris.

Existe um sinal chegando, como uma poderosa trombeta de chifre do animal ancestral, tocada pelos lábios da própria vastidão da ETernidade, vem avisando: uma nova era está se aproximando.

Acabou o tempo das coisas.

Quando roubaram o fogo e deixaram apenas o frio neste mundo, entes pactuaram com os Quichés: "Deem o coração de seus prisioneiros e traremos o fogo de volta."

Os índios Quichés entregaram o sangue de seus prisioneiros e se salvaram do frio.

E assim foi se repetindo, com povos diversos que vem entregando a esperança de seus filhos, o sorriso nos lábios de nossas crianças, a dignidade de nossos anciões, a vida das matas e dos rios, assim muitos povos pactuaram com este inimigo coisificador, que se espalhou pelo mundo e gerou este estado de coisas que aí está: o mundo das coisas, sem gentes, sem vida, sem alegria, só coisas.

Mas alguns não aceitaram o preço. Os Cakchiqueles, por exemplo, não aceitaram o preço.

Os Cakchiqueles, primos dos Quichés e também herdeiros dos Maias, deslizaram com os pés de pluma através da fumaça e roubaram o fogo e esconderam na cova de suas montanhas.

E então surgiram duas linhagens, os que coisificam tudo para servir ao estado que aí está e quem não se deixa dominar, pois magia viva não tem como ser contida em celas, grilhões ou conversões tacanhas.

E assim temos feitos, nós guerreiros e guerreiras da Tribo do Arco-Íris, não cedemos, astutamente continuamos sendo "magia" onde tudo virara coisa.

Não somos coisas, somos Magia Viva.

A proposta é partilhar informações fundamentais, para podermos falar do que vem por aí, precisamos falar dos que partiram pra entender quem está voltando.

Embora partir e voltar sejam só modos de pormos marcos num vasto caminho, no eterno aqui e agora que vivemos.

Vou falar do tempo antes desse, quando cada erva rasteira, cada animal que corre, voa ou nada, cada árvore e cada pedra tinha em si um valor e um poder reconhecido e assim como os clãs humanos viviam em seus ciclos e suas formas de interagir com a vida e com o mistério da consciência também essas outras formas de vida assim existiam, assim viviam em ritmos e segredos.

Quando nós seres humanos e animais e plantas podíamos nos comunicar de outra forma e a Vida era vista como uma grande viagem da Consciência pela ETERNIDADE.

A sociedade atual substitui tudo isso por uma interpretação que fez, nos prendeu a um conjunto de critérios validativos e chamou isso de "realidade".

As manadas de elefantes nas savanas, os golfinhos e baleias no mar, os pássaros em migração, o urso cinzento no frio polar, todos sempre tiveram seu papel, tudo sempre teve sua importância e cada ser humano era importante, cada árvore era importante, cada animal era importante.

Para nós das tradições nativas tudo está interligado. A Existência começa num momento mágico no qual a TOTALIDADE emana de si mesma. Vejam bem, não disse "foi criada", disse 'emana'. É um conceito completamente diferente.

Uma pedra cai em tranquilo lago, gera onda, que gera outra onda, que gera outra, assim somos nós, temos em nós uma força primordial, por isso alguns de nós são aparentados aos clãs dos animais que correm, outros dos que voam, de plantas e pedras diversas, somos faces diversas de uma mesma realidade, tudo está interligado.

Houve um tempo em que não éramos coisas, nem cercados estávamos de coisas, mas éramos mistérios e estávamos cercados de mistérios. Por isso a caça era momento mágico, onde as necessidades de um grupo eram saciadas, quer um grupo humano, quer um leão e sua família, um jaguar, um condor.

Houve um tempo que a vida surgiu, pródiga e se espalhou. Para nós, dos caminhos nativos, isso aconteceu em vários ciclos. Todas as tradições nativas falam das várias fases da vida, dos vários ciclos de existência, dos "mundos que existiram" antes desse.

É interessante notar que a perspectiva dominante, inclusive a judaico-cristã, gera um desenvolvimento no tempo, um mundo é criado, seres são criados e então as coisas passam a se desenvolver no tempo.

Para os povos nativos a abordagem é mais forte no espaço, os Maias, Hoppes, Anassazi, os Pueblos e tantos outros povos falam de mundos anteriores a esse depois da chegada nesse mundo.

As eras não são apenas no Tempo... há mundos antes desses... Chegamos nesse mundo e agora vem o desafio: "para onde iremos?"

Cada mundo com seus seres, com a vida se manifestando.

Então temos um momento que podemos dizer "há milhares de anos atrás"... no qual na "África, na Ásia, na Europa, nas Américas e na Oceania" temos povos vivendo em harmonia com a Terra, com a Vida.

Seres humanos de linhagens diferentes (o homo sapiens não dominava ainda) convivendo com entes de outros mundos, e com os animais e plantas se relacionando como realidades vivas.

Para nós que trilhamos os caminhos nativos há um momento fundamental para compreender quando a humanidade deixou de trilhar o caminho de sintonia com a Natureza e entrou nesta outra linha de ação, que resultou neste estado de total degradação.

Houve um momento, que acontece de diferentes formas para cada povo, que a maneira de se relacionar do ser humano com a natureza se transforma e a vida não é mais "VIDA", mas sim coisa. A Natureza deixa de ser parte de nós mesmos e se torna "matéria prima".

O ser humano passa a exercer o poder sobre os grupos imediatos, passa a ser "dono do rebanho", depois "dono da Terra", depois "dono dos escravos e servos", e, então, "dono" substitui o participante. A NATUREZA não é mais viva, é coisa.

Dentro de uma relação ancestral com a natureza, uma lança, uma flecha, um vaso, uma cumbuca, uma panela, tudo que é usado tem um valor muito mais amplo que o utilitário, faz parte da vida, faz parte da história daquele grupo, daquela pessoa, daquela família... e isto se perdeu quase completamente hoje.

E então chegamos no momento em que tudo foi tornado coisa.

É daqui que precisamos sair, nós, herdeiros dos conquistadores, pois não podemos nos esquecer disso: somos antes de mais nada os herdeiros dos conquistadores e se vamos deixar de ser coisas, de tratar tudo como coisas, precisamos iniciar este trabalho em nós mesmos.

É o primeiro desafio.

"Descoisificarmos" a nós e nossas relações.

Nos coisificaram, agora nosso desafio é ir além desse estado.

Só então podemos dar os próximos passos.

Precisamos descobrir que somos mais que "o que fizeram de nós", que somos Magia Viva, pronta para ser desperta.

Eu, Nuvem que passa, falei. Ho!
(04/11/2001)

Nota: um belo exemplo sobre o tema desse texto - "Quando o mundo virou coisa" - encontramos nas palavras do Chefe Indígena Sealth, em sua famosa carta (1854), na qual responde à oferta de dinheiro feita pelo governo estadunidense por "suas" terras. Percebe-se a diferença abismal entre o paradigma ou visão de mundo de um representante dos povos nativos e a visão de mundo "coisificante" do homem branco.

Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 2 - por Nuvem que Passa

Vivemos em uma civilização globalizada. O fato é que hoje, em termos de mundo, estamos integrados de uma forma muito intensa. Se algo aconte...