sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Há muito pouco valor na instrução

“A única ajuda concreta que você obteve de mim é o fato de que ataco sua auto-reflexão. Não fosse por isso, você estaria desperdiçando o seu tempo.

— Você me ensinou, Don Juan, mais do que qualquer outra pessoa em minha vida inteira — protestei.

— Ensinei-lhe todos os tipos de coisa para prender sua atenção. Você irá jurar, entretanto, que esse ensinamento foi a parte importante. Há muito pouco valor na instrução. Os feiticeiros afirmam que mover o ponto de aglutinação é tudo que importa. E esse movimento, como você bem sabe, depende de acúmulo de energia e não de instrução.

Então ele fez uma afirmação contraditória. Disse que qualquer ser humano que seguisse uma sequência específica e simples de ações poderia aprender a mover seu ponto de aglutinação.

Retruquei que ele estava contradizendo a si mesmo. Para mim, uma sequência de ações significa instruções; significa procedimentos.

— No mundo dos feiticeiros há apenas contradições de termos — replicou.

— Na prática não há contradições. A sequência de ações sobre a que estou falando é uma que se origina de estar consciente. Para tornar-se consciente dessas sequências você necessita de um nagual. É por isso que falei que o nagual proporciona uma chance mínima, mas essa chance mínima não é instrução, como a que você necessita para aprender a operar uma máquina. 

A chance mínima consiste em se tornar consciente do espírito.

Don Juan explicou que a sequência específica que tinha em mente exigia estar consciente de que a auto-estima é a força que mantém o ponto de aglutinação fíxo. Quando a auto-estima é podada, a energia que requer não é mais gasta. Essa energia aumentada serve então como o trampolim que lança o ponto de aglutinação, automaticamente e sem premeditação, para uma viagem inconcebível.

Uma vez que o ponto de aglutinação se moveu, o próprio movimento implica afastar-se da auto-reflexão, e isto, por sua vez, assegura um elo de conexão limpo com o espírito. Comentou que, afinal, era a auto-reflexão que havia desconectado o homem do espírito em primeiro lugar.

— Como já lhe expliquei — continuou Don Juan —, a feitiçaria é uma viagem de retorno. Voltamos vitoriosos ao espírito, tendo descido ao inferno. E do inferno trazemos troféus. O entendimento é um de nossos troféus.

O Poder do Silêncio, de Carlos Castaneda.


                      

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Gatilhos e transição planetária (reedição)


Tudo indica que a elite imperial do Ocidente, os pretensos dominadores globais,  resolveu ativar o gatilho 01. "Eles" vão querer cair atirando, como já tínhamos escrito em março deste ano.


A hora se aproxima, a transição planetária se acelera, o ponto de encaixe da Terra se desloca, os sinais estão por toda a parte, por exemplo: as mudanças no núcleo da Terra - parada e inversão -, tanto no plano pessoal quanto no coletivo, e neste existem basicamente alguns “gatilhos” para os quais deve se estar atento, são eles:

1 - escalada do confronto militar na Ucrânia: terceira guerra mundial, que, pelo visto, final de outubro de 2023, com a nova frente aberta no Oriente Médio, é a opção principal do Império.

2 - nova pandemia;

3 - mudanças climáticas;

4 - invasão alienígena “fake”;

5 - surgimento de um pretenso salvador da humanidade;

6 - “reset” financeiro.

Esses “gatilhos” estão na pauta dos dominadores globais, a turma do “Eles vivem, nós dormimos” (ver filme "Eles Vivem" - AQUI).


Alguns falam que estamos nos minutos finais da prorrogação, mas só há prorrogação quando o jogo está empatado. A metáfora da prorrogação futebolística não é adequada, prefiro a metáfora enxadrística.

Os dominadores globais já não estão mais no controle, eles estão literalmente descontrolados, o jogo para eles já está perdido, mas em vez de elegantemente declinarem o rei no tabuleiro de xadrez geopolítico e exopolítico, querem ir até as últimas consequências sem largar o osso, podendo mesmo levar o conflito militar para o campo das armas nucleares, o que atualmente fere as regras do jogo e provoca uma interferência “de fora”.

- Por que eles querem ir até as últimas consequências?

- Por que precisam de recursos humanos.

- Como assim? 


- Humanos são alimento para os dominadores globais.

- O quê???


- Você conhece a expressão “recursos humanos” que há nas corporações?

- Sim, mas estamos falando de mão de obra e não de alimentos.


- Num certo nível a consciência humana e suas emoções alimentam esses seres. A consciência humana é alimento para os dominadores globais. Aqui não estamos falando da elite humana no poder, pois tal elite responde a uma outra elite não-humana que usa a consciência como fonte de nutrição.


- Que viagem…


- Não é tanto assim… se você parar para pensar nas religiões que usam a emoção humana como fonte de alimento. Questione-se: por que os pretensos deuses das mais diferentes religiões precisam da adoração, do louvor e do temor de seus crentes? Há uma razão para tal, já que tal energia alimenta esses seres que logicamente não são seres sagrados, pois se fossem de fato o que afirmam ser - deuses - não precisariam dos serviços prestados pelos “recursos humanos” via religião.

- Então somos gado para esses pretensos deuses ou dominadores globais?


- Basta ver a metáfora muito comum empregada por alguns livros ditos sagrados onde somos comparados a ovelhas ou outros recursos animais, por exemplo:

Portanto, livrarei as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas - Ezequiel 34:22.

E quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes - Ezequiel 34:17.

Vós, pois, ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto; homens sois; porém eu sou o vosso Deus, diz o Senhor DEUS - Ezequiel 34:31

E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda - Mateus 25:33.


 - O apocalipse(em grego, revelação) nada mais é do que a revelação da verdadeira condição da humanidade submetida a pretensos deuses: somos para eles recursos humanos semelhantes a recursos minerais, vegetais ou animais. Isso é lógico e não deveria surpreender ou chocar, exceto pela nossa auto-importância. Contudo, porém, todavia, entretanto é chegada a hora do fim das religiões e da abolição humana, mas muitos ainda vão querer adorar os seus senhores e continuarem a servi-los como alimento em outros rincões, pois a Terra será livre por si mesma: a transição do planeta é do Planeta, isso precisa ficar claro, já a ascensão da humanidade é outra história, pois depende do esforço de cada um. E o nosso papel é nos livrarmos desse sistema de crenças do Império e sermos capazes de operar com autonomia moral, intelectual e existencial, auxiliando no movimento do ponto de aglutinação da Terra (ver texto "A Tarefa do Nagual" - AQUI).


segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Oração Diária

Eu não quero cargos, nem posições, nem reconhecimento, nem gratidão.

Não desejo justiça, não pretendo ser visto pelos humanos como alguém especial.

Meu único desejo é o domínio da mente, sem nenhuma esperança ou expectativa de alcançá-lo.

Não dependo de nada e nem de ninguém para realizar este domínio mental, antes toda adversidade é  benção e presente. 

Neste sentido este mundo é perfeito tal como é.

DR - 06/04/2015



sábado, 21 de outubro de 2023

As origens do Nagualismo: a organização da serpente




Quais são as origens do Nagualismo? Como surgiu o conhecimento da linhagem de xamãs guerreiros trazida à público pelo nagual Carlos Castaneda?

Segundo o mestre do nagual Carlos Castaneda, o nagual Juan Matus, o Nagualismo é uma tradição milenar, com milhares de anos, aproximadamente 10 mil anos!

A linhagem do nagual Carlos Castaneda, encerrada nele mesmo, é uma das linhagens do Nagualismo. O Nagualismo interessa-se apenas pela reprodução xamânica das linhagens, isso significa que não é um movimento baseado em proselitismo. As linhagens são constituídas por pessoas que possuem certas configurações de energia em função daquilo que é chamado de "o Regulamento da Águia".

Os primeiros praticantes, os primeiros videntes, conhecidos como os Antigos, os antigos feiticeiros, começaram no caminho do conhecimento pela experimentação de plantas de poder.

As plantas de poder foram as primeiras mestras da tradição xamânica dos toltecas.

Partindo desse ponto inicial, pode-se dizer que o Nagualismo é uma sabedoria advinda dos efeitos perceptivos causados pelas plantas de poder nos primeiros toltecas. Dizer isso equivale a dizer que a sabedoria dos toltecas nasceu como uma Sabedoria Verde, uma sabedoria que advém do verde, das plantas, dos fungos e da Terra. Bebendo do cálice da Terra as substâncias produzidas pelas plantas de poder e por seu espírito, os toltecas foram impregnados com sua sabedoria. Como um graal verde as plantas de poder abriram a visão daqueles homens e mulheres à mundos até então inconcebíveis.

Por terem as plantas de poder permitido o acesso dos primeiros toltecas a sabedoria infinita de outras realidades pode-se se dizer que essas plantas de poder ou plantas-mestras, foram para esses homens e mulheres o Nagual.

No Regulamento da Águia ou no Regulamento do Nagual está:

"Com a finalidade de guiar as coisas humanas até essa abertura, a Águia criou o Nagual. O Nagual é um ser duplicado para quem o regulamento foi revelado. Seja na forma de um SER HUMANO, um ANIMAL, uma PLANTA, ou qualquer coisa VIVA, o Nagual, em virtude de sua duplicidade é levado a buscar aquela passagem secreta ".

Então, conforme o Regulamento, o Nagual pode ser humano, animal, vegetal ou mineral, enfim, qualquer coisa VIVA, que possua a configuração apropriada em termos energéticos.

É interessante observar como a bebida Ayahuasca ou Runipan é formada pela junção de duas plantas, consideradas macho e fêmea. Assim também a bebida sagrada da Jurema é formada pela Jurema e uma outra planta, por exemplo, a Arruda da Síria. Aliás, segundo me informaram, a Jurema Preta, cresce em dois locais no mundo, México e Nordeste do Brasil, e foram trazidas de lá para cá em tempos ancestrais pelos Maias.

Vemos também uma forte ligação do Nagualismo com determinados animais tais como a Águia, a Cascavel, o Jaguar, o Coiote, o Veado e a Mariposa.

O Nagual não tem limites em suas formas de expressão.

No caso dos toltecas o Nagual apresentou-se inicialmente na forma e através das plantas de poder.

Há nas diferentes tradições xamânicas relatos, contos, mitos, estórias de como o Espírito sempre enviou mensageiros aos seres humanos em diferentes formas.

No próprio Regulamento da Águia está que o próprio Espírito deu origem ao primeiro par nagual e ao seu grupo de guerreiras e guerreiros.

"O modo como os toltecas começaram a seguir a trilha do conhecimento foi consumindo plantas de poder " – Don Juan, em O Fogo Interior, de Carlos Castaneda.

É bom colocar que o termo tolteca aqui não alude sobre uma cultura ou sobre um império, mas sim sobre mulheres e homens que por terem atingido um determinado nível de consciência e energia se chamavam de mulheres e homens de conhecimento, toltecas, videntes e guerreiros capazes de VER. Toltecas é um sinônimo para "homens de conhecimento" ou para xamãs que são capazes de ver a energia tal como ela flui no Universo.

Após um tempo consumindo plantas de poder eles aprenderam a VER, a perceber a energia diretamente tal como ela flui no Universo. Puderam aprender muito com sua capacidade de percepção ampliada. Lançaram as bases do conhecimento tolteca. Viram o ponto de aglutinação e seu brilho, viram que os seres humanos são bolhas de energia e luz, com configurações específicas, viram outros mundos e conceberam o Universo (Multiverso, em verdade) como um cebola, formado por diferentes camadas que interagem entre si sem se confundirem, perceberam que o ser humano é antes de tudo um ser de percepção e de energia, um viajante do infinito numa viagem de percepção, viram e travaram relacionamento com os seres inorgânicos chamando-os de aliados, perceberam a Terra como um ser vivo, estudaram as emanações da Águia e muito mais. Analisaram e sistematizaram seu conhecimento, passando a ensinar à outros, começaram a formar gerações de videntes. Ficaram fascinados com o que viram e não puderam fugir da atração que sua visão portentosa provocava.

O fascínio do que viram permitiu que eles aprendessem muito sobre as outras realidades, além da realidade de nosso mundo cotidiano, mas isso constituiu-se numa falha fatal para eles. Sabiam lidar muito bem com as outras realidades mas não tinham condições de expressar e manifestar seu poder e conhecimento nessa realidade. O fascínio de sua visão fez com que se descuidassem dessa camada da realidade e quando sofreram ataques ou invasões de outros povos conquistadores, seus aliados inorgânicos não puderam ajudá-los, eles não tinham suficiente poder pessoal para utilizarem-se de seus aliados nesse plano da realidade. 

Muitos sucumbiram. Alguns poucos se salvaram. Esses que se salvaram começaram a rever seu conhecimento diante do abalo que a invasão e a conquista de outros povos significou. Eles se perguntavam: Por que nós conseguimos sobreviver, invocando a força de nossos aliados e outros não? A resposta estava no poder pessoal. Assim o poder pessoal é compreendido pelos videntes que vieram a formar o novo ciclo:

Para adentrar ao nagual é necessário reforçar o tonal. O nome desse reforço é poder pessoal.
O uso de plantas de poder e o fascínio da visão provocado por esse uso tornou os primeiros videntes extremamente dependentes do poder das plantas-mestras e quando tiveram que enfrentar um desafio, como a invasão por outros povos, nesta realidade, não tinham poder próprio, poder pessoal para vencerem o desafio. Os poucos videntes que sobreviveram compreenderam isso, compreenderam que foi seu uso sóbrio de plantas de poder, o poder pessoal que conseguiram acumular através do uso da espreita, do sonho e da intenção que lhes permitiu invocar o poder dos aliados de maneira tal a surtir efeito sobre seus inimigos, a manipular a consciência de seus inimigos de tal forma que eles puderam, por essa manipulação, sofrerem o impacto do poder xamânico daqueles videntes ou, por outra via, simplesmente, os xamãs que dispunham de tal habilidade empreenderam a manobra de deslocar-se para uma outra realidade adjacente a esta evitando o ataque invasor.

Após revisar seu conhecimento e suas práticas diante do efeito devastador da invasão por parte de outros povos indígenas esse videntes, que ficaram conhecidos como os NOVOS VIDENTES, deram início a um novo ciclo do conhecimento tolteca, um novo começo onde o uso de plantas de poder foi diminuído e a ênfase estava na prática da espreita, do sonho e da intenção.

Logo, os novos videntes depararam-se como um novo, terrível e maior desafio: A Conquista Espanhola. Só o fato de terem dado ênfase ao poder pessoal via espreita, sonho e intenção permitiram que eles sobrevivessem a esse duro teste histórico. A arte da espreita levada as últimas conseqüências permitiu mesmo que eles se utilizassem das instituições conquistadoras, como a Igreja Católica, como refúgio e proteção, via infiltração secreta no corpo de membros da Igreja.

A partir do século XVI os novos videntes visando sua segurança fundaram várias linhagens, dividindo-se a fim de preservarem a si e ao seu conhecimento. A linhagem do nagual Carlos Castaneda e do nagual Juan Matus surge nessa época.

Eis a linhagem de Don Juan e Carlos Castaneda a partir do (a) desafiador (a) da morte – 1723 (século XVIII).
  1. Nagual Sebastian – " o nagual que perdeu o céu", segundo Florinda Matus. O Nagual que era sacristão e que primeiramente foi abordado pelo desafiador da morte em uma igreja.
  2. Nagual Santiestaban – mistério !
  3. Nagual Lujan – o marinheiro e praticante de artes marciais que no porto de Vera Cruz topou com o nagual Santiesteban. Recebeu do desafiante da morte 50 dons de poder !
  4. Nagual Rosendo – o nagual que foi enganado pelos seres inorgânicos e teve que resgatar seus pupilos Elias e Amália.
  5. Nagual Elias – o sonhador e artista que reproduzia os estranhos objetos que via em suas viagens no sonhar.
  6. Nagual Julian – o nagual que caminhava à beira do abismo, um tuberculoso que precisava continuamente espreitar a si mesmo para não sucumbir à sua auto-indulgência e sensualidade vivendo até à idade de 107 anos até que partiu para o Infinito, num ousado salto direto à terceira atenção, já que os outros naguais não deram um salto direto, segundo consta no texto recente sobre a Regra do Nagual de 3 pontas.
  7. Nagual Juan Matus – um modelo de sobriedade e elegância.
  8. Nagual Carlos Castaneda – o nagual de três pontas que revelou o conhecimento tolteca ao mundo em suas 11 obras de poder, "literatura" e "feitiçaria".
Antes houveram 8 naguais, perfazendo um total de 16 gerações incluso o Nagual Carlos Castaneda. Essa linhagem de 16 gerações teve seu início já no ciclo dos novos videntes, mas sofreu uma mudança profunda devida a relação simbiótica estabelecida com o Inquilino ou a "Desafiadora da Morte", um dos antigos videntes, que por um misterioso processo de fechamento da fenda de seu casulo luminoso, utilizando-se da energia produzida pelos naguais, e por uma movimentação específica do ponto de aglutinação, conseguiu manter-se vivo por muitos séculos operando nessa e em outras realidades com a totalidade de seu ser mágico, segundo relatos da linhagem de Carlos Castaneda.

Os números 4, 8, 12 e 16 parecem ser números básicos e importantes na estruturação de um grupo nagual.

A abertura do conhecimento propiciada pelo nagual de três pontas Carlos Castaneda inaugura um novo ciclo no conhecimento tolteca. Qual a característica desse novo ciclo ou do ciclo dos novíssimos videntes?

O novo ciclo se caracteriza pelo seu caráter ABERTO. O conhecimento está aí para aqueles que tiverem a decisão e a coragem de agarrarem seu cm cúbico de sorte.

A linhagem de Don Juan encerrou, mas o novo nagual deixou à porta do conhecimento aberta através de uma nova trilha: OS PASSES MÁGICOS.

A divulgação do conhecimento permite a prática por milhares de pessoas em todo o mundo. A prática em massa inaugura uma nova possibilidade: A MASSA CRÍTICA .

A característica essencial do novo ciclo é a possibilidade de uma REVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO NUMA ESCALA AMPLA.

As novas gerações de videntes tem apresentado uma mudança na cor de sua luminosidade, uma predominância do matiz VERDE, que os aproxima dos antigos videntes.

Há também a possibilidade de as linhagens que se extinguiram ou que passaram por um processo de descontinuidade serem retomadas, se houver praticantes suficientemente impecáveis para reestabelecer o "link" com tais linhagens.

Nos foi revelado recentemente o Regulamento do Nagual de 3 pontas que resumidamente nos diz :

Um grupo nagual é formado por guerreiros e guerreiras impecáveis que atuam como membros harmônicos de um corpo, como recíprocos energéticos, seres humanos que possuem características luminosas que os complementam.

Existem quatro matrizes luminosas básicas com doze variantes sintetizadas no homem e na mulher nagual. À medida que um tonal se aproxima do ideal de sua classe, manifesta um grau de consciência superior.

Quando os modelos ideais se encontram , tendem a combinar-se. Os sentimentos de atração entre os seres humanos podem explicar-se como resultado da fusão de seus moldes energéticos. O normal é que tal fusão seja parcial, porém as vezes ocorre uma repentina e inexplicável onda de simpatia; um vidente diria que ocorreu um ato de reciprocidade energética.

Os guerreiros de um grupo se combinam de um modo tal que sua relação produz ótimos resultados no sentido de acumular e ganhar poder.

Um grupo nagual é um organismo de massa crítica. Também chamado de organização da serpente, tal nome é inspirado na forma quadriculada da serpente cascavel.
D.R.

Obs: texto antigo, de 2009.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Xamanismo Tolteca, por Nuvem que Passa

Xamanismo Tolteca 

Data: Ter Abr 18, 2000 11:03 am (publicado originalmente na lista Ventania, exceto pelas notas ao final do texto e pequenas revisões)



Uma abordagem aproximada do que é a visão de mundo proposta pelos Toltecas 'Nuevos Videntes' através do nagual de 3 partes Doutor Carlos Castañeda. 





Existe uma Fonte de onde tudo emana, como na visão hindu do aro e do eixo na roda, essa fonte embora esteja sempre no início e centro de tudo está também em toda parte. Há um aspecto consciente nessa energia primordial que existe plenamente presente entre nós, embora não tenhamos sido sensibilizados diretamente a mesma. 


Para os Toltecas estamos na condição de árvores que rejeitam a ideia da Terra ser sua sustentação e fonte de alimento. E a Terra continua ali, alimentando e sustentando as árvores que a ignoram. O Ser humano avançou por um caminho muito estranho à mentalidade nativa deste continente. 


Mesmo nos tempos dos reis e rainhas feiticeiros, quando guerras de poder e magia criaram a mancha nefasta da escravidão e dos sacrifícios, ainda assim nenhum desses tiranos entre os nativos esteve tão apartado da Realidade a ponto de condenar o mundo a sua volta com o caos ecológico. A base da visão nativa de mundo repousa em paradigmas que não são de fácil entendimento a quem foi condicionado nos sistemas de ensino formais e informais que a "civilização" possui. 


Cada um de nós deve avaliar atentamente a forma pela qual formou sua visão de mundo para podermos nos libertar destas amarras perceptivas e encontrar a liberdade perceptiva. Esta era a realização máxima que os Toltecas almejavam na sua manipulação com a realidade circundante. Perceber a energia diretamente, fora dos moldes onde ela fora condicionada nas abordagens fragmentárias ainda dominantes. 


Sentir o mundo.

 

“VER", a forma que chamam o indescritível estado não racional onde (na qual) a percepção é realizada com o corpo de energia, contraparte deste que temos por concreto, que pode despertar e ser trabalhado para nos dar uma liberdade perceptiva única. Liberdade de perceber de acordo com aquilo que realmente está ali e não limitar a experiência aos padrões cognitivos de uma época. 


Os Toltecas sempre foram pensadores sofisticados. Temos o vício de atribuir a alguns gregos a supremacia no pensar, apenas pelo fato deles se parecem conosco, apenas pelo fato que alguns escritos sobreviveram para embasar as teologias dominantes. Até o estabelecer da supremacia da Igreja Românica, que soube articular forças em armas e ideologias escravizadoras, outras linhagens como a Celta, a Templária, a Cátara, entre tantas outras, foram destruídas, perseguidas, como as Escolas Pitagóricas também foram anteriormente. 


Com a filosofia empobrecida, com a desfiguração do pensamento pitagórico e, finalmente, sua interrupção por via aberta e com os ramos religiosos realmente ocupados com o “religare” (ligar novamente) cortados da árvore, o Cristianismo se tornou justificativa para homens inescrupulosos darem continuidade ao Império dos Césares. Vieram, então, lentamente, roubando segredos, usando da Inquisição como fachada e meio de cortar qualquer broto dos ramos já podados. 


Aqui, nestas terras nativas, Impérios floresciam. Eles buscavam imitar um passado que as lendas lhes contavam. Pirâmides, monumentos dos mais diversos, observatórios, grandes sinais grafados no solo em proporções ciclópicas, todos os vestígios de algo muito antigo, de uma época de grande poder que se foi. As cidades de pedras, antes ocupadas só pelos sacerdotes e sacerdotisas residentes e seus(suas) pupilos(as) eram agora ocupadas por povos diversos. Os Astecas floresciam onde antes o núcleo do Império Tolteca vicejou. A casta Inca dominava povos artesãos e construtores brilhantes. As cidades Maias são ocupadas por uma nova geração de descendentes dos antigos construtores, os Maias históricos. No passado remoto os Toltecas eram um clã que integrava a nação Maia. Maias e sua necessidade de datar, marcar, mensurar, calibrar. Deixaram suas marcas em pedras que não puderam ser queimadas como seus códices. Em todo o mundo a luta pelo apagar do conhecimento tradicional foi igual. Os Mouros sofreram o mesmo, oito séculos de sofisticada cultura perdida, queimada e muitos de seus herdeiros mortos. 


Sob este quadro de opressão os herdeiros da linhagem Tolteca aprimoram o saber herdado de seus antepassados. Eles sabem que algo deu errado para seus antepassados. O fato de serem poucos e fugitivos demonstra claramente isso, sem necessidade de maiores elucubrações. Como os judeus após a diáspora, os Toltecas migram em grupos para vários lugares. Mas aprenderam a sobreviver e somem da História. Deixam de chamar a atenção enquanto grupo. E aprendem, dia após dia. Sob estas condições o conhecimento dos "Novos Videntes"¹ foi forjado. Em condições muito práticas e reais. Poder pessoal era algo que determinava não apenas uma "sensação de bem estar" mas era o que lhe salvava da morte, sempre rondando num mundo onde caprichos eram leis. E sob esta condição vieram estudando e investigando os mistérios herdados de seus antepassados. 


Há uma Fonte. De onde tudo emana, embora isso só seja um jeito de falar, muito distante do que é "VER" essa fonte. O atual ciclo chama essa fonte de "Mar Escuro da Consciência". Os motivos ficarão claros no decorrer desse ensaio. Pensem na teoria das supercordas. É assim que os Toltecas concebem a Eternidade. Fios luminosos, prenhes de consciência, indo de um lado para outro da eternidade, em todas as direções sem nunca se cruzarem. Repare que aqui a mente concreta cessa de compreender. Não há imagem em nossa mente concreta para fios indo em todas as direções sem se cruzarem. É mais que pensar em fios como num feixe tridimensional. 


Falar mesmo (em) fios é só uma alusão ao que vemos de fato quando o diálogo interno cessa, condição fundamental para "VER", isto é, perceber o mundo com a totalidade de si, com outro anel de poder. Para os Videntes Toltecas nós seres humanos somos dotados de duas capacidades perceptivas distintas. Uma foi desenvolvida em nós pelo sistema no qual fomos educados. Chamamos o mundo no qual existimos de realidade. Lidamos com os conceitos dessa realidade de forma mais ou menos organizada. Essa habilidade de tomar o infinito que nos cerca e ordená-lo em itens é uma habilidade que os Videntes consideram incrível e nossa magia natural, que infelizmente fazemos como robôs. 


Há outro nível de habilidade perceptiva que podemos alcançar, um nível mais sutil que permite perceber não apenas um outro mundo, mas vários outros mundos. Entretanto, uma diferença fundamental entre os Novos Videntes e os Antigos Videntes, é que os Novos Videntes primeiro resolvem e organizam sua condição existencial no aqui e agora, se tornam plenos e equilibrados, sóbrios, no aqui e agora, e depois começam a trabalhar para ir além. Os Antigos criam que ir ao infinito, ir a "segunda atenção" era o suficiente para temperar adequadamente o espírito de um ser humano. Mas os Novos perceberam que havia muito capricho e muita morbidez, muita dependência de ritos e estimulantes nos antigos. E isso ao final foi sua derrocada, quando os invasores chegaram, os primeiros, os que haviam cedido à praga global que se espalhava pela espécie humana: O imperialismo. 


Os Novos videntes descobriram que "organizar a ilha do Tonal" como chamam esse processo de começar pelo "si mesmo", pelo "lembrar-se de si" e "desgrudar a percepção dos estilos que está viciado a usar no mundo (quebrar rotinas), deixar de valorizar o que disseram que vc é (apagar a história pessoal) e usar a morte como conselheira, tendo na certeza da morte alerta para o uso do dom da vida, neste conjunto de estilos comportamentais usando da implacabilidade, astúcia, paciência e gentileza em cada ato, um(a) praticante vai se tornando mais e mais cheio de energia. Energia que deve ser bem distribuída pelos seus centros de energia por caminhadas constantes e certos exercícios, hoje chamados Tensegridade e Não Fazer, dois níveis de prática fundamentais a quem busca "praticar" o conhecimento Tolteca e não apenas "ler" sobre. Pois esta é uma diferença fundamental entre os dois tipos de pessoas que acessaram a obra do nagual de três partes. Quem lê e pratica as ideias ali expressas se enche de uma energia que estará ausente de quem apenas lê, e portanto, é óbvio que a abordagem de quem pratica permite entender conceitos nas obras mais recentes, que escapam completamente, parecendo até absurdas a quem apenas lê. 


A prática produz um nível de energia que torna possível acessar certos níveis de consciência necessários à compreensão do que está expresso em obras mais recentes. Nesse mais alto nível de energia as propostas mais amplas do caminho dos Guerreiros Toltecas, "Los Nuevos Videntes" se tornam compreensíveis. Cada ser humano é uma bola*, uma bola ovoidal como uma bexiga na qual se tivesse dado o nó e este ficasse de lado, no umbigo da forma humana dentro da bexiga. A bexiga está cheia de fibras, cheia de camadas como se fossem de fibra ótica. Nem todas as camadas de fibras estão acesas. Na realidade quase a totalidade dorme. Apenas alguns feixes estão acesos, ativados por um halo brilhante que pulsa forte ao redor de um ponto do tamanho de uma bola de tênis localizado ordinariamente a distância de um braço em relação a nossa omoplata direita.

 

Esse ponto é o ente percebedor. Nesse ponto a percepção é aglutinada. Pelo corpo passam as infinitas cordas em todas as direções.  Mas apenas as que atravessam o ponto luminoso são aglutinadas em níveis que as fibras captam e elaboram. A energia que o ponto aglutina cria uma realidade. Há uma ressonância com o primeiro anel de poder e a primeira atenção faz a leitura da energia que entra plena. Ela, a primeira atenção, seleciona o que deve e o que não deve ser percebido. D. Juan Matus chama isso de desnate e coloca como a maior realização dos seres humanos: a precisão de seus desnates. Esta é também sua maior armadilha. Quando vemos uma montanha, uma árvore, um ser humano, fazemos desnates, separamos camadas da energia e selecionamos só o que "queremos" ver. O problema é que tal seleção é fruto de automatismo e apenas restringe nosso perceber aos moldes do sistema.


O mundo que conhecemos como real é uma descrição e nós somos sócios dela. D. Juan Matus propôs a seu relutante aprendiz que formassem uma nova sociedade. Ele, D. Juan, lhe mostraria uma nova descrição do mundo e ele Castañeda aprenderia essa nova descrição. E assim, D. Juan auxilia C.C. a compreender a "descrição" dos feiticeiros. Ele aprende sobre a possibilidade de ser um animal, aprende sobre os diferentes tipos de mundos que circundam este. Alguns mundos reais, isto é, geradores de energia, alguns mundos espectros criados por videntes solitários, grupos e até povos inteiros, mundos que capturam pessoas para ali ficarem energizando este mundo com o poder de sua atenção alimentada também pelo Tonal.

 

C.C. aprende que só vale a pena visitar mundos geradores de energia, onde a simples presença leva a nos energizar, já os mundos espectro nos desgastam. C.C. é levado por D. Juan Matus a partilhar todo seu saber de feiticeiro para ganhar "sociedade" nessa nova visão. Encontrou-se com os videntes que se enterram e transferem sua totalidade para o mundo dos seres inorgânicos na esperança de uma sobrevida, (constata, percebe) sua perplexidade ao alcançarem uma semi-imortalidade só para avaliarem como se equivocaram na compreensão da realidade(?)


Encontrou-se com o vidente que tem mais de 4000 anos de vida, o guardião da linhagem², um encontro que determina uma mudança na história desse vidente e segundo D. Juan Matus, a chance dele também alcançar a liberdade. 


C.C. conhece Genaro nos dois estados de Consciência, mas os outros e outras só na consciência intensificada, um estado sofisticado de percepção que os Toltecas usam como apoio para seu sistema de ensino. Parte substancial dos conhecimentos, especialmente as que representam maior poder e necessitam de maior foco, são ensinadas em nível intensificado de consciência, aqui a capacidade de focar e aprender é muito maior, mas a capacidade de esquecer também, pois quando voltamos a consciência usual sequer lembramos que tal estado é possível. 


Após anos de trabalho com a disciplina do "Caminho do Guerreiro" um conjunto de estilos comportamentais gerados para produzir sobriedade, implacabilidade, paciência, astúcia e gentileza, o(a) praticante absorve uma focalização real e pode então entrar incólume nos reinos onde estes poderes apreendidos levam, deixando de correr o risco de ser usado por outras consciências a partir de medos ou carências básicas que não houvesse resolvido. 


Por isto os Novos Videntes dão tanta ênfase a "arrumar a ilha do Tonal, chamado também de "organizar a bolha da percepção." Para os Videntes Toltecas quando um ser humano nasce ele é uma essência perceptiva plena de possibilidades. Então, ao seu redor, os condicionamentos vão impondo uma bolha até que essa bolha se fecha. Agora a essência perceptiva sente o mundo através da bolha. Algo toca a bolha, mas a decodificação é com as imagens que ficaram no interior da bolha, para as quais a essência olha. Os novos videntes recomendam dividir a bolha em duas. Deixar uma parte totalmente vazia e agrupar na outra parte todos os estilos de ser, agir, pensar e sentir que temos e que sabemos serem plenos em nós. Isto só pode surgir da auto-observação, para percebermos de fato, sem racionalizações estéreis, que estilos de agir nos levam ao acordar e que estilos nos levam a dormir. 


Quando a "bolha do tonal" está arrumada a percepção migra para a parte vazia da bolha, a metade que foi esvaziada, sem conceitos, sem medos, sem ansiedades e neste vazio abre sua bolha para o infinito a sua volta. Vislumbrar a eternidade é um verdadeiro impacto ao nada que somos. Assim, se o Tonal estiver bem equilibrado nossa volta ao mesmo será um local de descanso, como o porto é ao marinheiro o lugar onde ele se reabastece. 


Tonal e nagual. As duas partes da existência. O tonal existe do nascer até o morrer. O nagual sempre existe e sempre existiu. Os(as) Novos(as) Videntes buscam desenvolver um tonal forte e sóbrio, então usam desse tonal para singularizar uma parte do nagual, que sem nunca perder sua conexão com a Totalidade na qual está imerso e faz parte, é também agora um ente singular. Aqui começa a viagem para o infinito.


Para os (as) Novos(as) videntes estamos num rodamoinho que interrompeu nossa viagem pelo mar escuro da consciência. Este rodamoinho faz parte da condição predadora do universo e ele nos conduz a um fim em seu afunilar. O caminho Tolteca é uma forma de voltar a navegar pelo mar escuro da consciência, escapando desse rodamoinho. A morte pode não ser o fim da viagem, pode ser apenas o começo de uma nova realidade. Mas a forma pela qual os Toltecas abordam essa possibilidade nada tem a ver com o que vemos na maior parte do espiritualismo ou religiões. 


Para quem nunca se trabalhou durante a vida, nunca teve um momento de continuidade a morte não pode ser nada mais que (uma) "volta ao pó de onde viestes", o Tonal se vai, se desfaz e o nagual não foi singularizado, voltando para a imensidão. Como os feiticeiros veem o ser humano como fibras dentro de um casulo, quando o casulo se fende, com o golpe do "Derrubador"³, a estrutura é invadida por tal energia que as fibras, nunca preparadas para tanta energia escapam, saem do casulo e voltam a fluir pelo infinito. Quando um novo ser nasce aquelas fibras vão compô-lo. Ele é singular, como um tapete é singular, mesmo tendo em sua trama fios de um tapete mais antigo que foi desmanchado. A busca de continuar, de prosseguir na aventura da descoberta é algo que permeia como base o caminho Tolteca. 


A liberdade total é uma das metáforas usadas para essa busca. Arder no fogo da consciência é outra. Este é um aspecto interessante nesta linhagem. Os "desafiadores da morte" vão buscando saídas diferentes para evitar se diluir ao fim de um certo tempo, destino que veem como irrevogável. Para os Toltecas, a Fonte, o GRANDE MAR ESCURO DA CONSCIÊNCIA, dava a consciência para existirmos (da mesma forma) como o mar dá à nuvem seu corpo quando evapora. A nuvem existe se projetando no seu corpo de água densificando-se. Então quando atinge certo grau de densidade ela se desfaz, "chove", voltando direta ou indiretamente ao mar. Os Xamãs Toltecas sabiam que quer voltassem diretamente ao grande mar, quer retivessem aspectos de sua totalidade através de Eras, ainda assim, havia um dissipar final que os incomodava.

 

D. Juan Matus e o grupo que inicia C.C. e suas companheiras são herdeiros diretos dessa tradição. Os seres humanos são bolhas de energia. Bolhas ovaladas, algo oblongas, mas bolhas cheias de fibras de energia consciente. Só algumas estão acesas, ativadas pelo ponto de aglutinação. Se movemos o ponto de aglutinação movemos nossa realidade.  Essa é uma das abordagens originais nesta linhagem. A percepção do ponto de aglutinação. Mente, emoções, corpo, tudo isso é uma coisa só para os Videntes Toltecas. O dualismo que queremos ver no ser humano existe, apenas está mal colocado. Não há dualismo mente e corpo. A dualidade do ser humano é o corpo físico e o corpo de energia. Tonal e nagual.

 

O corpo formado pela matéria, energia nos estados mais densos que chamamos físico(Tonal) e o outro corpo formado com Energia, matéria radiante(Nagual). Essa é uma das bases de trabalho dos Toltecas. O Corpo de Sonhar como chamavam, ou "O outro", ou ainda, "O Sósia" é uma concepção bem diferente do "corpo astral" do ocultismo moderno e "agir em corpo sonhador " é algo mais amplo que a viagem astral como ela é descrita hoje. Para os Toltecas o corpo sonhador tem que ser forjado, tem que ser criado. Em linguagem algo religiosa podemos dizer que o corpo de energia é a "alma" que para os Toltecas é construída, não algo "natural". Construir o corpo de energia é permitir a construção de um segundo veículo que acumule as vivências tidas em outros estados de consciência. 


Para os(as) Toltecas lembramos de nossa identidade todas as manhãs porque ela está impressa em nossas células. Para os (as) Toltecas o cérebro é um transdutor, ele lê e transduz mensagens, mas as lembranças estão no corpo, nas células do corpo, tanto que há exercícios de recapitulação que usam martelinhos para tocar certas partes do corpo e ativar lembranças. Assim, enquanto não temos um corpo de energia formado, vamos ter sempre um conjunto de lembranças meio turvas dos deslocamentos de nossa consciência timidamente usando o outro anel de poder, a segunda atenção. Mas quando o corpo de energia está completo as vivências noutros mundos vão sendo nele acumuladas, em suas "células energéticas" e isso gera uma "continuidade" existencial reveladora. 


Quando vamos ao mundo dos sonhos somos um "ente" ali, mas ainda nos estágios embrionários. Grande parte de nossos sonhos são apenas reverberações imaginativas de coisas que nos aconteceram durante o dia ou de neuroses e ansiedades não resolvidas. Mas todos temos sonhos nos quais sabemos que algo estava diferente, que havia uma "textura" de realidade que nos impressiona. 


Entretanto são fugidios e logo nos esquecemos, pois não temos onde acumular aquelas lembranças. Amadurecer um corpo sonhador, levá-lo a atravessar os sete portais de energia que existem para os sonhadores, os sete níveis de eficiência que devem ser alcançados para o corpo energético estar totalmente desperto e operacional é um trabalho árduo, mas os resultados são estupendos. Os videntes dizem que neste momento passamos a ter duas vidas, aprendemos o segredo de estar Aqui e AQUI, e começamos, de fato, a entender que tanto nós sonhamos o sonhado, como o sonhado sonha a nós, os sonhadores. 


O que os Videntes propõe então é após um treino completo das habilidades fundamentais do corpo de energia fundir os dois estados de consciência, isto é, operar com total plenitude mesmo aqui e agora. Assim, além de olhar para as coisas, podemos "ver" que é um atributo do corpo de energia. É um marco esse momento de fundir as duas atenções e só a partir daí o(a) feiticeiro(a) é um(a) Tolteca, aquele (a) que tem duas faces e sabe entrar e sair dos mundos. D. Juan conduz com Maestria C.C. por estes desafios. Para os Toltecas, existem portas de energias, orbitais diríamos hoje, que precisam ser atingidos e ultrapassados. Assim, sonhar se torna um trabalho focado e cada vez mais consciente de encontrar esses "obstáculos energéticos", entender sua natureza e ultrapássa-los. 


É aqui que C. C. tem de enfrentar grandes desafios. Descobre a natureza predatória do mundo no qual estamos inseridos e em outros mundos também. Descobre que consciência e energia são matéria prima em todos os mundos, itens buscados por todas as criaturas vivas, daí que estar sempre em alerta é o mínimo que um viajante pode estar se não deseja cair prisioneiro de inteligências mais antigas e espertas que nós. Viajar entre mundos, para os (as) Toltecas é algo delicado e que exige energia, foco e disciplina. Sobriedade é um dos escudos de todos(as) os(as) praticantes. Ser implacável, paciente, astuto e gentil são os estilos fundamentais de agir nos quais se expressa um equilíbrio harmônico desses estilos comportamentais. 


Entende-se por ser implacável estar no ato com plenitude, como se fosse o último da vida. 


Entende-se ser astuto como a habilidade de aproveitar de forma estratégica e favorecedora cada mínimo evento e elemento no contexto. 


Paciência é a capacidade de saber esperar, de relaxar e estar atento, de respirar e descobrir o tempo da situação para que o movimento ocorra no momento propício e adequado. Paciência vem permitir o despertar do "senso de oportunidade" um senso que todos temos mas que muitas vezes fica travado frente aos outros estímulos diários. Só o silêncio da paciência permite esse senso vibrar, nos mostrando o momento mais estratégico de agir. 


Gentileza: Aqui entra a impecabilidade, ser gentil é agir sem esperar recompensa, bom karma, céu, enfim, agir o melhor possível pelo simples prazer de agir. 


Para um(a) Tolteca trabalhar estes estilos comportamentais produz poder e energia da mesma forma que um mago ocidental praticaria com atenção exercícios para aumentar seu poder via ritos dos elementos, por exemplo. 


Os (as) Toltecas compreenderam que é o tonal que determina a extensão de poder do nagual, pois a segunda atenção opera na vastidão não conhecendo limites, por isso quando o tonal se funde ao nagual o nagual traz a vastidão e o tonal leva o propósito. 


Com um propósito firme, que chamam de intento inflexível, os(as) guerreiros(as) Toltecas conseguem atravessar a vastidão infinda da segunda atenção sem nela se perder e ousam um salto mais amplo, deixar a primeira e segunda atenção para entrarem num estado que só pode ser citado, que chamam de Terceira Atenção, Liberdade Total, estado que entram os que conseguem arder no "fogo da consciência" e deixar este mundo, livres, como se nunca houvessem existido. Este é o testamento Tolteca deixado através das Eras da Dominação para ser redescoberto em nossos dias. Que tais conhecimentos estejam voltando faz parte da mesma profecia que previu a queda destas terras sob o jugo do conquistador voraz. 


Alguns adendos: 

@ A base de todo trabalho sobre si começa com a recapitulação. Desde o primeiro momento os(as) aprendizes do caminho Tolteca são levados a criar uma lista onde vão relacionar todas as pessoas que conheceu na vida. Aos poucos vai se preparando para um exercício no qual lhe será solicitado(a) que lembre-se de "todos" os eventos de sua vida até o nascimento. Isso leva anos, anos mesmo e é algo que vez por outra temos que fazer de novo, para trabalharmos partes de nossas vidas que estavam esquecidas mas que vem a tona quando lembranças outras vão embora. É um dos alicerces do Caminho Tolteca tal prática. É esta recapitulação que ajuda o(a) aprendiz em diversas situações. Primeiro lhe ajuda a ver a si mesmo como ele é , não o que lhe disseram, um aglomerado de estilos de ser, agir, sentir e pensar que nada tem de seu. 


* Seres humanos como bolhas de fibras: Quando uma "bexiga de fibras", que é como os Toltecas vêem o ser humano, explode, suas fibras vão para todos os lados. Quando nasce um ser novo ele 'encarna" fibras de diversos balões. Mas não há uma essência passando de vida para vida. Tudo começa de novo, numa nova combinação entre fibras que já estiveram em outros balões antes, que se estiverem em número suficiente podem até reproduzir aspectos da vida anterior na qual estavam inseridas como parte, como componente da estrutura. Os Toltecas sabem que usamos a consciência. Mas se nos prendermos a nos identificar com a consciência que temos ao final seremos forçados a nos dissolver, pois a consciência é sempre tomada de volta pela Fonte, pelo Mar escuro da Consciência, onde no começo de tudo a consciência emanou. Para os TOLTECAS a "Fonte" está se revelando a si mesma e cada um de nós é um container de consciência que pode ser muito trabalhada. Quando morremos a consciência volta a fonte e a Totalidade é alimentada com mais saber sobre si mesma. Mas os Toltecas descobriram que havia outro caminho. Se os desafiadores da morte haviam apenas protelado sua dissolução os Novos Videntes descobriram um caminho novo, partiram da "Visão" que somos constituídos por duas forças. A consciência e a energia vital. Ao final da vida a consciência é cobrada de volta pela fonte, mas não energia vital. 


Por isso os Toltecas descobriram meios de treinar a energia vital para que ela se torne consciente de si, para que ela aprenda com a consciência a arte da consciência, mas aprenda também a não se identificar, assim a energia vital, sem deixar de ser una e ressonante a toda vida, ganha também um aspecto "singular". Quando chegar o encontro com a Morte a consciência será devolvida ao "Mar Escuro da Consciência", como um rio vai ao mar e se dissolve, mais cedo, logo no delta, ou mais ao largo, continuando mesmo no mar, como correntezas e rios que existem no mar, como seres que sobrevivem em planos paralelos a esses, mas tal qual o rio, deixaram suas margens há tempos e sua dissolução é apenas questão de tempo. Os novos Videntes mudam esse matiz. Ao chegar o momento renunciam completamente esta consciência, deixando-a para a Fonte , mas mantém a "si mesmo" enquanto ente singular, apoiado na energia vital que sustenta o ponto de aglutinação num instante em que ele nada aglutina, num momento de transição. Então, a ousadia suprema, os Novos Videntes Toltecas ousam se incendiar com o fogo da consciência, isto é , entram noutro estado de existência, tomando uma nova "atenção" para si. Este estado do qual é impossível falar é chamado de 3ª Atenção. Chamam também de Liberdade Total é é proposta como a meta final, objetivo de vida de quem se dedica ao Xamanismo Guerreiro Tolteca. O tema é muito vasto, portanto aqui foram apenas algumas alusões que aconteceram, alusões corroboradas pela prática e pelo diálogo com outros(as) praticantes.



Notas


1 - o termo novos videntes, em oposição aos antigos videntes, definem praticantes do conhecimento Tolteca que não estavam interessados em ter poder sobre os outros, mas em ter poder sobre si mesmos. Essa diferença de atitude caracteriza o novo ciclo entre os videntes toltecas. Pode-se dizer que aqueles são guerreiros que veem enquanto esses são feiticeiros interessados na manipulação da consciência para controle. No livro Fogo Interior, o nagual Dom Juan Matus faz essa distinção entre novos videntes, guerreiros que veem, e antigos videntes, feiticeiros. O termo guerreiro tem aqui uma conotação importante, pois indica uma disciplina interior que não era exercida pelos videntes do ciclo anterior, daí o velho nagual usar o termo guerreiro que vê.


2 - Neste parágrafo e no anterior faz-se alusão aos chamados desafiantes da morte. O citado guardião é um desafiante da morte que alterou o curso da linhagem de Dom Juan Matus, mas distinto daqueles quatro antigos videntes que são descritos pelo nagual Carlos Castaneda no capítulo 15 do Fogo Interior, pois aquele possuía a capacidade de estender sua vida através do processo de abrir e fechar sua fenda (uma característica de nossos ovos ou casulos luminosos, uma “falha” pela qual a morte adentra) à vontade tendo estabelecido uma simbiose de energia e troca de poderes com os naguais subsequentes ao seu aparecimento por volta do século XVI, mais precisamente em 1723, tendo feito inicialmente contato com o nagual Sebastian.


3 - O derrubador ou a força rolante é umas emanações da Águia ou do Mar Escuro da Consciência, apresenta-se como uma linha de bolas de fogo que nos golpeia na altura do umbigo ou da fenda luminosa nos levando à morte.


Sagrado Feminino: Kali.

Justamente hoje (08/03//2024) é interessante lembrar de um arquétipo do feminino que é fundamental, não só pela sincronicidade que está rola...