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quinta-feira, 5 de junho de 2025

Novidade! A Ordem Divina, contação de estórias


Inauguramos a contação de histórias Pistas do Caminho em forma áudio no YT. 

Nosso intento é nos adequarmos as novas mídias, promovermos práticas ancestrais com as novas formas digitais mantendo aceso o fogo, mesmo que virtual, que tece tramas cada vez mais complexas na teia da Vida.

Não estamos começando com as estórias do Xamanismo Guerreiro, começamos com estórias de outra tradição, a sufi, pois foi através dela que o Espírito soprou em nós essa ideia de contar histórias enquanto líamos a obra portentosa do poeta e místico sufi Rumi chamada Manasvi. Naturalmente que não esperávamos por tal. O Espírito está sempre a nos pregar peças e é bom que assim seja, é bom que não saibamos, como dizia o homem nawal Juan Matus, de qual cartola sairá o coelho.

"Quando nada é certo, permanecemos alertas, sempre atentos. E mais emocionante não saber por trás de qual arbusto o coelho está escondido do que se comportar como se soubéssemos de tudo".

Buscávamos na rede - www - por conhecimentos relativos ao silêncio interior, a plataforma básica e o estado interior fundamental para realização verdadeira das práticas toltecas. E nos deparamos com as palavras de Rumi sobre o tema, logo surgiu o anseio por conhecer tal poeta, místico e vidente. Daí para começarmos o projeto de contação de estórias foi um salto. Tudo pareceu convergir para isso, inclusive com o surgimento de ferramentas novas para tal tarefa. As manifestações do Espírito se evidenciavam por aqui e por ali compondo uma estória em si mesma.

A história que contaremos, via aúdio, traduz bem o primeiro cerne abstrato em feitiçaria - as manifestações do Espírito - e indicam que um xamã, um médico do Espírito, um nawal,  um tolteca, um homem de conhecimento, um jnani, um sankhya não age por si mesmo, mas de acordo com a ordem divina.

Modak

A Ordem Divina

quinta-feira, 8 de maio de 2025

A inter-relacão da consciência e da percepcão por novos canais

Há já algum tempo participo de listas na net, são verdadeiras comunidades virtuais onde notamos o surgir de toda uma relação entre grande parte dos(as) envolvidos(as).

Mesmo as pessoas que só "leem" que nunca se expressam nas listas, participam de uma forma antiga, ainda limitada a não interatividade que a TV e os sistemas de comunicação para as massas, condicionam na maior parte das pessoas.

A Internet, como toda ferramenta, tem seu uso determinado pela habilidade de quem a usa, assim teremos vários níveis de existência na Internet. As comunidades das listas correspondem a um nicho complexo.

A teia que se forma na Net é como a rede de Indra (metáfora usada no hinduísmo para ilustrar a interconexão e interdependência de todos os fenômenos no universo), a qual em cada nó tinha outras redes. Numa mesma lista se acomodam pessoas das mais heterogêneas, focadas no "tema da lista" que cada uma, obviamente, interpreta dentro de seus referenciais pessoais. Como tudo que existe não há como explicar as listas, elas acontecem, essa necessidade humana de se comunicar, de partilhar suas experiências com outras pessoas. É muito interessante que isto, esta comunicação é feita de diversas formas. Como no mundo cotidiano as pessoas geram os mais diversos tipos de comportamento, até agressões e males estares vários são gerados na rede, numa imitação perfeita do que é a vida.

Observando como o mundo virtual vem sendo moldado como uma réplica da sociedade tida por real, da sociedade vigente, pude perceber melhor como estamos presos a modelos fixos de comportamento, existe uma vasta e ainda sem fronteiras, dimensão a ser explorada e o que conseguimos trazer são repetições dos comportamentos e formas de ser do cotidiano, leitura das realidades apresentadas dentro dos limites cognitivos da realidade cotidiana.

Perceber isso me leva a questionar o quanto também tem essa "influência moldadora", esse estilo único de lidar com outras realidades, influenciado no contato com outras dimensões. O quanto aquilo que chamamos de Magia, de Bruxaria e de Xamanismo estão impregnados de nossos referenciais prontos, nós que fomos criados num mundo que por principio nega os valores fundamentais destes caminhos, pois é óbvio que este sistema que estamos inseridos que chamam civilização é um agente degradador em alto nível da realidade e os modelos que sobrevivem neste sistema tem pouco respeito pela vida e pela qualidade de vida do ser humano. Basta observar a realidade que nos cerca. Então esse mundo assustador ronda lá fora, feroz, perigoso e as pessoas encontram na NET uma forma de se expressar, de se comunicar, de se por em contato.

A barbárie está solta, lá fora, em torres ou casas, em cômodos quase que apenas quadrados ou retangulares, olhando com avidez para as telas também quadradas, em 1 e 0 se comunicam, as pessoas trocam informes, partilham seu saber e sabem mais. Vou me deter um pouco sobre as listas de temas da Net.

Primeira coisa que considero interessante numa lista é como as pessoas têm opiniões diversas sobre o mesmo termo.

Segunda é como comunicação é algo que tem ligação com gestos corporais, tons de voz, gestos faciais. A inexistência desses meios na comunicação por escrito das listas leva a uma diminuição da eficácia de comunicação, o que faz da maior parte das listas palco de certas discussões e desentendimentos que alguém "de fora" nota que estão ou falando da mesma coisa, ou a ofensa "original" nunca ocorreu, foi só ausência de compreensão entre o que queriam realmente expressar e o que foi interpretado.

Brigas homéricas saem daí, envolvem vida pessoal das partes envolvidas, enfim, para quem considera que o mundo virtual é uma ilusão de elétrons correndo loucos (fótons nas fibras óticas) devia assistir o começo e desenvolvimento dessas crises que surgem em certas listas entre pessoas que até então eram "presenças virtuais".

É muito interessante observar isto do ponto de vista mágico, por que entre os(as) bruxos(as) antigos(as), os(as) xamãs ancestrais, existiam linhagens, troca de conhecimentos, que ensinavam sobre Magia, sobre Xamanismo e sobre Bruxaria.

Hoje existem sites, existem páginas, existem listas que debatem as mais diversas escolas, os mais diversos caminhos.

As listas têm esse papel, é uma comunidade virtual onde pessoas diversas se aglutinam em torno de um tema central. As listas seguem um fluxo, que varia sob muitos fatores e as personalidades encontradas nas listas cobrem vasto espectro das possibilidades humanas.

Amizades, amores e brigas ferrenhas acontecem. A projeção da consciência na "personalidade" de internet é tremenda, muitas pessoas levam totalmente as crises da net para a casa, para o dia a dia, para muitas o mundo da internet e o mundo real, que são mundos paralelos, perde essa característica, eles se fundem, aí tudo gira em torno da NET .

O nick name é um nome mágico, um mote virtual que trás a tona o personagem que cada pessoa gera ao entrar na NET.

Estou apenas apontando fatos, sem pretender julgar.

O que me interessa observar é que as comunidades das listas comportam-se como sociedades humanas do mundo "real". E dentro dessas comunidades virtuais se discute e trocam-se informes sobre Magia, Xamanismo e Bruxaria.

Existe o assunto de escopo da lista, o tema em torno do qual gera o centro de interesse do grupo. Mas o poder interativo das listas é muito interessante e a diversidade de pessoas que existe é fascinante de observar. Pessoas que muitas vezes jamais se conheceriam nos caminhos "reais" do mundo, se encontram neste ambiente virtual. Amizades e mesmo amores e casamentos acontecem, ou seja, encontros no mundo virtual que alteram a vida que temos por real.

Esse aspecto da rede é muito interessante, ela colabora para os encontros, ela colabora para que pessoas que por processos diversos teriam grande dificuldade de se encontrarem, de se conhecerem, o fazem, por um contato inicialmente virtual. Podemos discordar sobre interpretações do papel da rede, mas o fato da rede, o fato de uma conexão entre pessoas do mundo inteiro por este interessante meio, este fato é evidente e inegável.

Há pessoas que partilham de seus universos mais íntimos, de pensamentos e sentimentos que carregam secretamente consigo há datas e o fazem com alguém, que algumas vezes, nunca esteve presente em "corpo", nem a imagem real tem, quando muito uma foto escaneada. E no entanto partilham-se ideias, partilham-se sentimentos, partilham-se planos e anseios, amam, brigam, se odeiam e se apaixonam e tudo isso acontece por intermédios de elétrons e fótons correndo em suas transformações de onda e partícula.

Se já é interessante meditar que a música hoje executada repousa sobre 7 notas, que vocabulários se formam por alfabetos de 20 e poucas letras e no entanto toda essa complexidade virtual vem da combinação de 1 e 0, só um e zero.

Por vezes pessoas que vivem fisicamente do lado de uma outra não se conhecem quase nada, ou nada mesmo, desse rico universo interior, que só é partilhado com aquela "presença virtual". Mas que esta "presença virtual" é também "presença real" em seu espaço e tempo, em seu ambiente, às vezes situado num outro país, outro continente, outro hemisfério. Essas possibilidades comunicativas da Internet estão mexendo com o mundo em vários níveis. Pela primeira vez na história conhecida da humanidade temos uma teia constante no planeta praticamente inteiro, com elementos da espécie humana se comunicando em vários pontos do globo. Só a liberdade de informações que circula na NET já é um passo incrível para a tão cantada e clamada Era de Aquário, ou novo Aeon.

Se pensarmos e sentirmos a Terra como ser vivo e consciente, como até a ciência, com a hipótese Gaia, já abre flancos para admitir, podemos ir mais longe e compreender que a rede, a INTERNET está mexendo com o inconsciente coletivo e com o consciente coletivo da humanidade, logo mexendo também com a consciência da Terra. No estado meio robô, meio sonâmbulo que a humanidade está acaba participando dessa nova energia entrando no nosso sistema, mas sem aproveitar essa energia para a profunda transformação de paradigmas pessoais e coletivos que se faz necessário.

Se em outros tempos, homens e mulheres falaram da transformação da consciência como necessidade, hoje a necessidade tem premência total, pois é da possível destruição do planeta, do esgotar de seus recursos naturais, do poluir e degradar em níveis que afetam a nossa qualidade de vida, é disso que temos hoje que escapar.


Imaginem isso, sintam isso, pensem nisto, com foco, com visão sistêmica. O que representa isso? E ao mesmo tempo que estamos nesse cenário de destruição temos realizações incríveis como a NET, que, por exemplo, permite que eu, agora, chegando de uma fogueira, na Serra da Mantiqueira, céu estrelado, calor, ainda que Outono, possa expor algumas coisas que conversei com pessoas que trilham um caminho conjunto ao que trilho.

A troca de informações ocorrendo numa velocidade quase instantânea... Até aí, troca de informações, todos partilham, todos "concordam" agora vamos encarar o lado mágico disso. Temos dois seres humanos "conversando" pelo ICQ. Ambos dotados de energias em vários estágios, desde o sólido de seus ossos, o pastoso de certos fluídos corporais, o líquido da linfa e do sangue, os gases que percorrem nosso corpo, a misteriosa força da vida, ou força vital, que a ciência contemporânea, financiada por laboratórios a quem a visão energética do ser humano não interessa, nega, todas essas partes de nosso corpo estão impregnadas de energia e temos um corpo de energia, um corpo inorgânico paralelo a este corpo orgânico que nos colocam como única verdade, confundindo nosso limite perceptivo, para deixá-lo bem estreito, limitando nossa flexibilidade perceptiva.

Quando acionamos a net estabelecemos uma conexão efetiva, de informações correndo por cabos e /ou ondas de rádio, via satélite, enfim há uma conversão e reconversão, uma transdução seguida da outra da informação.

Há um momento que estamos teclando, a energia mental, o pensamento veio ativar o sistema nervoso que tecla, momento que a energia é a pressão do dedo na tecla, depois a tecla ativa uma combinação de 0 e 1 dentro do software de escrita usado e depois a mensagem é enviada, corre por vários meios de propagação (fios, cabos, ondas) até chegar como mensagem numa máquina que pode estar em qualquer lugar do mundo (satélites criaram possibilidades de contato incríveis).

Serão apenas as palavras que caminham em forma de energia pura pela rede? Os sentimentos que evocam, os questionamentos que provocam, a vida que carregam consigo, será apenas o poder da palavra, do Verbo, da linguagem?

Existiram outras energias sutis sendo trocadas pela rede?

As listas geram egrégoras.

Como serão essas egrégoras?

Nuvem que passa

(continua)

sexta-feira, 25 de abril de 2025

A Arte da Espreita

"Os feiticeiros espreitam a si mesmos constantemente - comentou com uma voz reconfortadora, como se tentando acalmar-me com o tom de sua voz.

Desejei dizer que meu nevorsismo tinha passado e que provavelmente havia sido causado pela falta de sono, mas ele não me permitiu dizer coisa alguma.

Assegurou-me de que já havia me ensinado tudo o que tinha para saber sobre espreitar, mas eu ainda não recuperara meu reconhecimento da profundeza da consciência intensificada, onde o tinha armazenado. Disse-lhe que seria a desagradável sensação de estar arrolhado. Parecia haver algo trancado em mim, algo que me fazia bater portas e chutar mesas, algo que me frustrava e me tornava irascível .

- Essa sensação de estar arrolhado é experimentada por todo o ser humano. É um lembrete da existência de nossa conexão com o intento. Para os feiticeiros essa sensação é ainda mais aguda, precisamente porque seu objetivo é sensibilizar seu elo de conexão até que possam fazê-lo funcionar à vontade.

Quando a pressão do seu elo de conexão é grande demais, os feiticeiros aliviam-na espreitando a si mesmos.

- Ainda acho que não compreendo o que quer dizer por espreitar - falei. - Mas em certo nível penso que sei exatamente o que quer dizer.

- Tentarei ajudar você a esclarecer o que sabe, então. Espreitar é um procedimento, um procedimento muito simples. Espreita é um comportamento especial que segue certos princípios. É um comportamento secreto, furtivo, enganoso, designado a provocar um choque. E quando você espreita a si mesmo, você choca a si mesmo, usando seu próprio comportamento de um modo implacável, astucioso.

Explicou que quando a consciência de um feiticeiro ficava enredada pelo peso de suas aquisições perceptivas, o que estava acontecendo comigo, o melhor, ou talvez nosso único remédio, era usar a idéia da morte para proporcionar esse choque de espreita.

- A idéia da morte é de importância fundamental na vida de um feiticeiro - continuou D. Juan. - Mostrei-lhe coisas inumeráveis a respeito da morte para convencê-lo de que o conhecimento de nosso fim pendente e inevitável é o que nos dá sobriedade. Nosso engano mais caro como homens comuns é não se importar com o senso de imortalidade. É como se acreditássemos que , se não pensássemos a respeito da morte, nos pudéssemos proteger dela.

- Precisa concordar D. Juan que não pensar sobre a morte protege-nos de nos preocuparmos a respeito.

- Sim, isto serve a tal propósito, mas tal propósito não tem valor para homens comuns e representa uma caricatura para os feiticeiros. Sem uma visão clara da morte, não há ordem, nem sobriedade, nem beleza. Os feiticeiros lutam para ganhar essa percepção crucial de modo a ajudá-los a perceber no nível mais profundo possível que não tem segurança sequer de que suas vidas continuarão além do momento. Essa percepção dá aos feiticeiros a coragem de serem pacientes e no entanto entrarem em ação, coragem de aquiescer sem serem estúpidos. Don Juan fixou seu olhar em mim, sorriu e balançou a cabeça.

- Sim - continuou -, a idéia da morte é a única coisa que pode dar coragem aos feiticeiros. Estranho, não é ? Dá aos feiticeiros coragem de serem atenciosos sem serem vaidosos, e acima de tudo dá-lhes coragem de serem implacáveis sem serem convencidos.

Sorriu outra vez e cutucou-me. Disse-lhe que estava absolutamente aterrorizado pela idéia de minha morte, que pensava a respeito com freqüência, mas que certamente isso não me dava a coragem ou me incentivava a entrar em ação. Apenas me tornava cínico ou fazia com que eu caísse em estado de profunda melancolia.

- Seu problema é muito simples - disse ele. - Você fica facilmente obcecado.

Estive lhe dizendo que os feiticeiros espreitam a si mesmos para quebrar o poder de suas objeções. Há muitas maneiras de espreitar a si mesmo. Se não deseja usar a idéia de sua morte, use os poemas que lê para mim para espreitar a si mesmo.

- Como disse ?

- Disse-lhe que há muitas razões pelas quais gosto de poema - retrucou ele. - O que eu faço é espreitar a mim mesmo com ele. Provoco um choque em mim mesmo com eles.

Escuto, e enquanto você lê, calo meu diálogo interno e deixo meu silêncio interior ganhar impulso. Então a combinação do poema e do silêncio desfecha o choque.

Explicou que os poetas anseiam inconscientemente pelo mundo dos feiticeiros. Por não serem feiticeiros no caminho do conhecimento, os anseios são tudo o que tem.

(...)

...este incessante morrer obstinado,

esta morte vivente,

que te retalha, oh Deus,

em tua rigorosa obra

nas rosas, nas pedras,

nos astros indomáveis e na carne que se queima,

como uma fogueira acesa por uma música,

um sonho,

um matiz que atinge o olho.

...e tu, tu próprio, talvez tenha morrido eternidades de eras aí fora,

sem que saibamos a respeito, nos refúgios, migalhas, cinzas de ti;

tu que ainda estás presente,

como um astro imitado por sua própria luz,

uma luz vazia sem astros

que nos alcança,

escondendo sua infinita catástrofe.

" Quando ouço as palavras - manifestou-se D. Juan quando terminei de ler -, sinto que aquele homem está vendo a essência das coisas e posso ver com ele. Não me importo sobre o que seja o poema. Importo-me apenas sobre o sentimento que os anseios do poeta (filósofo) trazem até mim. Empresto seus anseios, e com eles empresto a beleza. E me maravilho diante do fato de que ele, como um verdadeiro guerreiro, derrame-o sobre os receptores, os espectadores, retendo para si mesmo apenas sua ansiedade. Esse impuxo, esse choque de beleza, é espreitar."


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A arte de espreitar é aprender todas as peculiaridades de teu disfarce, e aprende-las tão bem que ninguém saiba que estás disfarçado. Para consegui-lo, necessitas ser desapiedado, astuto, paciente e gentil . Ser implacável não significa aspereza, a astúcia não significa crueldade, ser paciente não significa negligência e ser gentil não significa ser estúpido. Os guerreiros atuam com um propósito ulterior, que não tem nada a ver com o interesse pessoal. O homem comum atua apenas se há possibilidade de ganância. Os guerreiros não atuam por ganância e sim pelo espírito.

Citações extraídas do livro O Poder do Silêncio, de Carlos Castaneda



terça-feira, 15 de abril de 2025

A Vara e a Serpente

Tudo o que sei é o que significa para os guerreiros(as). Eles não ignoram que a única energia real que possuímos é a energia sexual, que confere vida. Esse conhecimento toma-os permanentemente conscientes de sua responsabilidade - O Fogo Interior, de Carlos Castaneda.

A Energia Criadora Sexual assume muitos símbolos e formas nas diferentes tradições. Ela é a Fonte de nosso Ser no mundo.

Viemos das águas sexuais de nossa mãe e de nosso pai.

Somos o fruto desse conhecimento sagrado do amor. O Amor se polariza para criar.

A água evaporada, a nuvem, se polariza para gerar o filho raio.

22 Assim Moisés foi instruído em toda a sabedoria dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras - Atos 7.

Moisés era um sacerdote egípcio. Foi criado pelos egípcios, pelo Faraó e sua filha.

Interessante que o Egito é uma civilização que junta magia e política com perfeição. O Faraó era ao mesmo tempo rei e sacerdote.

Moisés significa aquele que nasceu das águas. É um símbolo para todo o humano, pois todo humano nasce das águas. Encontramos o arquétipo em outros personagens até mais antigos como Karna (do Mahabharata, um dos filhos de Kunti) e Sargão (da Acádia). Toda a vida nasce das águas. O Rio Nilo era sagrado para os antigos egípcios por isso. Assim como o Ganges para os indianos.

A vida que nasce das águas é como o espermatozoide que adentra ao óvulo, fecundando-o.

As águas seminais do homem que fecundam a terra uterina da mulher.

A vara sagrada do homem fazendo a água da vida emanar da rocha-uterina-divina da mulher.

Falo e Útero, Ás de Paus e Ás de Copas gerando e regenerando a vida.

A Vara, o Cajado é um símbolo de poder. A Taça, o Graal é um outro símbolo de poder.

A dualidade atrativa gerando e regenerando a Vida.

Essa dualidade é uma marca em diversas histórias míticas.

Vejamos a seguinte dualidade, a Vara-Serpente.

A vara é um símbolo do Falo, da energia sexual masculina.

A serpente é um símbolo da Fluidez, dos Ciclos, da Regeneração, da energia sexual feminina.

A Energia Sexual é por excelência feminina, por isso no homem e na mulher Ela é a Shakti, a Força (do arcano 11 do Tarot), a Kundalini.

"A Minha serpente é uma extensão da Sua".

Essas são palavras mágicas entre o Sacerdote e a Sacerdotisa que expressam a união mágica do masculino e do feminino.

Vou citar agora algo que fará alguns amigos (as) pagãos arrepiarem-se...risos.

Eis um exemplo da dualidade masculino-feminino, Vara-Serpente.

Há uma história mágica e mítica na Bíblia onde Moisés (com Arão) transforma a Vara em Serpente e de novo a Serpente em Vara, em Êxodo 4 e 7:

2 Ao que lhe perguntou o Senhor: Que é isso na tua mão. Disse Moisés: uma vara.
3 Ordenou-lhe o Senhor: Lança-a no chão. Ele a lançou no chão, e ela se tornou em cobra; e Moisés fugiu dela.
4 Então disse o Senhor a Moisés: Estende a mão e pega-lhe pela cauda (estendeu ele a mão e lhe pegou, e ela se tornou em vara na sua mão);

e

9 Quando Faraó vos disser: Apresentai da vossa parte algum milagre; dirás a Arão: Toma a tua vara, e lança-a diante de Faraó, para que se torne em serpente.
10 Então Moisés e Arão foram ter com Faraó, e fizeram assim como o Senhor ordenara. Arão lançou a sua vara diante de Faraó e diante dos seus servos, e ela se tornou em serpente.
11 Faraó também mandou vir os sábios e encantadores; e eles, os magos do Egito, também fizeram o mesmo com os seus encantamentos.
12 Pois cada um deles lançou a sua vara, e elas se tornaram em serpentes; mas a vara de Arão tragou as varas deles.

A Vara é um símbolo clássico do poder mágico. Ela simboliza a força do Mago(a) e do Iniciado(a). Representa sua Vontade em domar em si as muitas vontades. Representa também a Coluna Espinhal do ser humano.

A Vara que se torna em Serpente é a própria Força Sexual ascendendo ao longo dos canais sutis da coluna espinhal humana. A Serpente do Éden enroscada em torno da Árvore do Conhecimento é um símbolo da Serpente Kundalini enroscada em nosso Corpo. Nosso Corpo é a Árvore do Conhecimento onde habita a Deusa Serpente.

Qualquer praticante do caminho que acumula e recanaliza sua energia sexual criadora pode senti-la como vida pulsante ao longo de seu canal espinhal.

O Poder de um Mago se determina pelo nível de ascensão da Serpente ao longo da Vara.

A Serpente de Moisés engoliu as Serpentes dos Magos Egípcios porque seu poder era maior. Isso também pode significar que os judeus absorveriam a sabedoria egípcia, da qual Moisés era herdeiro. Moisés era um sacerdote egípcio. Foi o avatar da Era de Áries. Há uma imagem de Moisés com dois chifres, como um deus cornudo. Esse é um clássico símbolo pagão que nada tem a ver com um sentido pejorativo ou do mal.

A Vara transformada em Serpente simboliza a transformação e a transmutação da Energia Sexual Criadora.

Os cornos de Moisés simbolizam o cérebro direito e esquerdo plenamente desenvolvidos e fecundados pela Energia Sexual Criadora Transmutada.

Transformar a Serpente em Vara e vice-versa é um símbolo do processo alquímico do Solve et Coagula.

A Serpente é o poder de dissolução. A Vara, o poder de coagulação. Expressões polarizadas da mesma Energia.

Modak

sábado, 12 de abril de 2025

Uma conversa sobre o poder pessoal

P - Poder pessoal é o poder da pessoa?

R - Não, a pessoa, a persona, a máscara, aquilo que fizeram de nós não tem poder, a pessoa social, a pessoa, que é fruto da socialização, é um animal domesticado, é uma máquina, como diria Gurdjieff, não pode ter nenhum poder, antes é manipulada por outras pessoas, instituições e poderes, apesar de muitas e muitas vezes estar cheia de si. Aqui é preciso entender bem o que significa o termo 'pessoa'. No XG a pessoa se quer existe, é um fantasma, sendo assim como poderia ter algum poder? Por isso que escolas como o Quarto Caminho dizem que a capacidade de FAZER é algo raro, pois FAZER implica em PODER, poder de (auto)realização. Como uma pessoa, uma máquina pode fazer algo? Uma máquina apenas segue a sua programação, uma pessoa social apenas segue o seu condicionamento e assim sonha que está fazendo algo, confunde o fazer, a ação consciente com a reação mecânica típica das máquinas. A pessoa comum acha que fazer é algo ligado ao trabalho, ao emprego, a uma função social para ganhar dinheiro. É muito comum numa conversa qualquer, comum e corrente, alguém iniciar um bate-papo fazendo a clássica pergunta: - O que você faz? Ou ainda: - No que você trabalha? Ou então: - O que você está fazendo da vida? 

Ora, um PERSONAgem não atua, não faz nada e não pode fazer nada a não ser representar um papel do qual não tem consciência. É mecânica, portanto, não tem poder. Vemos isso estampado na vida comum e corrente toda a hora quando a pessoa, por exemplo, precisa empreender uma mudança de hábitos seja por um motivo de saúde ou de carestia. Mesmo havendo necessidade, devido a uma força externa, de mudar os hábitos, para uma pessoa comum e corrente é muito difícil, portanto fazê-lo de uma forma deliberada, voluntária e consciente é impossível. Máquinas não possuem consciência de si mesmas a ponto de realizarem mudanças que impliquem em deixarem de ser máquinas, elas apenas podem se tornar máquinas melhores, pessoas melhores, como um produto de 1ª, 2ª, 3ª geração e daí por diante.

P - Se é assim por que nas obras do Dr. Carlos Castaneda é usada a expressão poder pessoal?

R - É tarefa das novas gerações ir aperfeiçoando os termos, as palavras. Poder pessoal é um termo paradoxal, contraditório se formos olhar para uma das primeiras técnicas comportamentais ensinadas por Don Juan Matus para o Dr. Carlos Castaneda justamente para obter poder pessoal, alcançar o silêncio interior, parar o mundo, livrar-se da pressão coercitiva da primeira atenção: apagar a história pessoal. E aqui devolvo a pergunta: ora, se vamos apagar a história pessoal, se vamos nos liberar da pessoa social e dos frutos podres da socialização como vamos usar a expressão poder pessoal?

P - Que outro termo poderíamos empregar?

R - Na obra do próprio nagual Carlos Castaneda temos uma palavra que nos parece mais adequada: impecabilidade. O termo ficou muito bem definido como economia de energia, melhor uso da energia, dar o melhor de si no que tange a própria energia, seu uso, acúmulo e alinhamento com o Poder. E aqui usamos o Poder com letra maiúscula para denotar que tal Poder é de natureza impessoal, ou seja, a pessoa não tem o Poder, na verdade é o Poder que tem a pessoa, de um tal modo que a própria pessoa é dissolvida pelo Poder, tornando-se vazia no sentido do si mesmo, destituída do eu, do ego, mas ao mesmo tempo preenchida pelo Poder, tal como a gota que se funde ao oceano, talvez por isso o Dr. Carlos tenha usado em sua obra final uma outra metáfora para referir-se ao Poder: o Mar Escuro da Consciência.

P - Como uma máquina pode deixar de ser máquina e entrar nesse caminho?

R - Isso não depende dela, depende do próprio Poder, é muito difícil, quase impossível compreender isso, que só existe a Águia e os comandos da Águia, é Ela quem define, enquanto poder impessoal, por isso, para quem estuda as obras do Dr. Carlos Castaneda, é preciso compreender a fundo o significado de que "não há voluntários no caminho dos guerreiros(as). Um homem (uma mulher) tem que ser obrigado(a) contra a sua própria vontade a entrar no caminho dos(as) guerreiros(as)".

P - Isso não faz dos guerreiros(as) algo superior a pessoa comum?

R - Ao final e ao cabo todos serão devorados pela Águia, tudo o que um(a) guerreiro(a) faz é alinhar-se aos comandos da Águia, não sobra assim nenhum espaço para qualquer tipo de autoimportância. 

Modak

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Estoicismo nawal e o falso sentimento da autoimportância

Estoicismo, a filosofia de 2 mil anos cada vez mais usada como ...
O nagual Carlos Castaneda definia o nagualismo como a práxis da Fenomenologia.

Se formos pensar em termos filosóficos, devido a natureza prática e sóbria de tal práxis, veremos que o Nawalismo pode ser visto como uma escola estoica, um estoicismo, tendo muitos pontos de contato com tal filosofia, como neste pensamento de Epicteto, que era um famoso filósofo estoico e ao mesmo tempo escravo:

"A filosofia não visa a assegurar qualquer coisa externa ao homem. Isso seria admitir algo que está além de seu próprio objeto. Pois assim como o material do carpinteiro é a madeira, e o do estatuário é o bronze, a matéria-prima da arte de viver é a própria vida de cada pessoa".

Pode-se dizer que a matéria-prima de cada guerreiro(a) é a sua própria energia.

"Um guerreiro deve cultivar o sentimento de que ele tem tudo de que precisa para a viagem extravagante que é sua vida. O que conta para um guerreiro é estar vivo. A vida em si é suficiente, autoexplicativa e completa" - Carlos Castaneda, A Roda do Tempo.


sábado, 5 de abril de 2025

Lamas e Xamãs (Atualizado e com notas)

 


         Sempre lembrando…

         Não esqueçam de ver o sorriso despreocupado nestas palavras.

     Escrever ideias tem a limitação de passar formas pensamento sem os tons de voz, sem as expressões faciais e corporais e tantos outros sinais subliminares presentes em uma conversação face a face. Componentes que ajudam a compreender o que já é em si só um esforço concentrado expressar oralmente através da linguagem formalizada.

  Temos que ter o cuidado para não projetarmos nossas interpretações pessoais, mas tentar nos descentrarmos, nos ‘desegotizarmos’, como diria Piaget. Sairmos da posição do “eu”…

     Compreender cada povo e cada cultura, cada forma de expressão da vida…

     As vezes posso ter dado a impressão que aludi ao caminho búdico tibetano como algo confuso. De forma alguma. Tenho profunda admiração pela escola búdica tibetana desde o dia em que no centro cultural Vergueiro, participando da mandala da cura, realizada por lamas, vi nos olhos dos que conversei uma pureza diferente. Assim quaisquer que sejam as jangadas que usem para auxiliar na travessia rumo a outra margem, têm algo de paz, algo que já vi em alguns monges cristãos, alguns sufis, alguns xamãs.

    Quando aprendi na prática que não importa o caminho, desde que este tenha coração, soube que os lamas possuem um caminho que leva ao despertar efetivo. Como curiosidade antropológica me permitam compartilhar a forma através da qual esta linhagem de xamãs que integro vê os lamas.

   Alguns dos estrangeiros, isso é, não índios, como eu, que se ligaram a essa linhagem de xamãs eram daoxíê Sí-e* (道學 僊 - vide notas), eremitas que vivendo em peregrinação foram ter a Tailândia e arredores, onde a civilização que ali florescia tem tal semelhança com a do período olmeca e anteriores que ainda instiga os pesquisadores.

   Dali vieram ter ao México e contaram da prática de monges poderosos que viviam no alto das neves eternas. Tais monges eram curadores e conheciam muitas formas de magia. Eles tinham desenvolvido um profundo conhecimento da natureza da vida e da consciência.

  Eles sabiam que se um se uma pessoa, durante a vida, desenvolvesse a consciência de si. Haveria chance de prosseguir existindo.

    Caso contrário apenas se dissolveria como a espessa névoa vai com o vento ao meio da manhã, dissipar-se pela mata, toda e, ao meio dia, nem lembrança dela restará àquele que por ela atravessou quando o dia nascia e ainda carpe o pasto, tudo roçando, carpe, mas não carpe ‘die’.

    Contavam que tais monges em grandes mosteiros sabiam que as experiências, os jeitos de ser, de sentir, de pensar, de agir, iam de um indiví-duo para outro, se misturando em tramas e depois se separando, como se um tapete fosse tecido e depois desfeito, e sua lã, aproveitada em outros tapetes.

    Cada novo tapete gera uma forma final, um novo e único tapete, mas sua lã veio de outro tapete. E eis que certo dia um tapete acorda e diz: Hoje sonhei que fui um tapete em frente a vasta lareira do imperador. E se sente orgulhoso por isso. Ele tem algo do tapete da lareira do imperador.

    Os monges descobriram isso com sua clarividência. Mas eles não eram mais o tapete da lareira do imperador. Podiam até mesmo usar o que traziam de aprendizado dali. Mas eram um novo tapete, único e singular. E podiam até mesmo se lembrar de muitos outros tapetes que as várias cores de lãs que o compunham haviam antes composto.

    Lembrar tapetes sendo feitos e desfeitos, até o distante dia em que cada lã daquela foi pela primeira vez fiada, pela primeira vez cardada. A distante roca original que pegou a lã cardada e fez fio, fio que tecido e retecido em tantos tapetes esteve. 

   E mesmo assim, ainda perplexo, o tapete resultante dos fios confunde-se com eles, negando-se tapete. Descobriram também que quanto mais se trabalha o ser, mais lãs juntas vão de tapete a tapete e em certos casos chega a ocorrer uma autêntica reencarnação, um tapete é desfeito e refeito com a mesma lã. Ainda assim a resultante é única, distinta.

    Pois é isso que o tapeceiro, incriado, aplicado em tramar tapetes, busca! Revelar-se a si mesmo, como em uma brincadeira de esconde-esconde.

  Tais monges passaram então a ir em busca das fibras que compunham aqueles ‘tapetes’ com quem treinavam. Durante a vida o monge treina, e ao morrer, os parceiros monges seguiam sinais e encontravam várias fibras do antigo companheiro.

   Para explicar às pessoas o que faziam usaram conceitos mais simples como reencarnação. Tais monges podem muito bem ser os antepassados espirituais dos lamas tibetanos.

      Paz Profunda!!!

Nuvem Que Passa



Notas 

 

🗣️daoxíê Sí-e(m)

道學 僊

 


Ilustração - Assembléia Si-e(m)

Assembleia de imortais oferecendo votos de vida longa  

Dinastia Ming ou Qing

 

🗣️sí-e(m)

hsien”

caractere chinês simplificado:

caractere chinês tradicional:   

pinyin: xiān

Wade–Giles: hsien

fala-se🗣️sí-e(m)



O dào


= +

dào = chuò + shǒu


(chuò)

Este radical é associado a movimento ou caminhada.

 Relaciona-se a viagem ou a um caminho.


(shǒu)

Este caractere significa “cabeça” ou “líder”.



O daoxíê

 道學


(xíê)

Aprender, estudar.



    Assim 道學 🗣️daoxíê quer dizer o estudo do caminho divino, o

caminho da totalidade, ou mesmo o aprendizado do caminho do

coração, do puro sentir, o qual se dá sem palavras e sem a

interferência das emoções que são resultado das interpretações,

leituras, classificações e julgamentos que se passam no campo

mental, ou seja, o sentir puro, apenas a faculdade de sentir, a qual

chamamos de coração, mas que não tem absolutamente nenhuma

relação com o órgão físico, pois é uma habilidade do corpo

energético, da energia, da consciência silenciosa, insipida, inodora,

incolor e pura, que nada mais é do que a própria totalidade

presente em cada uma de todas as entidades sencientes.


    Tradicionalmente, ‘sí-e(m)’ refere-se a entidades que aprimoraram

um corpo espiritual imortal que sobrevive após a morte assim como

habilidades aparentemente sobrenaturais ou mágicas em vida.

Entidades que estabeleceram uma conexão com os reinos celestiais

inacessíveis aos mortais, mas que são diferente dos deuses na

mitologia chinesa e no taoísmo, os quais sempre foram inerentemente

sobrenaturais.


    ‘Sí-e(m)’ é alcançado por meio do autoaprimoramento energético,

ou Nèidān 内丹, a alquimia interna. Uma série de abordagens

esotéricas e práticas físicas, mentais e espirituais que os praticantes

do caminho do coração, 道學 aoxíê, usam para exercitar a vida e

aprimorar um corpo espiritual imortal que sobreviverá após a morte.

É também conhecido como Jindan (金丹 “elixir dourado”) e inclui

praticas como o Tai chi, exercícios respiratórios, meditação,

visualização, cuidados com a energia sexual e exercícios daoyin, que

mais tarde evoluíram para qigong.


    ‘Sí-e(m)’ é também usado para se referir a figuras frequentemente

benevolentes de grande significado histórico, espiritual e cultural. O

道學 daoxíê em sua faceta Quanzhen possui uma variedade de

definições para ‘Sí-e(m)’, incluindo um significado metafórico onde

o termo significa simplesmente uma pessoa boa e com princípios.


    Os ‘Sí-e(m)’ são considerados “pessoas divinas” que eram

humanos e ascenderam por meio do trabalho árduo, estudos formais e

artes guerreiras". Admirados pelos praticantes do 道學 daoxíê, os 

quais imitam seu exemplo na vida cotidiana. Apreciado desde 

tempos imemoriais até os dias de hoje de várias maneiras em 

diferentes culturas e escolas espirituais na China. Os ‘Sí-e(m)’ 

podem praticar ações consideradas boas ou más, e nem todos são

conectados a escola identificada especificamente como
dào. Além

de pessoas que transcenderam a condição humana, ‘Sí-e(m)’ pode se

referir a animais mágicos, muitas vezes vistos como criaturas

sobrenaturais.



    O dicionário Shiming, de aproximadamente 200 d.C., fornece

 ‘etimo’nômias’ na forma de trocadilhos, e define ‘Sí-e(m)’
como

“envelhecer e não morrer” e o explica como alguém que
(qiān) “se

muda para” as montanhas.


    O caractere ‘Sí-e(m)’ é uma combinação de (rén; '‘pessoa’')

e 山 (shān; '‘montanha’'). Sua forma histórica é
: uma combinação

de
e / (qiān; “mudança para”).


    ‘Sí-e(m)’ é frequentemente usado em palavras compostas em

chinês, como xiānrén (
仙人; “pessoa imortal; transcendente”), xiānnǚ

(
仙女; "mulher imortal; mulher celestial.


    Textos antigos como os textos Zhuangzi, Chuci e Liezi usam ‘Sí-

e(m)’ associado a mundo mágicos para descrever a imortalidade

espiritual, às vezes usando a palavra yuren
羽人 ou “pessoa

emplumada”, descritos com qualidades como ‘providos de penas’ e

‘com a habilidade de voar’, através de formas pensamento como

yǔhuà (
羽化, com "pena; asa"). O termo yuren 羽人 ou “pessoa

emplumada” posteriormente se tornou mais uma forma para dizer 道

學 daoxíê, praticante do dào.


    Durante as Seis Dinastias, os ‘Sí-e(m)’ eram um assunto comum 

nas histórias de zhiguai ( 志怪 é um termo chinês que se refere a um 

gênero literário que se concentra em histórias de fenômenos 

sobrenaturais, estranhos ou inexplicáveis.). Os ‘Sí-e(m)’ 

frequentemente tinham poderes (dào) “mágicos”, incluindo a 

habilidade de “andar...através de paredes ou ficar...na luz sem lançar 

sombra.”


    O Capítulo 11 do Zhuangzi, '[Livro do] Mestre Zhuang', século III 

a.C. usa o caractere arcaico para ‘Sí-e(m)’, e tem uma parábola 

sobre o 'Chefe das Nuvens' (雲將; Yún jiāng) dialogando com o 

'Grande Ocultação' (鴻濛; Hóngméng):


Grande Ocultação disse: 

'Se você confundir os fios constantes do Céu

e violar a verdadeira forma das coisas,

então o Céu Escuro não alcançará nenhuma realização.


Em vez disso,

os animais se dispersarão de seus rebanhos,

os pássaros chorarão a noite toda,

o desastre chegará à grama e às árvores,

o infortúnio alcançará até os insetos. 


Ah, isso é culpa dos homens que "governam"!'

'Então o que devo fazer?' 

disse o Chefe das Nuvens.


'Ah', 

disse Grande Ocultação,

‘você está muito longe!

僊 [ ‘Sí-e(m)’ – Levante-se!]

僊 [ ‘Sí-e(m)’ – Levante-se!]

mexa-se e vá embora!’


O Chefe Nuvem disse:

‘Mestre Celestial,

tem sido realmente difícil

para mim me encontrar com você

 — imploro uma palavra de instrução!’


‘Bem, então — nutrição mental!’ 

disse Grande Ocultação.

‘Você só precisa

descansar na inação 

e as coisas se transformarão.

Esmague sua forma e corpo,

cuspa a audição e a visão,

esqueça que você é uma coisa entre outras coisas,

e você pode se juntar em grande unidade

com o profundo e ilimitado.

Desfaça a mente,

descarte o espírito,

fique em branco e

sem alma,

e as dez mil coisas,

uma por uma,

retornarão à raiz

— retornarão à raiz 

e não saberão por quê. 

Caos escuro e indiferenciado 

— até o fim da vida ninguém se afastará dele.

Mas se você tentar conhecê-lo,

você já se afastou dele.

Não pergunte qual é seu nome,

não tente observar sua forma.

As coisas viverão naturalmente,

fim de si mesmas.’


O Chefe Nuvem disse:

‘O Mestre Celestial

me favoreceu com esta Virtude,

me instruiu neste Silêncio.


Durante toda vida

estive procurando por isso,

e agora finalmente encontrei!’

Ele curvou a cabeça duas vezes, levantou-se, despediu-se e foi embora.


Em conexão consciente com a Totalidade,

Admiração e Reconhecimento incomensurável

ao Velho Homem Nawal A Lex Sed Rex

e de forma muito especial ao

Velho Velho Homem Nawal Oo’Moto,

assim como todos e todas 

que o precederam.

Uni K. A.


 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Como eliminar a autoimportância: escravo do poder - 3ª parte.


O poder que governa o destino de todos os seres vivos é chamado a Águia, não por ser uma águia ou ter qualquer relação com ela, mas por aparecer ao observador como uma incomensurável águia negra, na sua postura ereta, com o corpo voltado para o infinito - O Presente da Águia., de Carlos Castaneda

***

— Você um dia me disse que se não fosse o fato de você ser obstinado e dado às explicações racionais, já seria feiticeiro, a essa altura, mas ser feiticeiro em seu caso significa que você tem de vencer a teimosia e a necessidade de explicações racionais, que se encontram em seu caminho.

O que é mais (interessante), essas falhas são o seu caminho para o poder.

Você não pode dizer que o poder fluiria para você se sua vida fosse diferente. Genaro e eu temos de agir do mesmo modo que você, dentro de certos limites.

O poder é que estabelece esses limites e um guerreiro é, digamos, prisioneiro do poder.

Um prisioneiro tem uma escolha livre: a escolha de agir ou como um guerreiro impecável, ou como um asno.

Em última análise, talvez o guerreiro não seja um prisioneiro, e sim um ESCRAVO DO PODER, pois essa escolha não é mais uma escolha para ele.

Genaro não pode agir de nenhum outro modo a não ser impecavelmente. Agir como um asno o esgotaria e provocaria sua morte - Porta para o Infinito, de Carlos Castaneda.

***

Os novos videntes, de acordo com sua prática, acharam oportuno encabeçar sua classificação com a fonte primária de energia, o único e absoluto governante do universo, e chamaram-no simplesmente de tirano - O Fogo Interior, de Carlos Castaneda.

Sinal de Fumaça

A Chave Secreta para o Empoderamento

Saúdo a Fonte Eterna em mim e em tudo. Estou atuando a partir do centro da verdade. Que todos os impedimentos sejam removidos. Imagem gerada...