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domingo, 21 de janeiro de 2024

Das verdades que só a ficção pode dizer: Eles Vivem (os predadores) - filme

Certas verdades, devido as suas implicações existenciais, filosóficas, culturais, religiosas e sociais, só podem ser ditas pela ficção e através dela nós vislumbramos o real, porque o que chamam de realidade é um espetáculo, um show de horrores, não um sonho, mas um pesadelo do qual só se pode acordar, despertar, escapar, transcender. Os donos do mundo, aqueles que pretendem ser deuses, sabem que mais cedo ou mais tarde a casa vai cair, em cima deles.

Eles vivem ou They Live é um dos primeiros, se não o primeiro filme a denunciar a existência dos predadores, e isso ocorre logo no início do filme na cena onde acontece uma pregação em plena rua por um pastor cego e marginal, um pregador de rua. O filme é antigo, meio tosco, feito nos 80, dirigido por John Carpenter e baseado num conto de 1963, retrata bem a ilusão do sonho americano ao mostrar os miseráveis dos EUA, através de um personagem que acredita piamente no sonho americano, John Nada. As transmissões oficiais de TV são interrompidas por um sinal pirata que tenta alertar os telespectadores que eles estão sendo induzidos a viver num estado de consciência artificial. O filme tem lances muito interessantes!

Ficha Técnica
Título Original: They Live
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 94 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1988
Estúdio: Alive Films
Distribuição: Universal Pictures
Direção: John Carpenter
Roteiro: John Carpenter, baseado em estória de Ray Nelson
Produção: Larry J. Franco
Música: John Carpenter e Alan Howarth
Fotografia: Gary B. Kibbe
Direção de Arte: William J. Durrell Jr. e Daniel A. Lomino
Edição: Gib Jaffe e Frank E. Jimenez

Elenco
Roddy Piper (John Nada)
Keith David (Frank)
Meg Foster (Holly)
Peter Jason (Gilbert)
Raymond St. Jacques (Pregador de rua)
Jason Robards III
George Flower


ELES VIVEM

por Bruno C. Martino

“Sabe, eu acredito na América. Obedeço às regras, um dia a chance aparecerá.” diz o protagonista de Eles Vivem, John Nada, enquanto contempla, de um abrigo ilegal para sem-tetos, vários arranha-céus. A frase ufanista do personagem iria cair por terra momentos depois quando ele descobre a “verdadeira” América. O filme é a segunda contribuição de John Carpenter com a independente Alive Films, pois desacreditado com os grandes estúdios após o fracasso comercial de “Aventureiros do Bairro Proibido”, fechou contrato com a Alive para dirigir filmes baratos (mais ou menos 3 milhões de dólares cada). Eu em minha humilde e leiga opinião considero “Eles Vivem” um dos melhores, mais divertidos e mais políticos filmes de Carpenter.

É até difícil de acreditar que um norte-americano tenha concebido um filme assim devido à sua crítica ácida à própria sociedade norte-americana. E mesmo sendo visto anos depois o filme continua mais do que atual.

“Eles Vivem” narra a trajetória de John Nada (o westler Roddy Piper) um andarilho que sobrevive de ‘bicos’ aqui e acolá. Ao chegar em Los Angeles ele arruma um emprego temporário em uma obra, e nela conhece o negro Frank (Keith David de “Enigma do Outro Mundo”) talvez o cara mais conformado com a própria realidade de quem se tem notícia. Eles passam a morar em um terreno baldio, uma espécie de acampamento ilegal para sem tetos onde conhecem Gilbert (Peter Jason, do anterior ‘Príncipe das Sombras’) uma espécie de líder local. Só que esporadicamente durante a transmissão de TV, o pessoal do acampamento recebe uma interferência de uma tv pirata, onde um homem gordo barbudo diz frases como: “Nos induziram a viver num estado de consciência artificial, os pobres e a classe média estão aumentando. Não há mais direitos humanos nem justiça contra o racismo. Querem dominar através do aniquilamento da consciência”. Ninguém dá muito valor às transmissões, mas Nada começa a ficar de butuca em tudo, principalmente na igreja do outro lado da rua, onde Gilbert entra e sai sempre meio desconfiado. Um dia, Nada decide entrar na Igreja e dá de cara com uma espécie de laboratório com diversos óculos escuros na mesa. Além disso, percebe que a música do coral da igreja é gravada. O que ele não vê é que em uma parte do local o mesmo gordo barbudo da transmissão de tv está com Gilbert discutindo como fazer uma transmissão melhor e como trazer mais partidários para sua “causa” que até então não foi explicada no filme. Só que certa noite, várias viaturas e tropas de choque da polícia invadem o acampamento, destruindo tudo e prendendo os ‘cabeças’ da suposta conspiração. No dia seguinte, Nada entra novamente na igreja e leva consigo uma caixa lacrada, mas fica totalmente decepcionado quando vê que a mesma só contém óculos escuros. Sem entender patavinas (será que foram presos porque pirateavam óculos do Paraguai?), Nada normalmente volta às atividades normais só que ao colocar um dos óculos escuros, descobre a cruel verdade. A visão que ele tem é aterradora, ao olhar para um outdoor que oferece viagens ao Caribe enxerga a frase: “Case-se e reproduza”, ao tirar o óculos vê que o outdoor continua a mesma oferta de viagem ao Caribe. Ao colocar novamente e olhar para outro outdoor lê “Obedeça”, em outro “Não questione a autoridade” e assim sucessivamente, até um alto falante fica transmitindo a todo momento a frase: “Permaneça dormindo”.

Mas o momento mais simbólico é quando usando os óculos Nada vê nas mãos de um homem pedaços de papel com as frases : “Este é seu Deus” só que na verdade são notas de dinheiro! A intenção original de Carpenter era usar propagandas reais, mas as empresas obviamente não quiseram ter suas imagens associadas a mensagens subliminares e dominação da mente. Aliás, a filmagem das cenas foram trabalhosas, a equipe primeiro filmava a visão “real” e depois a visão dos óculos, substituindo os outdoors e placas de sinalização por outras com as tais mensagens subliminares, o interessante é que as pessoas que estavam passando por ali nem se deram conta das tais mensagens de ordem o que foi no mínimo assustador para o diretor. Outro fato interessante é que quando se coloca os óculos passa-se a ver em preto-e-branco. Será Carpenter querendo dizer que a realidade colorida que vemos todos os dias não passa de aparência?

Nem precisa dizer que Nada fica totalmente transtornado e ao passar em uma banca de jornal dá de cara com um ser com aparência cadavérica e olhos metálicos. Ao tirar os óculos no entanto vê um homem bem vestido de meia-idade. É aí que Nada se dá conta: “Eles” controlam a mídia, a política e a polícia. “Eles” são os que tem as melhores oportunidades. “Eles” são os donos de imensas fortunas. “Eles” são alienígenas dominando (secretamente) o planeta! O interessante é que os alienígenas sempre são os milionários, políticos, ou seja, a classe média alta, a elite. Vez ou outra há alguns infiltrados na polícia (para garantir a força repressora de rebeldes humanos) e na mídia (para através das mensagens subliminares na propaganda e tv manter os humanos em um estado de dormência) . Já os humanos que têm noção disso, ou se aliaram a eles em troca de poder e dinheiro, ou formaram pequenas milícias com o propósito de destruir os invasores, como é o caso de Gilbert e o pessoal da igreja.

Após descobrir toda a verdade, Nada se sente praticamente traído pela América que tanto amava e acreditava. Agora, a “terra da liberdade” não passava de utopia e aparências, e por mais que ele tentasse subir na vida, “eles” não iriam deixar. É como se Nada se sentisse privado de seu direito de ser alguém, de crescer. Agora ele iria combater os invasores nem tanto para ajudar a América e sim por estar profundamente “p” da vida com eles. E ele se vinga do modo Carpenter: rouba armas de uns policiais aliens e invade um banco dizendo: “Eu vim aqui mascar chiclete e matar gente. E meus chicletes acabaram” e começa a atirar em alienígenas. Ele segue uma regra somente: nunca matar humanos, somente aliens e os últimos sofrem o diabo na mão do herói. Não demora e ele passa a fugir da polícia e acaba se encontrando com Holly (a meio insossa Meg Foster) e a obriga a levá-lo à sua casa e dar-lhe abrigo. Lá tenta explicar tudo à moça só que ela o nocauteia com uma garrafa fazendo o pobre homem atravessar a janela e rolar colina abaixo em uma cena muito bem filmada por sinal. Sem armas e perseguido pela polícia, Nada procura a ajuda de Frank que se mostra relutante sempre dizendo que “não quer se envolver”. Numa das cenas mais memoráveis do filme, ao tentar convencer o amigo a colocar os óculos e não obter êxito pela conversa, Nada apela pra porrada numa seqüência violenta e ininterrupta de socos, pontapés, chutes no saco, mordidas e tudo mais, criando assim uma das lutas de maior duração do Cinema (7 minutos 10 segundos!). Hoje em dia qualquer filme do Jackie Chan ultrapassa essa marca, mas a luta de Nada e Frank por ser totalmente “anti-Cinema”, ou seja ser o mais próxima da realidade possível, ainda causa um impacto tremendo. A luta originalmente deveria ter 20 segundos mas os atores resolveram aumentar sua duração o que agradou ao diretor.

Eles então descobrem que como não podem matar todos os alienígenas devem invadir a emissora de tv Canal 54 e destruir a antena no terraço que é a que manda ondas que mantém os humanos dormindo. Só com a interrupção do sinal os humanos poderão ver a verdadeira face dos alienígenas.

Não é que o filme continua atual depois de décadas? Afinal, o que mudou? A mídia ainda domina (e aliena) a maior parte da população, os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Mas assim mesmo é interessante analisar o contexto político que fez “Eles Vivem” ver a luz do dia. Era o governo Reagan que mandava e sua “Reaganomics” era a bola da vez. Um plano político que defendia o neoliberalismo a unhas e dentes. Reagan cortou gastos públicos, diminuiu impostos e privatizou empresas estatais, estimulando as empresas privadas a ocuparem todos os espaços da vida econômica, gerando desemprego e enfraquecimento dos sindicatos. E ainda por cima Reagan insistiu em manter os impostos reduzidos e os gastos militares em expansão e, para equilibrar o orçamento, propôs que os gastos sociais fossem cortados, ocasionando mais desemprego. Não mudou muita coisa no mundo não é mesmo? Segundo Carpenter:

“Eu quis falar sobre um monte de coisas que estavam acontecendo no país naquele momento. Havia essa tendência ao capitalismo selvagem que era um estupidez total. Todos os problemas que eu achava que tinham sido resolvidos estavam de volta: censura, racismo. Mas eu não quis pregar. Então eu peguei um conto e o adaptei”.

O conto em questão foi “Eight O´Clock in The Morning” do escritor de Ficção Científica Ray Faraday Nelson publicado em 1963 na “Magazine of Fantasy and Science Fiction” e Carpenter assina o roteiro como Frank Armitage em homenagem a um personagem do escritor H.P. Lovecraft que aparece no conto “O Horror de Dunwich”. A tal censura que Carpenter dizia sofrer ainda rende uma bem humorada cena lá para o final do filme. Dois críticos de cinema estão conversando sobre a violência na mídia e um solta a seguinte frase: “Cineastas como John Carpenter e George Romero deveriam se conter um pouco”. Ei, quem em sã consciência diria isso? Não se preocupem, eles eram alienígenas mesmo.

Apesar de ter o pique e a cara dos filmes B de ficção científica dos anos 50, “Eles Vivem” guarda certas diferenças interessantes. Como bem disse o jornalista José Geraldo Couto - e que pretendo reproduzir na íntegra, já que é magnífica sua análise - em seu ótimo artigo sobre o filme na extinta revista Set - Terror e Ficção:

“Se naqueles [clássicos B de ficção científica] os invasores eram perigosos porque vinham destruir o american way of life, neste filme são eles que patrocinam e sustentam o mesmo american way of life, apresentando como o verdadeiro mal a ser combatido.” E ele continua: “Enquanto os velhos filmes de marcianos ostentavam um viés nitidamente anticomunista, em Eles Vivem são aqueles que combatem os invasores que são perseguidos como comunistas”.

Além disso, nos clássicos, os heróis sempre eram cidadãos de classe média politicamente corretos. Aqui, são trabalhadores braçais que convivem com a falta de moradia e de emprego. E os heróis interpretados por Roddy Piper e Keith David nem são bonitos ou elegantes, o que os faz parecer ainda mais com pessoas “normais” do dia-a-dia. A trilha sonora habitualmente composta por Carpenter não é lá muito memorável, mas lembra os faroestes das antigas especialmente nas primeiras cenas de Nada caminhando solitariamente pelas estradas da cidade com a mochila na costas. O filme ainda conta com uma das taglines mais legais já vistas: “Você os vê nas ruas/ Você os assiste na TV /Você talvez até vote em um nessas eleições/ Você acha que eles são pessoas como você./ Você está errado.... mortalmente errado.” Sem contar os ótimos efeitos visuais (a maioria simples, mas eficientes) e os de maquiagem. Os aliens-yuppies estão assustadores, basicamente uma cara esquelética com carne e nervos expostos além de olhos metálicos, tudo isso a cargo novamente do maquiador Frank Carissosa vindo do anterior “Príncipe das Sombras” também de Carpenter.

Mas não pense que por conter toda essa crítica social e política e ainda uma certa dose de filosofia, o filme seja chato ou se alongue demais nessas questões como algum Matrix da vida. Pelo contrário, após o protagonista descobrir a verdade, é ação que não acaba mais! São tiros, porrada e reviravoltas a todo momento. O mais interessante é constatar que mesmo sendo um filme pequeno, “Eles Vivem” foi referenciado em diversas outras obras. Em capas de discos de rap, videoclipes, a frase do chiclete que Nada diz ao entrar no banco aparece no jogo de videogame Duke Nukem 3D, e em outro videogame “The Simpsons - Bart Vs. The Space Mutants”, onde Bart Simpson ao colocar um óculos escuros passa a ver quem são os humanos e quem são os alienígenas em Springfield.

Essa pequena pérola da ficção científica só foi lançada em DVD nos Estados Unidos, por aqui somente saiu em VHS e se você tiver alguma sorte até acha em locadoras com bom acervo ou em algum sebo. Fato é que nunca você enxergará o mundo da mesma forma depois de "Eles Vivem". É como dizem: "a ignorância é uma dádiva", cabe a nós aceitarmos ou não colocar os "óculos". Qual a sua escolha?

Bruno C. Martino

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Por que vivemos numa sociedade de idiotas? Escuta, Zé Ninguém! Por John Nada.

"Tomei a resolução de fazer a minha tarefa resoluta e honestamente. Deve ser duro e difícil viver no mundo. Em primeiro lugar, resolvi ser cortês e sincero como todo o mundo. “Ninguém deve esperar mais do que isso, de mim. Talvez aqui também me olhem como uma criança; não faz mal.” Todo o mundo me toma por um idiota e isso também pela mesma
razão. Outrora estive tão doente que realmente parecia um idiota. Mas posso eu ser idiota, agora, se me sinto apto a ver, por mim próprio, que todo o mundo me toma por um idiota? Quando cheguei, pensei: “Bem sei que
me tomam por um idiota; todavia tenho discernimento e eles não se dão conta disso!…” - O Idiota, de Dostoievski.

Não, não quero ofender a ninguém, até pelo fato mesmo de me incluir em tal condição como participante de tal sociedade.

E como idiota que sou recorro ao dicionário, o pai dos burros, para descobrir-me, para revelar-me, para entender a minha origem e vejo que idiota vem do grego idios, que significa pessoal, privado, particular, como em idiossincrasia, a maneira própria de uma pessoa reagir a um evento qualquer.

Assim idiota não tem nada de mais, não é ofensivo, é até comum, comum a todos, é um comunismo comportamental a idiotia. E talvez seja aí que a porca torce o rabo, e talvez esteja justamente aí o problema, afinal, quem quer ser comum, quem quer ser medíocre, mediano, morno, aquele que não fede e nem cheira? Ninguém. Ninguém quer ser ninguém. Todos querem ser algo nesta vida de meu Deus (em grego Dios, curioso não?).

Assim a palavra idiota vai do particular - idios - ao comum - medíocre. E isso é uma evolução no entendimento da palavra, o que nos mostra uma aparente contradição, algo próprio dos idiotas.

E é comum a todos nós aquele desejo de se destacar, aparecer, ter aqueles 15 minutos de fama, todos querem ser reconhecidos, o zé ninguém (de Wilhem Reich ou ainda o John Nada, de Eles Vivem) quer ser algo, e para tal é necessário que o idiota, seguindo aquilo que é valorizado pela sociedade (de idiotas), adquira certos bens, obtenha certas coisas ou manifeste determinados valores ou atitudes. Ou seja, o idiota quer ser valorizado pela sociedade de idiotas e aí está o paradoxo. O idiota quer ser um idiota especialmente valorizado pelos outros idiotas, quer ser popular, quer ser eleito, quer se reverenciado, quer chamar a atenção a todo custo, mesmo que isso custe a sua vida ou a sua liberdade.

Eis uma das marcas distintivas do idiota, querer ser especialmente reconhecido como tal pela sociedade: reconhecimento social. 

Por isso as redes sociais se tornaram o espaço de predileção para tal tipo de manifestação, que abunda como erva daninha a esparramar-se por todo o canto. Todos dias nos jornais, nas redes, nas mídias vemos flagrantes disso. Alguns escabrosos. Como o que vi hoje: um jovem que assaltava apartamentos de luxo no litoral paulista e que ao fazê-lo tirava selfies de si mesmo, ostentando os produtos de seu roubo, enquanto era filmado pelas câmeras de segurança. Verdadeiro narciso larápio, adorador de si, mais preocupado em aparecer do que em furtar, um autêntico meliante carente, inclusive de inteligência.

Não há como não nos ver em tal marginal, nesta sociedade nos espelhamos, difícil é ver-se no outro, já que a revelação beira ao grotesco e auto-revelação pode ser chocante, pois tudo o que se quer, tudo o que um idiota deseja é roubar a atenção de alguém, alguns likes, alguns cliques para poder dizer a si próprio: sou reconhecido, logo existo. 

Vultus ergo sum.  

O idiota, sobretudo, não percebe que a única forma real de valorizar-se é deixando de ser o que é, mas o preço a se pagar é alto demais, é como naquela história que vi certa vez no filme Serpico (1973), com Al Pacino, um filme que fala de um policial honesto que trabalhava disfarçado para departamento de entorpecentes em NY. A namorada de Serpico deitada na cama contou uma lenda que resumia a história do próprio Serpico:

"Certa vez um homem santo recebeu uma revelação de um anjo que o Diabo iria envenenar todas as águas do mundo de uma tal maneira que os humanos se esqueceriam de quem eram. O homem santo fez uma reserva de água para si mesmo e evitou beber das águas do mundo dali por diante. Com o esquecimento generalizado o homem santo tentou revelar aos outros humanos quem eles eram de fato, mas acabou sendo perseguido como louco, afinal, só ele afirmava aquele absurdo de que os humanos estavam alienados de si mesmos. Perseguido e a beira de ser assassinado o homem santo disse para a multidão que o acossava: - Esperem! Eu sei como me curar! - E bebeu das águas do mundo".

Eis a história do "novo normal".

Das águas do mundo quase todos acabam por beber, mas se não queres fazê-lo evita de querer fazer como o homem santo, segue por outro caminho, "o caminho do homem astuto", como diria Gurdjieff, uma das possibilidades, dizem, de deixar de ser um idiota. Algo muito difícil, mas não tanto quanto fazer parte da sociedade da idiotia. Mas, talvez, pior ainda é ficar no meio do caminho, num limbo, onde não se é nem uma coisa e nem outra.



sábado, 2 de dezembro de 2023

Saúde e Espiritualidade em tempos de guerra contra a Humanidade - Introdução.

 



Dicas, práticas, aprendizados para sobrevivência e supervivência em tempos de guerra contra a Humanidade


Uma introdução conceitual


Nossa proposta é de transmissão de conhecimentos e informações pela via do estudo e da prática para fortalecimento da saúde humana, pois ao longo dos últimos anos verificamos uma flagrante guerra biológica, e não só esse tipo de guerra, mas basicamente uma guerra sorrateira, contra a Humanidade manifesta por vezes em declarações de membros da elite global.


Há uma guerra contra a Humanidade desde tempo imemoriais, já nos revela(ra)m as mais diversas tradições místicas, míticas e religiosas. Porém, hoje mais do que nunca, a intensidade de tal guerra tem chegado a níveis críticos de comprometimento de todo o planeta Terra, numa escala verdadeiramente global e que atinge dimensões inusitadas, pois tal embate se trava no campo material, psicológico e, sobretudo, espiritual. 


As reverberações de tal combate estão no campo da política, da geopolítica e da exopolítica. Bilhões de almas encarnadas e desencarnadas estão no centro da contenda planetária que é apenas o tabuleiro físico de ‘players’ multidimensionais. 


Nós, humanos, somos seres multidimensionais e muitos de nós não são necessariamente daqui, estamos neste mundo, mas não somos deste mundo. ‘Meu reino não é deste mundo’, já disse Jesus.


Há forças e interesses que querem manter a humanidade nesta condição limitada, explorando-a como matéria-prima, como pilha (Matrix), como recurso humano literalmente, pois se alimentam de certas energias, de vibrações e de determinadas qualidades conscienciais geradas pelo ‘Admirável Gado Novo’. A elite humana dominante é dominada por tais forças, interesses e entes, servindo-as como um vassalo que se alimenta das sobras, o espólio humano, de tais forças tal como já narrado pela ficção cinematográfica (pois certas coisas só podem ser expressas metaforicamente devido à censura escamoteada) de ‘Eles Vivem’, de John Carpenter. Veja o link sobre o filme: Eles Vivem (1988) Dublado . O humano não é o topo da cadeia alimentar, por mais que tenha esta ilusão criada pela ideologia materialista dominante.


A atual pandemia, ainda em curso neste ano de 2023 através de mutações, é um aspecto desta guerra contra a Humanidade.


O vírus corrente foi desenhado, formulado, projetado para minar a vontade, o ânimo, o prazer de viver, para fazer com que desistamos de viver.


Os entes que o desenvolveram não são humanos. Esta afirmação carrega diferentes significados: primeiro, não são humanos pois tal atitude não revela valores verdadeiramente humanos tais como fraternidade, compaixão, misericórdia, amor e solidariedade; segundo, não são humanos pois não pertencem à condição humana propriamente dita, são alienígenas do ponto de vista tanto biológico quanto psico-cultural, possuindo uma natureza altamente predatória e desapiedada. A elite humana dominante foi cooptada e atua como escrava desses entes, e tenho dúvidas se ela não se dá conta de sua condição submissa, covarde e ‘traíra’. Acordos espúrios e ilegítimos foram feitos nos quais tecnologia e material genético humano foram as moedas de troca. É como se estivéssemos vivendo na prática um Arquivo X, série dos anos 90, que como boa ficção revelou temas que hoje estão em pauta na política e na mídia como nos mostra o Disclosure Project e a atual batalha em curso no Senado dos EUA sobre a lei de transparência envolvendo OVNIs, UFOs e UAPs.


Os humanos que o são verdadeiramente devem defender-se de tal assalto que se dá, sobretudo, contra a nossa mente com repercussões em nossos corpos. A guerra trava-se contra a nossa sanidade física e mental. Para vencer tal guerra precisamos ter um conceito de saúde profundo, holístico, integral. Precisamos não depender dos produtos do sistema.


A essência desta guerra não se trata, em absoluto, de um nós contra eles, mas sim de uma guerra de valores e, portanto, de valorar em nossas mentes e corações aquilo que realmente importa quando refletimos sobre o que nos faz verdadeiramente humanos, espelhos de uma natureza divina que se expressa como amor, sabedoria e poder.


Mas para além da questão desta guerra o próprio Planeta, a própria Mãe Terra, Gaia, como ser consciente que é, está mudando e indo para um outro patamar vibratório, deslocando seu 'ponto de aglutinação', e seus filhos e filhas precisam estar em sintonia com tais alterações se quiseram continuar a navegar nessa nave Mãe planetária. A saúde da Terra é a nossa própria saúde e não podemos nos comportar como vírus em relação ao planeta, nossa Mãe. Vale a pena ver a reflexão sobre tal tema apresentada em Matrix - https://www.youtube.com/watch?v=WxbeL6Ao-Lw.


Saúde, sanidade, santidade são palavras de profundo significado e estão profundamente entrelaçadas. Chamamos os santos, por exemplo de São isso ou São aquilo. Os santos são santos não apenas devido a um comportamento moral, mas porque eles resgataram em si mesmos uma sanidade de corpo e mente que se expressa como a nossa natureza essencial, integral, perfeita e divina.


Tradições antigas como o Xamanismo se baseiam na ideia de cura e medicina envolvendo corpo e mente. Se a cura e a medicina são a base de antigas tradições místicas isso deveria nos fazer questionar profundamente sobre aquilo que precisa ser curado em nós desde tempos tão antigos. Por que razão antigas tradições místicas como o Xamanismo se baseiam nos conceitos de cura e medicina? O que em nós precisa ser curado? O que há de errado com a natureza humana que a fez perder a sua sanidade natural? Por que a própria ideia de religião se assenta no conceito de ‘religare’, de religação, de(desconexão)? Tem o universo uma natureza pandêmica, afinal, a forma mais básica e primitiva de vida não é justamente um vírus? Perguntas incômodas precisam ser feitas.


Por que apesar da religião, qualquer que seja, basear-se no conceito de amor temos sempre presente o mito da queda, a desconexão entre o divino e o humano? Por que o conceito de guerra é tão presente nos mitos das diferentes tradições? Vemos o conceito de guerra espiritual no Bhagavad Gita, o Canto do Senhor, vemos a guerra nos céus presente no início e no fim da Bíblia, vemos caminhos chamados de ‘o caminho do samurai’, ‘o caminho do guerreiro’… o conceito de guerra nos remete a necessidade da disciplina, pois não há como travar uma batalha com esta magnitude que se nos apresenta sem  a devida disciplina, sem treinamento, sem preparação, sem a estratégia correta e sem a visão tática adequada. Só a disciplina salva não é uma afirmação exagerada. DISCIPLINA, DISCIPLINA, DISCIPLINA, eis as três recomendações de Emmanuel para seu discípulo Chico Xavier.


Não podemos conquistar saúde integral sem disciplina. Ainda mais por que devemos lutar contra hábitos antigos arraigados e implantados pelo sistema que nos quer controlar, escravizar, iludir e nos consumir. O consumidor dos produtos do sistema é consumido por ele mesmo. Consumidor é a versão nova do termo escravo.


A nossa revolução é uma revolução de mudança de hábitos visando fortalecer o nosso sistema imune de forma total, desde o físico até o espiritual.


Imunidade é uma palavra-chave em tempos de pandemia deflagrada contra a humanidade como um projeto secreto, covarde, híbrido.


Tal palavra, assim como as já citadas saúde, sanidade, santidade deve ser compreendida dentro de uma visão holística, sistêmica, integral.


Certa feita, trabalhando dentro do Instituto Gurdjieff no Rio de Janeiro, li a seguinte frase na parede da cozinha: ‘o silêncio é a maior proteção’. A frase me pareceu misteriosa apesar de sua simplicidade e objetividade. Fiquei intrigado. Tornei-me introspectivo. Tentava entender o pensamento. Como assim o silêncio é a maior proteção? No Instituto havia uma imagem de Buda. Uma conexão simbólica se revelava para mim. Silêncio e meditação tem muito a ver entre si, mas de que maneira isso se liga com proteção e imunidade? O próprio Gurdjieff dizia que alguém que é capaz de guardar silêncio quando deve fazê-lo é senhor de si mesmo. Ora, quem é senhor de si é capaz de proteger-se contra influências indevidas, deletérias, invasivas. A mente não treinada é um espaço de ninguém, no qual os pensamentos correm desencontrados, como macacos pulando de galho em galho fugindo de um predador em tremenda algazarra. Um espaço de ninguém pode ser possuído por quem dele se disponha seja o próprio ou outrem. Só uma pessoa capaz de silêncio interior é senhora de si, de sua mente. Isso requer treino, não vem de graça, necessita disciplina, advém do mérito próprio e do poder pessoal. Sem isso estamos desprotegidos, barcos à deriva na ‘menternet’ sem dono que é o espaço mental coletivo, sujeitos as pandemias mentais do medo, da preocupação, da angústia e dos mais diversos sofrimentos psíquicos.


Destarte, o silêncio interior, a disciplina mental, a meditação é a chave para a imunidade psíquica e a maior proteção que podemos ter no campo mental e emocional. Um estado de consciência em paz, profundamente amoroso, altamente realizado e intrinsecamente feliz é a base da saúde integral.



Saúde é o silêncio dos órgãos.


Iluminação é o silêncio da mente.


A saúde do espírito é a iluminação, o êxtase.


A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”, ou seja, possui uma visão holística.


A relação entre imunidade e meditação está bem estabelecida pela ciência oficial em muitas publicações científicas, são 38.500 estudos, conforme nos indica uma pesquisa no Google Acadêmico usando as palavras chaves ‘immunity’ e ‘meditation’.


Contudo, seria pedir demais que instituições oficiais e a ciência materialista tivessem uma concepção que adentrasse ao sagrado, ao místico e ao espiritual, espaço original desta ciência dos iogues, dos monges e dos iniciados que é a meditação.


Saúde é saúde total, não apenas de uma parte de nosso ser como o corpo físico.


Assim é que exporemos uma coletânea de diversas de dicas, práticas e conhecimentos que aprendemos ao longo dos últimos anos e que envolvem uma visão sistêmica da questão da saúde, que vai do físico ao espírito, tornando o conceito de saúde o centro do próprio espírito humano.


Isso me faz lembrar de uma conversa transcrita no livro Roda do Tempo, no qual o nagual Juan Matus responde ao seu aprendiz Carlos Castaneda:


— O caminho do guerreiro é tão absolutamente importante, Dom Juan? — eu lhe perguntei uma vez.


— "Absolutamente importante" é um eufemismo. O caminho do guerreiro é tudo. E o resumo da saúde mental e física. Não posso explicar de outro modo. O fato de os xamãs do México antigo terem criado tal estrutura significa, para mim, que eles estavam no auge de seu poder, no cume de sua felicidade, no ápice de sua alegria.


Até aqui a citação, portanto, o que teremos daqui por diante são pistas de nosso próprio caminho dentro do que podemos chamar de Caminho do Guerreiro, mas não nos prendamos tanto aos nomes ou as formas para sim ao caminho real da saúde total.


DR


Sagrado Feminino: Kali.

Justamente hoje (08/03//2024) é interessante lembrar de um arquétipo do feminino que é fundamental, não só pela sincronicidade que está rola...