Olhando para a imensidão do Universo a maior parte dele é feito de luz ou de escuridão?
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
O mistério reina soberano
Olhando para a imensidão do Universo a maior parte dele é feito de luz ou de escuridão?
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 11 (final) - por Nuvem que Passa
Magia, Xamanismo e Bruxaria são caminhos amplos, caminhos que envolvem tradições ancestrais, tradições que surgiram como resultado do trabalho dedicado, de estudo sistemático do mundo por parte de gerações incontáveis de praticantes.
Existem muitas vertentes que se autodenominam com estes termos¹, o que exige do(a) buscador(a) sincero(a) muita atenção, pois existe a Tradição e existem também muitos achismos sobre o que é a TRADIÇÃO. Existem ramos deste conhecimento que vêm da mais remota ancestralidade, mas existem também ramos bem recentes destes conhecimentos nascidos do trabalho de pessoas que se interessaram pelo tema, mas em vez de manter o SABER da TRADIÇÃO, o impregnaram com seus (pre)conceitos.
Há também o(a) iniciado(a) que recebeu conhecimento e energia de uma Tradição. E existem aquelas pessoas que se arvoram em herdeiros(as) apenas para fazer desses caminhos um campo para seus egotismos, campo para suas idiossincrasias pessoais.
É fácil reconhecer pessoas assim, adotam sempre uma atitude proselitista, sempre querendo provar que ‘seu’ caminho é ‘superior’ e veem nos títulos e graus iniciáticos a justificativa para vangloriar-se e se exibir, deixando óbvio que a iniciação não resolveu nada em sua realidade existencial, apenas serviu para ampliar a autoimportância.
Muitas pessoas vão ao Poder sem trabalhar a vaidade pessoal, impérios inteiros caíram no passado devido a isso — o mergulho no além, no transcendente, sem antes resolver o imanente, o aqui e agora.
Existem muitas tradições e propostas que se apresentam sob essas denominações, e é importante frisar que as colocações que faço se referem a caminhos telúricos, caminhos cuja sintonia com a TERRA enquanto ser vivo e consciente é fundamental.
O ser humano foi se afastando da Terra enquanto ser vivo em sua caminhada através das eras. Vamos observar que com o advento da agricultura e das cidades as pessoas foram levadas a operarem em um ritmo diferente, embora ainda ligado aos ciclos da Natureza.
Entretanto, com a perseguição das tradições ancestrais pela Igreja Românica e o advento da era industrial, há um rompimento com a percepção dos ciclos naturais. Os seres humanos, em sua maioria, passam a viver em ritmos completamente artificiais cada vez mais isolados da Natureza.
Portanto, caminhos telúricos exigem todo um trabalho de ressintonia por parte de quem foi criado no ritmo da cidade e da indústria.
A proposta do Xamanismo, da Magia e da Bruxaria, no contexto telúrico, difere um pouco daquelas tradições voltadas a seguir preceitos prontos. Estes caminhos telúricos valorizam a prática. Estão ligados a uma sintonia efetiva entre quem os pratica e os ciclos e forças da natureza, sem que, no entanto, haja adoração de forças ou seres.
Aqui não há projeção de um ‘pai-mãe’ psicológicos, mas sim uma clara proposta de compreender entes e poderes como forças impessoais, sem projetar nossos medos (quando transformamos esses seres em ‘demônios’), nem projetar nossas carências (quando transformamos esses seres em ‘anjos’). A proposta é perceber que tais entes são o que são. Energia consciente alienígena com as quais podemos entrar em contato, desde que saibamos o que estamos fazendo.
Nestes caminhos, ritualizar em um Solstício e trabalhar com o Sol não é adorar forças, mas elaborar uma teia de ressonância com estas forças que passam por estes momentos de poder como o Solstício. É saber que somos parte do Sol e que ritualizar é reatualizar o mito em nós.
Uma xamã que conheço insiste sempre que quando praticantes destes caminhos se ajoelham na Terra, estão se aninhando no seio de sua mãe, nunca implorando ou se subjugando para adorar uma força externa.
Trabalhamos a partir da sensibilidade das pessoas neste enfoque. Cada rito, cada celebração acontece em sintonia com as forças da Natureza e suas manifestações.
Somos parte da Natureza, a Natureza nos criou para desempenharmos um papel muito específico em um amplo contexto. Como enzimas em um organismo cósmico, nosso existir está em harmonia com o existir da Terra, da Vida e de seus ciclos.
O que chamamos de emoção e raciocínio, estas duas formas que temos de reagir a realidade circundante, não nasce em nós. Pois para estes caminhos fica claro, após as práticas de auto-observação, que as emoções e as racionalizações acontecem em nosso campo emocional e mental, mas não ‘nascem’ em nós.
Assim como nosso código genético, assim como os carmas, as emoções e raciocínios que reproduzimos vem sendo elaborados pelos organismos há eras, com finalidades que vão além de nossa compreensão racional.
Este é o primeiro trabalho que uma escola iniciática propõe ao(à) neófito(a): aprender sobre si mesmo(a)². Diferenciar o que fizeram de nós, daquilo que somos em essência, uma essência perceptiva que pode ir além das programações recebidas e originar um ser livre. Que nasce de si, para si, em um contexto distinto daquele que originalmente nascemos.
Podemos ir além do mero emocionar e aprender a SENTIR. Podemos ir além do mero raciocinar e aprender a PENSAR. Podemos ir além do mero reagir e aprender a AGIR. Mas isto exige dedicação, disciplina e um trabalho árduo, pois não temos ‘tendência’ a isto e sim a nos acomodarmos.
Por isso percebemos que todo trabalho iniciático, quando profundo e não apenas formal, implica uma fase de morte para a antiga vida e do renascimento para um novo ciclo.
O ser que nasceu dentro deste contexto que chamamos realidade, tem um script pronto, um papel a desempenhar na realidade da vida.
Energias que vêm dos planetas e de outras realidades passam por nós e as elaboramos para que sejam absorvidas pela Terra, por isso considero perfeita a analogia com enzimas para nossa condição.
Somos metabolizadores de energias diversas na direção da Eternidade para a TERRA e também da TERRA para a ETERNIDADE. Essa me parece a origem dos ritos telúricos, momentos nos quais praticamos de forma consciente este nosso papel de transformadores de energias diversas.
Mas quando queremos ir além disso, quando queremos ir além dessa vida ‘programada’ então surge o caminho iniciático, que nos leva ao confronto com realidades que muitas vezes deixamos de lado. Este aspecto é bem sutil. Há diferenças entre as práticas da Magia, da Bruxaria e do Xamanismo que colocam o ser humano em sintonia com a realidade a sua volta e possibilitam a função transformadora acontecer. Ritos de harmonização com a mudança das estações, com as fases da Lua e muitos outros que podem ser praticados sem que isto implique uma mudança profunda de consciência.
Gurdjieff diz que temos amortecedores, crenças e posturas existenciais que atenuam ou mesmo afastam nossa percepção de certas realidades existenciais. São as abordagens que herdamos das religiões e de certas filosofias de vida, que servem para ‘apaziguar a percepção da realidade’, as abordagens consoladoras.
Assim vamos encontrar muitos caminhos que se denominam ‘xamânicos’, ‘bruxos’, ‘mágicos’ mas que estão totalmente dentro dos paradigmas dos cultos oficiais, onde as mesmas ideias de “pai do céu”, “pecado”, “culpa” e outros conceitos que são a base das religiões oficiais, são adotados apenas com nomes diferentes, mas expressam as mesmas crenças.
O Xamanismo, a Bruxaria e a Magia são abordagens pragmáticas da realidade, não oferecem consolo, do contrário, começam o trabalho por vezes doloroso mas necessário de desmontar todos os ‘amortecedores’, as explicações que nos deram e as quais aceitamos sobre nossa própria realidade e o mundo a nossa volta.
Estes são caminhos naturais, ou seja, não valorizam em demasia a mente racional, pois consideram que a mente racional é fruto de uma série de convenções. Quando tentamos explicar e descrever a realidade, o fazemos através de palavras, e estas têm limites.
A palavra é fantástica, tem um poder tremendo, estamos nos comunicando aqui graças à palavra, mas ela tem limites. Existem fronteiras além das quais esta é ineficaz, pois a sintaxe de nossa linguagem é convencionada, vem da memória, dos códigos já apreendidos. E o novo, o além da realidade não pode ser expresso com base no já vivido.
Por isto o ‘silêncio’ é tido como o grande revelador, a forma mais sofisticada de conhecimento, que vem não da mente racional mas de um estado de insight, o qual brota a partir de práticas que conduzem a este estado ‘alterado’ de consciência que é o silêncio.
Assim o Xamanismo, a Magia e a Bruxaria tem sua base em práticas e estruturas de conhecimento que permitem uma participação efetiva do(a) aprendiz. Nestes caminhos é considerado conhecimento o que praticamos. Apenas falar teoricamente a respeito destes implica dizer muito pouco.
Esta crença exagerada na palavra é um atributo desta civilização na qual estamos. Há um “livro sagrado”, a “palavra de Deus”, rezas e orações. Em caminhos profundos como o Zen, o Taoismo e outros tem-se a mesma percepção que o Xamanismo, a Bruxaria e a Magia. Palavras aludem, mas não revelam. A experiência do transcendente precisa ser vivida diretamente, as palavras ajudam um pouco, porém a vivência direta se dá no ‘silêncio’.
No Xamanismo, na Bruxaria e na Magia a Tradição está contida em ritos, práticas e conhecimentos que restabelecem a sintonia do ser humano com a VIDA, com a NATUREZA e com a TERRA enquanto ser vivo e consciente.
Acreditamos que durante a existência da humanidade fomos contatados por diferentes tipos de seres. Muitos ramos de Magia colocaram esses seres como ‘Deuses e Deusas’, ‘anjos’ e também ‘demônios’ quando considerados ‘inimigos’.
Na Magia, Xamanismo e Bruxaria que estudamos aqui há a plena consciência que vivemos em um universo predador, um universo em que há luta pela consciência e energia. Assim procuramos evitar posturas de adoração em relação a estas forças e seres. Mesmo que alguns deles estejam para nós como uma estrela está para uma vela, ainda assim, são seres. E apesar de apresentarem ciclo de vida com enorme duração, nascem e morrem como nós.
O ser humano, vivendo na cidade e longe da natureza, pode alimentar algumas fantasias sobre a realidade que não vingariam se o mesmo estivesse em uma mata. Quando estamos a sós em uma floresta ficamos agudamente conscientes de que estamos entregues às nossas habilidades e que ninguém virá nos ‘proteger’. O mesmo acontece quando soltos na Eternidade e visitando outros mundos.
Ao deixarmos os mundos da ilusão, os mundos que não geram energia em si mas apenas foram projetados pela força de comunidades ancestrais, vamos encontrar mundos diversos, com seres diversos, com sua própria realidade, realidade que corresponde a seus próprios interesses.
Não há ‘guias protetores’, ou ‘anjos bondosos’ para a concepção do Xamanismo, da Magia e da Bruxaria que estudamos aqui. Podemos estabelecer relações de simbiose e mutualismo com seres de outras realidades, mas para isso se faz necessário foco e atenção total, do contrário correremos riscos tremendos de nos colocarmos à mercê de forças e seres que possuem sua própria agenda.
O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria que estamos estudando aqui não colocam o ser humano como ‘ápice’ da Criação, aliás a própria ideia de criação é questionada. Trabalhamos com a noção de ‘emanação’, fomos emanados, nós e toda a existência, a partir da ‘Não-existência’. Esta emanação revela a própria ETERNIDADE assim como suas realizações.
De forma que em um trabalho iniciático mais profundo nesses caminhos não temos uma abordagem antropocêntrica da realidade, não vemos entidades apenas com forma humana, nem reduzimos a realidade aos limites da percepção humana. Mas procuramos justamente desenvolver nossa habilidade de mergulharmos no ‘não humano’, no além do humano, algo que só é possível depois de realizarmos plenamente nossa humanidade. Pois para irmos além do humano precisamos antes conhecer de fato o humano. E não estagnar nesta postura muitas vezes insossa e alienada que nos é imposta.
Expandir a consciência exige que tenhamos consciência. Operacionalizar a VONTADE é algo que exige trabalho e a capacidade de sair da mera ‘reação’ para irmos à ‘ação’. Por isto a auto-observação é fundamental para reunirmos informações sobre o que somos de fato, sobre o que fizeram de nós e então termos a coragem de abandonar o já marcado caminho que nos foi imposto para ousar o novo, o impensado. Então deixamos de ‘sobreviver’ e começamos a viver, algo raro em nossos dias de pessoas que ‘seguem’ e se alienam de si mesmas.
É um desafio que vale a pena entretanto.
Nuvem que Passa
Notas
¹ Nas obras do Dr. Carlos Castaneda vemos que o termo "feitiçaria" é usado para tentar definir o conhecimento transmitido por Don Juan Matus, e conforme o próprio entendimento de seu aprendiz outras definições iam sendo dadas, por exemplo:
² Recomendamos o texto "O Trabalho", do mesmo autor.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2025
Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 10 - por Nuvem que Passa
Até aqui vimos uma abordagem histórica e epistemológica destes temas. Agora vamos entrar em uma parte prática. Como trabalhar com Magia, Xamanismo e Bruxaria em nossas vidas?
Em primeiro lugar, notando que para tais caminhos a abordagem do mundo é diferente daquela promovida como ‘comum’ ou ‘real’. Falamos muito de energia, mas raramente encaramos o mundo como energia.
Para tais caminhos, nós somos energia, tudo que nos cerca é energia. Lidar com nós mesmos e com o mundo como energia é um treino, pois não fomos acostumados a isto. Embora muito se fale que ‘somos energia’, é preciso trabalhar muito nossa percepção para experimentarmos isto na prática.
Um outro detalhe, somos seres vivos, cercados de vida. Assim a Magia, o Xamanismo e a Bruxaria propõe outra relação conosco mesmo e com o meio a nossa volta.
Precisamos começar nos observando, observando nossa energia em relação ao meio onde estamos. O que me equilibra, o que me desequilibra, o que me energiza, o que me desenergiza? Temos de estar atentos a isto.
Onde nos alimentamos? Isto é importante! Não basta o alimento ser saudável, higienicamente preparado. Como é a energia de quem prepara o alimento?
Já imaginou uma pessoa frustrada, brava, com raiva preparando a comida. Que tipo de energia vai ser impregnada no alimento?
Uma solução é antes de comermos, inspirarmos profundamente enchendo os pulmões de ar. Energizar esse ar dentro de nós visualizando muita luz e soprar o alimento, discretamente. Ao soprar, mentalizar que toda energia desequilibrada está sendo dissipada e uma energia harmônica está se estabelecendo.
Como nos portamos pelo dia afora? Sensíveis, presentes, atuantes? Ou ligamos o piloto automático e deixamos o dia passar?
Dentro destes caminhos há a proposta de vivermos de forma mais intensa, mais presente — Compreender que tudo que temos é o aqui agora. O passado já se foi e o futuro não aconteceu ainda. Assim é muito importante o foco no aqui e agora, pois como diz o I-Ching: “Todo pensamento projetado além do momento faz sofrer o coração”.
Como está nossa casa?
Para o Xamanismo, a Magia e a Bruxaria a nossa Casa é um ser vivo, uma caverna onde moramos. Uma caverna que tem uma energia que precisa ser cuidada, pois bem cuidada, a casa cuida de nós também. As cores que usamos nos ambientes, os objetos, a disposição dos móveis. Tudo isto está ali por ‘acaso’ ou fizemos uma decoração da casa através de uma sensibilidade efetiva?
Existe energia estagnada em nossa casa? Em nosso quarto?
Aparelhos como TV e outros no quarto de dormir geram energias deletérias. É sempre interessante desligar tudo na hora de dormir. Tirando o fio da tomada na parede mesmo! Para evitar que fiquem gerando uma radiação, mínima que seja, mas que prejudica o descanso perfeito.
Celular então nem se fale, nunca se deve dormir com um celular ligado por perto, o campo de energia que ele gera perturba completamente o descanso real do corpo.
É muito importante garantir que a energia da casa e especialmente do quarto de dormir sejam harmônicas. Existem muitos meios de checar isso. A radiestesia, por exemplo, tem instrumental para checarmos se a energia em nossa casa está fluindo ou estagnada. Se estiver estagnada precisamos trabalhar para colocá-la em fluxo.
Plantas e pedras.
Como estão presentes em nossa casa? Em que lugar?
Foram imantadas com o propósito de energizar o lar ou apenas colocadas ali?
Nossa atmosfera psíquica?
Temos uma atmosfera psíquica, um campo de energia ao nosso redor que determina muito a qualidade de nossa vida.
Quem vive sempre reclamando, assistindo somente filmes e programas pesados, violentos, quem só fala sobre coisas desequilibradas e se expõem à ambientes desequilibrados vai gerar uma atmosfera psíquica nada interessante, a qual atrairá eventos existenciais também nada interessantes.
Como vamos ao trabalho?
Todo dia pelo mesmo lugar, andamos sempre pelos mesmos caminhos? Nunca inovamos?
Criamos ‘trilhas’ de energia que acabam se desgastando. Inventar novos caminhos é sempre útil para ampliar nossa energia.
Prestamos atenção nas pessoas com as quais convivemos? Existem pessoas que são vampiros inconscientes de energia e agem de várias formas.
Tem o(a) vampiro(a) coitadinho(a). Vai sempre te contar algo triste, se fazer de vítima, para que ao se condoer, tu te identifiques e abra suas comportas de energia, que será então sugada de canudinho.
Há o vampiro que age criando situações que te irritam profundamente, quer com você, quer com alguém, então, na hora que tu te identificas, sua energia é drenada.
Existem os que agem sempre contando coisas negativas, são os arautos da desgraça, só param para te contar coisas desequilibradas, na hora que tu te identificas a energia é sugada.
O segredo com estes(as) vampiros é não lhes dar atenção, cortar o assunto, se imaginar em uma bolha de energia que lhe isola dessa pessoa, basicamente é não se identificar.
Estes são alguns pontos simples e práticos que podemos checar para melhorar nossa qualidade de vida.
domingo, 2 de fevereiro de 2025
Magia e Política
Outro exemplo: por que na entrada/saída de cada cidade vemos aquele símbolos maçônicos?
Os Nazis tinham verdadeiramente obsessão com o ocultismo. Eles eram adoradores do chamado Sol Negro e usavam médiuns em seus rituais. Aliás, o nome do segundo livro de Hitler é A Nova Ordem Mundial, ou seja, essa é mais velha do que quer parecer. A Nova Ordem Mundial foi anunciada por Bush Pai em 11 de setembro de 1991. Também foi em 11 de setembro de 1973 que o governo legítimo de Allende foi derrubado no Chile com apoio estadunidense. Temos o atentado terrorista feito pelo governo estadunidense de 11 de setembro de 2001. O que há no 11 de setembro além da coincidência? O onze é considerado um número mestre na Numerologia.
Presidentes e ex-presidentes estadunidenses foram flagrados pela câmera de Alex Jones oficiando um ritual a um deus de sacrifícios humanos.
O mito cristão que envolve pactos com o capiroto pode ter fundamentos na busca de poder via contato com seres alienígenas ou forças fora deste mundo? Perguntar não ofende e os relatos recentes de autoridades estadunidenses, apesar do viés religioso de alguns, não pode ser ignorado.
Um dos últimos discursos de John Kennedy antes de ser assassinado foi uma crítica incisiva, ao secretismo, às sociedades secretas, ao encobrimento, aos segredos de Estado que em nome da segurança nacional ameaçam os seus cidadãos e isso foi um dos motivos de sua morte. O vídeo no link acima fala por si mesmo. No dia em que os arquivos do assassinato de JFK forem abertos teremos (mais) uma revelação que mostrará como as sociedades secretas estão imiscuídas dentro do aparato estatal.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 9 - por Nuvem que Passa
Caminhos
(vem do Latim vulgar camminus, de origem celta, e deriva de uma raiz Indo-Europeia gam -, que passa a ideia de “deslocar-se, andar”)
A humanidade hoje vive em um modelo de civilização que tem uma historicidade. Houve uma influência de fatores para chegar onde chegou. Quando estudamos com cuidado esses fatores podemos descobrir duas ações predominantes na formação do modo de viver que hoje observamos.
Desde a Idade Média vemos a Igreja Católica Apostólica Romana atuando principalmente na destruição de todos os caminhos verdadeiros, incluindo caminhos cristãos como Cátaros, Albigenses, Cristãos Celtas e, principalmente, os gnósticos. A ação através da Inquisição perseguiu herdeiros e herdeiras das práticas ancestrais obrigando todos a pensar, agir, sentir e perceber exclusivamente de acordo com a ‘visão’ de realidade imposta por suas ‘verdades’.
Isto aconteceu não só na Europa mas também aqui nas Américas. Onde, após abençoar a invasão, saque e genocídio das culturas originárias, a Igreja impõem seu modo de vida às populações locais, erradicando com violência as práticas nativas e a sabedoria ancestral, considerando-as como práticas ‘diabólicas’, puníveis por meio de tortura e morte.
O mesmo é feito com os africanos, que já chegam nas Américas em uma condição desfavorável. Isolados de sua terra, separados de sua gente e em condição de escravidão. A Igreja destrói os valores ancestrais e cria uma alienação cultural. Impede a fusão das culturas branca, nativa e negra e assim previne que integrem seus conhecimentos, aproveitando o melhor de cada cultura.
A cultura branca europeia, já isolada de sua ancestralidade e forçada a seguir os ditames impostos pela Igreja, passa a oprimir as culturas negra e nativa. Impondo seu modo de vida e sua religiosidade, negam a estes povos dominados a condição de sujeitos de sua história, reduzindo-os a ‘ferramentas’, objetos.
Portanto, a relação com o meio e com a vida sofre neste processo suas primeiras deturpações. O deus cristão é externo à realidade, cria o mundo e põe as coisas em movimento a partir do lado de fora desta. Há então uma primeira falha, o casal original desobedece suas ordens, come do fruto proibido e é expulso do paraíso. A seguir, segundo as lendas bíblicas, ocorre uma nova ‘decepção’ de Deus com sua criação e consequentemente um novo castigo, o dilúvio, do qual só escapam, guardados em uma ‘arca’, uma única família e um casal animal de cada espécie.
Depois aparece o próprio filho desse deus, nascido de uma virgem com a missão de ‘morrer’ para salvar a todos, para estabelecer uma nova aliança. Se opondo a este trabalho de ‘salvação’ divina é colocado uma outra personagem, um opositor chamado demônio, diabo, lúcifer, satã, cujo papel é “corromper almas” e “tentar os fiéis” levando-os a abandonar a ‘trilha da verdade’.
Em linhas gerais é isto que nos foi apresentado como religião, uma luta entre um princípio ‘bom’ e um princípio ‘mau’. Um deus que de fora da realidade vai lhe ‘testar’ a vida toda, e se você falhar, vai “arder no fogo do inferno”. Além dos testes aplicados por deus há as “tentações do diabo”. Agregados a esses conceitos, estão a negação do corpo, tido como inferior, da sexualidade, do prazer, da mulher e da liberdade.
Muitos associam os caminhos nativos da magia e da bruxaria à práticas do ‘mal’, à ‘magia negra’ e outras tolices perpetradas pelas superstições, crendices e deturpações engendradas pela Igreja em sua senda para monopolizar ‘a verdade’.
A disseminação do modo de pensar, sentir e ver a realidade imposto com a ascensão da Igreja, estabelece o momento em que perdemos nossa ligação com a Vida e seus fluxos, com a Natureza e as expressões desta. As quais nossos ancestrais se referiam como Divindades.
A Igreja, com sua metodologia de conversão destinada à criação de fiéis, usurpou várias festividades e entidades pagãs. Como a festa de Mitra, em 25 de dezembro, que foi cooptada como comemoração do nascimento de seu messias. A Páscoa, da qual o coelho e os ovos são símbolos pagãos da Deusa Ostara, assim como uma infinidade de outras entidades que foram cooptadas como santos e santas em seu calendário litúrgico.
A Igreja é a responsável imediata pelo isolamento do homem. Ao colocar o ser humano à parte da criação, destrói a abordagem orgânica e sistêmica que o Xamanismo, a Magia natural e a Bruxaria sempre mantiveram do ser humano com a natureza e seus ciclos, a qual pode ser expressa pela frase: “somos parte da teia da vida, tudo que fazemos à Terra fazemos a nós mesmos”. Isso é negado pelo dogma da Igreja e também pela posterior reforma protestante, onde se acredita apenas na crença de “Jesus como salvador pessoal” para que, pelo poder do sangue derramado, todos sejam ‘salvos’.
Após o advento da Igreja Românica ocorre outro momento em que os paradigmas humanos mudam, nos afastando ainda mais da sintonia com a Vida e com a Natureza. É a revolução industrial, com a qual uma transformação tremenda acontece na humanidade. Novos valores são impostos às populações e tudo o que restava de uma perspectiva orgânica em relação à natureza é apagado. A Natureza, antes sentida como algo vivo e consciente, é agora coisificada e transformada em coisa. Nossa relação com esta, conosco mesmo e com tudo a nossa volta é transformada de forma radical. A era agrícola na qual vivíamos até então é ‘superada’ e uma nova relação, totalmente artificial, é estabelecida para a vida humana. Fomos padronizados para que os turnos nas fábricas funcionem. As pessoas passam a dormir, acordar, comer e descansar aproximadamente no mesmo horário, assim o ritmo que agora seguem não é mais o ritmo da Natureza, do nascer e pôr do sol e nem o ritmo das estações. Mas o ritmo do apito das fábricas.
Tudo foi padronizado. Com os métodos tayloristas de especialização do trabalho, cada pessoa passou a executar apenas uma única tarefa — simples e repetitiva! Esse modus operandi deixou as fábricas e tomou várias outras linhas de vida. Tudo foi sincronizado para que os horários respondessem as necessidades das fábricas e da produção.
Nenhum arauto da Era Industrial aceitaria que a “Terra é viva e sagrada”. O ideal do ‘progresso’ foi vendido e imposto, e quando repelido meios violentos foram utilizados para garantir sua implementação. Na década de 70 as imagens de tratores derrubando árvores para construir a Transamazônica eram exibidas como sinal de ‘progresso’.
A extração irracional de matéria- prima, a poluição de rios, mares e mananciais, do ar e da terra. Tudo isso revela como fomos isolados da realidade vida e passamos a viver em uma realidade morte, onde só o lucro importa. Lucro de poucos que mantém as massas submissas e servis com o velho discurso de que vamos crescer juntos. Nada mais falso, o crescimento sem limites e contínuo, outro mito da era industrial, se revela uma falácia — recursos naturais são finitos! Em realidade os mais ricos continuam mais ricos e os mais pobres já caíram aquém da linha da miséria há muito tempo.
Esta Era Industrial que estamos deixando para trás desde a década de 60, ainda influencia profundamente nosso modo de ser. Nos isolou ainda mais da natureza. As pessoas foram morar em cidades, seguindo ritmos outros, a exploração dos recursos naturais e a poluição do solo, da água e do ar atingiram níveis alarmantes, níveis que ameaçam a própria sobrevivência humana neste planeta.
Assim, começando com a ação da Igreja, somada com a ação da revolução industrial, fomos completamente isolados da Natureza, seus fluxos e forças. Resgatar estes elos com a Natureza, com as forças e potências que nela estão, e limpar nossa percepção dos conceitos outorgados pela religião e pela era industrial não é um trabalho simples. Por isso observamos tantas pessoas se dizendo ‘pagãs’, praticantes de ‘xamanismo’, praticantes de ‘bruxaria’ e praticantes de ‘magia’, mas ainda assim, exibindo posturas existenciais completamente fora destes caminhos.
Não basta vestir uma paramenta, pegar uns ‘objetos mágicos’, ler alguns livros e repetir palavras em línguas estrangeiras para ser pagão(ã), xamã, bruxo(a), magista. Não basta deixar de chamar a divindade de Deus e começar a chamar de Deusa, ou outro nome.
Mudar o gênero não resolve a questão de compreendermos a divindade como um pai psicológico, não resolve a questão que fomos condicionados a uma divindade feita à nossa imagem e semelhança. Projeção de nossos medos e inseguranças. A mudança é muito mais complexa, do contrário teremos somente uma fantasiosa mudança de aparência sem nada substancial.
Lidar, de fato, com estes caminhos, provoca mudanças profundas e estruturais em nós. Nos desconecta desse mundo desequilibrado em evidente rota de autodestruição e nos reconecta a caminhos ancestrais em harmonia com a Vida. Caminhos que nunca foram realmente destruídos, por mais que os pseudo-donos do mundo o tentassem fazê-lo. Caminhos que se ocultaram, sumindo da própria História e continuaram secretamente de boca para ouvido, em segredo, até estes dias de hoje, onde temos a chance de assistir o renascimento de tais linhagens, pois os fluxos energéticos que nos chegam da Eternidade novamente geram condições propícias para que tais caminhos se revelem e se manifestem.
Sempre há quem se aproxime destes caminhos em busca da essência, mas há também aqueles que apenas imitam a forma, se prendendo às aparências, sem acessar e praticar o conteúdo. A escolha é individual. Depende de nossa postura ao buscarmos tais caminhos, se queremos fantasias e brincadeiras ou se procuramos de verdade respostas às profundas indagações que vibram naquelas pessoas que realmente sentiram o apelo da Eternidade em suas vidas.
Há um consenso entre os(as) praticantes desses caminhos, não são caminhos para ‘seguidores’, não há como ‘seguir’, são para praticantes, só ‘caminhando’ nos mantemos nestes caminhos, seguidores(as) encontram apenas simulacros de tais caminhos.
Há uma ‘consciência’ viva em tais caminhos, a Intenção acumulada dos(as) praticantes por incontáveis gerações se alinha com os(as) praticantes. Assim vale a antiga máxima alquímica, “quando nos colocamos sinceramente em busca do caminho ele também se coloca com a mesma diligência em nosso encalço”.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Mensagens secretas do vasto mar da consciência
Ainda estamos recuperando a amplitude perceptiva necessária para realmente entender os profundos caminhos que se escondem atrás de tão incompreendidos rótulos. Estes caminhos carregam mensagens secretas que sobrevivem apesar de toda a perseguição.
Elos com outros povos e mundos que, ao contrário do que a falsa história conta, não foram destruídos ou sumiram, mas apenas mudaram para outra camada da ‘cebola’.
A partir da qual nos chegam sinais constantes.
Mas tais sinais são deturpados pelos conquistadores.
Histórias despropositadas encobrem a real origem de tais sinais.
Nossos ancestrais não foram destruídos, partiram e nos acenam de outras ilhas de realidade entre o vasto Mar da Consciência. Os carcereiros tentam nos iludir;: - Não é nada! É Vênus brilhando. É um balão meteorológico. Estais louco! Vamos te dar remédios para que voltes ao ‘normal’! Estas e outras formas são meios efetivos de impedir que percebamos a realidade mais ampla e os sinais que nos chegam. Nascemos neste mundo onde nossos ancestrais foram escravizados. Ambos, tanto o conquistador como os conquistados, são escravos do mesmo sistema que usa os conquistadores para estender seus domínios para onde ainda se é livre".
Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 4 - por Nuvem que Passa.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 8 - por Nuvem que Passa
Os termos Magia, Xamanismo e Bruxaria são vastos e há muitas linhagens que os usam. Estamos falando aqui de um tipo específico de Magia, Xamanismo e Bruxaria. Para estes caminhos que estamos tratando aqui a Vida é sagrada, assim não existe a ideia de que o ‘corpo’ é a ‘prisão’ do espírito, muito menos que este mundo é um mundo de ‘provação’, com isto ficam de fora também as premissas de ‘culpa’ e ‘pecado’.
Viver é sagrado, estar vivo é sacro. Cada momento é divino. Assim, é equivocada a ideia de um plano ‘espiritual’ ‘superior’ e um plano ‘carnal-material’ ‘inferior’. Para nós estas são divisões falsas que obscurecem tudo a que são aplicadas.
Vivemos em uma vastidão de muitas dimensões como camadas em uma cebola, cada qual com suas próprias características. Assim, não temos ‘planos superiores’ e ‘planos inferiores’, temos planos de realidade, temos energia.
A Vida é uma aventura incrível e misteriosa a ser celebrada a cada instante. Tudo que está a nossa volta é para ser usufruído, com equilíbrio, bom senso e sob o foco no qual tudo é VIDA e não coisas. Assim sendo, a postura da Magia, do Xamanismo e da Bruxaria perante a Vida e a Existência é completamente diferente de grande parte dos "esoterismos" (ou "esquisoterismos", como o autor gostava de usar) que estão por aí e pregam a ‘superação’ deste mundo, e tem por meta ascender a algum plano ‘espiritual’.
A forma de sentir e estar no mundo do Xamanismo, da Bruxaria e da Magia já foi a forma padrão de viver das pessoas em geral. Quando a vida era celebrada, quando a natureza, as montanhas, os rios, as cachoeiras e os animais eram reconhecidos como vivos e sagrados. Mas este modo de ser uno(a) com o mundo foi se perdendo, primeiro através das religiões que criaram deuses fora desta realidade, deuses fora da Natureza, acima dela, desconectados dela. Deuses julgadores, deuses aos quais se implora, aos quais se suborna através de seus sacerdotes.
A revolução industrial terminou por coisificar tudo e todos. A partir da perspectiva da Bruxaria, da Magia e do Xamanismo a revolução industrial nunca teria ocorrido como ocorreu, levando o mundo a esse caos ecológico no qual estamos.
A ‘ciência’, resultante da Bruxaria, Magia e Xamanismo é uma ciência branda, ecológica e ao mesmo tempo com possibilidades muito mais amplas que a ciência pesada, agressiva e coisificadora que a civilização industrial desenvolveu.
O modelo social oficial criou o mito de que o método científico é a única forma objetiva de investigar a realidade. Ledo engano, sempre existiram outros caminhos.
Precisamos lembrar que a Alquimia não é a avó caduca da Química e a Astrologia não é a tia-avó esquizofrênica da Astronomia.
São ‘ciências mãe’, abordagens complexas e completas da natureza a partir de outros pontos de validação, de outras realidades perceptivas.
Os astrônomos insistem que a gravidade ‘proveniente’ de tal ou qual planeta não apresenta efeitos significativos para isso ou aquilo, mas não nos atemos apenas à gravidade.
A ciência oficial tem essa arrogância. Quer limitar tudo aos seus paradigmas, como tenta fazer com a Acupuntura. O fato da Acupuntura funcionar leva cientistas a elaborarem teorias das mais forçadas, sendo que não é necessário nenhuma nova teoria, pois a Acupuntura já foi explicada há milhares de anos.
A Astrologia tem outra leitura, está lendo outro nível de energia que os planetas emanam e resultam efeitos factuais, embora o instrumental da Astronomia não possa captar tais energias.
A Alquimia foi muito deturpada, especialmente pela ideia da transmutação do chumbo em ouro, que muitos ocultistas como Saint German, Cagliostro e outros promoveram para encobrir o soldo em ouro que recebiam como agentes espiões da coroa.
Quem estuda Alquimia sabe que o ferro é o elemento-chave e que o tal “gerar ouro” é, quando muito, um simbolismo para o trabalho interior. Não é que seja impossível gerar ouro, não é isto, mas esta não é a meta da Alquimia. Isto deturpou a Alquimia que é uma complexa ciência mãe. Só agora com a física nuclear é que a mente civilizada se encontra em condições de ‘começar’ a compreender tal complexa ciência da transmutação.
Portanto, as tradições dos povos ancestrais possuem sua abordagem e seu valor. Não são ‘antepassadas pueris’ que agora foram ‘explicadas e superadas’ através da ‘evoluída’ ciência contemporânea.
Existem ramos do Xamanismo, da Magia e da Bruxaria que efetivamente emanam da aurora dos tempos. São tradições vivas que podem nos auxiliar a enfrentarmos o desafio da Vida, ‘do estar vivo’ e do descobrir a nós mesmos.
Mas existem ramos da Magia, do Xamanismo e da Bruxaria que foram ‘adaptados’ por pessoas não iniciadas de fato, as quais conferem leituras superficiais ao tema. Pessoas que apenas se ‘aproximaram’ do tema, imitaram a forma sem compreender o conteúdo. Há ramos da Magia, Xamanismo e Bruxaria que se pretendem ‘ancestrais’, mas pela sintaxe das colocações e pela forma como são apresentados, fica evidente que são abordagens de pessoas desta época a respeito de coisas que ‘ouviram’ ou ‘pegaram pedaços’.
Explorar tais campos é compreender que são Caminhos, e que existe uma diferença entre estudar um caminho e trilhar um caminho. Trilhar um caminho é ser cada vez mais uno com ele, por isso a Magia, a Bruxaria e o Xamanismo provocam mudanças profundas, pois nos tornam outras pessoas, nos dão acesso a outras realidades. Este fato é de fundamental importância.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Bruxaria, Magia e Xamanismo - 7ª parte - por Nuvem que Passa.
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Hiranyagarbha - O Ovo Cósmico |
Anteriormente comentamos como a percepção de Divindade com a qual operamos é completamente diferente do conceito artificial que se tem da Divindade, mesmo nos ramos tidos por esotéricos. Para nós, a Existência emana da inexistência. Emana! Não ‘é criada’. O que implica toda uma abordagem fenomenológica distinta daquela que vem de um ‘deus criador’.
Se tudo emana, emanamos também! Temos assim elos profundos com tudo mais que é emanado. Em vez de criaturas diversas, seccionadas e à parte, somos uma teia de eventos inter-relacionados.
Para nós xamãs, bruxos e magistas telúricos somos todos(as) parte da Eternidade. Não “criaturas”! E sendo partes, somos igualmente misteriosos, complexos. E assim, da formiga à estrela, somos todos(as) complexidades existenciais distintas. Dessa forma toda vida passa a ser sagrada, toda manifestação da vida é sagrada.
O fato da atual civilização dominante ter rompido esse pacto com a vida, através da criação de uma civilização dominadora, belicista e degradadora do meio é um alerta de que algo vai muito mal com a humanidade, a qual pode estar em perigosa rota de extinção.
Para nós, nestes caminhos, a vida e a consciência são mistérios supremos e impregnam várias instâncias da realidade que nos circundam.
Não há vida ‘superior’ ou vida ‘inferior’. Há ‘VIDA’! Tão pouco consideramos o ser humano mais consciente que os animais. São diferentes, mas não superiores ou inferiores. Lógico que para os paradigmas dominantes isso não é aceito. O próprio esoterismo do senso comum vai contra isso colocando que a “pedra evolui em planta, a planta em animal e o animal em humano”. Aqui negamos isto. Cada momento da vida e da consciência são completos em si.
Hoje começa-se a questionar esses conceitos neodarwinistas de evolução que o esoterismo do senso comum se impregnou principalmente durante o século XIX. Pois no século XX pouca coisa nova foi gerada neste campo. Muito se copiou, mas apenas uma minoria apoiou-se em fontes concretas.
Principalmente o Espiritismo e a Teosofia usaram muito o paradigma de ‘evolução espiritual’ através da linha do tempo, mas hoje isto é questionado até mesmo em termos de Física quântica, através da qual fica evidente que são ilusórias as ideias ‘populares’ de passado e futuro que permeiam o ‘senso comum’, e não fatos concretos.
O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria telúrica, enquanto caminhos, nunca entraram por estas veredas, mantiveram sempre uma abordagem bem própria da realidade, que agora, com novos instrumentais cognitivos, começam a fazer sentido mesmo para quem não é iniciado nestes campos.
Tais elaborações racionais e muito específicas, tem seu apelo, é verdade, mas isso só parece ter valor porque manifestamos tais elaborações neste contexto alienante e alienado que chamamos de realidade, esse estado de ser artificial e convencionado.
O ser humano se arroga direitos que ninguém lhe deu. Para os(as) xamãs¹, bruxos(as) e magistas a realidade é composta da somatória de suas partes, assim cada ente vivo neste planeta e no universo, como um todo, tem seu papel. Discutir superioridades de papéis é como declarar que as células de um órgão são mais importantes do que as de outros.
Cada ser vivo, enquanto espécie, está seguindo um complexo caminho existencial. No qual desempenha um papel em que só aqueles ‘irmanados’ a tais linhagens podem mesmo compreender. Não racionalizar, mas sentir.
Quando os golfinhos mergulham e ficam longo tempo desaparecidos da vista humana, quando as baleias entram em seu transe com seus mântricos cantos, sabemos mesmo o que estão fazendo?
Que tessituras de poder estão tecendo?
Que mundos visitam?
Nos tempos ancestrais as manadas de elefantes caminhavam em longas jornadas para ir acompanhar os seus anciões na última viagem, viagem até o lugar onde estes mágicos e poderosos seres haviam, por gerações, escolhido morrer. Os famosos cemitérios de elefantes, lugares sagrados, onde o poder de gerações desses seres esteve contido.
Em dado momento, determinou-se que tais lugares deveriam ser explorados, porque quem, em juízo e lucidez, vai dar valor a histórias "bobas" de nativos supersticiosos que grandes desequilíbrios viriam ao mundo se tais lugares fossem profanados?
Todo povo ancestral evitava locais que eram declarados como vam (proibidos?): “não é área para humanos”. Montanhas, cavernas, locais em deserto ou florestas, áreas sagradas onde a presença humana não deveria ocorrer. Quem respeita isso hoje?
Lidar com Xamanismo, Magia e Bruxaria é muito mais complexo do que brincar com alguns símbolos, algumas vestimentas, memorizar meia dúzia de termos em alguma língua antiga, induzir transe por alguma prática repetitiva e chamar o agito da luz astral, o deslocamento superficial da consciência de ‘transe’.
Tais Artes vem de um tempo em que a forma de existir e ser era outra e assim tudo era diferente. Implica reconectar outra abordagem da realidade, muito, muito distante da hoje dominante.
É preciso uma profunda abertura de nossa percepção para irmos além dos limites conceituais aos quais esta civilização nos prende. Para de fato mergulharmos no domínio no qual o ser humano, plantas, animais e entes de outras esferas vivem em contato íntimo entre si.
Notas
¹ “...um guerreiro, ciente dos mistérios insondáveis que o cercam e ciente do seu dever de tentar desvendá-los, ocupa seu lugar certo entre os mistérios e vê a si mesmo como um deles. Consequentemente, para um guerreiro o mistério de ser não tem fim, seja ser uma pedra, uma formiga ou ele próprio. Essa é a humildade de um guerreiro. Uma pessoa é igual a tudo" - O Presente da Águia, de Carlos Castaneda.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 6 - por Nuvem que Passa.
Xamanismo Urbano
Xamanismo Urbano é um ramo contemporâneo da ancestral árvore do Xamanismo, que é um conhecimento ancestral. Ao contrário de cultos de povos que já foram completamente exterminados, o Xamanismo ainda tem linhagens vivas em todos os continentes que vem transmitindo o conhecimento de boca para ouvido desde antes da aurora do tempo, e, portanto, é um conhecimento vivo que possui uma energia fluindo através da transmissão.
Tradições que foram geradas dentro do espaço-tempo moderno possuem uma energia característica deste momento. Outras tradições vem de antes do tempo e trazem consigo uma energia de fora, um algo diferente que não pertence a esta realidade.
É este poder, esta baraka, esta graça que uma TRADIÇÃO transmite a quem nela se inicia. Uma energia que não é desta realidade, a qual vem de antes de tudo que temos por realidade surgir.
Xamanismo, embora este termo seja hoje também utilizado por pessoas que copiam a forma, mas pouco compreendem o conteúdo, é um caminho que propõe um estado de viver muito mais abrangente do que o apenas sobreviver ao qual estamos expostos.
É natural que o Xamanismo sempre busque se adaptar ao tempo e ao lugar onde está, mas esta adaptação não é abandonar sua essência, não é se adulterar, não é se fantasiar ou travestir-se.
Todo Caminho Verdadeiro está sempre em sincronia com o aqui e agora, isto caracteriza um caminho profundo. Ele flui pelo Espaço-Tempo com naturalidade. Leva a essência do conhecimento e não a forma. Assim, hoje em dia, é muito mais provável que xamãs estejam trajando terno e gravata¹ em vez de penas e cocares, sem que isto, no entanto, lhes façam menos unos à Fonte de onde tudo nos vem.
O Xamanismo tem formas inteligentes, estratégicas e mágicas de nos permitir viver nas cidades de maneira harmônica. Minimizando os efeitos nefastos que a vida urbana está sempre a infringir sobre nossos organismos.
Ondas de celular, rádio e TV. Alimentos sem energia vital contaminados por verdadeiros venenos e substâncias agressoras. Fumaça, barulho. Tudo isto a cidade nos oferece. A violência urbana, a neurose das pessoas, as atmosferas psíquicas desequilibradas que a maior parte dos lugares urbanos insiste em desenvolver. Todos estes são fatores que podem constituir uma agressão ao nosso bem-estar.
A vida em prédios! Quantas famílias e pessoas ‘vivem’ no espaço como o de um prédio? Auras se interpenetrando, energias se misturando.
A tudo isso a cidade nos expõe. Porém não nos ensinaram a lidar com tais desafios de forma satisfatória. O consumo de remédios e drogas —- do álcool às religiões fanáticas - passando por coisas ‘pesadas’ mesmo. A infelicidade das pessoas, doenças constantes e a violência, são sinais da falência geral do sistema social que aí está. A questão é bem profunda.
Nós mesmos, tidos como civilizados, o somos, enquanto espécie, há tão pouco tempo. Essa vida de cativeiro nos é recente. Nossas células carregam em si uma saudade imensa de tempos em que os ritmos do sol e da lua lhes eram mais fortes do que a imposição de um escravizador moderno chamado relógio.
Nossa ancestralidade selvagem é muito mais ampla e forte que os poucos milhares de anos transitando para esta sociedade, que como nós, ninguém conheceu: — artificial, programada, dominada de tal forma que os povos livres nem em seus medos mais profundos imaginaram.
Como explicamos para essas forças ancestrais e selvagens que gritam em cada célula nossa que devem ser “boazinhas, educadas e cordatas”? Como explicar aos tambores que batem em nosso peito que devem se calar? Como explicar ao grito selvagem que queremos emitir que deve continuar ali, contido? Como explicar a sensualidade que viceja de tempos em tempos, como suor em nossos poros, que deve ser reprimida?
Nós que nascemos em cidades geralmente negamos nossa selvageria. Filhos e filhas dos conquistadores. É bom que não nos esqueçamos que somos isso. Os filhos(as) dos conquistadores. Dos que vieram para cá e de forma direta ou indireta colaboraram para o genocídio quase completo das populações nativas.
E agora colaboramos de forma direta ou indireta para a continuidade desse genocídio, que ocorre enquanto escrevo e também enquanto você lê estas linhas. Por ação ou omissão continuamos cúmplices.
O Xamanismo é um caminho selvagem. Tentar transformar o Xamanismo nestas bobeiras insossas como “discos de poder animal”², querer gerar um “xamanismo new age” como tantos fazem, é apenas continuar com a farsa que o sistema tem lançado sobre tudo ligado a esta tradição oriunda de povos nativos sobre os quais sabemos muito, muito pouco em termos da ciência oficial, pois não apenas ao genocídio condenaram esses povos, como sua memória foi apagada da história oficial, ignorados em suas sofisticadas civilizações.
O Xamanismo foi mantido e desenvolvido por povos nativos de vários continentes, mas não começa com eles, vem de antes. Vem dos véus além da aurora dos tempos. Isto é fundamental ficar claro para irmos às reais origens do Xamanismo. Os povos nativos são guardiães do Xamanismo, não seus geradores. Assim como uma escola de música não inventa a música, apenas aprimora e acumula técnicas e formas de ajudar novos artistas a desabrocharem com mais amplitude.
Isto é o mais importante, entender que o Xamanismo não é um conhecimento humano. É um conhecimento de outras esferas que foi ‘capturado’ quando a raça humana começou e depois foi se transformando. Não é uma verdade pronta. Não tem dogmas. É um campo de estudo em aberto, onde cada praticante é desafiado a provar por si, e em si, o que está estudando. Estudo aqui é sinônimo de prática. O Xamanismo surgiu em outra civilização que já existiu neste planeta e que se foi. A qual deixou um saber que continuou sendo ‘cultivado’ por gerações e gerações de praticantes até chegar a este tempo-espaço em que estamos.
Quando olhamos para o passado, os estudos científicos vão nos dizer que a Terra era do mesmo tamanho, mas isto é falso, a Terra era muito maior.
Existiam mais lugares para se ir na Terra do que há hoje, e os lugares não estavam sempre nas mesmas ‘coordenadas’. Existem muitos lugares que existiam e ‘foram embora da Terra’. Demorou muito para prenderem o mundo nessa descrição que temos hoje por ‘real’. O mundo já foi muito mais desconhecido e ainda o é em certos lugares e em certos momentos, embora o paradigma geral da ‘mentalidade’ dominante seja negar isso.
Essa fantástica homogeneização perceptiva que vivemos nesta idade globalizada é em si uma magia interessante e espantosa, mas realizada por e a serviço dos interesses de neo-senhores feudais e da guerra, das neo-companhias das índias ocidentais e orientais e dos neo-cleros que temos em nossa época que continuam fazendo o que sempre fizeram;: dividir o mundo entre si, provocar discórdias e acirrar disputas para obter benefícios desta divisão entre povos. Buscar mercados consumidores, fornecedores de matéria-prima, transformar tudo que seja possível em coisa a ser vendida. E converter e limitar a percepção humana aos seus estreitos padrões.
É importante notar como isso mudou. Hoje os jesuítas não são mais os campeões em obrigar outros a se converterem a seus paradigmas, a CIA tem tido muito mais sucesso.
Mas os fatos bases continuam e o Xamanismo observa tudo isso acontecendo com espanto, pois partilha da pergunta dos povos nativos:
Por que os ventos que regem os destinos humanos colocaram no poder um povo como o homem branco, que não ama a Terra, nem seus ancestrais, nem a seu irmão, irmã, pai, mãe; que trai seus amigos; que não respeita suas crianças e que condena todos nós, humanos, animais e vegetais a um fim cada vez mais evidente e próximo?
Nós, xamãs curandeiros, há muito temos como fato que a Terra está doente. Muito doente, praticamente em coma. Os absurdos e desmesurados atos da era industrial geraram uma doença profunda no Ser Terra. Por isso, encontros no mundo inteiro têm objetivado gerar energias de cura para que o Ser Terra se recupere. Sabemos que se Ele se recuperar vamos conseguir ter uma mudança verdadeira no estado de consciência coletivo.
Os povos nativos celebravam a vida e os ciclos da Natureza em seus cultos. Não eram cultos de adoração apenas, eram cultos de ‘sintonização’.
Os cultos exotéricos das religiões que foram dominando o mundo cada vez mais, destruíram esse elo do ser humano com a Terra. Passaram a cultuar egrégoras, imagens de um deus distante, fora da Terra, julgando, punindo ou ‘agraciando’ o ser humano segundo misteriosos caprichos, mas sempre necessitando ser ‘adorado’, ‘temido’, ‘idolatrado’. Assim tivemos a quebra do elo entre o ser humano com a Terra e o Sol, fontes verdadeiras de vida. Seres realmente vivos e fontes reais da nossa vida. Quebra esta que institui uma subserviência a abstrações mentais de deuses feitos à imagem e semelhança dos medos e caprichos humanos.
Os cultos que surgiram fazem com que o ser humano deixe de se harmonizar com as energias do Sol, Terra, dos Astros e outras forças cósmicas que os festivais e ritos ancestrais contemplavam e passem a adorar uma representação abstrata de um pretenso ‘princípio único’, de um pretenso ‘deus único e verdadeiro’ que torna toda pessoa que chame a divindade por outro nome, infiel ou herege.
A passagem do contato direto com a VIDA, com a NATUREZA, para uma religiosidade de adoração à ‘imagens’ e ‘representações’ é tida por ‘evolução’. Uma transição do ‘primitivo e pagão politeísmo’ para o avançado, progressista e evoluído ‘monoteísmo’.
E o que fizeram esses deuses? Cada um se dizendo ‘único e maior’, desde que começaram a ser adorados. Serviram de justificativa para toda guerra que houve desde então até hoje. Basta ligar a TV e ver esses deuses brigando. Há até mesmo versão ‘1’ e versão ‘2’ do mesmo deus brigando entre si, como no caso de cristãos e protestantes na Irlanda.
Sentir a Vida como divina! Logo a Natureza como divina, viva e consciente é algo fundamental ao caminho xamânico. Nas cidades isto é mais difícil, por isto é mais fácil ser praticante dessas abordagens racionais e menos sensíveis da realidade, da religiosidade.
Na cidade, com supermercados, açougues e feiras podemos esquecer que os alimentos ainda vem da Terra. Dependem do Sol, da chuva, dos ventos, pássaros e insetos polinizadores e do ciclo das estações.
Assim os natais de presentes e páscoa de ovos de chocolate são celebrações mais importantes do que a primavera que volta com a vida ou o momento da colheita.
Para nós do Xamanismo é evidente que a vida tem seus ciclos, suas formas de se manifestar. Isto celebramos, com estes ciclos nos sintonizamos. Na Terra e no Sol temos as forças fundamentais à Vida, sem elas, esta não existiria aqui. Nenhum ‘ser’ ou espectros de outras dimensões, a quem atribui-se maior valor do que a força viva da Natureza a nossa volta, pode nos sustentar enquanto ‘seres vivos e conscientes’.
A Magia telúrica e a Bruxaria telúrica são parceiras do Xamanismo nesta abordagem. Nosso corpo lê e metaboliza a energia das estrelas. Mas nossos pés precisam estar no chão e temos de estar bem alimentados e saudáveis se quisermos interpretar corretamente o que tais forças nos mostram.
O Sol é nossa fonte de vida. Mais forte que qualquer rito, que qualquer símbolo mágico, que qualquer eucaristia. Lá está ele! Sol, fonte da Vida aqui! Mesmo que nos destruamos com essa loucura de guerras e ‘economias’, ainda assim continuará lá, iluminando o céu de um planeta desolado porque os conquistadores tomaram o mundo e impuseram seu modo de ser.
O Xamanismo urbano é uma resposta.
Uma resposta da ancestral Arte do Xamanismo aos desafios que este momento está nos trazendo, pois agora estamos no tempo em que nitidamente vivemos a História como participantes atuantes ou só nos resta ‘sofrer a História’.
Agora, mais que nunca, precisamos de caminhos que nos ensinem a usar nossa mais profunda e poderosa Magia, pois loucos dominam o mundo. Esses loucos têm armas poderosas e respeito nenhum pela vida. Apenas sua insanidade e frustração existencial como guias.
Como nas antigas lendas nativas, temos de ousar sair em uma jornada mágica em busca de meios para lidarmos com esses loucos. Para que a vida ainda seja possível a nós e nossa descendência.
Notas
¹ Possível alusão ao encontro entre Carlos Castaneda e Don Juan Matus narrado em "Porta para o Infinito", no capítulo "Ter que Acreditar".
² Ver texto do autor: Sobre o Animal de Poder.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 5 - por Nuvem que Passa.
O conceito de Divindade
Agora abordaremos um dos aspectos mais importantes, uma diferença fundamental entre ‘o caminho’ e tantas outras vertentes do chamado misticismo. É muito importante percebermos como o conceito que temos de divindade interfere na forma de sentirmos e percebermos o mundo.
Geralmente recebemos uma educação religiosa vinda do meio onde fomos criados, isso acontece em uma fase bem imatura da percepção. É comum aprendermos a identificar conceitos complexos como origem, criadores, poderes primordiais com projeções de nossas carências e medos.
Entre a maioria de nós, os conceitos religiosos vieram através de nossos pais e da igreja a qual estavam ligados. Mas esses conceitos têm uma historicidade, foram gerados por situações diversas, por grupos que, em sua luta pelo poder, não tiveram receio em alterar e deturpar conhecimentos, a fim de se manterem no poder.
Estes dados são importantes para melhor compreendermos o deus único, que é considerado resultado de uma evolução que ocorreu quando o gênero homo deixou de ser politeísta e ‘progrediu’ para o sistema monoteísta. Será verdade isto? Os povos ancestrais sentiam a divindade em tudo, suas várias faces, na chuva, no vento, no trovão, na Terra que dá o alimento, no Sol, na Lua. O Uno manifesto no múltiplo.
É muito importante compreender isso. Através de investigações e contatos com tradições nativas percebi que o saber ancestral se manifesta em matrizes com muitas dimensões. Certos povos têm um conhecimento que, quando comparado ao nosso, pode parecer menos sofisticado em alguns aspectos, como os Maias que não usaram a roda, mas que em outros níveis podem extrapolar muitos nossos padrões, como o calendário meso-americano.
O conceito de divindade para os povos ancestrais é bem amplo e variado. Não podemos nos limitar às crenças que algumas parcelas da população adotam, senão corremos o risco de generalizar a forma de lidar com a totalidade de todo um povo. O cidadão simples, o comerciante, o homem e a mulher do povo egípcio, com certeza, tinham uma concepção da divindade bem diferente dos sacerdotes e sacerdotisas dos templos e das escolas iniciáticas que ali existiam.
Da mesma forma, entre todos os povos vamos ter o exoterismo religioso, as crenças e cultos de domínio público, e o esoterismo, reservado a quem fosse iniciado nos mistérios. Os povos ancestrais lidavam com as várias faces da Eternidade, em suas múltiplas manifestações. Mas elencar um deus tribal de um povo¹ e promovê-lo a deus único é evolução? Um deus único exógeno à Terra, que a rege à distância, pelo lado de fora, não inspira nenhuma atitude ecológica ou equilibrada. Coisa que não acontece com os povos nativos e suas superstições. O conceito de deus é algo muito complexo. Quando falamos de um deus criador, ecoamos um paradigma. Em minhas investigações sobre estes caminhos que estamos tratando aqui, encontrei um conceito diferente, uma forma de falar da ETERNIDADE sem limitá-la a padrões antropomórficos ou fazer da mesma uma tela onde projetamos carências e medos.
Em vez de um deus que cria de fora e depois aplica testes além da capacidade dos testados para por fim os castigar e os deixar confusos. Em vez de uma família primordial onde o homem é um fraco, o filho um assassino e na qual a mulher vai atrás da primeira serpente que aparece. Uma família em que tudo dá errado, acarretando um cataclisma que gera a necessidade de se começar o mundo novamente. Em vez desta narrativa existem outras histórias de como o mundo veio a ser o que é.
Existem cosmogonias, antropogêneses e cosmogêneses que abordam outras possibilidades. Um universo que emana, que surge de uma outra realidade pré-existente e em um ciclo infindável. Quanto mais avança a Astrofísica e a Física de partículas, mais as visões de realidade, que surgem dos experimentos realizados, são similares às visões das antigas tradições dos povos ancestrais, e cada vez menos com as histórias moralistas que ensinam nas ‘religiões oficiais’. Um só deus, uma só verdade, um só rei, foram argumentos sempre usados pelos tiranos de várias épocas.
Perceber isto é perceber que a abordagem religiosa da realidade, tal qual a concebemos hoje, é destinada a alienação e controle. Basta ver o fervor com que vários homens e mulheres matam outros em vários países no mundo em nome de suas crenças². A intolerância religiosa não admite a diversidade, todos devem se reduzir a uma nauseante homogeneidade. Como se as células do fígado resolvessem converter as células do coração para que fossem como estas. Depois de cumprida a missão teríamos um corpo com dois fígados, o qual morreria por não ter um coração para fazer circular o sangue.
Esse é o perigo da conversão que é promovida por povos gananciosos que ignoram o fato de que a diversidade sempre foi necessária à vida. Somos seres que fazem parte de um vasto esquema cósmico. Estamos na periferia da galáxia, somos novos e imaturos se comparados às formas de vida que se desenvolveram bilhões de anos antes de nós. Mas mesmo assim temos nosso papel.
O que um indivíduo julga errado e fora de propósito, pode muito bem ser justamente o papel que outra pessoa deve desempenhar. Este é um perigo dos agrupamentos pseudo-iniciáticos. Quando a vontade caprichosa de um(a) líder é seguida. Isso falseia tudo. O trabalho de um grupo é para que cada indivíduo desperte sua essência e este se torne a somatória daquilo que cada um traz em seu interior. Quem auxilia nisso deve agir como um jardineiro: ajudar a desabrochar, mas nunca impor seus próprios modos.
Essa diferença sutil nos leva ao cerne deste trabalho, a concepção de divindade. Se impormos uma forma de perceber o transcendente, que de fato existe, o limitaremos a um conceito, a um dado informacional. Mas se criarmos situações para que quem aprende o vivencie por si mesmo, então teremos outro tipo de aprendizado. Por isso é equivocado tentar colocar em palavras o que está além do falar. Formas-pensamento pertencem ao campo mental, ao inventário do já estabelecido. E o novo é não vivido, tem que surgir pela experiência. Cientes da limitação das palavras, da sintaxe, vamos abordar o fato de que o reconhecimento da divindade e da vida por parte dos caminhos naturais, dos caminhos pagãos e dos caminhos mágicos parte de outra esfera, a da percepção.
Quando crianças, temos sempre a presença de um adulto por perto. Diante do sinal de qualquer perigo um adulto virá nos proteger, nos salvar. Ao crescermos, descobrimos que tal salvamento é relativo, e que papai e mamãe são também crianças. Isso muda tudo! Então surge uma carência, a qual muitas pessoas em vez de superarem, extrapolam e criam um papai do céu e uma mamãe do céu. Os messianismos diversos se utilizam disso como principal engodo, a promessa de que alguém lá fora virá para nos salvar.
Para grande parte das pessoas isso é a divindade. Uma transferência dos sentimentos confusos da relação com pai e mãe para uma pretensa entidade cósmica que nos criou e pode nos julgar, ajudar ou castigar. Esta relação imatura com a realidade é ampla e notável nas religiões seculares, as quais justificam seus atos em vista de uma divindade fora do mundo e temível. A qual cria os humanos a sua imagem e semelhança. Não seria mais correto dizer que os seres humanos criaram um deus a sua imagem e semelhança?
A Bruxaria, a Magia e o Xamanismo aos quais me refiro não pertencem a essa linha. Pois têm a noção de seres, de forças, de entes e poderes que vivem neste mundo e nos mundos além deste, e mesmo os mais poderosos, ainda que possam parecer deusas e deuses, continuam sendo nitidamente entes. Mesmo que estando na proporção similar à de uma estrela para uma vela não precisamos adorá-los, ou crer que os servindo tudo será resolvido.
Os deuses e deusas são entes amplos. Podemos fazer parte deles, podemos ser como células das vastas realidades que eles e elas compõem, mas, em todos os níveis, são seres com começo e fim, entes que também brotaram em um certo momento da existência e, cedo ou tarde, também vão chegar a um fim como nós.
A DIVINDADE em seu sentido mais amplo é algo que extrapola a compreensão, é para ser sentida diretamente. Através da experiência direta com o numinoso, do que vai além do conceitual.
Por isso, ao sentir a força de uma árvore, de uma montanha, de um rio ou do vento e expressar isso como divindades, cada qual com suas particularidades, não pode ser confundido com uma abordagem supersticiosa da realidade.
Rezar atemorizado para deuses e deusas durante uma tempestade é diferente da postura pagã de reconhecer nestas forças facetas da Amplitude se manifestando e buscar encantar tais poderes.
A relação que temos conosco mesmo, a relação que temos com as outras pessoas, a relação que temos com o mundo circundante, tudo isso está envolto em nosso conceito de divindade. É interessante refletir sobre isso e buscar perceber se ainda temos uma relação de pai psicológico ou mãe psicológica com a ETERNIDADE. Se continuamos apenas projetando carências ou se estamos mesmo começando a ir além dos medos que plantaram em nós, ousando sentir a ETERNIDADE em toda sua incompreensível vastidão.
Para mergulhar mais a fundo no âmbito da Bruxaria, Magia e Xamanismo precisamos compreender que estes caminhos abordam a questão da vida, da Divindade e da possibilidade de nos eternizarmos a partir de outra ótica. Senão poderemos cair no equívoco da moda esotérica em voga, que prega os mesmos temas já gastos e nitidamente ineficazes, fantasiados com outras roupagens. Pecado se tornou carma. Reencarnação em outras vidas substitui o céu e o inferno. E os ascensionados são agora os novos santos e ministros de deus.
Se ficarmos presos aos conceitos estereotipados nascidos durante esta era de dominação, sempre nos escapará o sentido profundo dos caminhos que estamos tratando. Temos que ir além da sintaxe imposta pelo mundo atual. Isto não é fácil nem simples, mas pode ser feito.
A pior prisão, das muitas que nos deram neste mundo, é a perceptiva, somos instigados a concordar e participar de um só tipo de realidade, e que, mesmo sujeita a variadas interpretações subjetivas, é normatizada e linearizada em várias instâncias.
Então, questionar profundamente os pretensos dogmas, mesmo dos esoterismos de plantão, é não só um hábito saudável como necessário. Questionar! Questionar tudo e buscar uma nova resposta.
O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria não te dão respostas prontas, mas te ensinam a fazer melhores perguntas.
Notas
¹ Faz-se referência do deus tribal Javé, entidade judaica que permeia todo o Antigo Testamento. Há uma excelente história sobre tal entidade, história que se passa num campo de concentração nazista na segunda grande guerra onde judeus condenados à morte colocam seu deus em julgamento. Pode-se vê-la no excelente filme God on trial ou Deus no banco dos réus: https://vimeo.com/284244930 . Há também muita discussão acadêmica sobre a origem de Javé e como um deus menor que fazia parte de um panteão mais rico (politeísta) veio a tornar-se único por razões de natureza política e religiosa.
² Ver o excelente texto "A Psicopatia Bíblica de Israel", que fala sobre a psicopatia do deus tribal de Israel e como isso é relevante para entender a natureza de certas ideologias baseadas na ideia de povo escolhido, raça-mestra, os eleitos e similares: https://www.unz.com/article/israels-biblical-psychopathy/
quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
OVNIs e Bruxaria
A relação entre Magia e tecnologia nos remete aos relatos mitológicos e míticos, mas ver, ouvir através de um jornalista moderno conhecido chega a ser disruptivo. Não estamos citando antigas histórias da Atlântida, onde havia uma forte relação entre tecnologia e Magia; não estamos nos referindo aos relatos míticos do Mahabharata envolvendo a evocação de armas poderosas, como a Brahmastra; não estamos falando de nazistas e sua obsessão pelo ocultismo ou de magistas como Aleister Crowley e sua associação com uma entidade alienígena, mas tudo isso se entrelaça de uma estranha maneira para os paradigmas vigentes da dita civilização moderna.
O que seria a nossa tecnologia atual para a humanidade do século X? Magia.
Então uma tecnologia muito mais avançada que a nossa não nos pareceria mágica?
A diferença entre magia e tecnologia não seria uma questão temporal?
No passado não tivemos contato como civilizações de outros mundos que os xamãs e pajés de diferentes povos nativos chamaram de povo das estrelas?
Os dogons que conheciam as órbitas de Sírius A e B muito antes de nossa ciência moderna não disseram que a sua origem era estelar?
Não seria então a Magia a tecnologia dos iniciados?
Não seria a Magia o resgaste de velhas tecnologias já conhecidas de diversos povos nativos que tiveram interação com povos estelares no passado?
São questões que nos surgem diante dessa entrevista em vídeo apresentada pelo canal do ufólogo Rony Vernet:
quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 4 (continuação) - por Nuvem que Passa
Hoje existem alguns assuntos polêmicos na Bruxaria. Existem questões sobre tradição sendo discutidas, questionamentos sobre a validade de certos caminhos. É interessante, antes de discutirmos se tal caminho pertence ou não a tradição, perceber a qualidade de nossos conceitos a respeito de ‘caminho’ e ‘tradição’.
O que é um ‘caminho’ (recomendamos a leitura dos textos intitulados "Caminhos da Terra", do mesmo autor)? Por que e para que existe? Como sabemos se um caminho é um ‘caminho’ e não apenas mais uma ilusão conceitual? Mais um aglomerado de pessoas gerando uma realidade convencionada com textura aparentemente verossímil, mas que é apenas um reflexo da força coletiva de grupo?
Isto é bem sutil.
Há grupamentos que apesar de possuírem uma força considerável, essa é apenas a somatória da força individual de cada elemento no grupo. Porém há outros grupamentos que carregam consigo uma carga extra, uma força que vem de outro tempo, de outra era. A qual é de natureza diversa de tudo que existe nesta era e neste mundo. É importante refletir sobre isso e procurar ir além do mero raciocinar aqui (sobre este parágrafo recomendamos o texto do mesmo autor "Egrégoras e Energia Natural parte 1 e parte 2).
A constituição de mundo na qual este conhecimento se baseia é outra, assim estamos falando de outro tipo de Física, de Química. Esta energia diferente que certos grupos carregam pode ser muito sutil, mas, ainda assim, ‘material’. É energia organizada em forma de existência, a qual é diferente da energia ‘na inexistência’.
Alguns a chamam de baraka. O poder da transmissão que mestre(a) passa para discípulo(a) desde o início dos tempos. Entre os Xamãs este poder é transmitido a cada sucessor. Muitos grupos de xamãs ainda existem em nosso mundo. Um xamã pode estar morando na casa ao lado sem que nem saibamos, pois são discretos e jamais irão ‘ensinar’ seus saberes da forma que a convenção social define como sendo ensinar. Eles vêm as vezes ao mundo apenas para caçar pessoas em potencial, auxiliá-las a transcender a condição humana e depois soltá-las na corrente da vida.
Assim a Corrente continua! É isso que as linhagens (ver texto "Linhagem Xamânica") têm como objetivo, que a ‘corrente’ não se parta. Mas diz um texto alquímico que, quando partimos em busca da Verdade em um movimento sincero e concreto, a Verdade também se lança em nossa busca.
A busca sincera da VERDADE é o que liberta e nos permite encontrar o espaço silencioso no qual vamos partilhar da PRESENÇA, sem nenhuma programação exterior. Existe uma energia original, que vem de antes do alvorecer dessa Era, uma energia fina, tecida com fios de luz das estrelas, que viajaram pelo tempo até chegar aos nossos olhos, onde nos tocam de forma sutil, mas a qual não percebemos devido a não termos sido sensibilizados(as) a isso.
Nós podemos redescobrir essas sutilezas. Observando tudo isso através dos tempos, homens e mulheres aprimoraram um saber cumulativo sobre como lidar com esta imensidão que nos envolve, com as armadilhas, os perigos, as maravilhas e também coisas terríveis. Só na plenitude de nós mesmos podemos viajar incólumes pela absoluta solidão da vasta Eternidade que nos envolve.
MAGIA, XAMANISMO e BRUXARIA são termos que aludem a estes caminhos de reencontro com nossa verdadeira natureza. Caminhos de despertar e singularização de nossa realidade existencial para que nos tornemos efetivamente presentes enquanto agentes ativos. Sujeitos verdadeiros de nossa história e não objetos que repetem uma programação que lhes foi imposta por mecanismos ideológicos sutis, cuja maior parte nem percebemos.
Quando saímos do sonos robótico vamos descobrir a vastidão na qual estamos inseridos e temos de estar preparados para isso. Ajudar neste processo, orientar para que o choque do despertar não atrapalhe a caminhada, alertar sobre os perigos e armadilhas que estão em outros mundos que nos cercam. Tudo isto faz parte das tradições guardiãs e transmissoras. A energia primordial flui pelo caminho da tradição como um rio. Assim é comum ouvirmos este termo para se referir as mesmas: o rio espiritual do caminho.
Um caminho da TRADIÇÃO no mais lato sentido do termo é um caminho que tem essa energia em sua transmissão. Isto não invalida caminhos que não tenham essa força. Pois a meta da MAGIA da BRUXARIA e do XAMANISMO está além do humano, está além dos véus, e assim, a intervenção humana é um detalhe que pode ou não acontecer.
A conexão com uma linhagem de tradição possibilita a chance de receber o auxílio através de homens e mulheres que ajudarão a evitar armadilhas, sem que para isso sejam inibidas as habilidades pessoais. Do contrário, uma pseudo-tradição vai tentar impor seus pontos de vista, moldar os(as) aprendizes às suas próprias concepções e à sua forma de ser e estar no mundo.
Em uma tradição profunda os mais velhos e mais velhas vão lhe ajudar como um(a) jardineiro(a) ajuda a planta a desabrochar e revelar sua identidade interior. Já uma organização formal acaba reprimindo o pleno talento de seus jovens pela ação competitiva dos mais velhos, os quais temem ser superados, como de fato tem que ser, pois é a missão de cada geração superar a anterior.
O desafio é sermos nós os superadores em nosso momento, indo além da barreira denominada de realidade, que é a cerca através da qual nos mantêm confinados perceptivamente aguardando a tosquia, e alguns, o abate.
Encontrar um caminho tradicional que tenha essa energia fluindo é uma grande sorte. Alguns se referem a isto como “desígnios do Poder” ou “vontade da Deusa”, mas independentemente do termo utilizado, o fato é o que importa, pois efetivamente, algo lá fora, em um determinado momento interfere e muda tudo, nos colocando em uma condição de ser diferenciada. Isto é a maior iniciação possível.
A iniciação formal a uma tradição é algo que pode nos auxiliar a navegar através da vastidão da Eternidade que nos espera quando vamos além dos véus perceptivos que nos impuseram. Mas o chamado pode vir diretamente da ETERNIDADE. E assim, a mais improvável das pessoas pode se tornar um bruxo, uma bruxa, um xamã, uma xamã, um magista, uma magista.
Por isto me divirto quando vejo pessoas arrogantemente se sentindo superiores. Desdenhando e julgando que esta ou aquela pessoa nunca irá se tornar um(a) bruxo(a), xamã ou magista. Quem somos nós para entender os desígnios do Poder?
Conheci pessoas com muito talento, com poder incrível e que por arrogância e preguiça se tornaram nulidades para si mesmas. Conheci outras que pareciam frágeis, que tinham pouca energia pessoal e, no entanto, com determinação e vontade fizeram do pouco, muito e são hoje plenas em seus caminhos.
A humildade fundamental da qual tanto se fala nestes caminhos não é uma subserviência tola. Mas reconhecer que somos quase nada. Que somos menos que pó cósmico, inseridos em um planeta que gira ao redor de uma estrela cuja massa sequer é suficiente para tornar-se um buraco negro quando terminar seu ciclo. Estamos na periferia de uma entre incontáveis galáxias que vagam pela eternidade. As forças que passam por nosso mundo podem nos levar, como um surfista em uma onda, ou nos afogar. Depende em grande parte de nossas habilidades o resultado final dessas opções.
MAGIA, XAMANISMO, BRUXARIA são caminhos para desenvolver nossas habilidades a fim de que ‘surfemos’ as ondas que chegam e não sejamos afogados por elas. É aqui então que reconhecemos a realidade de um caminho tradicional. Se este caminho nos permite despertar, nos auxilia a transcender a auto-ilusão na qual nos mantemos repetindo a programação que nos foi incutida, temos um caminho efetivo.
Se, ao contrário, apenas estiver agarrado a formalismos, ritualismos, a conhecimentos teóricos sem nenhuma atividade efetiva que nos torne mais estratégicos em nosso ser e estar no mundo, então podemos estar em um pseudo-caminho. O qual pode nos limitar e nos entorpecer ainda mais através dessa viciada interpretação oficial da realidade. A sensibilidade é nosso termômetro. Buscamos resultados concretos.
MAGIA, BRUXARIA e XAMANISMO são caminhos de ação e não de racionalismos. É pelo ato que ritualizamos e reatualizamos o poder. Só com atos podemos curar o ser Terra e ajudar na transição para o próximo nível de consciência.
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