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sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

O Apocalipse que interessa à Matrix

Cena do filme Duna - teste do medo: gom jabbar (o inimigo arrogante).



Colocar as pessoas num estado de desorientação, bombardeando-as com informações das mais diversas procedências, sem que elas estejam amparadas numa fonte fidedigna e em elementos comprováveis, submetendo-as a uma verdadeira guerra midiática, provoca a condição tão buscada pelo sistema: medo.

Como cegos perdidos num tiroteio, neste caso, tendemos a nos alinhar com o pai simbólico, a autoridade, o estado, o status quo, a igreja, a ideologia dominante por mais que saibamos que são lobos travestidos de ovelhas, pois nosso psiquismo, nosso emocional foi atacado, bombardeado e conquistado pela emoção que eles querem implantar: medo.

Eis o primeiro inimigo do homem de conhecimento, segundo o Xamanismo Guerreiro.

O estado de paranoia, medo, desorientação, angústia favorece ao sistema estabelecido, que busca através disto refundar-se e criar a malfadada nova ordem mundial.

Se é verdade que a consciência tem o poder de criar a realidade, que tipo de realidade cria o estado de medo, sofrimento psíquico, paranoia, angústia?

“O que temes sucede mais depressa do que esperas.” (Publílio Siro)

Cria a doutrina da segurança nacional, base para qualquer ditadura.

E não é verdade que aquele que teme o sofrimento já não sofre por aquilo que teme?

Então qual é a razão de temer?

É a razão dos captores, dos senhores do mundo, para manter-te aferrado, preso, aguilhoado a um estado de consciência que sustenta a realidade imposta.

“Escravo do medo: eis a pior forma de escravidão.” (G. B. Shaw)

Então se buscamos uma nova realidade temos que começar primeiro por estabelecer um estado de consciência sóbrio, equilibrado, focado e construtivo.

Todo aquele que fomenta o medo, a negatividade, a paranoia, o apocalipse no sentido pejorativo ou destrutivo é um agente em potencial da Matrix. Ver a maneira como o sistema age é ir além da Matrix e vencer os seus agentes.

Apocalipse significa isto: revelação. O medo impede que você revele a si mesmo e veja a divindade em si, com todo o seu poder de criar a realidade. A revelação é externa e interna, fora e dentro de si. O medo impede a revelação.

Quem alimenta o medo alimenta a Matrix com sua própria consciência. Despertar é ir além do medo, é encarar a realidade sem medo.

Não devo temer.
O medo é o assassino do Real,
é a pequena-morte que oblitera o Ser.
Eu enfrentarei o meu medo.
Permitirei que ele passe através de mim e quando se for,
eu olharei, com a minha visão interna, o seu rastro.
No espaço vazio que ele deixou, nada existe afinal...
Só eu permaneço!
(Frank Hebert, Duna)




sábado, 2 de dezembro de 2023

Saúde e Espiritualidade em tempos de guerra contra a Humanidade - Introdução.

 



Dicas, práticas, aprendizados para sobrevivência e supervivência em tempos de guerra contra a Humanidade


Uma introdução conceitual


Nossa proposta é de transmissão de conhecimentos e informações pela via do estudo e da prática para fortalecimento da saúde humana, pois ao longo dos últimos anos verificamos uma flagrante guerra biológica, e não só esse tipo de guerra, mas basicamente uma guerra sorrateira, contra a Humanidade manifesta por vezes em declarações de membros da elite global.


Há uma guerra contra a Humanidade desde tempo imemoriais, já nos revela(ra)m as mais diversas tradições místicas, míticas e religiosas. Porém, hoje mais do que nunca, a intensidade de tal guerra tem chegado a níveis críticos de comprometimento de todo o planeta Terra, numa escala verdadeiramente global e que atinge dimensões inusitadas, pois tal embate se trava no campo material, psicológico e, sobretudo, espiritual. 


As reverberações de tal combate estão no campo da política, da geopolítica e da exopolítica. Bilhões de almas encarnadas e desencarnadas estão no centro da contenda planetária que é apenas o tabuleiro físico de ‘players’ multidimensionais. 


Nós, humanos, somos seres multidimensionais e muitos de nós não são necessariamente daqui, estamos neste mundo, mas não somos deste mundo. ‘Meu reino não é deste mundo’, já disse Jesus.


Há forças e interesses que querem manter a humanidade nesta condição limitada, explorando-a como matéria-prima, como pilha (Matrix), como recurso humano literalmente, pois se alimentam de certas energias, de vibrações e de determinadas qualidades conscienciais geradas pelo ‘Admirável Gado Novo’. A elite humana dominante é dominada por tais forças, interesses e entes, servindo-as como um vassalo que se alimenta das sobras, o espólio humano, de tais forças tal como já narrado pela ficção cinematográfica (pois certas coisas só podem ser expressas metaforicamente devido à censura escamoteada) de ‘Eles Vivem’, de John Carpenter. Veja o link sobre o filme: Eles Vivem (1988) Dublado . O humano não é o topo da cadeia alimentar, por mais que tenha esta ilusão criada pela ideologia materialista dominante.


A atual pandemia, ainda em curso neste ano de 2023 através de mutações, é um aspecto desta guerra contra a Humanidade.


O vírus corrente foi desenhado, formulado, projetado para minar a vontade, o ânimo, o prazer de viver, para fazer com que desistamos de viver.


Os entes que o desenvolveram não são humanos. Esta afirmação carrega diferentes significados: primeiro, não são humanos pois tal atitude não revela valores verdadeiramente humanos tais como fraternidade, compaixão, misericórdia, amor e solidariedade; segundo, não são humanos pois não pertencem à condição humana propriamente dita, são alienígenas do ponto de vista tanto biológico quanto psico-cultural, possuindo uma natureza altamente predatória e desapiedada. A elite humana dominante foi cooptada e atua como escrava desses entes, e tenho dúvidas se ela não se dá conta de sua condição submissa, covarde e ‘traíra’. Acordos espúrios e ilegítimos foram feitos nos quais tecnologia e material genético humano foram as moedas de troca. É como se estivéssemos vivendo na prática um Arquivo X, série dos anos 90, que como boa ficção revelou temas que hoje estão em pauta na política e na mídia como nos mostra o Disclosure Project e a atual batalha em curso no Senado dos EUA sobre a lei de transparência envolvendo OVNIs, UFOs e UAPs.


Os humanos que o são verdadeiramente devem defender-se de tal assalto que se dá, sobretudo, contra a nossa mente com repercussões em nossos corpos. A guerra trava-se contra a nossa sanidade física e mental. Para vencer tal guerra precisamos ter um conceito de saúde profundo, holístico, integral. Precisamos não depender dos produtos do sistema.


A essência desta guerra não se trata, em absoluto, de um nós contra eles, mas sim de uma guerra de valores e, portanto, de valorar em nossas mentes e corações aquilo que realmente importa quando refletimos sobre o que nos faz verdadeiramente humanos, espelhos de uma natureza divina que se expressa como amor, sabedoria e poder.


Mas para além da questão desta guerra o próprio Planeta, a própria Mãe Terra, Gaia, como ser consciente que é, está mudando e indo para um outro patamar vibratório, deslocando seu 'ponto de aglutinação', e seus filhos e filhas precisam estar em sintonia com tais alterações se quiseram continuar a navegar nessa nave Mãe planetária. A saúde da Terra é a nossa própria saúde e não podemos nos comportar como vírus em relação ao planeta, nossa Mãe. Vale a pena ver a reflexão sobre tal tema apresentada em Matrix - https://www.youtube.com/watch?v=WxbeL6Ao-Lw.


Saúde, sanidade, santidade são palavras de profundo significado e estão profundamente entrelaçadas. Chamamos os santos, por exemplo de São isso ou São aquilo. Os santos são santos não apenas devido a um comportamento moral, mas porque eles resgataram em si mesmos uma sanidade de corpo e mente que se expressa como a nossa natureza essencial, integral, perfeita e divina.


Tradições antigas como o Xamanismo se baseiam na ideia de cura e medicina envolvendo corpo e mente. Se a cura e a medicina são a base de antigas tradições místicas isso deveria nos fazer questionar profundamente sobre aquilo que precisa ser curado em nós desde tempos tão antigos. Por que razão antigas tradições místicas como o Xamanismo se baseiam nos conceitos de cura e medicina? O que em nós precisa ser curado? O que há de errado com a natureza humana que a fez perder a sua sanidade natural? Por que a própria ideia de religião se assenta no conceito de ‘religare’, de religação, de(desconexão)? Tem o universo uma natureza pandêmica, afinal, a forma mais básica e primitiva de vida não é justamente um vírus? Perguntas incômodas precisam ser feitas.


Por que apesar da religião, qualquer que seja, basear-se no conceito de amor temos sempre presente o mito da queda, a desconexão entre o divino e o humano? Por que o conceito de guerra é tão presente nos mitos das diferentes tradições? Vemos o conceito de guerra espiritual no Bhagavad Gita, o Canto do Senhor, vemos a guerra nos céus presente no início e no fim da Bíblia, vemos caminhos chamados de ‘o caminho do samurai’, ‘o caminho do guerreiro’… o conceito de guerra nos remete a necessidade da disciplina, pois não há como travar uma batalha com esta magnitude que se nos apresenta sem  a devida disciplina, sem treinamento, sem preparação, sem a estratégia correta e sem a visão tática adequada. Só a disciplina salva não é uma afirmação exagerada. DISCIPLINA, DISCIPLINA, DISCIPLINA, eis as três recomendações de Emmanuel para seu discípulo Chico Xavier.


Não podemos conquistar saúde integral sem disciplina. Ainda mais por que devemos lutar contra hábitos antigos arraigados e implantados pelo sistema que nos quer controlar, escravizar, iludir e nos consumir. O consumidor dos produtos do sistema é consumido por ele mesmo. Consumidor é a versão nova do termo escravo.


A nossa revolução é uma revolução de mudança de hábitos visando fortalecer o nosso sistema imune de forma total, desde o físico até o espiritual.


Imunidade é uma palavra-chave em tempos de pandemia deflagrada contra a humanidade como um projeto secreto, covarde, híbrido.


Tal palavra, assim como as já citadas saúde, sanidade, santidade deve ser compreendida dentro de uma visão holística, sistêmica, integral.


Certa feita, trabalhando dentro do Instituto Gurdjieff no Rio de Janeiro, li a seguinte frase na parede da cozinha: ‘o silêncio é a maior proteção’. A frase me pareceu misteriosa apesar de sua simplicidade e objetividade. Fiquei intrigado. Tornei-me introspectivo. Tentava entender o pensamento. Como assim o silêncio é a maior proteção? No Instituto havia uma imagem de Buda. Uma conexão simbólica se revelava para mim. Silêncio e meditação tem muito a ver entre si, mas de que maneira isso se liga com proteção e imunidade? O próprio Gurdjieff dizia que alguém que é capaz de guardar silêncio quando deve fazê-lo é senhor de si mesmo. Ora, quem é senhor de si é capaz de proteger-se contra influências indevidas, deletérias, invasivas. A mente não treinada é um espaço de ninguém, no qual os pensamentos correm desencontrados, como macacos pulando de galho em galho fugindo de um predador em tremenda algazarra. Um espaço de ninguém pode ser possuído por quem dele se disponha seja o próprio ou outrem. Só uma pessoa capaz de silêncio interior é senhora de si, de sua mente. Isso requer treino, não vem de graça, necessita disciplina, advém do mérito próprio e do poder pessoal. Sem isso estamos desprotegidos, barcos à deriva na ‘menternet’ sem dono que é o espaço mental coletivo, sujeitos as pandemias mentais do medo, da preocupação, da angústia e dos mais diversos sofrimentos psíquicos.


Destarte, o silêncio interior, a disciplina mental, a meditação é a chave para a imunidade psíquica e a maior proteção que podemos ter no campo mental e emocional. Um estado de consciência em paz, profundamente amoroso, altamente realizado e intrinsecamente feliz é a base da saúde integral.



Saúde é o silêncio dos órgãos.


Iluminação é o silêncio da mente.


A saúde do espírito é a iluminação, o êxtase.


A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”, ou seja, possui uma visão holística.


A relação entre imunidade e meditação está bem estabelecida pela ciência oficial em muitas publicações científicas, são 38.500 estudos, conforme nos indica uma pesquisa no Google Acadêmico usando as palavras chaves ‘immunity’ e ‘meditation’.


Contudo, seria pedir demais que instituições oficiais e a ciência materialista tivessem uma concepção que adentrasse ao sagrado, ao místico e ao espiritual, espaço original desta ciência dos iogues, dos monges e dos iniciados que é a meditação.


Saúde é saúde total, não apenas de uma parte de nosso ser como o corpo físico.


Assim é que exporemos uma coletânea de diversas de dicas, práticas e conhecimentos que aprendemos ao longo dos últimos anos e que envolvem uma visão sistêmica da questão da saúde, que vai do físico ao espírito, tornando o conceito de saúde o centro do próprio espírito humano.


Isso me faz lembrar de uma conversa transcrita no livro Roda do Tempo, no qual o nagual Juan Matus responde ao seu aprendiz Carlos Castaneda:


— O caminho do guerreiro é tão absolutamente importante, Dom Juan? — eu lhe perguntei uma vez.


— "Absolutamente importante" é um eufemismo. O caminho do guerreiro é tudo. E o resumo da saúde mental e física. Não posso explicar de outro modo. O fato de os xamãs do México antigo terem criado tal estrutura significa, para mim, que eles estavam no auge de seu poder, no cume de sua felicidade, no ápice de sua alegria.


Até aqui a citação, portanto, o que teremos daqui por diante são pistas de nosso próprio caminho dentro do que podemos chamar de Caminho do Guerreiro, mas não nos prendamos tanto aos nomes ou as formas para sim ao caminho real da saúde total.


DR


quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Vipashyana - Meditação sobre a Vacuidade, por Sangye Khadro


Todos os ensinamentos buddhistas têm o objetivo de nos conduzir gradualmente à realização da vacuidade. Aqui, "vacuidade" significa a vacuidade de existência inerente, concreta, e a erradicação total em nossa mente deste falso modo de ver as coisas marca nosso atingimento da iluminação, do estado búddhico.

O que é "vacuidade de existência inerente"? Em termos práticos, o que isso significa? A assim-chamada "existência inerente" — da qual todos as coisas são ditas como sendo vazias — é uma qualidade que projetamos instintivamente sobre cada pessoa e coisa que experienciamos. Nós vemos as coisas como total e solidamente existentes em e por si mesmas, por sua própria parte, com sua própria natureza, bem independentes de qualquer outra coisa e condição, ou de nossa própria mente que as experiencia.

Pegue uma mesa, por exemplo. Vemos uma mesa sólida, independente, lá, tão obviamente uma mesa que até mesmo questioná-la parece ridículo. Mas onde está a mesa? Onde a sua "mesidade" está localizada? É uma de suas pernas? Ou é o seu topo? É uma de suas partes? Ou mesmo um de seus átomos? Quando ela passou a ser uma mesa? Quantas partes você deve tirar antes de ela deixar de ser uma mesa?

Se você investigar totalmente, descobrirá que simplesmente não pode encontrar a mesa que pensa estar lá. Há, entretanto, uma mesa interdependente, que muda de momento a momento, não-inerente, mas não é isto que vemos. Este é o X do problema. Nós não experienciamos a realidade nua de cada coisa e de cada pessoa, mas sim uma imagem exagerada da realidade, cheia, projetada pela nossa mente. Este erro marca cada uma de nossas experiências mentais, é bem instintivo e é a própria raiz de todos os nossos problemas.

A penetrante desordem mental começa com a apreensão errônea de nosso próprio "eu". Nós somos compostos pelo corpo — uma massa de carne, ossos e pelo — e pela mente — um fluxo de pensamentos, sentimentos e percepções. O composto é convencionalmente conhecido como "Maria", "João", "mulher", "homem". É uma aliança temporária que termina com a morte do corpo e com o fluir da mente para outras experiências.

Estes fatos rígidos, não-embelezados, podem ser inquietantes. Uma parte de nós, o ego, desejando segurança e imortalidade, inventa um "eu" inerente, independente, permanente. Não é um processo deliberado, consciente, mas ele toma lugar nas profundezas de nossa mente subconsciente.

O "eu" fantasiado aparece de maneira especialmente forte nas horas de stress, excitamento ou medo. Por exemplo, quando nós escapamos por pouco de um acidente, há um poderoso senso de um "eu" que quase sofreu morte ou dor, e que deve ser protegido. Esse "eu" não existe, é uma alucinação. Nossa aderência a este falso "eu" — conhecida como a ignorância do auto-apego — macula todas as nossas relações com o mundo. Nós somos atraídos por pessoas, lugares e situações que gratificam e mantém nossa auto-imagem, e reagiremos com medo ou animosidade a tudo que a ameace. Nós vemos todas as pessoas e coisas como definitivamente deste modo ou daquele. Assim esta raiz, o auto-apego, ramifica-se em apego, inveja, ódio, arrogância, depressão e na miríade de outros estados mentais turbulentos e infelizes.

A solução final é eliminar esta ignorância raiz com a sabedoria que realiza, em tudo o que experienciamos, a vacuidade das falsas qualidades que projetamos sobre eles. Esta é a transformação última da mente.

A vacuidade soa bem abstrata, mas de fato é muito prática e relevante para nossas vidas. O primeiro passo para entendê-la é tentar ter uma ideia do que pensamos existir; localizar, por exemplo, o "eu" em que acreditamos tão fortemente, usando o raciocínio claro na meditação analítica, ver que ele é uma mera fabricação, que é algo que nunca existiu e nem mesmo poderia existir.

Mas não exagere! Você definitivamente existe! Há um "eu" convencional, interdependente, que experiencia a felicidade e o sofrimento, que trabalha, estuda, dorme, medita e se torna iluminado. A primeira e mais difícil tarefa é distinguir entre este "eu" válido e o fabricado; geralmente nós não podemos distingui-los. Na concentração da meditação, é possível ver a diferença, reconhecer o "eu" ilusório e erradicar nossa crença habitual nele. A meditação aqui é um primeiro passo prático nessa direção.

A prática

Comece com uma meditação sobre a respiração para relaxar e acalmar sua mente. Motive-se fortemente para fazer esta meditação com o objetivo de se tornar se iluminado pelo benefício de todos os seres.

Agora, alerta como um espião, vagarosa e cuidadosamente torne-se consciente do "eu". Quem ou o quê está pensando, sentindo e meditando? Como parece que ele veio à existência? Como ele aparece para você? O seu "eu" é uma criação de sua mente? Ou é algo que existe concreta e independentemente em seu próprio direito?

Se você acha que pode identificá-lo, tente localizá-lo. Onde está o "eu"? Está na sua cabeça... nos seus olhos... no seu coração... nas suas mãos... no seu estômago... nos seus pés? Considere cuidadosamente cada parte do seu corpo, incluindo os órgãos, vasos sanguíneos e nervos. Você pode encontrar seu "eu"? Ele pode ser bem pequeno e sutil, então considere as células, os átomos, as partes dos átomos.

Depois de considerar o corpo inteiro, novamente pergunte a si mesmo como o seu "eu" manifesta sua existência aparente. Ele ainda parece ser vívido e concreto? O seu corpo é o "eu" ou não?

Talvez você pense que sua mente é o "eu". A mente é um fluxo constantemente mutante de pensamentos, de sentimentos e de outras experiências, indo e vindo em rápida alternação. Qual destes é o "eu"? É um pensamento amoroso... um pensamento furioso... um sentimento feliz... um sentimento deprimido? O seu "eu" é a mente que medita... a mente que sonha? Você pode encontrar o "eu" em sua mente?

Há qualquer outro lugar para se procurar o "eu"? Ele poderia existir em algum outro lugar ou de outro modo? Examine toda possibilidade que puder pensar.

Novamente, olhe para o modo pelo qual o seu "eu" realmente aparece, para você, como você o sente. Depois desta busca pelo "eu", você percebe alguma mudança? Você ainda acredita que ele é sólido e real como você sentia antes? Ele ainda parece existir independentemente, em e por si mesmo? Em seguida, desintegre mentalmente o seu corpo. Imagine todos os átomos se separando e flutuando. Bilhões e bilhões de partículas diminutas se espalham pelo espaço. Imagine que você realmente pode ver isto.

Agora, desintegre sua mente. Deixe flutuar cada pensamento, sentimento, sensação e percepção. Permaneça nesta experiência de espaço sem ser distraído pelos pensamentos. Quando voltar o sentimento de um "eu" independente, inerente, analise-o novamente. Ele existe no corpo? Na mente? Como ele existe?

Não faça o erro de pensar, "Meu corpo não é o 'eu' e minha mente não é o 'eu', portanto, eu não existo". Você existe, mas não do modo que intrinsecamente sente, como se fosse independente e inerente. De modo convencional, o seu "eu" existe em dependência da mente e do corpo, e esta combinação é a base para a qual o pensamento conceitual atribui um nome: "eu" ou "self" ou "Maria" ou "João". Este é o "você" que está sentado, meditando e se surpreendendo com o pensamento de que "Talvez eu não exista!"

Tudo o que existe é necessariamente dependente de causas e condições, ou de partes e nomes, por exemplo. É assim que as coisas existem convencionalmente, e entender a interdependência é a principal causa para entender a natureza última de uma coisa, sua vacuidade. A natureza convencional de algo é sua dependência de causas condições, e sua natureza última é a sua vacuidade de existência inerente, interdependente.

Pense agora sobre como o seu corpo existe convencionalmente, em dependência de pele, sangue, ossos, pernas, braços, órgãos e assim por diante. Por sua vez, cada uma dessas coisas existe em dependência de suas próprias partes: células, átomos e partículas sub-atômicas.

Pense sobre a sua mente, como ela existe em dependência de pensamentos, sentimentos, percepções, sensações. E como, por sua vez, cada uma destas existe em dependência de experiências de consciência anteriores, que deram surgimento a eles.

Agora, volte ao seu sentimento de um "self" ou "eu". Pense sobre como você existe convencionalmente, em dependência do corpo-e-mente do nome — as partes do "eu".

Quando o corpo sente fome ou frio, por exemplo, você pensa, "Eu estou como fome", "Eu estou com frio". Quando a mente tem uma ideia sobre algo, você diz, "Eu penso". Quando você sente amor por alguém, você diz, "Eu te amo". Quando você se apresenta a alguém, você diz, "Eu sou fulano". Separado deste senso de um "eu" que depende dos fluxos sempre mutantes do corpo e da mente, há um "eu" sólido, imutável e independente?

A mera ausência desse "eu" inerentemente existe é a vacuidade do "self".

Termine a sessão com uma conclusão de como você, o seu "eu", existe. Conclua dedicando sinceramente qualquer energia positiva e insight que tenha obtido à iluminação de todos os seres. Pense que esta acumulação é apenas um passo ao longo do caminho para finalmente alcançar o insight direto na vacuidade, e assim cortar a raiz do sofrimento e da insatisfação.

(McDonald, Kathleen. How to Meditate: A Practical Guide.

Editado por Robina Courtin. Ithaca: Snow Lion, 1998. Pág. 58-62.)


Sagrado Feminino: Kali.

Justamente hoje (08/03//2024) é interessante lembrar de um arquétipo do feminino que é fundamental, não só pela sincronicidade que está rola...