quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Mora, na Filosofia

                 

O Poder, em sua natureza impessoal, possui uma linguagem direta que se expressa através de tudo: dos eventos naturais, das relações sociais e das manifestações das próprias coisas ditas inanimadas, deixando sua marca registrada através de coincidências significativas, sincronicidades. 

Estar atento e sintonizado para essas comunicações não verbais é a tarefa do aprendiz de Xamanismo. Tais comunicações não verbais expressam a linguagem silenciosa, a linguagem sem linguagem do Poder, do Intento, do Nagual. 

O silêncio interior é a matrix deste conhecimento silencioso que exige do aprendiz uma condição física perfeita e uma mente estável para revelar os seus arcanos. 

Aqui, na verdade, estamos diante de um outro sistema cognitivo, de uma nova epistemologia, de uma práxis da fenomenologia, como disse certas vez o nagual de 3 pontas, que nos permite transpor os limites kantianos e responder de forma prática à Schopenhauer, e, assim, o Xamanismo torna-se a ponte real e perceptiva que nos leva do fenômeno para o númeno, da representação para o real, da descrição para a coisa em si.





quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Uma heresia?

A heresia das heresias era o bom senso - George Orwell.


No Absolutismo havia o chamado direito divino dos reis ao trono. E como os reis eram os representantes de Deus na Terra eles eram considerados perfeitos e não podiam errar: 

"The King can do no wrong". 

Conseguimos superar essa concepção. Mas não superamos a ideia original que deu sustentação ao absolutismo dos reis, o absolutismo divino, pois ainda encaramos Deus, o senhor supremo e rei do Universo, como perfeito e infalível, segundo a visão teísta tal como a que marca a nossa cultura. 

Perfeição é igual a Deus, eis uma concepção que precisa ser questionada, pois essa hipótese vai além do dualismo teísmo e ateísmo (algumas pessoas são ateias devido a incongruência da ideia de Deus como ser perfeito ter criado algo tão imperfeito, por exemplo, como nós), pois se Deus não é perfeito, questão que tem a marca da heresia própria do pensamento independente, se o Criador é imperfeito e sujeito ao erro, então, poderíamos entender por que no Universo e na Natureza há a marca da violência, típica de Caim, por que existe esse aspecto predatório tão marcado na existência. 

O próprio universo criado como uma distopia.

Se o Criador é imperfeito pode-se entender perfeitamente a expressão contida em Gênesis de que nós fomos feitos à imagem e à semelhança do Criador, afinal diz o ditado popular: Filho de peixe, peixinho é. 

Vejo o brilho da navalha de Ockham. 

Sinto o ardor das fogueiras inquisitoriais.

Em algumas mitologias (em certas linhagens gnósticas, por exemplo) é indicado que a criação tem problemas por que o Criador é imperfeito, tido até como maligno. Em todas as mitologias vemos os Deuses com um comportamento tipicamente humano e justificamos isso como uma projeção. Mas e se não for uma projeção? E se os Deuses forem imperfeitos como bem vemos pelo comportamento deles narrado em tantas mitologias? E se não conseguimos simplesmente perceber isso por estarmos presos ao paradigma do absolutismo divino no qual o Criador não erra? 

Isso jogaria sobre nós uma grande responsabilidade, pois não estaríamos aqui para sermos salvos por Deus, mas para salvá-lo através de nosso próprio aperfeiçoamento como seres humanos.

Nosso amor teria que ser tão grande que isto nos tornaria quem sabe divinos, pois o nosso perdão se estenderia até aos deuses.

Mas talvez isso não passe de mais uma heresia...



terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Por que vivemos numa sociedade de idiotas? Escuta, Zé Ninguém! Por John Nada.

"Tomei a resolução de fazer a minha tarefa resoluta e honestamente. Deve ser duro e difícil viver no mundo. Em primeiro lugar, resolvi ser cortês e sincero como todo o mundo. “Ninguém deve esperar mais do que isso, de mim. Talvez aqui também me olhem como uma criança; não faz mal.” Todo o mundo me toma por um idiota e isso também pela mesma
razão. Outrora estive tão doente que realmente parecia um idiota. Mas posso eu ser idiota, agora, se me sinto apto a ver, por mim próprio, que todo o mundo me toma por um idiota? Quando cheguei, pensei: “Bem sei que
me tomam por um idiota; todavia tenho discernimento e eles não se dão conta disso!…” - O Idiota, de Dostoievski.

Não, não quero ofender a ninguém, até pelo fato mesmo de me incluir em tal condição como participante de tal sociedade.

E como idiota que sou recorro ao dicionário, o pai dos burros, para descobrir-me, para revelar-me, para entender a minha origem e vejo que idiota vem do grego idios, que significa pessoal, privado, particular, como em idiossincrasia, a maneira própria de uma pessoa reagir a um evento qualquer.

Assim idiota não tem nada de mais, não é ofensivo, é até comum, comum a todos, é um comunismo comportamental a idiotia. E talvez seja aí que a porca torce o rabo, e talvez esteja justamente aí o problema, afinal, quem quer ser comum, quem quer ser medíocre, mediano, morno, aquele que não fede e nem cheira? Ninguém. Ninguém quer ser ninguém. Todos querem ser algo nesta vida de meu Deus (em grego Dios, curioso não?).

Assim a palavra idiota vai do particular - idios - ao comum - medíocre. E isso é uma evolução no entendimento da palavra, o que nos mostra uma aparente contradição, algo próprio dos idiotas.

E é comum a todos nós aquele desejo de se destacar, aparecer, ter aqueles 15 minutos de fama, todos querem ser reconhecidos, o zé ninguém (de Wilhem Reich ou ainda o John Nada, de Eles Vivem) quer ser algo, e para tal é necessário que o idiota, seguindo aquilo que é valorizado pela sociedade (de idiotas), adquira certos bens, obtenha certas coisas ou manifeste determinados valores ou atitudes. Ou seja, o idiota quer ser valorizado pela sociedade de idiotas e aí está o paradoxo. O idiota quer ser um idiota especialmente valorizado pelos outros idiotas, quer ser popular, quer ser eleito, quer se reverenciado, quer chamar a atenção a todo custo, mesmo que isso custe a sua vida ou a sua liberdade.

Eis uma das marcas distintivas do idiota, querer ser especialmente reconhecido como tal pela sociedade: reconhecimento social. 

Por isso as redes sociais se tornaram o espaço de predileção para tal tipo de manifestação, que abunda como erva daninha a esparramar-se por todo o canto. Todos dias nos jornais, nas redes, nas mídias vemos flagrantes disso. Alguns escabrosos. Como o que vi hoje: um jovem que assaltava apartamentos de luxo no litoral paulista e que ao fazê-lo tirava selfies de si mesmo, ostentando os produtos de seu roubo, enquanto era filmado pelas câmeras de segurança. Verdadeiro narciso larápio, adorador de si, mais preocupado em aparecer do que em furtar, um autêntico meliante carente, inclusive de inteligência.

Não há como não nos ver em tal marginal, nesta sociedade nos espelhamos, difícil é ver-se no outro, já que a revelação beira ao grotesco e auto-revelação pode ser chocante, pois tudo o que se quer, tudo o que um idiota deseja é roubar a atenção de alguém, alguns likes, alguns cliques para poder dizer a si próprio: sou reconhecido, logo existo. 

Vultus ergo sum.  

O idiota, sobretudo, não percebe que a única forma real de valorizar-se é deixando de ser o que é, mas o preço a se pagar é alto demais, é como naquela história que vi certa vez no filme Serpico (1973), com Al Pacino, um filme que fala de um policial honesto que trabalhava disfarçado para departamento de entorpecentes em NY. A namorada de Serpico deitada na cama contou uma lenda que resumia a história do próprio Serpico:

"Certa vez um homem santo recebeu uma revelação de um anjo que o Diabo iria envenenar todas as águas do mundo de uma tal maneira que os humanos se esqueceriam de quem eram. O homem santo fez uma reserva de água para si mesmo e evitou beber das águas do mundo dali por diante. Com o esquecimento generalizado o homem santo tentou revelar aos outros humanos quem eles eram de fato, mas acabou sendo perseguido como louco, afinal, só ele afirmava aquele absurdo de que os humanos estavam alienados de si mesmos. Perseguido e a beira de ser assassinado o homem santo disse para a multidão que o acossava: - Esperem! Eu sei como me curar! - E bebeu das águas do mundo".

Eis a história do "novo normal".

Das águas do mundo quase todos acabam por beber, mas se não queres fazê-lo evita de querer fazer como o homem santo, segue por outro caminho, "o caminho do homem astuto", como diria Gurdjieff, uma das possibilidades, dizem, de deixar de ser um idiota. Algo muito difícil, mas não tanto quanto fazer parte da sociedade da idiotia. Mas, talvez, pior ainda é ficar no meio do caminho, num limbo, onde não se é nem uma coisa e nem outra.



Jesus tá voltando!

Certa vez andava pela rua e um crente me disse de cima de sua bicicleta: 

Jesus tá voltando!

Muita gente boa acredita nisso.

Tem os que acham até que essa vinda vai coincidir com a apresentação oficial dos extraterrestres em naves para toda a humanidade no contexto da chamada transição planetária.

Mas eu me pergunto se eles leram a Bíblia, pois lá está escrito que a 2ª vinda já ocorreu!

Isto está em Mateus 24:34, Marcos 13:30 e Lucas 21:32, conforme:

Jesus disse: "Em verdade vos digo que não passará ESTA GERAÇÃO sem que todas essas coisas se cumpram."

O pronome "esta" e a palavra "geração" não permitem interpretação para além do que está escrito. 

Mas há sempre aqueles que forçam a mão hermenêutica para sustentar a moeda de troca da esperança, sem a qual não se apascenta o rebanho. E já o fazem há dois mil anos, mostrando assim a elasticidade infinita da ilusão.

Ora, por esta leitura a 2ª vinda já se deu, e eu diria até que foi quando ele entregou os Evangelhos Apócrifos: de Tomé, Secreto de João,  de Maria Madalena, Pistis Sophia, dentre outros.

A palavra foi cumprida, mas não foi entendida, ou foi entendida, porém foi mal interpretada. E até mesmo negada no caso dos Evangelhos Apócrifos. Estes marcam uma outra ressurreição do ensino crístico.

Assim não foram só os judeus que não reconheceram Jesus como messias, mas os cristãos não aceitaram Jesus em sua 2ª vinda, a ponto de terem renegado, perseguido e matado os gnósticos que foram responsáveis pelo legado de Jesus ressurrecto, legado que ressurgiu em 1945 através da biblioteca de Nag Hammadi, de onde se extrai o seguinte aforismo 39 do Evangelho de Tomé:

Jesus disse: "Os fariseus e os escribas tomaram as chaves da gnosis. Eles não entraram nem deixaram entrar aqueles que queriam entrar. Vós, no entanto, sede sábios como as serpentes e mansos como as pombas."

Mas para além da 2ª vinda o que realmente importa é se seremos capazes de compreender e praticar os seus ensinos e assim realizar um verdadeiro natal em nossos corações e em nossas mentes, pois como já disse o professor Hermógenes:

Na verdadeira religião

o templo é o corpo

o altar, o coração;

o silêncio, a prece;

a oferenda nós mesmos

e o Natal cada segundo de nossas vidas.





domingo, 24 de dezembro de 2023

A verdadeira história do Natal

A humanidade comemora essa data desde bem antes do nascimento de Jesus. Conheça o bolo de tradições que deram origem à Noite Feliz - por Thiago Minami e Alexandre Versignassi na Revista Superinteressante.

Roma, século 2, dia 25 de dezembro. A população está em festa, em homenagem ao nascimento daquele que veio para trazer benevolência, sabedoria e solidariedade aos homens. Cultos religiosos celebram o ícone, nessa que é a data mais sagrada do ano. Enquanto isso, as famílias apreciam os presentes trocados dias antes e se recuperam de uma longa comilança.

Mas não. Essa comemoração não é o Natal. Trata-se de uma homenagem à data de "nascimento" do deus persa Mitra, que representa a luz e, ao longo do século 2, tornou-se uma das divindades mais respeitadas entre os romanos. Qualquer semelhança com o feriado cristão, no entanto, não é mera coincidência.

A história do Natal começa, na verdade, pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus. É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo bem prático: celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de dezembro. Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. É o ponto de virada das trevas para luz: o "renascimento" do Sol. Num tempo em que o homem deixava de ser um caçador errante e começava a dominar a agricultura, a volta dos dias mais longos significava a certeza de colheitas no ano seguinte. E então era só festa. Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa, enquanto os egípcios relembravam a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Na China, as homenagens eram (e ainda são) para o símbolo do yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até povos antigos da Grã-Bretanha, mais primitivos que seus contemporâneos do Oriente, comemoravam: o forrobodó era em volta de Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano.

A comemoração em Roma, então, era só mais um reflexo de tudo isso. Cultuar Mitra, o deus da luz, no 25 de dezembro era nada mais do que festejar o velho solstício de inverno - pelo calendário atual, diferente daquele dos romanos, o fenômeno na verdade acontece no dia 20 ou 21, dependendo do ano. Seja como for, esse culto é o que daria origem ao nosso Natal. Ele chegou à Europa lá pelo século 4 a.C., quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente Médio. Centenas de anos depois, soldados romanos viraram devotos da divindade. E ela foi parar no centro do Império.

Mitra, então, ganhou uma celebração exclusiva: o Festival do Sol Invicto. Esse evento passou a fechar outra farra dedicada ao solstício. Era a Saturnália, que durava uma semana e servia para homenagear Saturno, senhor da agricultura. "O ponto inicial dessa comemoração eram os sacrifícios ao deus. Enquanto isso, dentro das casas, todos se felicitavam, comiam e trocavam presentes", dizem os historiadores Mary Beard e John North no livro Religions of Rome ("Religiões de Roma", sem tradução para o português). Os mais animados se entregavam a orgias - mas isso os romanos faziam o tempo todo. Bom, enquanto isso, uma religião nanica que não dava bola para essas coisas crescia em Roma: o cristianismo.

Solstício cristão

As datas religiosas mais importantes para os primeiros seguidores de Jesus só tinham a ver com o martírio dele: a Sexta-Feira Santa (crucificação) e a Páscoa (ressurreição). O costume, afinal, era lembrar apenas a morte de personagens importantes. Líderes da Igreja achavam que não fazia sentido comemorar o nascimento de um santo ou de um mártir - já que ele só se torna uma coisa ou outra depois de morrer. Sem falar que ninguém fazia ideia da data em que Cristo veio ao mundo - o Novo Testamento não diz nada a respeito. Só que tinha uma coisa: os fiéis de Roma queriam arranjar algo para fazer frente às comemorações pelo solstício. E colocar uma celebração cristã bem nessa época viria a calhar - principalmente para os chefes da Igreja, que teriam mais facilidade em amealhar novos fiéis.

Aí, em 221 d.C., o historiador cristão Sextus Julius Africanus teve a sacada: cravou o aniversário de Jesus no dia 25 de dezembro, nascimento de Mitra. A Igreja aceitou a proposta e, a partir do século 4, quando o cristianismo virou a religião oficial do Império, o Festival do Sol Invicto começou a mudar de homenageado. "Associado ao deus-sol, Jesus assumiu a forma da luz que traria a salvação para a humanidade", diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp.

Assim, a invenção católica herdava tradições anteriores. "Ao contrário do que se pensa, os cristãos nem sempre destruíam as outras percepções de mundo como rolos compressores. Nesse caso, o que ocorreu foi uma troca cultural", afirma outro historiador especialista em Antiguidade, André Chevitarese, da UFRJ.

Não dá para dizer ao certo como eram os primeiros Natais cristãos, mas é fato que hábitos como a troca de presentes e as refeições suntuosas permaneceram. E a coisa não parou por aí. Ao longo da Idade Média, enquanto missionários espalhavam o cristianismo pela Europa, costumes de outros povos foram entrando para a tradição natalina. A que deixou um legado mais forte foi o Yule, a festa que os nórdicos faziam em homenagem ao solstício. O presunto da ceia, a decoração toda colorida das casas e a árvore de Natal vêm de lá. Só isso.

Outra contribuição do norte foi a ideia de um ser sobrenatural que dá presentes para as criancinhas durante o Yule. Em algumas tradições escandinavas, era (e ainda é) um gnomo quem cumpre esse papel. Mas essa figura logo ganharia traços mais humanos.

Nasce o Papai Noel

Ásia Menor, século 4. Três moças da cidade de Myra (onde hoje fica a Turquia) estavam na pior. O pai delas não tinha um gato para puxar pelo rabo, e as garotas só viam um jeito de sair da miséria: entrar para o ramo da prostituição. Foi então que, numa noite de inverno, um homem misterioso jogou um saquinho cheio de ouro pela janela (alguns dizem que foi pela chaminé) e sumiu. Na noite seguinte, atirou outro; depois, mais outro. Um para cada moça. Aí as meninas usaram o ouro como dotes de casamento - não dava para arranjar um bom marido na época sem pagar por isso. E viveram felizes para sempre, sem o fantasma de entrar para a vida, digamos, "profissional". Tudo graças ao sujeito dos saquinhos. O nome dele? Papai Noel.

Bom, mais ou menos. O tal benfeitor era um homem de carne e osso conhecido como Nicolau de Myra, o bispo da cidade. Não existem registros históricos sobre a vida dele, mas lenda é o que não falta. Nicolau seria um ricaço que passou a vida dando presentes para os pobres. Histórias sobre a generosidade do bispo, como essa das moças que escaparam do bordel, ganharam status de mito. Logo atribuíram toda sorte de milagres a ele. E um século após sua morte, o bispo foi canonizado pela Igreja Católica. Virou são Nicolau.

Um santo multiuso: padroeiro das crianças, dos mercadores e dos marinheiros, que levaram sua fama de bonzinho para todos os cantos do Velho Continente. Na Rússia e na Grécia Nicolau virou o santo nº1, a Nossa Senhora Aparecida deles. No resto da Europa, a imagem benevolente do bispo de Myra se fundiu com as tradições do Natal. E ele virou o presenteador oficial da data. Na Grã-Bretanha, passaram a chamá-lo de Father Christmas (Papai Natal). Os franceses cunharam Pére Nöel, que quer dizer a mesma coisa e deu origem ao nome que usamos aqui. Na Holanda, o santo Nicolau teve o nome encurtado para Sinterklaas. E o povo dos Países Baixos levou essa versão para a colônia holandesa de Nova Amsterdã (atual Nova York) no século 17 - daí o Santa Claus que os ianques adotariam depois. Assim o Natal que a gente conhece ia ganhando o mundo, mas nem todos gostaram da idéia.

Natal fora-da-lei

Inglaterra, década de 1640. Em meio a uma sangrenta guerra civil, o rei Charles 1º digladiava com os cristãos puritanos - os filhotes mais radicais da Reforma Protestante, que dividiu o cristianismo em várias facções no século 16.

Os puritanos queriam quebrar todos os laços que outras igrejas protestantes, como a anglicana, dos nobres ingleses, ainda mantinham com o catolicismo. A ideia de comemorar o Natal, veja só, era um desses laços. Então precisava ser extirpada.

Primeiro, eles tentaram mudar o nome da data de "Christmas" (Christ's mass, ou Missa de Cristo) para Christide (Tempo de Cristo) - já que "missa" é um termo católico. Não satisfeitos, decidiram extinguir o Natal numa canetada: em 1645, o Parlamento, de maioria puritana, proibiu as comemorações pelo nascimento de Cristo. As justificativas eram que, além de não estar mencionada na Bíblia, a festa ainda dava início a 12 dias de gula, preguiça e mais um punhado de outros pecados.

A população não quis nem saber e continuou a cair na gandaia às escondidas. Em 1649, Charles 1º foi executado e o líder do exército puritano Oliver Cromwell assumiu o poder. As intrigas sobre a comemoração se acirraram, e chegaram a pancadaria e repressões violentas. A situação, no entanto, durou pouco. Em 1658 Cronwell morreu e a restauração da monarquia trouxe a festa de volta. Mas o Natal não estava completamente a salvo. Alguns puritanos do outro lado do oceano logo proibiriam a comemoração em suas bandas. Foi na então colônia inglesa de Boston, onde festejar o 25 de dezembro virou uma prática ilegal entre 1659 e 1681. O lugar que se tornaria os EUA, afinal, tinha sido colonizado por puritanos ainda mais linha-dura que os seguidores de Cronwell. Tanto que o Natal só virou feriado nacional por lá em 1870, quando uma nova realidade já falava mais alto que cismas religiosas.

Tio Patinhas

Londres, 1846, auge da Revolução Industrial. O rico Ebenezer Scrooge passa seus Natais sozinho e quer que os pobres se explodam "para acabar com o crescimento da população", dizia. Mas aí ele recebe a visita de 3 espíritos que representam o Natal. Eles lhe ensinam que essa é a data para esquecer diferenças sociais, abrir o coração, compartilhar riquezas. E o pão-duro se transforma num homem generoso.

Eis o enredo de Um Conto de Natal, do britânico Charles Dickens. O escritor vivia em uma Londres caótica, suja e superpopulada - o número de habitantes tinha saltado de 1 milhão para 2,3 milhões na 1ª metade do século 19. Dickens, então, carregou nas tintas para evocar o Natal como um momento de redenção contra esse estresse todo, um intervalo de fraternidade em meio à competição do capitalismo industrial. Depois, inúmeros escritores seguiram a mesma linha - o nome original do Tio Patinhas, por exemplo, é Uncle Scrooge, e a primeira história do pato avarento, feita em 1947, faz paródia a Um Conto de Natal. Tudo isso, no fim das contas, consolidou a imagem do "espírito natalino" que hoje retumba na mídia. Quer dizer: quando começar o próximo especial de Natal da Xuxa, pode ter certeza de que o fantasma de Dickens vai estar ali.

Outra contribuição da Revolução Industrial, bem mais óbvia, foi a produção em massa. Ela turbinou a indústria dos presentes, fez nascer a publicidade natalina e acabou transformando o bispo Nicolau no garoto-propaganda mais requisitado do planeta. Até meados do século 19, a imagem mais comum dele era a de um bispo mesmo, com manto vermelho e mitra - aquele chapéu comprido que as autoridades católicas usam. Para se enquadrar nos novos tempos, então, o homem passou por uma plástica. O cirurgião foi o desenhista americano Thomas Nast, que em 1862, tirou as referências religiosas, adicionou uns quilinhos a mais, remodelou o figurino vermelho e estabeleceu a residência dele no Pólo Norte - para que o velhinho não pertencesse a país nenhum. Nascia o Papai Noel de hoje. Mas a figura do bom velhinho só bombaria mesmo no mundo todo depois de 1931, quando ele virou estrela de uma série de anúncios da Coca-Cola. A campanha foi sucesso imediato. Tão grande que, nas décadas seguintes, o gorducho se tornou a coisa mais associada ao Natal. Mais até que o verdadeiro homenageado da comemoração. Ele mesmo: o Sol.

Quem são os vossos deuses?

Assim como vocês descobriram a verdade sobre o Coelhinho da Páscoa, Papai Noel e a Fadinha do Dente de Lei­te, vão descobrir que existe um cenário, uma história, uma versão idealizada em torno de muitas destas energias que têm vindo a cultuar como deuses.

A energia predominante neste planeta sifona (drena) os vossos sistemas religiosos segundo a sua própria vontade. Ela extrai fluxos de energia incríveis, e esta energia está viva.

Foi dito a vocês que todos os vossos pensamentos criam mundos: eles são reais - eles vão para algum lugar.

Existem cinco bilhões e meio de pessoas (o texto foi escrito nos anos 90 do século XX) pensando neste instante. Toda esta energia está viva na Terra.

Qual é o sentimento predominante dentro dessa energia e o que pode convencer ou coagir a sua exibição? Não estamos aqui para dizer quem está certo ou erra­do, ou quem é quem dentro da hierarquia. Queremos sim­plesmente desfazer as vossas ilusões, alertá-los para aquilo que foram induzidos a acreditar.

A nossa intenção é sugerir que pensem maior. Sintam a importância da perda que ocorrerá dentro desta energia predominante, quando um número cada vez maior de vocês deixar de vibrar de acordo com este plano. Pensem o que podem fazer quando vencerem esta modulação de frequência ou a insistência da vossa mente lógica e, impe­cavelmente, permanecerem límpidos como Portadores de Frequência.

Lembrem-se que identidade como frequência é a soma total da irradiação como pulsações eletromagnéticas dos vossos corpos físico, mental, emocional e espiritual. Todas as vezes que possuírem o que alguém estava sifonando (drenando) e culti­varem isso de acordo com a vossa vontade própria, vocês mudam a vibração do planeta. Como destruidores de sistemas, esta é uma das tarefas que desempenham com mais habilidade. Nós não queremos depreciar ou desprezar o que usaram até agora como instru­mentos, queremos apenas que se desfaçam de seus velhos ins­trumentos.

Vocês estão dedicando reverência e lealdade a sistemas de crenças que já não lhes servem mais, da mesma forma que vai chegar o dia em que cada um de vocês terá ultrapassado os ensinamentos que estamos ministrando ago­ra. Outra energia será capaz de dizer: "Bem, quando os Pleiadianos estavam lhes mostrando isto, era muito bom. Eles dirigiram vocês até aqui. Deixem-nos levá-los adiante. A evo­lução não para, nem há nada que tenha sido ensinado neste planeta que represente a verdade suprema. Na medida em que forem recuperando a história de vos­so passado reptiliano, perceberão que muitas características que influenciaram o sistema patriarcal da história faziam, na verdade, parte da família dos répteis (predadores, reptilianos, raça alienígena que num passado remoto assenhorou-se da raça humana. Tal raça é descrita por diversos autores a partir dos anos 90. São eles: Carlos Castaneda, Miguel Ruiz, Bárbara Marciniak, William Bramley, Alex Collier, David Icke, Credo Mutuwa, dentre outros).

Assim, como os humanos não são maus, o mesmo ocorre com os répteis. Eles não contêm menos parte do Criador Primordial que vocês, nem sua aparência ou fisiologia são inferiores. Os mestres geneticistas são capazes de ocupar muitas formas diferentes. É compreensível que parte da dificuldade de se trabalhar com uma espécie isolada seja o choque que pode ocorrer com a revelação completa da verdade. Existiram e existem muitos outros deuses criadores, mas apenas alguns possuem a forma humana. Atualmente, a inquie­tação e o desconforto que vocês sentem em relação à aparência dos répteis advém de sua forma, que lhes é muito estranha.

Os deuses criadores estão voltando para a Terra, é por isso que o planeta está passando por perturbações tão gran­des. Conforme forem aprendendo a sustentar as frequências vindas dos raios cósmicos criativos, vocês estarão, cada vez mais, preparados para encontrar estes deuses. Como já disse­mos, alguns deles já estão aqui. Andam pelas ruas, vão a suas academias, participam do vosso governo e dos vossos locais de trabalho. Estão aqui para observar e para dirigir energia. Alguns deles vieram para os ajudar, outros estão aqui para aprender e evoluir. Existem ainda outros que não possuem intenções tão elevadas.

Precisam aprender como discernir entre as energias ex­traterrestres. Este é um universo de livre-arbítrio, portanto todas as formas de vida são permitidas aqui. Se uma energia procura amedrontá-los, manipulá-los, controlá-los, não é uma energia interessante para se trabalhar com ela. Vocês esco­lhem com quem trabalhar. 

O fato de uma entidade ter desen­volvido capacidades fantásticas e aparentemente mágicas, não significa necessariamente que ela seja desenvolvida espiri­tualmente.

Aprendam a discernir. 

Vocês estão vivendo uma época importantíssima em que a energia está chegando viva. Tudo o que estão sentindo é o resultado de estarem despertando os vossos potenciais ador­mecidos. Um vendaval está soprando, mostrando-lhes que há muita agitação rolando no ar.

Os deuses estão aqui. Vocês são estes deuses.

À medida que forem despertando para a vossa história, os vossos olhos da antiguidade abrir-se-ão. São os olhos de Hórus, que enxergam através dos olhos do ser humano, mas da perspectiva de um deus. Eles veem a conexão e o pro­pósito de todas as coisas, pois são capazes de enxergar diver­sas realidades e unificá-las num quadro global revelando a história inteira. Quando forem abertos dentro de vocês os olhos da antiguidade, serão capazes de conectar-se com a história pessoal de cada um, com a história planetária, a história galáctica e a história universal. Aí, então, vocês vão descobrir quem são os vossos deuses.

Bárbara Marciniak - Mensageiros do Amanhecer - baixe o livro AQUI!

Feliz Natal!

Deus não tem religião, portanto nenhum ser humano deveria ter uma religião.

Deus não precisa de nós, então não precisa de religião.

A religião é uma invenção humana, uma forma de controle social, um amortecedor psicológico para o nosso medo do desconhecido e da morte.

Todas as formas religiosas são abominações que pretendendo agradar a Deus revelam a ignorância e o ego humano, causando divisões e guerras entre os humanos.

Nós precisamos de Deus, no sentido que devemos buscar a nossa unidade, e se Deus não precisa de religião nós também não. Precisamos nos unir a Deus e não à religião.

Cultuar a Deus é cultivar a Deus e só podemos fazê-lo em nós mesmos.

Sem religião o ser humano pode encontrar Deus no único lugar onde ele deve procurar: dentro de si mesmo.

 E este seria o feliz natal, o nascimento da Divindade dentro de cada ser humano para além das calendas, das datas hipócritas e das celebrações artificiais.

Ou como diria o memorável professor Hermógenes:

Na verdadeira religião
O templo é o corpo.
O altar, o coração.
O silêncio, a prece.
A oferenda, nós mesmos.
E o natal cada segundo de nossas vidas.


  




Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 2 - por Nuvem que Passa

Vivemos em uma civilização globalizada. O fato é que hoje, em termos de mundo, estamos integrados de uma forma muito intensa. Se algo aconte...