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quarta-feira, 1 de maio de 2024

Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 2 - por Nuvem que Passa


Vivemos em uma civilização globalizada. O fato é que hoje, em termos de mundo, estamos integrados de uma forma muito intensa. Se algo acontecer agora no Japão quase que imediatamente vamos ficar sabendo. Provavelmente, uma pessoa na zona rural do Japão, que esteja longe dos meios de comunicação, pode demorar mais a saber de um evento importante que aconteceu em uma cidade vizinha, do que uma pessoa morando do outro lado do mundo.

Criamos uma série de interconexões entre os países e os povos desses países. Agora mesmo estou conectado à internet, trocando informações online com pessoas em vários lugares do mundo. Esta nova forma de interagir cria um modo de perceber o mundo bem diferente das gerações anteriores. Alvin Toffler o chamou de 3ª Onda¹.

Quando olhamos para o passado para compreender as origens do que hoje denominamos Xamanismo, Magia e Bruxaria, temos que ir muito além de uma leitura intelectual de pretensas descrições históricas.

Temos que recuperar a liberdade de perceber além do que nos impuseram como realidade. Para irmos de fato as origens de tais facetas da ARTE temos que ir além do próprio conceito mundano de tempo, tal qual ele se manifesta em sua vida, este tempo dos relógios que te mantém servil. Este tempo é fruto da construção de uma realidade que é hoje dominante neste mundo.

Esta realidade foi desenvolvida a partir de elementos de diversas culturas. Tem influência dos egípcios, persas, helenos, hebreus, romanos… Vem caminhando em um jogo crescente entre grupos antagônicos que querem o poder sobre outros. Imperialismo e conquista é sua meta. Temos que estar bem atentos a estes aspectos manipuladores, a este pano de fundo imperialista que impregna toda a base existencial da chamada “sociedade contemporânea”.

Temos que estar atentos pois esta sociedade criada assepticamente em projetos de colaboração entre estes e estas que querem tudo dominar também criaram pseudo-caminhos, pseudo-xamanismo, pseudo-bruxaria e pseudo-magia, esperando por aqueles(as) que querem apenas fantasias, arrepios e brincadeiras de salão. Assim agitam a luz astral, brincam com fantasias mas permanecem limitadas ao reflexo de seu interior inconstante. 

O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria são formas de abordar a realidade que podem ser usadas no mundo cotidiano de forma discreta e com um grau de eficiência incrível. Após eras de perseguição e dominação, aqueles homens e mulheres que de fato trilham esses caminhos se tornaram hábeis em serem discretos, quase sumidos, deixando entrar em seus círculos, vez por outra, pessoas que ainda estão operando a partir de uma visão de mundo estreita ditada pelo establishment, para que voltem e contem o que viram.

Quando olhamos o mundo, notamos que em um certo momento uma doença começa a atacar o organismo formado por todos os homo sapiens no planeta. Em vários locais a guerra de conquista e dominação, o transformar de seres em objetos, se tornam a proposta fundamental de nações e clãs.

Vamos observar este estado de consciência ir tomando área após área do Globo, as guerras de conquista do Império Romano, depois os impérios Cristãos e agora o neocolonialismo chamado ‘globalização’, onde os neocristãos com seus valores consumistas pretendem manter toda a humanidade sob sua descrição da realidade.

Há muito o que refletir aqui, pois Xamanismo, Magia e Bruxaria são heranças de outros tempos, dos tempos dos povos livres que iam e vinham pelos caminhos naturais do mundo. O presente modelo de realidade que hoje nos foi imposto, foi habilmente implantado em um projeto organizado que opera de forma sistematizada desde bem antes de Júlio César e Cleópatra, das Cruzadas e da Inquisição, e segue sempre em frente como um câncer pretendendo dominar sozinho todo o mundo.

Xamãs, Magistas e Bruxos(as) são herdeiros(as) da ancestralidade, que durante o treinamento são agudamente conscientizados de como o mundo ‘oficial’ é um campo de escravos, onde o dom da vida é cooptado por coletivos, no qual os seres humanos servem apenas como extensões biológicas de uma grande mecanismo, inconscientes do papel que desempenham.

As tradições ancestrais nos contam como funcionava o mundo no passado. Nos contam como foi a lenta queda dos povos ancestrais que viviam em harmonia com a Terra. Os conquistadores trouxeram consigo doenças físicas e existenciais e contaminaram os povos originários com ambas, matando assim em corpo e espírito milhões de nativos em poucos anos.

O passado ao qual me refiro está além do passado racional, mergulha no passado mítico, mas no mito vivo e não no mito congelado. Um passado além do tempo, onde as tradições que comentamos têm suas raízes profundas, onde a base é ao mesmo tempo a nutridora. Quando era comum, e não exceção, o estado de liberdade, de estar desperto, de perceber outras realidades, de ir e vir por mundos outros que não este.

Nesse ‘passado’ ao qual me refiro temos povos vivendo de forma muito diferente da atual, povos lidando com as diferentes realidades em seu cotidiano, assim como utilizando outras formas de interpretação.

Este passado lançou caminhos de existência alternativos, nos quais nem todas as linhas conduzem à destruição e subjugação, que são as condições que nos geraram. Mas algumas linhas² conduzem a mundos paralelos e criam vidas diferentes que agora coexistem com aquelas que habitam todos os continentes deste planeta. Pode-se dizer até que são mais reais do que a vida percebida através do ‘senso comum’, por serem extremamente livres e conscientes, em contraste com este mundo, o qual está quase todo escravizado.

Em certos ritos e práticas realizadas, utilizando-se de habilidades que o aprender efetivo nestes caminhos desperta, podemos ir até esse passado diferente, mas temos que ter cuidado para não "onirizar" o que vemos. Podemos ficar limitados ao tentar interpretar a energia percebida se utilizarmos como base um repertório ordinário, fruto de um sistema escravizante.

É importante lembrar que só compreendemos um caminho quando somos unos(as) com o caminho. As raízes da Magia, do Xamanismo e da Bruxaria vem de um tempo onde estávamos naturalmente conectados com a VIDA e seus fluxos, e o Ser Terra que nós habitamos era respeitado, como um feto respeita o ventre que lhe gera. Quem leu a carta do Chefe Seattle ao então presidente dos EUA notará tal consciência que hoje chamaríamos de ecológica. Assim o modo de interagir com a realidade dos povos nativos é muito distante dos modos que surgiram com o desenvolvimento dos impérios e seus modos de domínio.

Quando os humanos começaram a instituir a escravidão entre si ocorreu algo inédito. Pela primeira vez, propositadamente, indivíduos da mesma espécie começam a enfraquecer uns aos outros para se aproveitarem através de forte subjugação. O modo de vida que estava pouco a pouco dominando a espécie humana no planeta é um sistema onde pequenos grupos cuidam de condicionar, do berço à maturidade, novos membros de sua própria espécie para serem servis através da alienação individual com relação a verdadeira natureza do ser. Aproveitando-se de carências naturais ou geradas pela engenharia social através da religião, mídia, sistemas de governo e mecanismos financeiros, políticos e militares, conseguiram transformar a sociedade homo sapiens neste estado de coisas que percebemos hoje. Estamos a beira de um abismo, caminhando em direção ao colapso e aparentemente o sofrimento e a destruição tendem apenas a aumentar. Mesmo assim os pseudo-donos e donas do mundo continuam insistindo em sua empreitada egoica.

Os seres humanos são criados como rebanhos. “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”. Senhor, domine, domínio. Quem já andou por granjas e anda pelas cidades ‘grandes’ vê que o sistema de empilhar as galinhas em cubículos sobrepostos e dar-lhes ração e água criou variações interessantes quando aplicado à espécie humana cativa.

Criaram dispositivos como rádios, televisores e telefones que induzem os seres humanos a não desenvolverem a habilidade de usar a própria consciência como veículo para viajar a outros lugares, assim como um conforto para apaziguar e distrair as pessoas com relação aquilo que está verdadeiramente de fato se passando neste mundo.

De Potosi, das minas de prata e ouro no ‘novo mundo’, que invadido pelos conquistadores e pela varíola quase desapareceu da existência, passando pelas explorações que acontecem agora na qual povos nativos são escravizados de formas diversas, das mais óbvias as mais sutis, em todos esses momentos há uma guerra. Os conquistadores e escravizadores subjugando e destruindo o povo nativo em essência e forma, quer pela morte, quer pela escravidão.

E tu que me lês também podes ser mais um dos que estão escravizados neste sistema que criou celas sutis, celas conceituais. A prisão perceptiva é a pedra angular deste sistema que hoje domina. E a liberdade perceptiva é a chave mestra para acessarmos as linhas onde os planos da Magia, da Bruxaria e do Xamanismo coexistem. Nós, que trazemos conosco a fogueira e os tambores dos povos nativos, nos assombramos que os(as) escravos(as) aceitem passivamente tal condição de submissão.

É hilário ver certas definições que pretendem estabelecer verdades finais. Como se a dança das energias espalhadas pelas emanações da Eternidade pudessem mesmo ser limitadas à compreensão linear e racional. O fato de só operar com uma pequena parte de si, leva o ser humano a perceber apenas uma pequena parcela da Realidade Total.

Mas a amplitude está lá, apenas esperando que decidamos usar outros canais para interagirmos com a ETERNIDADE. Uma abordagem que já foi usada antes, a qual tem o respaldo de gerações sem conta de praticantes. A abordagem utilizada no Xamanismo, na Magia e na Bruxaria partilham uma característica fundamental em comum, pode ser ensinada! Transmitida!

Aprende-se. Mas como toda ARTE, pode apenas ajudar a desabrochar o artista em ti, não pode te moldar. Na ARTE a palavra educar reencontra seu sentido etimológico original: 

“Desabrochar na essência perceptiva o que esta traz em si.” 

Cada povo tem sua linguagem, cada espécie tem sua linguagem, composta da interação com a Eternidade a sua volta. Usamos nossa mente para raciocinar, usamos nosso sentir para nos emocionarmos, usamos de nossas habilidades para nos inserirmos concretamente na realidade circundante para apenas reagir a estímulos diversos.

Assim raciocinamos, emocionamo-nos e reagimos. Mas podemos ir além disso. Podemos usar a mente, o sentir e o agir de formas plenas, de maneira que gerem campos de energia tal qual um buraco negro, abrindo portas para outras realidades.


Alguns contentam-se com a ilusão, aguardando que construam máquinas que façam isso. Mas as pessoas podem recuperar o elo com a tradição que se manifesta na Magia, na Bruxaria e no Xamanismo. Caminhos nos quais os(as) praticantes usam o próprio corpo como o mais refinado instrumento de contato com outras realidades, assim como esta própria.

Mas ao apenas ‘falarmos’ estamos nos limitando ao escopo e alcance da linguagem. E vivendo experiências diversas, tocando a realidade através de diferentes sintaxes nos encontramos em uma situação na qual é complicado falar de mares àqueles que viveram toda a vida no fundo de um poço.

Assim, antes de falarmos de outros mundos, temos que reconsiderar nossa própria percepção deste mundo. Esse mundo maravilhoso no qual estamos, mas ao qual também fomos embotados. Percebemos fragmentos da realidade. Vivemos de forma incidental e não com presença e profundidade verdadeira. 

O que sentes agora? Como está tua respiração? Que sons, imagens, cheiros te circundam? Quais são as sensações térmicas que estás percebendo?

O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria funcionam sempre que há sinceridade por parte de quem os procura. Todas as tradições reconhecem o fato de que quando nos pomos a lutar para encontrarmos com a Verdade, ela também começa a lutar por nós, se põe a caminho e fará todo o possível para nos encontrar também³.

Ler sobre atos de poder nos faz acessar contos de poder e os contos de poder têm a inquietante capacidade de nos colocar em contato com o mundo mágico.

Há um tambor batendo no peito de cada um de nós. Há uma fogueira no interior do coração. Como está tua fogueira interior? Plena? E a luz presente no brilho de teus olhos? Quanto poder está presente nos teus atos?

Estará tal fogueira já em cinzas, fria, apenas tocos queimados de madeira sem luz nem calor? Por que isso está assim? 

O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria acreditam que cada um de nós pode evocar uma vez na vida o Grande Fogo. O Irmão Fogo no seu aspecto Vida. Quando o Fogo é evocado em tal rito, se houver uma chispa de brasa em nossa fogueira interior, será a partir dela que a fogueira será plenamente acesa de novo. Não será este o teu momento de reacender tua fogueira interior?

E sem o calor interior da tua fogueira, sem a luz da mesma, irás usar o poder para buscar fora de si coisas que já tens em ti mas que ainda não encontrou. Essa é a primeira armadilha de quem busca o poder sem antes acender sua fogueira interior: querer usar do Poder para sanar suas carências, irresoluções e tudo mais que resulta de estar ausente de si mesmo.

Existem caminhos para recuperar o poder pessoal perdido, o Xamanismo, a Magia e a Bruxaria são caminhos que levam a esta meta. Portanto, quando vamos nos aproximar do Xamanismo, da Magia e da Bruxaria, mesmo que só aqui, para ler sobre tais linhas, é importante compreender que nossa energia deve estar bem sintonizada, ampla, presente.

Do contrário a verdadeira informação será perdida e apenas uma compreensão linear e limitada, reduzida a interpretações medianas, será notada. Se espreguice, não leia apenas, ouse fazer, se espreguice para valer enquanto lê. Abra a boca, boceje! Alongue os dedos do pé, os dedos das mãos, alongue bem! Inspire, expire. Solte e relaxe. Relaxe de uma vez!

Se pôs em prática o que leu acima vai notar que é bem diferente ler assim, em vez de apenas ler passivamente. Volte três parágrafos acima e leia de novo. Fazendo o exercício, vai notar que teu corpo estará bem mais ‘esperto’ quando terminar de ler o parágrafo.

Tu lestes com o corpo quando fizestes o exercício. Esta leitura corporal é mais ampla do que ler somente com os olhos e decodificar as palavras.

Leia: “A mão mexe em algo”. Isto é só um conto de poder! Faça! Sim! Faça aí onde estás. Mexa algo aí onde estás. Mexeu em algo? Causaste uma alteração real, efetiva na realidade a tua volta.

O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria são atos, portanto só ler sobre eles é uma parte muito pequena para se fiar em algo. Temos que observar a nós mesmos, nos sentir em nossas próprias vidas para que a partir de uma auto-observação sincera e plena possamos ter elementos a fim de realmente entender aquilo à que estamos nos referindo quando falamos de Magia, Xamanismo e Bruxaria.

Assim sendo, sugiro um exercício importante para você praticar no dia a dia durante o período em que lê este livro. Cada vez que a palavra forma-pensamento “Eu” passar pela sua cabeça, note e anote.

Existem várias formas para anotar. Tu podes colocar vários palitos de fósforo ou grãos de arroz em um bolso da calça, e cada vez que a palavra forma-pensamento “eu” aparecer em seu campo mental, propositadamente ou não, passe um palito ou grão para o outro bolso, ao final do dia tente lembrar de cada momento em que o termo “eu” passou pela sua cabeça e confira se o número de lembranças é o mesmo de palitos ou grãos que usou para contar.

O ideal é que apenas se tire os palitos ou grãos do bolso depois de ter sido feita essa lembrança. É um exercício que ativa certos níveis de conexões internas que permitem acessar uma qualidade de energia sutil, a qualidade de energia que nos permite entender melhor que a ‘Intenção’ desses(as) xamãs, magistas e bruxos(as) da ancestralidade ainda está viva e que nós podemos nos conectar a esta linha de força.

Isto é uma informação que as linhagens xamânicas, mágicas e bruxas da Tradição tem em comum também, são caminhos com conexões profundas, cujas estruturas interiores estão em harmonia com o fluxo do próprio Tao, da Eternidade, do Intento.

O que diferencia uma linhagem tradicional efetiva nestes caminhos de uma falsa, é a realidade da energia primordial que trazem em si. Em diferentes religiões dão diferentes nomes a isso, ‘graça’, baraka.

Quando o caminho que se coloca como xamanismo, magia ou bruxaria tem mesmo essa energia viva, por transmissão direta, há uma conexão com um nível de poder muito mais amplo. Quando conectados(as) a uma linhagem assim cada esforço que empenhamos rumo a nossa meta reverbera com a própria linhagem a qual, em contrapartida, também trabalha em nós.

É sobre isso que falamos aqui. Não em definir xamanismo, bruxaria ou magia de forma linear, em conceitos tirados do sistema que se esmera em negar tais abordagens da realidade.

O que trabalhamos aqui é para o mergulho de cada um, que por estas palavras aqui se sintoniza, com a realidade vida que reflete tais caminhos. E para perceber isso há uma pergunta que tens de responder ao guardião deste portal, pois só a resposta sincera poderá realmente lhe levar para o próximo momento deste encontro. A questão é:

Qual a realidade da sua vida?

É uma pergunta dinâmica, que respondes dia a dia, instante a instante. A qualidade da tua resposta determina a qualidade da tua compreensão do que vem pela frente.

Nuvem que Passa

Notas

¹
Segundo Alvin Toffler teríamos três ondas ou três grandes mudanças na história humana gerada pelo avanço tecnológico:
  
3ª Onda = Revolução Tecnológica ou Informacional (sociedade pós-industrial);
2ª Onda = Revolução Industrial (sociedade industrial - século XVII);
1ª Onda = Revolução Agrícola (sociedades rurais ou agrárias).

Poderíamos dizer que os bruxos, xamãs e magistas de fato intentam uma 4ª onda: a revolução da percepção ou, metaforicamente, o sonho dos mil gatos. Para bruxos, xamas e magistas uma quarta onda poderá ser possível se atentarmos para o fato seguinte: a maior das tecnologias que dispomos é o potencial desconhecido dentro do ser humano.

²
Como não raras vezes a ficção revela a realidade fica a sugestão cultural: livro e série "O Homem do Castelo Alto", tal obra aborda a questão das diversas linhas temporais, do multiverso e de diferentes faixas de realidade coexistindo simultaneamente. Tal obra é do autor de Caçador de Androides, Philip K. Dick.

Wikipédia: Philip Kindred Dick ou Philip K. Dick, também conhecido pelas iniciais PKD, foi um escritor norte-americano de ficção científica que alterou profundamente este gênero literário, explorando temas políticos, filosóficos e sociais, autoritarismo, realidades alternativas e estados alterados de consciência.

³ A ideia deste parágrafo é bem ambientada numa cena do filme Matrix (1999), no diálogo inicial entre Neo e Trinity numa boate:

Neo: - O que é a Matrix?

Trinity: - A resposta está lá fora, procurando por você e vai encontrá-lo, se você quiser.



Este é um conceito fundamental e o início de tudo em termos da Bruxaria, da Magia e do Xamanismo. Nesse último a auto-observação é chamada de espreita de si, mas não nos deixemos enganar pela simples palavra, pois o conceito para ser de fato entendido precisa ser praticado. Fica-se muitos anos no esforço constante de buscar observar-se até que isto ocorra de fato. Recomendamos nesse sentido um texto do autor chamado "O Trabalho".




quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Auto-estranhamento


Eu não sei dizer quem sou...

Mas sei que não sou o mesmo de outros ontens.

Contudo, quem sabe?

O tempo seria um espelho no qual vejo diferentes passados? 

Ou um jogo de cartas marcadas pela morte?

E se a vida continua quem permanece? Quem desvanece? Quem se esquece ou quem se lembra? 

Nesses momentos o ponto (de interrogação) que sou estremece.

Qual a pergunta que nunca foi feita?

Sou um entrante de mim mesmo?

Como posso modificar o que sou quando o que sou é modificação?

Posso revolucionar-me?

De todas as revoluções há aquela que é mais difícil, apesar de totalmente possível, portanto não utópica, onde tudo favorece em seu desfavor e para a qual não há desculpas, pois esta revolução muito própria e solitária é, ao mesmo tempo, estranha e comum (a todos), na qual o ser só pode vir a sucumbir diante de si. Ou não. 

Eis a solidão do(a) guerreiro(a).

DR


segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Há algum culto à divindade no Xamanismo Guerreiro?

- Há algum culto à divindade no Xamanismo Guerreiro?

- Não. Mas há um culto.

- O que se cultua no X. G.?

- A palavra culto talvez não seja a mais adequada pois está contaminada pela ideia devocional ao divino. Na origem da palavra culto temos a ideia de cultivo, cuidado, plantio. Nesse sentido específico o X. G. é um culto, pois o que se cultiva é o poder pessoal, o autodomínio, a saúde, a sobriedade, a impecabilidade. Não há adoração ao divino. A adoração é uma transferência de energia para o que se está adorando.

- Mas se reconhece a existência de algo divino, de superior, de seres divinos?

- Tudo isso tem um caráter religioso, devocional, mas há o reconhecimento de uma fonte da qual tudo emana. A partir de tal concepção não há e nem pode haver distinção entre superior e inferior, tais conceitos, dentro do X. G., são reflexos de nossa autoimportância. Se tudo emana de uma fonte como poderia existir algo superior ou inferior?

- Então no X. G. o ser humano é o centro do culto?

- Se entendermos que devemos cuidar de nossa própria energia e não cultuar a outrem isso é correto.

- Qual o objetivo de cuidar, cultuar, cultivar a própria energia?

- Isso é autoexplicativo, pois não há razão para não fazê-lo, não há sentido em dissipar a própria energia, contudo somos levados a tal através do imperativo biológico da reprodução da espécie e do condicionamento social baseado no sentimento de autoimportância.

- Mas e a busca da liberdade total, da liberdade de percepção?

- Essa é uma busca abstrata, mediata. O que está posto logo de cara para nós, e que é uma sensação física, corporal, perceptível e facilmente constatável pelo praticante, é o bem-estar que deriva do cultivo da energia pessoal.

- Isso de cultivar a própria energia não é egoísmo?

- Cultivar a energia tem como um dos pilares eliminar o egoísmo no sentido da autoimportância. O egoísmo drena a própria energia pois se baseia na autoimportância. Seres autoimportantes são por natureza carentes, demandam atenção, reverência, devoção, ficam ressentidos se não lhes dão o que acham que merecem. Já que falamos em "divindades" temos um exemplo de ser cheio de si no próprio deus tribal bíblico do antigo testamento, que tem como primeiro mandamento: amar a deus sobre todas as coisas. Tal mandamento na verdade é o primeiro mandamento da autoimportância, pois se assume a existência de algo superior a ser cultuado, ora isso é a ideologia de um predador.

- Devemos então renegar as ideias de religião, deus, bíblia e tudo o mais relativo a tais temas?

- Não, mas devemos estudar e compreender tais temas pois a compreensão nos permitirá perceber como funcionam as armadilhas do predador para nos manter cativos e assim podermos superá-las com elegância e inteligência. Nesse sentido o estudo é uma forma de disciplina mental. Se formos a fundo no sistema de crenças ao qual fomos condicionados podemos resgatar o nosso poder investido nesse mesmo sistema de crenças.

- Que tipo de estudo deve ser desenvolvido nessa direção? Teológico?

- O importante é que seja um estudo crítico, cético, de natureza acadêmica, com método, pois tal disciplina intelectual, usada, por exemplo, pelo nagual Carlos Castaneda e suas companheiras, ajudou-os em sua tarefa de libertar a percepção do sistema de crenças.

- O X. G. é um tipo de ateísmo?

- Tanto quanto era o ensinamento do Buda Sidarta Gautama, pois na verdade essas questões relativas ou não a existência de um deus não interessam ao X. G.

- O X. G. é uma doutrina?

- Não, uma doutrina envolve dogmas, certezas absolutas. A questão é que somos obrigados a usar palavras e a escrevê-las, elas ficam marcadas e exercem algum fascínio sobre a percepção, poderíamos simplesmente dizer, como já foi dito pelo velho nagual D. Juan Matus, de forma bastante pragmática e sóbria, que tudo que estamos aprendendo não é sobre Xamanismo Guerreiro, mas sim sobre como economizar energia para perceber algo que a percepção comum não consegue.





sábado, 20 de janeiro de 2024

A irrupção do nagual no tonal: Plutão em Aquário - 1778 e 2024


Astra inclinant, sed non cogunt. Os astros inclinam, mas não determinam.

Para ver o futuro, estude o passado, pois tudo se repete em ciclos, o que se busca é ir para oitavas mais altas, ascendendo na espiral do tempo, sem ficar preso em sua mecânica, sofrendo as consequências de uma repetição infindável.

Estamos diante do fim de um ciclo e início de outro.

Estamos diante do fim de um mundo e início de outro.

Eu disse fim de um mundo e não fim do mundo, mas será como se fosse o fim do mundo para muita gente, pois velhos paradigmas ruirão, impérios cairão, o sistema monetário será transformado e uma nova ordem mundial baseada na multipolaridade geopolítica surge.

Naturalmente a velha ordem reage e provoca guerras e conflitos pelo mundo todo. A velha ordem aqui é representada pelo Império Anglo-Americano. A nova ordem funda-se nos BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, fundadores do BRICS, que contam agora em 2024 com mais 5 países: Arábia Saudita, Etiópia, Emirados Árabes Egito e Irã.

2024 é um ano chave em termos políticos, pois teremos eleições em boa parte do mundo, 50 países irão as urnas, já em termos geopolíticos  temos o fortalecimento do BRICS e do mundo multipolar, e em termos exopolíticos temos um movimento cada vez mais intenso ocorrendo pela revelação e desacobertamento de segredos governamentais e corporativos envolvendo tecnologia alienígena como indicam audiências públicas sobre o fenômeno OVNI (UAP) ocorridas no Congresso dos EUA e do México.

Mas algo mais nos aguarda a partir de 2024 e esse algo a mais será para a maioria das pessoas surpreendente, inesperado, imprevisível, pois estamos entrando, a partir do dia 20 de janeiro, numa configuração astral que ocorreu a 246 anos atrás: a entrada de Plutão em Aquário.

Plutão é um signo lento, seu movimento em torno do Sol é de 246 anos e ele passa em cada signo uma média de + ou - 20,5 anos. Da última vez que ele esteve em Aquário o mundo foi sacudido por eventos como:

  • a queda da Bastilha; 
  • a Revolução Francesa; 
  • a Revolução Americana; 
  • a Revolução Industrial;
  • o Iluminismo; 
  • surgimento da primeira vacina: varíola.
  • o Reino do Terror na França;
  • a Inconfidência Mineira e a morte de Tiradentes;
  • a Revolução Haitiana, Haiti é o primeiro país a abolir a escravidão;
  • o rei Luís XVI é executado; 
  • início da rebelião irlandesa contra o domínio britânico;
  • a guerra Anglo-Francesa.

A palavra chave aqui é REVOLUÇÃO. Plutão em Aquário revoluciona. Se formos pesquisar a origem da palavra vamos encontrar, do latim, "revolvere", girar, virar, dar voltas, como o tambor do revólver. Assim a associação entre revolução e armas é direta, pois vem da origem da palavra. Vemos a ideia de ciclo, de giro como no arcano 10 do Tarot. Também vamos encontrar no latim a palavra "revolutio", termo usado por Copérnico para descrever o movimento dos planetas em torno do Sol em seu tratado Revolutionibus Orbium Coelestium, de 1543, outro período de Plutão em Aquário.

Revolução é transformação radical, pela raiz, em profundidade. Profundidade é justamente o habitat de Plutão, pois ele vai fundo, vai na raiz, chega ao inconsciente coletivo, abala as estruturas, por isso é considerado uma força ou um "deus" ctônico, telúrico, do submundo, das riquezas interiores, dos segredos ocultos, dos mundos intraterrenos, dos terremotos (escrito a posteriori: tivemos no dia 20 de janeiro de 2024, aqui no Brasil, o maior terremoto de nossa história, 6,6 na escala Richter, ocorrido a mais de 600 kms de profundidade. Um "olá" de Plutão).

Plutão entra em Aquário no dia 20 de janeiro¹ fazendo conjunção com o Sol. Algo das profundidades vem à tona como no arcano 20 do Tarot. Plutão fica por 20 anos em Aquário fazendo uma breve retrogradação em novembro do corrente ano para depois retornar para Aquário. A natureza surpreendente, inesperada e imprevisível de Plutão em Aquário também é bem caracterizada pelo arcano do Julgamento. O que seria algo surpreendente? Um exemplo, o contato conosco  de seres inteligentes intraterrenos como o chamado povo Formiga, conhecido por diversos povos nativos, dentre eles os Zuni, do México, e os Huni Kuin, da Amazônia brasileira. Eles fazem parte do chamado Povo Encantado, assunto abordado aqui nesse blog através de um texto do xamã Nuvem que Passa. Um contato com uma civilização alienígena vinda do interior da Terra seria algo de fato surpreendente, inusitado, inesperado, de abalar os paradigmas e toda a história conhecida. Plutão é alienígena, é estranho, está na fronteira do nosso sistema solar e toca o desconhecido cósmico. É bom ter firme em mente que o significado de alienígena não é necessariamente o que vem de fora, isso seria extraterrestre, mas sim aquilo que é culturalmente estranho, muito diferente. O que vamos presenciar é a irrupção do nagual no tonal, se formos usar a linguagem do Xamanismo Guerreiro ou do Nagualismo.

Talvez, parafraseando Aristóteles, descubramos que o homem é um animal exopolítico!

O arcano 20 do Tarot ilustra bem Plutão em Aquário, pois vemos algo emergir do submundo - Plutão - para a superfície através do chamado de uma força celeste - Urano, o céu, regente de Aquário. É o contato com outras realidades até então ocultas, escondidas, veladas. "Se contemplarmos longamente a escuridão, algo sempre aparece", diria o filósofo Arthur Schopenhauer, nascido quando Plutão entrou em Aquário (1778). Ada mais plutônico do que isso. A eventual emergência de uma civilização intraterrena seria completamente revolucionário, já que não consta da nossa história oficial.

Se é verdade que para vermos o futuro basta estudar o passado, então devemos nos perguntar que eventos passados podem representar o que hoje aponta para o futuro. Se no passado, quando Plutão entrou em Aquário, tivemos a queda da Bastilha, devemos nos perguntar o que hoje pode representar a Bastilha, o que hoje pode representar as instituições do Antigo Regime ou da Velha Ordem. O que hoje representa a Bastilha moderna e que está em xeque? 

Um palpite interessante que representa bem a velha ordem regida pelo Império Anglo-Americano é a sede das nações unidas, a ONU, pois está mais do constatado o seu anacronismo, o seu vácuo de poder e a sua incapacidade de resolver os conflitos mundiais. Ainda temos Wall Street e a Casa Branca, pois analistas geopolíticos indicam uma tensão social crescente nos EUA devido à inflação, a dívida interna de 34 trilhões, a queda do dólar como moeda internacional e aos excessivos gastos militares para sustentar a máquina de guerra do Império. O próprio complexo industrial militar do Império pode ser visto como uma nova Bastilha, já que era nela que estava a pólvora com a qual o terceiro estado pode dar início à revolução francesa. Ora, quantos segredos, quanta sujeira, quantas tramoias não há por baixo de tal complexo, responsável possivelmente pelo assassinato de muitos, inclusive de John F. Kennedy, segundo algumas versões. O fato é que as instituições do Antigo Regime ou da Velha Ordem ruirão sob os impactos da força plutônica no signo do aquadouro e muitos segredos emergirão provocando um abalo em diferentes níveis: religioso, social, político, cultural e econômico.

Teremos assim uma nova revolução industrial assentada num novo modelo energético tal como o processo de fusão nuclear ou como a energia livre de Nikola Tesla e/ou ainda a energia do ponto zero (anti-gravidade que está por trás dos OVNIs). As denuncias fundamentadas desde 2001 através do Disclosure Project do Dr. Steven Greer ou ainda as feitas pelo cientista político Dr. Michael Salla estão em vias de alcançarem repercussões cada vez maiores sobre o ocultamento, por parte de governos e corporações, de tecnologia alienígena que poderia beneficiar amplamente a humanidade por acabar com os problemas climáticos, de fome, de miséria, de saúde e outros mais. 

Mas nem tudo são flores, o que aconteceu recentemente no Equador é uma demonstração dos efeitos de Plutão em Aquário, pois tivemos o submundo da máfia das drogas colocando em xeque o estado equatoriano, indicando assim que a sombra do narcotráfico paira sobre a América Latina como um fator de desestabilização que pode ser parte de um guerra híbrida (um conceito plutônico por certo por tratar-se e uma guerra escamoteada de um Estado contra outro).

Falar em Plutão é falar em arma nuclear, não é por acaso que o material para a bomba atômica se chama plutônio, PU 94, e mais, macacos me mordam, mas outro componente importante para a fabricação de armas nucleares é o urânio, U 92, descoberto em 1789, quando Plutão estava em Aquário e adivinha por que tal elemento recebeu esse nome? Pois é, coincidência pouca é bobagem. Talvez o risco nuclear nunca esteve tão forte desde a crise dos mísseis, pois há uma potência que provavelmente tem, mas não revelou a posse domínio de bombas atômicas: o Irã, transformando o caldeirão do Oriente Médio num potencial cogumelo atômico, pois Israel também possui armas nucleares. Por outro lado, estabelece-se o chamado equilíbrio do terror, no qual o conflito nuclear é evitado, pois em tal guerra não vencedores.

Plutão entra em Aquário  fazendo conjunção com o Sol e esse processo se repetirá pelos próximos seis anos quando o Sol entrar no signo do aquadouro. Plutão e Sol, escuridão e luz. Ora, essa conjunção está expressa na origem da palavra Apocalipse, vejamos: 
Do Grego APOKALYPSIS, de APOKALYPTEIN, “desvendar, descobrir, revelar”, de APO-, “sobre”, mais KALYPTEIN, “cobrir, esconder”. Apocalipse é revelar o oculto. Plutão em conjunção com o Sol em Aquário é o rasgar do véu de Ísis, é o rasgar do véu do Templo, muitas verdades escondidas virão à tona e os sistemas de crenças em vários níveis serão colocados em xeque. Poderemos assistir um novo iluminismo, a luz da razão superando a fé cega, a magia se revela como tecnologia.

A conjunção do Sol com Plutão também pode ser vista como a manifestação de um avatar, a descida da Divindade (o Sol) na matéria densa (Plutão). Plutão guarda relações simbólicas com Shiva.

Nessa conjunção podemos ver um exemplo simbólico daquilo que Jung chamava de coincidentia oppositorum, a integração de todos os aspectos da psique, a totalidade do ser, segundo Jung, esse seria o grande problema da Psicologia e o ponto no qual a realidade divina se manifesta, permitindo que unamos em nós aspectos díspares da alma na busca da autorrealização. Surge aqui uma janela de oportunidade para os buscadores sinceros do diferentes caminhos do Ser. Nas palavras de Jung extraídas de uma entrevista dada em 1952 à Mircea Eliade:

"Para mim, como psicólogo, o estado de graça existe: é a perfeita serenidade da alma, um equilíbrio criativo, a fonte de energia espiritual. Falando sempre como psicólogo, afirmo que a presença de Deus é manifesta, na experiência profunda da psique, como uma “coincidentia oppositorum” (unidade dos opostos), e toda a história da religião, todas as teologias, dão testemunho do fato de que a “coincidentia oppositorum” é uma das mais comuns e mais arcaicas fórmulas para expressar a realidade de Deus. A experiência religiosa é numinosa, como Rudolf Otto a designa, e, para mim, como psicólogo, essa experiência difere de todas as outras de um modo que transcende as categorias ordinárias de espaço, tempo e causalidade. Recentemente, empenhei-me no estudo da sincronicidade (em poucas palavras, a "ruptura do tempo"), e estabeleci que se assemelha estreitamente às experiências “numinosas” em que espaço, tempo e causalidade são abolidas. Não aplico qualquer juízo de valor à experiência religiosa. Afirmo que um conflito interno é sempre a fonte de profundas e perigosas crises psicológicas, tão perigosas que podem destruir a integridade de um homem. Esse conflito interno manifesta-se psicologicamente nas mesmas imagens e no mesmo simbolismo testemunhados por toda e qualquer religião no mundo, e utilizados também pelos alquimistas".

"Por isso me interessei pela religião, por Javé, Satã, Cristo, pela Virgem. Entendo muito bem que um crente veja algo muito diferente nessas imagens do que eu, como psicólogo, tenho o direito de ver. A fé de um crente é uma grande força espiritual, é a garantia de sua integridade psíquica. Mas eu sou médico e estou interessado em curar os meus semelhantes. A fé e somente a fé já não tem poder, infelizmente! - para curar certas pessoas. O mundo moderno está dessacralizado; por isso está em crise. O homem moderno deve redescobrir uma fonte mais profunda de sua própria vida espiritual. Para tanto, é obrigado a lutar com o diabo, a enfrentar sua própria sombra, a integrar o diabo. Não há outra escolha. É por isso que Javé, Jó, Satã, representam situações psicologicamente exemplares; eles são como paradigmas do eterno drama humano".

O que temos aqui é a formação de uma tempestade perfeita, diversos fatores (astrológicos, geopolíticos, climáticos, econômicos, sociais e exopolíticos) atuando para a derrocada do Antigo Regime, do Velho Mundo, para o ressurgimento, tal como a Fênix Mítica, de um novo mundo, de novos valores, de novas visões, mas a luta entre o velho e o novo está sendo e será de natureza violenta na proporção da consciência dos velhos donos de poder serem capazes de aceitar a sua derrocada sem cair atirando. Algo difícil pelo que estamos vendo.





Notas

¹ Justamente hoje, 20 de janeiro de 2024, fazem 28 anos de um dos maiores casos da Ufologia brasileira e mundial: o ET de Varginha. Será que teremos um reconhecimento oficial sobre tal caso que além de envolver a queda de uma nave teve também a captura de seres alienígenas muito parecidos com os Akarts descritos no livro sobre raças alienígenas da arqueóloga Elena Danaan.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

O deus que não é deus - predadores, chitauris e falsos deuses

Aglomerado Estelar das Plêiades 

Este planeta tem sido constantemente visitado e muitas formas di­ferentes de seres humanos foram semeadas aqui através de grande variedade de experiências. Houve muitos fatores que influenciaram o curso da história na Terra. Durante milhões de anos, existiram neste planeta civilizações que vieram e se foram sem deixar vestígio. Todas estas civilizações, assim como a vossa história, foram influenciadas por inúmeros seres luminosos que vocês denominaram Deus.

Na Bíblia, muitos destes seres foram combinados passando a representar um ser, quando não eram de jeito nenhum um único ser mas uma combinação de várias energias luminosas extraterrestres muito poderosas. Eram, sem dúvida, energias majestosas vistas sob nossa perspectiva, e é fácil compreender porque foram adoradas e glorificadas.­ Não há literatura na Terra que apresente um retrato verdadeiro destes seres. Todos os deuses vieram aqui para aprender e acelerar o seu próprio desenvolvimento através do trabalho com criatividade, consciência e energia.

Alguns foram bem sucedidos e aprenderam suas lições, enquanto outros cometeram erros devastadores. Quem eram estes deuses da antiguidade? Eram seres capazes de modificar a realidade e comandar os espíritos da Natureza segundo a sua vontade. Os humanos tradicional­mente chamam de Deus seres capazes de fazer o que eles não conseguem. Estes seres passaram por antigas culturas de varias sociedades, retratados como criaturas aladas e bolas de luz. Este mundo é permeado de pistas, indícios e artefatos que indi­cam quem eram os seus deuses.

Contudo aqueles que desejavam manipular os humanos inventaram suas próprias historias criando paradigmas para os poderem controlar. Disseram-lhes que estes seres eram deuses verdadeiros e vocês foram ensinados a cultuá-los, adorá-los e obedecê-los Este paradigma está agora na eminência de sofrer uma mudança gi­gantesca. A verdade aparecerá, uma verdade que mudará completamente a maneira como vêem o mundo. Pobres da­queles que não quiserem enxergar. As reverberações do cho­que atingirão todo o mundo.

Os deuses criadores que têm governado este planeta possuem a capacidade de assumir a forma física, embora na maior parte do tempo existam em outras dimensões Eles mantêm a Terra numa determinada freqüência vibracional criando traumas emocionais para se alimentar. Existem seres que honram a vida acima de tudo, e seres que não respeitam a ­vida nem compreendem a ligação que têm com ela.

Consciência alimenta consciência. Não é fácil entenderem este conceito, porque vocês se alimentam de comida. A comida­ para alguns seres, é a consciência. Toda a comida contém consciência em algum ponto do seu próprio desenvolvimen­to, quer você a frite, cozinhe ou colha da horta; você a ingere para manter-se nutrido. As vossas emoções são alimento para outros seres. Quando vocês são controlados para gerarem de­vastação e fúria, estão criando uma frequência vibracional que sustenta a existência destes outros seres, porque é disso que eles se nutrem. Existem seres que vivem da vibração do amor, e esse grupo gostaria de restabelecer o alimento do amor neste pla­neta.

Eles gostariam de ligar este universo na frequência do amor para que ele tenha a oportunidade de sair e semear outros mundos. Vocês representam o grupo renegado da luz, concorda­ram em voltar ao planeta, e têm uma missão. Vieram para estes corpos físicos para assumirem o seu comando e mudá-los através do poder da vossa identidade espiritual. Todos selecio­naram com muito cuidado as linhagens genéticas que lhes trariam a melhor vantagem inicial. Cada um escolheu uma história genética através da qual membros da Família da Luz já passaram.

Quando os seres humanos viviam nos domínios que lhes pertenciam por direito e podiam compreender diversas reali­dades, possuíam a capacidade de serem multidimensionais, de serem iguais aos deuses. Vocês estão começando a desper­tar esta identidade dentro de si. Os deuses assaltaram esta realidade. Para que vocês acreditassem serem eles Deuses com D maiúsculo, os remode­laram geneticamente. A Família da Luz foi expulsa do planeta, e o time das sombras, que operava através da ignorância, assumiu o co­mando. Os corpos que ocupam carregam o medo e a lembran­ça da luta pelo conhecimento que estes deuses representavam e roubaram de vocês. Estas criaturas espaciais magníficas podem exercer a manipulação de várias maneiras e trabalhar com a realidade de inúmeras formas diferentes.

Os humanos, na ignorância,começaram a chamar estas criaturas espaciais de Deus, com D maiúsculo. Deus com D maiúsculo jamais visitou este planeta como uma entidade. Deus com D maiúsculo está em todas as coisas.Vocês lidaram apenas com deuses com d minúsculo que de­sejavam ser adorados, queriam confundi-los e consideravam a Terra um principado, um lugar que possuíam nas fímbrias da galáxia deste universo de livre-arbítrio. Antes da pilhagem, vocês possuíam tremendos atribu­tos. O exemplar biogenético do ser humano original recebeu informações maravilhosas, era interdimensional e podia fazer coisas incríveis.

Quando estes deuses criadores assaltaram o planeta, acharam que as espécies locais sabiam demais Elas possuíam capacidades muito semelhantes às de quem deseja­va passar por Deus.

Bárbara Marciniak - Mensageiros do Amanhecer - baixe o livro AQUI!


Conhecereis a verdade e ela vos aterrorizará.

Estamos sendo enganados faz séculos...mas onde está a novidade? No tipo de engano, que é um engano dentro do outro para que não possamos ver o quadro como um todo.

Deus que não é deus, é apenas um ente alienígena predando nossa energia??? Difícil de acreditar, né? Eu sei... Especialmente quando não o podemos ver e perceber seu modus operandis. Mas como não estou sozinho nessa empreitada vamos expô-los mesmo correndo o risco de nos expor.

Esse texto não foi feito para sua mente lógica, foi feito para a sua memória adormecida.

Mas antes uma ideia tão simples, tão óbvia e tão lógica. Não há surpresa em deus ser um alien, especialmente um falso deus, pois a própria ideia de deus implica em algo além do humano, além da Terra. E se fomos criados por ele nossa própria humanidade tem uma outra origem (uma origem bem diferente das teorias mais aceitas). Lógico. Assim a pergunta de Erik Von Danniken torna-se uma afirmação, os deuses foram e são astronautas.

Que pira, hein!? Juro de pé junto que estou sóbrio. Mas não dizem que a realidade é mais alucinante que a ficção?

Comentários e indagações ao texto de Gênesis 3.

Recomendo antes ler o post "Uma estória mal contada" e para quem não leu os outros posts sobre predadores recomendo ler antes para um melhor entendimento.

Quem é nós? Se Deus, que é único, não estava só, quem estava com ele nas mesmas condições de conhecimento do bem e do mal?

Se for dito que eram o Filho e o Espírito Santo, não há nada no texto que ateste isso. No texto apenas a Serpente, detinha também esse conhecimento do bem e do mal. Portanto a Serpente era como deus, sabedora do bem e do mal.

No original em hebraico Deus é Elohim, uma palavra no plural, que significa Deuses. Deus é Elohá.

Ao comerem do fruto da árvore do conhecimento o casal original não morreu tal como "Deus" disse. Por conseqüência "Deus" mentiu e a serpente disse a verdade.

Apenas a árvore do conhecimento era proibida, a árvore da vida não. Assim deduz-se que ao terem acesso a esta árvore o casal original era imortal. Assim o texto é paradoxal, pois foram expulsos do Éden para que não tivessem acesso a algo que já tinham. Aliás o texto é paradoxal porque "Deus" mente, "Deus" não é Deus, na verdade, são Deuses, e expulsa o homem de ter acesso a eternidade para que ele não se equiparasse a eles próprios. Os deuses não queriam que o homem se tornasse como eles, por isso foi expulso.

Que Deuses são esses? Seriam Deuses? Ou seriam outra coisa? Que tipo de ser passeia pelo jardim do Éden ao fim da tarde sem saber o que se passa, pergunta “onde estás” e diz-se Deus?

O casal primordial tinha acesso aos frutos da árvore da vida, então, era de se supor imortal, mas imortalidade esta dependente do consumo de tal fruto. Não seria por isso a proibição e a expulsão do Éden, esse clube dos deuses? A morte para o casal primordial veio pela falta de acesso a árvore da vida e não por ter comido da árvore do conhecimento.

Não ilustra bem a proibição de acesso a árvore do conhecimento o desejo de manter uma exclusividade pelo poder por parte de seres que se intitulam deuses?

Não é esta história um conto botânico, enteógeno? Parece que descobrimos a raiz do proibicionismo contra certas plantas naturais...risos.

Está escrito talvez por causa desse clube dos deuses o seguinte - Mateus 11;12:

E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto.

Na verdade, esta história da queda é a história de um falso deus, de falsos deuses, esses seres são os predadores de consciência revelados atualmente por Carlos Castaneda.


O deus do Gênesis, primeiro livro da Bíblia, não é Deus.

A maior referência mítica, religiosa e cultural sobre os predadores ou sombras de lama, como escreve o nagual, é a estória da queda, contida em Gênesis 3.

Não entraremos na questão de Deus em si, mas queremos mostrar esse deus que está na origem da bíblia, pois ele é não é Deus, é um ente que se arroga como tal. Não se comporta como tal, não é onisciente, mente e é egoísta, quer o conhecimento apenas para si, apenas para os seus, bem como a imortalidade.

Esse deus que não é Deus, mas é tido por tal, é o predador revelado por Carlos Castaneda.

A Serpente edênica por outro lado é nossa aliada, amiga da humanidade, nos revela o conhecimento e desmascara o pretenso deus. A Serpente é um símbolo sagrado em diferentes tradições, inclusive na tolteca, lá ela é Quetzalcoatl, a serpente de plumas, a serpente emplumada. No Juremal a serpente é uma constante, usando a árvore como proteção e tornando-se miticamente sua guardiã.

O próprio nagual fez extensas pesquisas sobre o tema não encontrando nenhuma referência sobre os voadores em outras culturas mas o tema do voador ou do predador está na essência de uma das primeiras estórias bíblicas, bíblia que é a matriz cultural de nossa civilização, civilização de predadores, bíblia de voadores. E, por sua vez, a história da queda é matriz cultural que dá forma ao padrão de comportamento básico de nossa civilização, o padrão do pecador.

A referência fundamental está e estava ali disponível para o nagual e para qualquer um, é a história da queda do homem contida na bíblia.

A Serpente representa a consciência da Terra, é a consciência do mundo natural, feminina e ecológica, representa o eterno poder do feminino, e como somos filhos da Terra, essa consciência também se expressa em nossos corpos, em nosso corpo ela é a serpente Kundalini dos iogues. O objetivo da consciência da Terra é nos conectar com ela para que nos libertemos da mente do predador. O uso sábio e sóbrio de plantas de poder é uma forma de nos conectarmos a essa consciência e promover o despertar da serpente Kundalini. Muitos caminhantes do Xamanismo de plantas de poder não ignoram a capacidade de estimular a Serpente Kundalini de plantas de poder como a Ayahuasca. Algo que exige do praticante grande equilíbrio ao lidar com esta Força. Não é à toa que a serpente é o clássico símbolo da medicina, pois Ela é a medicina contra o parasita que é o predador. Ao nos conectarmos com a consciência da Terra adquirimos a harmonia e a paz interior que implica na cura da mente doentia do predador.

O cultivo do brilho da consciência em conjunção com o uso sóbrio e sábio de plantas de poder é outro fator para o despertar e o desenvolvimento da Kundalini.

Sobriedade é um caminho perigoso, pois não é um insosso caminho que foge da luta, mas é um equilíbrio delicado e dinâmico entre os opostos. Falsa sobriedade é uma abstenção, na maioria das vezes covarde, sem a graça e a plenitude da vida. Verdadeira sobriedade é trilhar o caminho entre os extremos, incólume, humildemente, sabendo que a morte está a um braço de distância.

Nem todos precisam do auxílio de plantas de poder.

O uso de plantas de poder é uma forma de nos conectarmos com a consciência da Terra. Alguns, em especial as mulheres, já possuem essa conexão por si. O uso de plantas de poder não pode ser indiscriminado. Deve estar em harmonia com a energia e a configuração de cada um. Cada um tem uma planta que lhe é favorável, tornando-se assim um aliado.

Já o cultivo do brilho da consciência é fundamental.

Este brilho é a fonte de alimento dos predadores.

Também é a fonte de alimento de nossa alma, de nosso corpo de energia.

“Consciência alimenta consciência”.

Através de nossas emoções alimentamos outros seres.

Os predadores criam traumas emocionais que sustentam um determinado padrão de energia que permite a sua subsistência. Precisamos cortar-lhes a comida. Precisamos deixar de sentir medo.

Por aí dá para perceber porque as religiões teístas e patriarcais perseguiram e perseguem o feminino até hoje. A mulher não está tão sujeita ao predador como o homem, então teve que ser sujeitada pela força. A caixa de percepção que é o útero feminino teve que ser domado pela força, pelo preconceito, pela repressão, pelo rebaixamento da mulher e pela proibição dela como sacerdotisa. Não há mulheres ocupando posições de destaque no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo, as 3 grandes religiões do mundo.

Por aí dá para perceber porque fomos afastados do mundo natural, da natureza e fomos trancafiados em grandes cidades, em enormes humaneiros, onde homens não são mais seres humanos, não são mais mamíferos em harmonia com o meio, são parasitas que se reproduzem destruindo tudo a sua volta. Tal comportamento é reflexo da mente alienígena do predador.

A humanidade atual foi feita à imagem e semelhança do predador.

Por aí podemos perceber porque a agenda de destruição do planeta em ação há séculos. Afinal de contas porque humanos conspirariam contra humanos e contra si mesmos? A essência da dominação consiste em dividir os dominados para assenhorar-se deles. Notem quem em torno da Bíblia existem 3 grandes religiões patriarcais e teístas, que lutam entre si pelo rebanho e que estão divididas em milhares de seitas, facções e igrejas, e que no suposto lugar do túmulo de Cristo existem dois túmulos (relativos a diferentes seitas) e vários altares.

Para a mente é difícil acreditar nisso, mas é porque esta mente não é nossa de fato, por isso não temos nenhum controle sobre ela. Já tentou ficar 2 minutos sem pensar?

No sonhar eles, os predadores, têm a capacidade de se metamorfosear. Mas não apenas no sonhar. Parece haver diferentes tipos conforme o tipo de energia com que se alimentam. São um grande pé no saco dos sonhadores conscientes que dão os primeiros passos para fora da cerca. Não tem um pingo de dó de nós, nos sugam impiedosamente num verdadeiro estupro energético. Uma visão nada agradável. Mas nem por isso assustadora. São seres naturais, pertencem a Natureza, num outro nível de realidade, mas bem próxima a nossa realidade. Quando aumentamos nossa energia eles vêm que vem em cima, numa ansiedade louca por comida, nós. São inteligentes, organizados e nos atingem em nosso ponto fraco, intensificando nosso diálogo interno nas questões que nos preocupam ou que nos fazem vibrar dentro de uma emoção negativa. Parece haver uma predileção, por exemplo, pelos fanáticos religiosos. Lógico.

Como disse o nagual nossas armas são disciplina e silêncio interior.

Diferentes tradições nativas os reconhecem, reconhecem a existência dos predadores.

Há uma tribo africana, os Zulus, onde os deuses são vistos como inimigos do homem.

Esses deuses, que são em verdade os predadores, são chamados de chitauri, que significa os ditadores que nos transmitem a lei. O vídeo abaixo é parte de uma longa entrevista com um xamã africano chamado Credo Mutwa e fala an passant nesse assunto dos chitauri.



Uma tribo australiana, os Coorie, os chama de Byamie.

Temos isso também na mitologia grega, especialmente no mito de Prometeu, onde os deuses se opõem a entrega do fogo ao homem. Deuses, hein!?

Blasfemo, blasfemo, blasfemo! Parece que ouço o coro de sombras a berrar...

David Icke, pesquisador inglês, os chama de Reptilianos. Para ele nem todos são predadores.

Bárbara Marciniak, de Mensageiros do Amanhecer, os chama de Lizzie (Reptilianos) e também diz que nem todos são predadores.

Afinal, a serpente mítica da queda não quis nos ajudar?

Aqui está o fruto proibido do conhecimento.



domingo, 14 de janeiro de 2024

Disciplina - parte 5 - Passes Mágicos



Os passes mágicos são um sistema de movimentos desenhados para alcançarmos silêncio interior e, portanto, uma manobra prática e efetiva contra a mente do predador. Foram descobertos por xamãs do México antigo em estados xamanísticos de consciência intensificada e foram organizados por Carlos Castaneda e seu grupo. 

São capazes de produzir um nível de energia e de habilidade incomuns no corpo do praticante, pois redistribuem e recanalizam a energia que perdemos com as preocupações e ansiedades cotidianas de volta para os nossos centros vitais. 

Esses xamãs tinham e tem um profundo foco na saúde e no bem-estar em níveis de excelência, e esses passes estão impregnados desse intento, por isso são chamados de mágicos, pois transformam nosso corpo de forma mágica.

***

O que é Tensegridade?

Tensegridade é a versão modernizada de alguns movimentos conhecidos como passes mágicos desenvolvidos por índios xamãs que moraram no México em épocas anteriores à Conquista Espanhola.


Épocas anteriores à Conquista Espanhola é um termo usado por Dom Juan, um índio mexicano xamã que apresentou Carlos Castaneda, Carol Tiggs, Florinda Donner-Grau e Taisha Abelar ao mundo cognitivo dos xamãs que viveram no México nos tempos antigos que, segundo Dom Juan, foram de 7000 a 10.000 anos atrás.


Dom Juan explicou a seus estudantes que aqueles xamãs descobriram que, através de práticas que ele mesmo não podia penetrar, é possível para os seres humanos perceber a energia diretamente como ela flui no universo. Em outras palavras, segundo Dom Juan, aqueles xamãs diziam que qualquer um de nos pode se livrar por um momento do nosso sistema de transformar o influxo de energia em informação sensorial própria ao tipo de organismo que somos. Os xamãs afirmam que, transformar o influxo de energia em informação sensorial cria um sistema de interpretação que transforma o fluxo de energia do universo no mundo da vida cotidiana que conhecemos.

Dom Juan explicou ainda que uma vez que os xamãs dos tempos antigos estabeleceram a validade da percepção direta de energia, que chamaram visão, eles a refinaram usando-a neles mesmos, isso quer dizer que eles percebiam uns aos outros, sempre que queriam, como um conglomerado de campos energéticos. Para aquele que “viam”, os seres humanos percebidos de tal modo eram como esferas luminosas gigantes. O tamanho de tais esferas luminosas é o comprimento dos braços abertos.

Quando os seres humanos são percebidos como conglomerados de campos energéticos, um ponto de luminosidade intensa pode ser percebido nas costas, na altura da clavícula a uma distância de um braço. Antigamente, as pessoas que vêem, que descobriram esse ponto de luminosidade, o chamavam de ponto de aglutinação, porque eles concluíram que é aí que a percepção se aglutina. Eles perceberam, auxiliados pela sua visão, que naquele ponto de luminosidade, o local que é homogêneo para a humanidade, convergem zilhões de campos energéticos na forma de filamentos luminosos que constituem o universo. Ao se convergirem para lá, eles se tornam informações sensoriais, que são utilizadas pelos seres humanos como organismos. Esta utilização da energia convertida em informação sensorial foi considerada pelos xamãs como um ato de magia pura...energia transformada pelo ponto de aglutinação em um mundo verdadeiro, global no qual os seres humanos como organismos podem viver e morrer. O ato de transformar o influxo de pura energia num mundo perceptível era atribuído pelos xamãs a um sistema de interpretação. Sua conclusão arrasadora, arrasadora para eles, é claro, e talvez para alguns de nós que temos a energia para ter atenção, era que o ponto de aglutinação não era unicamente o local onde a percepção é aglutinada pela transformação do influxo de energia pura em informação sensorial, mas é também o local onde ocorre a interpretação da informação sensorial.

A observação seguinte deles foi que esse ponto de aglutinação é deslocado de modo muito natural e não obstrutivo da sua posição habitual durante o sono. Eles descobriram que quanto maior a deslocação, mais estranhos os sonhos que acompanhavam. Destas experiências de ver, esses xamãs pularam para a ação pragmática de deslocar voluntariamente o ponto de aglutinação. Eles chamaram esses resultados concludentes a arte de sonhar.

Essa arte foi definida por aqueles xamãs como a utilização pragmática de sonhos comuns para criar uma entrada para outros mundos pelo ato de deslocar o ponto de aglutinação pela própria vontade e manter essa nova posição, também pela própria vontade. As observações desses xamãs ao praticar a arte de sonhar eram uma mistura de razão e de ver diretamente a energia do universo enquanto flui. Eles perceberam que na sua posição habitual, o ponto de aglutinação é o local para onde converge uma porção específica e minúscula dos filamentos de energia que formam o universo, mas se o ponto de aglutinação muda de local, dentro do ovo luminoso, uma porção minúscula diferente de campos energéticos se convergem nele, tendo como resultado um novo influxo de informação sensorial.: campos energéticos diferentes dos comuns se tornam informações sensoriais, e os campos energéticos diferentes são interpretados como um mundo diferente.

A arte de sonhar se tornou para aqueles xamãs a prática mais absorvente. Durante aquela prática, eles experimentaram estados não igualados de força física e bem-estar, e no seu esforço de duplicar esses estados nas horas de vigília descobriram que podiam repeti-los seguindo certos movimentos do corpo. Os esforços culminaram com a descoberta e desenvolvimento de grande número de tais movimentos, que são chamados de passes mágicos.

Os Passes Mágicos daqueles xamãs do antigo México se tornaram sua possessão mais preciosa. Eles os rodearam com rituais e mistérios e somente os ensinaram as pessoas que eles iniciavam em meio a um enorme segredo. Esta foi a maneira na qual Dom Juan Matus os ensinou a seus discípulos. Seus discípulos, sendo o último elo de sua linhagem chegaram a conclusão unânime de que qualquer outro segredo, sobre os passes mágicos seria contra o interesse que tinham em tornar o mundo de Dom Juan disponível aos outros homens. Eles decidiram, portanto, resgatar os passes mágicos de seu estado obscuro. Eles criaram desse modo a Tensegridade, que é um termo na arquitetura que significa a propriedade das estruturas esqueléticas que empregam elementos de tensão contínua e elementos de compressão descontínua de tal forma que cada elemento opera com o máximo de eficiência e economia. Este é o nome mais apropriado porque é uma mistura de dois termos: tensão e integridade, termos que conotam as duas forças motrizes dos passes mágicos.

Extraído de Readers of Infinity, de Carlos Castaneda, Número 1, Volume 1, 1996. Publicado por Cleargreen, Incorporated, (c) Copyright 1996, Laugan Productions, Incorporated. Todos os direitos reservados.

sábado, 13 de janeiro de 2024

Disciplina - parte 4




"Os feiticeiros espreitam a si mesmos constantemente - comentou com uma voz reconfortadora, como se tentando acalmar-me com o tom de sua voz.

Desejei dizer que meu nervosismo tinha passado e que provavelmente havia sido causado pela falta de sono, mas ele não me permitiu dizer coisa alguma.

Assegurou-me de que já havia me ensinado tudo o que tinha para saber sobre espreitar, mas eu ainda não recuperara meu reconhecimento da profundeza da consciência intensificada, onde o tinha armazenado. Disse-lhe que seria a desagradável sensação de estar arrolhado. Parecia haver algo trancado em mim, algo que me fazia bater portas e chutar mesas, algo que me frustrava e me tornava irascível .

- Essa sensação de estar arrolhado é experimentada por todo o ser humano. É um lembrete da existência de nossa conexão com o intento. Para os feiticeiros essa sensação é ainda mais aguda, precisamente porque seu objetivo é sensibilizar seu elo de conexão até que possam fazê-lo funcionar à vontade.

Quando a pressão do seu elo de conexão é grande demais, os feiticeiros aliviam-na espreitando a si mesmos.

- Ainda acho que não compreendo o que quer dizer por espreitar - falei. - Mas em certo nível penso que sei exatamente o que quer dizer.

- Tentarei ajudar você a esclarecer o que sabe, então. Espreitar é um procedimento, um procedimento muito simples. Espreita é um comportamento especial que segue certos princípios. É um comportamento secreto, furtivo, enganoso, designado a provocar um choque. E quando você espreita a si mesmo, você choca a si mesmo, usando seu próprio comportamento de um modo implacável, astucioso.

Explicou que quando a consciência de um feiticeiro ficava enredada pelo peso de suas aquisições perceptivas, o que estava acontecendo comigo, o melhor, ou talvez nosso único remédio, era usar a ideia da morte para proporcionar esse choque de espreita.

- A ideia da morte é de importância fundamental na vida de um feiticeiro - continuou D. Juan. - Mostrei-lhe coisas inumeráveis a respeito da morte para convencê-lo de que o conhecimento de nosso fim pendente e inevitável é o que nos dá sobriedade. Nosso engano mais caro como homens comuns é não se importar com o senso de imortalidade. É como se acreditássemos que, se não pensássemos a respeito da morte, nos pudéssemos proteger dela.

- Precisa concordar D. Juan que não pensar sobre a morte protege-nos de nos preocuparmos a respeito.

- Sim, isto serve a tal propósito, mas tal propósito não tem valor para homens comuns e representa uma caricatura para os feiticeiros. Sem uma visão clara da morte, não há ordem, nem sobriedade, nem beleza. Os feiticeiros lutam para ganhar essa percepção crucial de modo a ajudá-los a perceber no nível mais profundo possível que não tem segurança sequer de que suas vidas continuarão além do momento. Essa percepção dá aos feiticeiros a coragem de serem pacientes e no entanto entrarem em ação, coragem de aquiescer sem serem estúpidos. Don Juan fixou seu olhar em mim, sorriu e balançou a cabeça.

- Sim - continuou -, a ideia da morte é a única coisa que pode dar coragem aos feiticeiros. Estranho, não é? Dá aos feiticeiros coragem de serem atenciosos sem serem vaidosos, e acima de tudo dá-lhes coragem de serem implacáveis sem serem convencidos.

Sorriu outra vez e cutucou-me. Disse-lhe que estava absolutamente aterrorizado pela ideia de minha morte, que pensava a respeito com frequência, mas que certamente isso não me dava a coragem ou me incentivava a entrar em ação. Apenas me tornava cínico ou fazia com que eu caísse em estado de profunda melancolia.

- Seu problema é muito simples - disse ele. - Você fica facilmente obcecado.

Estive lhe dizendo que os feiticeiros espreitam a si mesmos para quebrar o poder de suas objeções. Há muitas maneiras de espreitar a si mesmo. Se não deseja usar a idéia de sua morte, use os poemas que lê para mim para espreitar a si mesmo.

- Como disse ?

- Disse-lhe que há muitas razões pelas quais gosto de poema - retrucou ele. - O que eu faço é espreitar a mim mesmo com ele. Provoco um choque em mim mesmo com eles.

Escuto, e enquanto você lê, calo meu diálogo interno e deixo meu silêncio interior ganhar impulso. Então a combinação do poema e do silêncio desfecha o choque.

Explicou que os poetas anseiam inconscientemente pelo mundo dos feiticeiros. Por não serem feiticeiros no caminho do conhecimento, os anseios são tudo o que tem.

(...)

...este incessante morrer obstinado,

esta morte vivente,

que te retalha, oh Deus,

em tua rigorosa obra

nas rosas, nas pedras,

nos astros indomáveis e na carne que se queima,

como uma fogueira acesa por uma música,

um sonho,

um matiz que atinge o olho.

...e tu, tu próprio, talvez tenha morrido eternidades de eras aí fora,

sem que saibamos a respeito, nos refúgios , migalhas , cinzas de ti;

tu que ainda estás presente,

como um astro imitado por sua própria luz,

uma luz vazia sem astros

que nos alcança,

escondendo sua infinita catástrofe.

" Quando ouço as palavras - manifestou-se D. Juan quando terminei de ler -, sinto que aquele homem está vendo a essência das coisas e posso ver com ele. Não me importo sobre o que seja o poema. Importo-me apenas sobre o sentimento que os anseios do poeta (filósofo) trazem até mim. Empresto seus anseios, e com eles empresto a beleza. E me maravilho diante do fato de que ele, como um verdadeiro guerreiro, derrame-o sobre os receptores, os espectadores, retendo para si mesmo apenas sua ansiedade. Esse impuxo, esse choque de beleza, é espreitar."


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A arte de espreitar é aprender todas as peculiaridades de teu disfarce, e aprende-las tão bem que ninguém saiba que estás disfarçado. Para consegui-lo, necessitas ser desapiedado, astuto, paciente e gentil . Ser implacável não significa aspereza, a astúcia não significa crueldade, ser paciente não significa negligência e ser gentil não significa ser estúpido. Os guerreiros atuam com um propósito ulterior, que não tem nada a ver com o interesse pessoal. O homem comum atua apenas se há possibilida de de ganância. Os guerreiros não atuam por ganância e sim pelo espírito.

Citações extraídas do livro O Poder do Silêncio, de Carlos Castaneda.

Autodomínio

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