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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Os 3 tipos

Nós vivemos num país, quiçá num mundo, onde a mudança de hábitos já deixou de ser uma opção existencial, agora é um necessidade imperiosa de sobrevivência.

Falar em mudança de hábitos parece um paradoxo nesse momento, pois tal mudança é por definição uma ação de dentro para fora. Quando ela ocorre de fora para dentro ela é uma imposição.

A mudança de hábitos é uma atitude revolucionária, rebelde, insurgente, consciente e não reativa.

Ser forçado a mudar, mudar a contragosto, sujeitar-se a uma imposição externa não é mudar de fato, pois quando a situação se alterar, e não for mais impositiva, a tendência é retornar ao padrão comportamental anterior.

É dito que o Buda falava sobre três tipos de pessoas, comparando-as a burros, paralelo que em si mesmo já é revelador da nossa tendência a apegar-se a padrões. Então, há três tipos de burros (pessoas):

1 - aquele burro que vê a sombra do chicote e isso já basta para ele andar.

2 - o burro que só anda quando leva chicotada.

3 - e um outro que mesmo a base de chicotada não arreda pé, o empacado.

Poderia se dizer que o primeiro burro é capaz de mudar seus hábitos ao vislumbrar a necessidade para tal. O segundo só muda se for obrigado (pelo "carma", pela vida, pelo meio). E, por fim, o terceiro, que não muda nem a chicotadas.

Muita gente se acha o primeiro burro, mas se assim fosse por que estamos do jeito que estamos vivendo todo esse carma coletivo?

O que nos impede realmente de mudar a despeito de tudo e por causa de tudo?

Para concluir, caso você se ache o tal, o Buda nos revela, já de início, que todos nós somos burros, mas há uma chance de deixar de sê-lo.

obs: pelo desculpas aos burros verdadeiros pelo uso da imagem, que não espelha a nossa verdadeira burrice enquanto espécie.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

A sujeira na unha do pé de Buda



Meditação é o paraíso do presente. 

Se a mente está no presente não percebemos a mente ordinária, sentimos uma outra mente, a mente de Buda, a mente iluminada. 

A antevisão dessa outra mente causa um temor estranho na mente ordinária.

A meditação é a entrada na mente verdadeira do ser humano. 

A meditação é o acesso à natureza real e divina do homem. Na meditação estamos focados no agora, no presente, não oscilamos nem para o futuro, nem para o passado, importa apenas este momento, o agora, o presente, a ocupação real. Não há futuro, nem preocupação. Não há passado, nem pós-ocupação. Ocupação de verdade só é possível no presente. Todas as outras ocupações fora do presente não são ocupações reais, são fantasias da mente fragmentada no passado ou no futuro, são atos mecânicos. Em meditação há apenas ocupação do ser. Há apenas foco no agora. Não há passado ressentido, nem futuro ansioso. Há apenas ISTO, o presente, a Vida pulsante, a respiração e tudo o que está acontecendo neste preciso e desprendido momento.

Meditação – ocupação, agora, presente, realidade, paraíso, foco, postura, elegância, calma, agilidade sem pressa. O pensamento assemelha-se a um rio caudaloso e sereno ou a um lago que parece o espelho do céu.

Distração – quase sempre estamos distraídos com pensamentos que nos levam ao passado ou ao futuro. Há falatório interior, há "fofoca neuronal", há turbulência dispersiva na mente. O fluxo dual do diálogo interior incessante e obsessivo opera entre passado e futuro em ondas emocionais negativas.

Passado: ressentimento, mágoa, saudade que dói, apego, raiva, culpa.

Futuro: expectativa ansiosa, planejamento excessivo, preocupação incessante, tentativa de controle do que não pode ser controlado.

Na meditação somos um, somos inteiros.

Na distração somos muitos, somos legião, somos dispersos.

Simbolicamente, na meditação somos como os santos, pois a aureola dos santos é um símbolo da integração com o divino, com a totalidade.

Por analogia de contrários, na dispersão mental feita de um diálogo interno incessante somos demônios, torturados pela dualidade dos chifres, símbolo da dicotomia da mente que alterna entre passado e futuro.

É claro que isso é apenas uma metáfora. A meditação transcende o santo e o profano, categorias próprias de uma teologia não iluminada. Aliás, só há teologias não iluminadas, pois a meditação, a iluminação é a sua própria teologia, o conhecimento da divindade em nós mesmos de forma direta, a realização da enteogenia do próprio homem.

Teologias e escritos sagrados são, como dizem os mestres zen, dedos apontando para a Lua.

Esse texto é apenas a sujeira na unha do pé de Buda.

F.

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Autodomínio

Quando verdadeiramente convencido verás que não é preciso a ninguém convencer.

O convencimento do outro é uma violência.

Isso fez da política uma guerra. Também a religião, o futebol, a filosofia, a magia e tudo o mais.

Egos sobrepondo egos numa luta contínua pelo domínio do outro, as vezes sutil, as vezes grosseira, por via mental ou física, que exige de quem quer libertar-se a via transcendente do autodomínio.

O autodomínio torna-se assim uma necessidade para não ser dominado, e o caminho dos budas transforma-se então num imperativo categórico da alma.

Para além de dominadores e dominados a via espiritual oferece o único caminho de escape, um caminho onde a palavra de ordem nos diz que só a disciplina salva.

Alguns chamaram tal via de "caminho do guerreiro".



Sinal de Fumaça

Entre a vaidade e o medo

Quando era garoto, lá pelos anos 60 e 70, em plena ditadura militar, quase todo o dia tinha que sair na porrada por causa da provocação dos ...