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segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Ayahuasca e plantas de poder




Saudações!


Tenho lido os mails sobre Ayahuasca, ou Runipan¹, que é um termo que também uso mais para tal planta de poder. Creio que para falarmos sobre o tema deveríamos ir mais fundo. Como sabem considero falar e escrever um ato de poder, portanto, vem por aí um texto longo e que exige um grau de foco para ser realmente compreendido, recomendo mesmo que seja impresso para ser lido. 


Vamos começar pelo conceito de planta de poder. Este termo foi trazido a público pelo Doutor Carlos Castaneda, como tantos outros do Xamanismo hoje utilizados. 


Por que planta de poder? 


A definição de uma planta de poder é dada pela sua energia. 


Mirando as plantas os videntes notam que toda planta tem também um ovo luminoso ao seu redor. Por vezes esse ovo luminoso é pouco maior do que a própria planta, mas algumas plantas têm uma incrível e vasta projeção luminosa a sua volta, o que revela serem "plantas de poder". Há outro aspecto, as plantas se comunicam com a Terra de uma forma muito mais profunda do que nós, criaturas móveis, que também temos uma raiz, que se projeta na frente de nosso ovo luminoso, um fio Terra que todos temos e que sulca a energia da Terra enquanto nos movemos. 


As propriedades das plantas são conhecidas há milênios. As plantas podem curar, matar e induzir a estados alterados de consciência. Várias tradições xamânicas demonstram que o caminho rumo à descoberta das potencialidades que trazemos ocultas dentro de nós aconteceu, porque, por sugestão de "entes" de outros mundos, ou por curiosidade e mesmo fome, alguns homens e mulheres ingeriram tais plantas, entrando em estados alterados de consciência. 


Alguns deles foram mais longe e transformaram esse resultado errático em campo de estudo, sistematizando o que hoje conhecemos como tradição xamânica, nascida na alvorada dos Tempos. Não há nenhuma cultura nativa do mundo que não conheça ou deixe de fazer uso ritual das plantas de poder. E o que aconteceu a esta cultura na qual estamos inseridos, que negou e reprimiu tais procedimentos, substituindo com o insosso pão e vinho do rito cristão os antigos ritos de ingestão de plantas de poder? O vício e o desequilíbrio das drogas químicas, com o terror armado do tráfico e tudo mais que assistimos. 


O ser humano necessita do êxtase, do estado promovido antes pelos grandes rituais coletivos, onde em catarse provocada por danças, sons rítmicos e beberagens várias certas substâncias eram produzidas, para os fins do Ser Terra e de todo o esquema cósmico no qual estamos inseridos. 


O que se busca com a ingestão de uma planta de poder? 


Ampliar o estado de consciência, entrar em outra dimensão da realidade, normalmente inacessível a nossos sentidos comuns, a nossa forma usual de sentir e perceber o mundo. 


Por que usamos uma planta de poder? 


Para essa ampliação de nossa consciência , pois. 


Por que nos alimentamos? 


Por que sem alimentação não teremos matéria prima para manter nosso corpo vivo, com a constante renovação celular exigida para tal mister, tão pouco teremos energia para executar nossos processos existenciais. Sem alimentarmo-nos não pensamos, não sentimos, não agimos. Já pararam para pensar nisso, como é uma necessidade fundamental se alimentar. Os jejuns² tem várias virtudes, uma delas nos ensinar o que é sentir o corpo clamando por alimento, sua energia se findando. Tive algumas aventuras, que, entregue a mim mesmo, despido dos recursos que a vida "civilizada" nos dá, senti fome de verdade, que vem depois de mais de 36 horas sem alimentar-se. 


Além do alimento sólido precisamos ingerir água. Outra necessidade fundamental, já que sabemos que o Ser mundo no qual vivemos é feito predominantemente de água em nossa constituição. Alimento, água, isto precisamos ter para nos mover. Em tempos e locais sem supermercados, sem entrepostos de venda, ir suprir essas necessidades fundamentais dá um certo trabalho. A relação evidente de dependência fica mais clara. Os modos confortáveis da civilização que os conquistadores instalaram nos lugares conquistados cria uma falsa relação com o meio e assim, a indolência natural é acentuada, permitindo uma leitura da realidade que entorpece o senso de urgência não ansiosa, o estado de alerta constante que caracteriza quem está desperto. 


Como bem citado, Matrix é uma pálida alusão a uma realidade aterrorizante aos mais frágeis, que um (a) guerreiro encara com a mesma tranquilidade focada com que encara a não menos assombrosa ETernidade que nos cerca, envolve e nos empresta a consciência para que a amadureçamos, a mutemos através de nossas vivências e então, a pede de volta, um pedir que não precisa ser recusado, só ser atendido de outra forma, de uma forma criativa e ousada, como tudo mais que os(as) buscadores(as) da liberdade realizam. 


Comida, água. 

Necessidades básicas, dependências. 

Pouco paramos para pensar como temos dependências fundamentais em nossa vida. 

Alimentar-se e beber água. 

Tudo que vc leu até aqui só o fez porque se alimentou. 


A qualidade de sua alimentação determina muito a qualidade do tipo de substâncias que você vai gerar como matéria prima para a reconstrução celular constante que existe em nosso organismo, como também fornece energia para que tudo isso ocorra. Pois se está havendo uma regeneração celular constante, nossas células estão morrendo e nascendo, estamos sempre mutando também a nível corporal. A ilusão da solidez nos impede de ver isso, mas somos eventos dinâmicos, não pontos estáticos num contexto artificialmente gerado, aceito por convenção. 


O alimento entra no corpo. É mastigado, deglutido, vai para o estômago, sofre ali uma digestão mecânica e enzimática. Usando substâncias várias produzidas pelo corpo, as enzimas decompõem os elementos ingeridos em estruturas absorvíveis pelo organismo. Um exemplo da importância das enzimas é nossa incapacidade de digerir celulose. Nosso organismo não produz esse tipo de enzima. Assim a celulose entra e sai com a mesma natureza química, tendo sofrido apenas alterações de natureza física (mastigada, etc.) O alimento vai para as células, via circulação. Vejam os importantes glóbulos vermelhos, cheio do real material mágico da Alquimia, não o ouro, usado como símbolo e mais tarde distração. Mas o Ferro, o elemento mais abundante do planeta. Com a hemoglobina vai o terceiro alimento, o terceiro fator fundamental para nossa vida, além do que comemos e bebemos. 


O AR. 


Bem mais que o Oxigênio, que no entanto cumpre fundamental função para a vida e, também é, paradoxalmente, fator de entropia no organismo (as oxidações, fatores como radicais livres, etc.). Dentro da célula é a combinação de certas substâncias tiradas dos alimentos com o Oxigênio é que vai gerar energia para todos os processos que resultam no que chamamos de vida. O alimento está absorvido pelo organismo. Agora não há mais alimento e corpo, há só corpo com toda a matéria absorvida integrada em si. O ar se mistura com outros elementos. Respondemos a cada inspiração com uma expiração. Se o oxigênio é o que buscamos quando inspiramos, é gás carbônico que devolvemos quando expiramos. As plantas expiram oxigênio, na fotossíntese, e inspiram gás carbônico. Podemos nos tornar grandes amigos das árvores, algo difícil em nossos tempos pelo estado de guerra que nossa espécie declarou a estas belas companheiras. 


Isso é um processo simbiótico, como em simbiose vivem certas bactérias em nosso intestino, nos ajudando em processos digestivos e se alimentando enquanto isso. A simbiose com o mundo das plantas é muito profícuo. Mas da mesma forma que tiramos a vida no mundo animal para nos alimentar, tiramos a vida no mundo vegetal. Pois nos alimentamos de plantas também. Cada pé de alface que arrancamos, tem o mesmo sentido quando atiramos uma flecha ou armamos uma armadilha para capturar uma caça. Aquele pé de alface sentia o tempo, sentia as estrelas e as noites de luar, sentia o sol quando nasce e se põe, sentia a vida em toda sua expressão. Suas raízes vinham da mãe terra, onde nascera de semente, onde tivera que abrir seu espaço e uma dia surpreso se viu irrompendo num outro nível da realidade e da Terra, seu útero seguro, que lhe alimentava e protegia, vinha agora o desafio dos ventos, das chuvas de pedra, dos estranhos seres que se moviam de outra forma. Pois mesmo uma alface sabe que mobilidade e repouso são conceitos muito relativos. Essa alface, tanto quanto um porco do mato, uma galinha, uma capivara, tinham o prazer da vida em suas veias, quer por ela corresse o sangue ou a seiva. Mas como muitos perderam o Sentir e lhes restou apenas raciocinar, que é bem menos que pensar, esta percepção foi perdida. 


Quando compreendemos que as plantas têm esse nível de poder e consciência podemos entender o que é uma planta de poder, o que é convidar Runipan para partilhar conosco seu poder. Em um animal fica mais claro isso. Um(a) caçador(a) quando vai pela mata sabe que também somos caça. O vento que trás os cheiros também leva o seu. Quem já esteve em mata sabe que a gente sente o cheiro da onça de longe, ela exala um cheiro forte. Um caçador está preparado, ele vai a caça. Isto permite que ele estabeleça uma relação diferente com seu alimento. Quando o pega ele foi a face da Morte para sua caça. 


Se for sábio vai reconhecer que um dia a Morte poderá se mostrar da mesma forma para ele e na impossibilidade de saber mesmo o que vai lhe acontecer e quando, vive cada instante na plenitude de si. Quando aquele animal for comido a qualidade daquela carne, a força que ali estava, o poder, vai se impregnar na substância orgânica. Cada naco daquela caça, quer cru, quer assado ao fogo, vai ter consigo um pouco do poder daquela caça que correu livre, que viveu e metabolizou um aspecto da consciência da Eternidade, como todo ser vivo e consciente faz. 


Em um de seus aspectos a Vida é consciência. Sintam a diferença entre este alimento, em termos de poder e energia contidas e transmitidas a quem dela ingere, se comparado a um bife feito num restaurante, por um cozinheiro com raiva da gerência e com medo de perder seu emprego, servido por alguém que também está mals consigo, num lugar fechado, sem luz do sol, cheio de pessoas que fazem da refeição um momento de ansiedade e confusão a mais. Veja como esta civilização se alimenta mal, com vegetais e animais criados em grande quantidade, sem energia selvagem, por isso criando uma perigosa tendência a sermos nós também, domesticados servilmente. 


Esta diferença também ocorre no uso das plantas de poder. 


Primeiro, o que é uma planta de poder? 


É uma planta que tem muita consciência e algumas de suas fibras de consciência tem paralelo com as nossas de forma acentuada. A planta de poder carrega em si uma energia peculiar. Como toda energia orgânica tem sua densificação num ponto do organismo. É nos chamados "alcalóides" que essa energia peculiar se assenta nas plantas de poder. A composição química não é o único segredo. É na fórmula espacial das moléculas que está a força desses alcalóides. Eles têm tal conformação espacial que formam certas cadeias, têm padrões de ressonância os quais uma vez dentro do organismo ativam partes do corpo que estão adormecidas há milênios, falando em termos de espécie. 


Partes de nosso ser que ressoam a outras realidades, que nos permitem ver, ouvir, sentir, degustar e cheirar de formas completamente novas, além de levar a outros estados perceptivos que a partir de certo limiar já não mais estão no corpo denso, mas no corpo de energia, contraparte deste que conhecemos. 


Para todas essas manobras, porém não basta apenas a ingestão da planta de poder, há que se ter energia. 


Quando os predadores³ (ver texto sobre Predadores e Ponto de Aglutinação) chegaram e começaram a dominar a espécie humana, pouco a pouco, certas habilidades antes naturais foram sendo perdidas. Com a energia sendo consumida pelos predadores certas habilidades deixaram de ser atingidas enquanto potência realizada. Ficamos só com certa lembrança, certa intuição de que somos capazes, mas sem a condição energética para realizar. Por isso há tanta ênfase em reduzir nossa preocupação conosco mesmo, com nossa importância pessoal. 


Pois o que julgamos ser nós mesmos, nosso "eu" é tão somente um aglomerado de jeitos de pensar, sentir e agir, que nos deram e que nós absorvemos, por imitação ou imposição. Ë neste aglomerado travestido de "eu" que estão as grades de nossas celas, onde somos mantidos ignorantes de nós mesmos e de nossa real condição. Fomos condicionados a agir de tal ou qual forma. E assim respondemos aos estímulos, raramente agimos. Reagimos, mas raramente agimos. Estes estilos de agir, pensar e sentir não são a nossa "essência perceptiva". Somos o percebedor, mas estamos identificados com o percebido e parte desse percebido é um conjunto de estilos de agir, de pensar e de sentir que chamamos "eu". Se formos mais fundo na observação de nós mesmos teremos que reconhecer que nem é pensar, nem é sentir, nem é agir o que acontece. 


Raramente pensamos, na maior parte do tempo o que fazemos é raciocinar, que é um treino válido, mas limitado apenas a esta realidade convencional na qual vivemos. Raciocinar é operar apenas numa condição de memória, interpretando os dados recebidos a partir de um repertório. Uma condição de secundidade no dizer de C. Pierce. Pensar é mais amplo. Raciocinamos para treinar nossas habilidades a mergulhar no pensar, que entre outras coisas é criativo, realmente criativo, no sentido xamânico do termo. 


Nos emocionamos, para treinar o sentir. Emocionar-se é responder a estímulos, dos mais diversos, mas é resposta. A singularidade humana se manifesta em nós quando somos capazes de formular nossas próprias perguntas, ao invés de apenas repetir as respostas que nos fizeram decorar. Em todos os níveis e sentidos. E como tem demonstrado os behavioristas, para ira de muitos que se enamoraram da maquinaria mental, como dizia Skinner, os seres reagem, raras vezes agem, embora a natureza do estímulo está, na maioria das vezes, fora de seu espectro de percepção consciente. 


Mas podemos ir além. Podemos de fato sentir, pensar e agir. Para isso precisamos expandir nossa consciência, abarcar novos e mais complexos paradigmas sobre os quais construir nossa abordagem da realidade. Mas expandir consciência implica em tê-la. Como dizia Gurdjieff não se pode expandir a consciência inconscientemente. E aqui entra o ponto chave da questão das plantas de poder, como também da nossa relação com seres de outras realidades, tema de outro mail que estou mandando. 


Se usarmos as plantas de poder, a partir de nosso "eu normal", se usarmos as plantas de poder sem antes encontrarmos aquele lugar silencioso em nós, onde podemos ouvir a voz de nossa testemunha interior, estaremos usando o tremendo poder das mesmas, sua consciência intensificada que ingerimos, para apenas alimentar as projeções do que chamo "falsa personalidade", conjunto de formas de agir, pensar e sentir (que na realidade é reagir, raciocinar e emocionar-se) que apenas desejam que tudo fique como está, que é vaidosa, que é indolente, que tem medo e disfarça seu medo com arrogância, que é covarde e disfarça sua covardia com imprudência. Sem um claro trabalho sobre si mesmo, o uso de plantas de poder tem efeitos sempre questionáveis.

 

Foi essa a queda dos Antigos Videntes, alertam os Toltecas deste ciclo, encontraram maravilhas, mas o fizeram a partir de seu "eu" não cultivado. Expandir-se em estados estáticos de contemplação confusa dos mundos que existem além disso tem uma utilidade duvidosa para quem busca o viver estratégico e a compreensão efetiva daquilo que está à sua volta. 


Há outro detalhe. 


Existem pessoas que após certa idade param de produzir a enzima que digerem o leite. Assim sendo, se ingerirem o leite terão vários problemas, como alergias, doenças respiratórias. Mas para outras essa enzima continua ativa pela vida toda e assim, podem beber leite como bezerros até o fim da vida, quando a Terra os beberá também. Da mesma forma, as plantas de poder podem ser inócuas, debilitantes dentro de graus toleráveis ou intensamente debilitantes de acordo com cada pessoa. Existem pessoas que têm a habilidade de metabolizar os alcalóides, outras não. Por isso vamos encontrar pessoas que podem ter acesso às plantas de poder sem nenhum dano a sua estrutura física e outras não. 


E não só isso. 


Há também a questão da energia pessoal fundamental. Alguns têm essa energia em grande quantidade. Outros em pequena, alguns quase nenhuma. Essa energia que é determinada pelo grau de tesão com que a relação entre nossos pais aconteceu quando nos gerou, determina de forma inequívoca, quem pode e quem não pode trilhar certos caminhos. E por certo o caminho das plantas de poder não é único, muito menos o mais recomendado para quem busca a sobriedade. 


Atenção: Não quis dizer que o caminho das plantas de poder não pode ser trilhado com sobriedade. Disse que é um caminho que facilita a ausência de sobriedade. A planta de poder solta seu ponto de aglutinação. Ele pode sair errático e cair em qualquer novo alinhamento. Como os sonhos antes de serem controlados. E podemos nos arriscar a cair em mundos além de nossas possibilidades energéticas. Por isso, como tudo que se refere ao Conhecimento não pode ser trilhado com diletantismo. Há que se saber por que e como está fazendo isto. 


Segundo ponto importante, o uso em grupo. Todo trabalho coletivo usando plantas de poder exige a presença de um(a) condutor (a) preparado, alguém capaz de auxiliar no conduzir dos estados de consciência alterada que vão se produzir ali. Tem que saber usar da voz, dos tons, da energia do ambiente, tem que sentir cada um dos que estão ali para auxiliá-los, se necessário. O limite de um grupo de trabalho é o limite da capacidade do guia, do que conduz a canoa com os que trabalham juntos. 


Um efeito colateral de um trabalho grupal com plantas de poder é a entrada em ressonância entre os campos de energia dos participantes. Por isso se misturar a qualquer grupo de pessoas para usar qualquer tipo de plantas de poder é, no mínimo, imprudente. Se isso for feito de forma sóbria e focada, os participantes terão uma energia extra gerada pelo propósito grupal. Acima de oito rompem uma barreira energética importante, a barreira da personalidade. Mas tudo isso deve ser lido com uma mente muito diferente da mente usual. 


E aí entramos no foco desse tema: Os predadores⁵, que nos deram sua mente, e agora temos essa forma de pensar que não é natural a nossa espécie. Temos duas mentes, uma nossa mesma, fruto da somatória de nossas experiências. E uma outra, que os xamãs Toltecas chamam de "instalação alienígena". Ambas têm suas peculiaridades. Mas a mente do predador que está acoplada a nossa tem uma forma de ser que nos desequilibra e limita, para que sirvamos aos seus propósitos. A melhor analogia a isso foi dada por Matrix (famoso filme dos irmãos Wachowski, lançado em 1999). O ser humano deixou a condição de mamífero e se tornou destruidor como um vírus. Essa segunda natureza destruidora que temos não é realmente nossa. Foi implantada em nós. Um condicionamento. Como nos piores filmes classe B de ficção científica somos um grupo de escravos, mantidos numa sofisticada prisão, a prisão chamada "realidade". A realidade que vemos lá fora é mais sutil que a mostrada em Matrix, porém. Ali era uma simulação criada por máquinas. Aqui, há algo sim lá fora, vivemos num mundo gerador de energia, não num mundo espectro. As árvores, as pedras, tudo que nos cerca são itens geradores de energia. Vivemos num mundo que está doente com nossas agressões, mas ainda vivo e com energia. Nós processamos essa energia, como células, como enzimas do Ser Terra. Somos tipos de enzimas do Ser Terra, metabolizamos substâncias que na sua forma original o Ser Terra não poderia absorver. 


Não só substâncias físicas que metabolizamos, mas também as energéticas, vindas da eternidade, que metabolizamos de tantas formas em nosso sentir, pensar e agir, mesmo quando ele é mero emocionar, raciocinar e reagir, atitudes mecânicas. Portanto, temos que tomar cuidado com este detalhe para não nos limitarmos a uma dupla prisão. Somos células da Terra, somos parte do sistema orgânico que lhe possibilita existir e, além disso, estamos há alguns milênios escravizados por uma espécie de seres inorgânicos, isto é sem organismo, que vindos de alhures da Eternidade, nos pastoreiam agora, consumindo nossa energia, como os Massari fazem com seu gado (os Massari, povo da África, não matam o gado, tiram sangue deles e preparam sua comida com esse sangue. Sangram o gado pela vida toda do animal sem matá-lo.). 


Mas a prisão ao Ser Terra não é uma prisão. Só o ser humano da civilização industrial pensaria assim. Nossa ligação com o Ser Terra é simbiótica. Como organelas (mitocôndria, por exemplo) que migraram para dentro das células, mas eram seres independentes, que entraram em processo simbiótico para melhorar suas condições de vida e continuidade podemos nos sentir ligados ao SER Terra e aí passamos a uma troca justa onde metabolizamos energias para o Ser Terra e em resposta temos condições mais amplas para nossa sobrevivência e tempo para investigarmos os desafios que nos esperam. Condições de lutar pela Liberdade. Mas a resposta predadora existe em toda a ETernidade. A condição predadora da Realidade é algo que escapa aos(as) que estão escravizados(as). Por isso qualquer contato com seres de outra realidade devem ser conduzidos com o máximo de sobriedade e bom senso. Nessa nossa ligação simbiótica com o SER Terra podemos recuperar uma condição de ação disciplinada e focada, um estilo de vida que nos coloca vibracionalmente além do alcance destes seres que escravizam os humanos. E uma vez tendo alcançado esta primeira liberdade, teremos condição de seguir no Caminho e trabalhar pela segunda liberdade, a liberdade da condição de célula da Terra, que tem a consciência como empréstimo, que um dia vai ser tomado de volta. 


O segredo de tudo está na energia vital, que temos junto com a consciência. A consciência precisa ser devolvida, a energia vital não. E todo o treino de certas escolas visa isso, "despertarmos" isto é tornar a energia vital consciente de si mesma. E este trabalho pode ser auxiliado ou retardado pelo uso das plantas de poder. Tudo depende da forma que fazemos esse uso. 


Um último adendo. 


As mulheres raramente precisam de plantas de poder. Elas já tem um órgão que faz o papel que as plantas de poder tem para os homens. O útero na mulher é um órgão mágico por excelência. O assunto é amplo, mas creio que alguns pontos fundamentais foram expressos.

Nuvem que Passa

Data: Seg Mai 29, 2000 8:15 pm

Assunto: Re: [ventania] Runipan (Ayahuasca)



Notas


¹ Runipan significa homem forte. Ayahuasca, em Quéchua, quer dizer “cipó dos espíritos, vinho das almas Existem mais de 40 nomes diferentes para esta planta de poder, na verdade a combinação de duas ou mais plantas. Dentre eles temos: Natema, Yagé, Nepe, Ayahuasca, Santo Daime, Vegetal, Dapa, Pinde, Runipan, Bejuco Bravo; Bejuco de Oro; Caapi (Tupi, Brazil); Mado, Mado Bidada e Rami-Wetsem (Culina); Nucnu Huasca e Shimbaya Huasca (Quechua); Kamalampi (Piro); Punga Huasca; Rambi e Shuri (Sharanahua); Ayahuasca Amarillo; Ayawasca; Nishi e Oni (Shipibo); Ayahuasca Negro; Ayahuasca Blanco; Ayahuasca Trueno, Cielo Ayahuasca; Népe; Xono; Datém; Kamarampi; Pindé (Cayapa); Natema (Jivaro); Iona; Mii; Nixi; Pae; Ka-Hee’ (Makuna); Mi-Hi (Kubeo); Kuma-Basere; Wai-Bu-Ku-Kihoa-Ma; Wenan-Duri-Guda-Hubea-Ma; Yaiya-Suava-Kahi-Ma; Wai-Buhua-Guda-Hebea-Ma; Myoki-Buku-Guda-Hubea-Ma (Barasana); Ka-Hee-Riama; Mene’-Kají-Ma; Yaiya-Suána-Kahi-Ma; Kahí-Vaibucuru-Rijoma; Kaju’uri-Kahi-Ma; Mene’-Kají-Ma; Kahí-Somoma’ (Tucano); Tsiputsueni, Tsipu-Wetseni; Tsipu-Makuni; Amarrón Huasca, Inde Huasca (Ingano); Oó-Fa; Yahé (Kofan); Bi’-ã-Yahé; Sia-Sewi-Yahé; Sese-Yahé; Weki-Yajé; Yai-Yajé; Nea-Yajé; Noro-Yajé; Sise-Yajé (Shushufindi Siona); Shillinto (Peru); Nepi (Colorado); Wai-Yajé; Yajé-Oco; Beji-Yajé; So’-Om-Wa-Wai-Yajé; Kwi-Ku-Yajé; Aso-Yajé; Wati-Yajé; Kido-Yajé; Weko-Yajé; Weki-Yajé; Usebo-Yajé; Yai-Yajé; Ga-Tokama-Yai-Yajé; Zi-Simi-Yajé; Hamo-Weko-Yajé (Sionas do Putomayo); Shuri-Fisopa; Shuri-Oshinipa; Shuri-Oshpa (Sharananahua).


² O jejum intermitente, por exemplo, pode ser usado como uma prática para aumento de energia, vitalidade e despertar. A base científica de tal prática decorre dos trabalhos do prêmio nobel de Medicina de 2016, o biólogo japonês Yoshinori Ohsumi. O próprio jejum é uma prática de vários povos nativos como preparação para o ritual com Runipan e envolve um conceito mais amplo do que não-comer, adentrando na esfera do pensar e do falar.


³ Ver o capítulo 15 do livro O Lado Ativo do Infinito, de Carlos Castaneda, bem como a entrevista do xamã Credo Mutwa à David Icke:


https://www.youtube.com/watch?v=HLVQAHu6itQ&t=80s.


Secundidade - a arena da existência cotidiana, estamos continuamente esbarrando em fatos que nos são "externos", tropeçando em obstáculos, coisas reais, factivas que não cedem ao sabor de nossas fantasias. O simples fato de estarmos vivos, existindo, significa, a todo momento, que estamos reagindo em relação ao mundo. Existir é sentir a acção de fatos externos resistindo à nossa vontade. Existir é estar numa relação, tomar um lugar na infinita miríade das determinações do universo, resistir e reagir, ocupar um tempo e espaço particulares. Onde quer que haja um fenômeno, há uma qualidade, isto é, sua primeiridade. Mas a qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para existir, a qualidade tem que estar encarnada numa matéria. O fato de existir (secundidade) está nessa corporificação material. Assim sendo, Secundidade é quando o sujeito lê com compreensão e profundidade de seu conteúdo. Como exemplo: "o homem comeu banana", e na cabeça do sujeito, ele compreende que o homem comeu a banana e possivelmente visualiza os dois elementos e a ação da frase - https://pt.wikipedia.org/wiki/Semiótica#Charles_Sanders_Peirce.


 A cristianização em torno de Runipan ou Ayahuasca pode ter o dedo, a mão e o pé de tais seres, que vem a beber de canudinho da energia gerada em tais trabalhos grupais e que são os “mentores” de muitos líderes de tais organizações religiosas cristianizadas em torno de Runipan.

sábado, 2 de dezembro de 2023

Somos pontes, por Nuvem que Passa.




A grandeza do homem consiste em que ele é uma ponte e não um fim; o que nos pode agradar no homem é ele ser transição e queda - Nietzche.
 
Aloha!


Ultimamente tenho questionado algumas abordagens intelectuais ou fantasiosas da realidade a nossa volta e sobre nós mesmos.

Faz já um tempo isso, mas ultimamente estive com uma pessoa ligada ao Taoísmo e nestes meses fiquei muito chocado em perceber que os conceitos, as definições, todas elas, desde as mais chãs as mais transcendentes, todas são emanadas de um nível, emoções ou raciocínios.

É muito forte perceber isso, perceber que a maior parte do que chamamos "nosso jeito de agir" é um movimento de reação.

A ação brotando da gente mesmo, de nossa própria vontade, de nossa intenção é algo raro ainda, a maior parte da humanidade planetária segue modelos prontos, tem paradigmas impostos, não escolhidos e a flexibilidade perceptiva está endurecida.

Raciocinar e emocionar lida com tipos de comportamento que respondem a uma programação ideológica de vários grupos. O que chamam de "mundo oficial" , a abordagem da realidade que temos por final e determinante precisa ser contemplada, meditada, observada com foco para irmos além do repetir daquilo que já existe, que já se mostrou insuficiente para o tamanho do desafio de ajudar este planeta como um todo a se curar, a voltar ao seu estado de equilíbrio com o meio e consigo mesmo.

Há um novo tempo começando, após a noite está raiando a manhã.

Hunab Ku ressurge.

Estamos numa dimensão da realidade que nos colocaram.

A opção do Xamanismo é mostrar como mudar a realidade sem nos desviar de um caminho de liberdade.

SENTIR e PENSAR são formas diferentes de usar aquilo que treinamos usando o emocionar-se e o raciocinar.

Podemos atravessar toda a existência limitando-nos a apenas nos emocionarmos dentro dos estímulos que vem da "realidade", podemos ficar nos conceitos racionais que explicam o mundo dominante atual, podemos por toda a vida apenas teorizarmos sobre questionamentos ao modelo vigente mas na realidade cotidiana servir de várias formas a manutenção do mundo tal qual ele é, tal quais os conquistadores nos impuseram.

Escolher deixar de fato, em ato, de manter esse sistema destrutivo que domina ainda o cenário mundial é reconhecer que os conquistadores ainda estão no poder, que o mundo virou de fato um grande mercado onde o mais importante para grande número de pessoas é o gerar de capitais e poder de controle em comportamento.

Mas há outras opções por aí.

Há outros caminhos, caminhos sutis, que não se impõe, apenas se revelam existentes, apenas emanam o que são, como o Sol surgindo na cinzenta cidade.

Perceber a realidade em outros níveis.

Me parece que esta energia de Hunab Ku que está chegando agora ao planeta, está impregnada de novas e desafiantes formas de existência, mas dentro de uma perspectiva equilibrada em relação ao meio.

Estar em harmonia é um caminho para o Ser.

Estou trabalhando com consultoria para projetos sustentáveis e dentro de uma proposta de Melhoria Contínua. Tem empresa que entro uma vez por semana as 5:30, para passar o treinamento na entrada do pessoal na linha de produção. O tempo, o horário, a tal 5:30. Uma vez por semana este horário está lá e a gente tem que chegar no horário.

Neste momento é irônico ler que o "tempo não existe". Às vezes LEIO TEXTOS com uma abordagem sobre o tempo que me parece perdida em uma abordagem racional.

Creio que o Xamanismo Guerreiro propõe uma outra relação com o tempo e neste sentido o tempo de fato não existe, mas nesse mundo, gerado por esta posição comum que o ponto de aglutinação foi fixado, há um tempo acontecendo

Quem trabalha em qualquer setor da economia oficial em algum momento está ligado ao tempo, tendo que cumprir horários, efetivos.

Horários, são 7:10, daqui a pouco estarei num escritório, uma empresa, pessoas focadas nos desafios do mercado ali.

Tantas influências, mas o que chamam de realidade ali é um conceito de "realidade" de uma sociedade.

É complexo isso, entender que nossa "abordagem da realidade" é no começo fruto dos condicionamentos que recebemos e continuamos recebendo.

Este primeiro momento, quando reconhecemos que somos um ente perceptivo, que somos um ponto perceptivo, ponto adimensional, isto muda muita coisa. Pois podemos deixar de nos identificar com o que "fizeram de nós" e podemos de fato mergulhar nesse lugar interior, silencioso, singular, de onde podemos brotar sinceramente como novidade e não mera repetição do que já foi realizado. O papel dos caminhos é mostrar a liberdade e a relação direta nossa com a Fonte.

Isto é fantástico, somos ponte, ponte entre mundos diversos que se encontram pelo nosso existir.

Somos pontes.

A diferença da proposta de observar a realidade que o Xamanismo faz permite entrar numa linha de existência singular, própria e nesta "unidade" podemos ir além das programações que herdamos enquanto membro de uma espécie cumprindo funções para o metabolismo do organismo cósmico onde estamos inseridos(as).

Observar o mundo como ele é em si.

Sentir a realidade que nos envolve pelo que ela passa de fato, estar atento no aqui e agora do momento onde estou.

O Xamanismo Guerreiro restaura uma linha que permanece secreta há eras, trás a possibilidade de entendermos um pouco mais, mesmo racionalmente, outra forma de abordar o mundo, a ação impecável, astuciosa, paciente e gentil.

Esta combinação de estilos de agir faz com que realmente ocorra um "agir" e não um mero reagir, que às vezes até vem disfarçado de atividade, de conhecimento, de sistema, de caminho, mas não o é.

A ação brota da vontade, sem vontade não "há ação de fato", só reação, estaremos agindo por causas que foram deflagradas em outros tempos, estamos respondendo ao contexto social onde estamos inseridos representando um papel ao qual fomos acostumados desde que nos tornamos "maduros e autossuficientes". Ser maduro e autossuficiente é uma forma de se colocar das pessoas que neste mundo conseguem "se manter".

É um desafio se manter nesse mundo, de fato, com equilíbrio, existem várias formas, na realidade toda pessoa que está na sociedade de alguma forma está se mantendo enquanto "indivíduo".

É interessante observar isso, todos têm nomes, profissões, aparências, enfim cada uma das pessoas do mundo de hoje, cada indivíduo onde quer que esteja, é uma possibilidade humana, cada ser humano que nasce hoje está exposto a uma descrição de mundo que, em linha gerais, se tornou impressionantemente comum por este estranho fenômeno que alguns chamam de "globalização".

Desde umas 10.500 voltas do Sol atrás que não acontece uma civilização global e integrada como esta que estamos.

Agora estamos de novo, sintonizados com vários tipos de estilos de vida que podemos adotar como resposta constante, como ação base mesmo.

Atitude.

Mas será que é só isso o "me manter", será que não estamos presos num jeito de agir e relacionar, tanto com o meio como com a gente mesmo?

Será que não temos que rever todas as nossa verdades constantemente, ampliando a percepção da realidade?

É este ponto que tenho percebido, os outros mundos, as experiências advindas do trabalho mágico, revelam realidades que não dá nem prá aludir com palavras.

É tão ampla a mudança resultante de um caminho de autonomia existencial e são tão restritas as propostas fruto desse mundo condicionado, doutrinado, limitado, conquistado que nos ensinaram a perceber como "única" realidade.

O desafio nestes caminhos é trilhar com foco, evitar "naufragar" no tempestuoso mar que às vezes surge, tão pouco se deixar prender pelos mares paradisíacos. Para os(as) xamãs guerreiros(as) há a aventura da Eternidade, sem ficar preso em nada, mesmo os Deuses e Deusas ao fim do Mahavantara ou mesmo do Kalpa, se verão dissolvidos, frente a este fim, este dissolver em tantas possibilidades há uma liberdade diferente acenando da 3ª porta, sutil.

Há uma era de comércio e comerciantes e algumas classes outras que ainda gravitam em torno do dinheiro também, assim, acabamos restritos a um planeta onde indústrias de armas e destruição desenvolvem tecnologias para garantir o poder aos grupos que servem.

E por diversos meios há um domínio, mas agora questionado, sobre nossas vidas e os destinos do mundo.

O importante é reconhecer que estamos em outro tempo, outro espaço, a era de dominação acabou, o domínio de grupos não justifica mais, há uma realidade muito ampla vindo do Centro da Galáxia.

Dentro de mais ou menos 10 voltas ao redor Sol estaremos recebendo o pulsar do coração da galáxia, o momento no qual a força do centro da galáxia emite pulsos de sua presença, o mundo se vê perante o abismo e tem a coragem de saltar, livre, só, pleno.

Há mundos novos voltando e dizem que muitos dos que se foram na última pulsação voltam, trazendo novas amizades.

A Tribo do Arco Íris está em ação.

Chegou o tempo mágico.

Começou, não há mais tempo de investir a energia nossa em modelos de realidades que vieram dos conquistadores.

É chegado o momento de vestirmos nossas cores reais e começarmos a ousar, a agir, para manifestar na realidade o que sabemos estar vindo de outros mundos.

Os grupos dominantes continuam desenvolvendo suas estratégias para que o mundo inteiro tenha uma uniforme e pouco variante percepção da realidade, para que nesta visão programada se adapte a esse modelo de produção global que estes(as) neo senhores(as) feudais, alguns comerciantes, militares e mais algumas facções como igrejas e outras, estão impondo aos seres humanos como visão única de realidade.

Observar isso com foco é muito importante, é momento de entender que tudo que chamamos de realidade é apenas uma descrição, a descrição que a Igreja com os Invasores trouxeram até este continente, se aproveitaram de disputas tolas das tribos aqui viventes e impuseram um modelo de civilização.

Hoje estamos tendo a chance de saber um pouco mais, de conhecer mais as formas de viver de povos nativos ancestrais, quando estavam em contato com a VIDA, consigo mesmos, então viviam de forma harmônica, presenciando mistérios de todo escopo.

Pra mim é claro que esta sociedade que aí está é uma sociedade gerada pelos conquistadores, tem muitos valores de uma sociedade de escravos(as) por isso para de fato compreender e trilhar o caminho do(a) guerreiro(a) do Arco Íris é necessário compreender os fatos que nos levaram a ser membros de uma sociedade de escravos(as) e trabalhar ativamente para sair dessa.

Parece-me que o começo de tudo é observar, observar a gente mesmo e tudo a nossa volta, para descobrir o que as coisas e eventos, as pessoas e situações, são de fato, não nos limitarmos a uma descrição de mundo que nos dão pronta, mas ousar construir outra abordagem da realidade.

É fundamental observarmos a nós mesmos, lembrar de nós mesmos, é fundamental deixarmos de ser um conjunto de estilos de reagir, emocionar e raciocinar e chamar esse aglomerado de "eu".

Uma chave que as tradições nos trazem é a percepção que devemos ter sempre um trabalho eficaz no corpo Tonal, o tonal, o dia a dia, a chamada realidade, deve ser bem resolvida, precisamos viver plenamente nesta realidade, antes de ir para outras realidades, a Tradição ensina que se lidamos satisfatoriamente no mundo "real" já estamos preparando nossas habilidades da segunda atenção para operar com eficiência em outras realidades.

Há um mundo acontecendo a nossa volta, um mundo composto de muitos mundos, cada ser humano é um "parente da mesma fonte" como alguns chamam, toda a vida é nossa "parenta", estamos ligados ao respirar e fluir da Eternidade através de nós, por nós, além de nós...

A percepção de realidade que um Caminho nos desperta permite que mudemos completamente nossa relação com a realidade, não apenas conceitualmente mas efetivamente.

Um dos conceitos fundamentais do Xamanismo é a ligação com a Terra, enquanto energia, feminina, manifesta na Natureza, em suas facetas amplas, do brilho dos olhos do predador na floresta, a sutileza de um beija-flor numa flor rica em néctar, o mistério da vida, em todas suas formas.

Conectar-se a Vida é uma necessidade do Xamanismo, no Xamanismo aprendemos que somos parte da Terra, desligados (as) por ação bitolante do sistema dominante e seus vetores.

Assim o primeiro desafio além de observarmos a nós mesmos é estarmos conectados a essa energia de forma plena, algo que está muito longe do que julgamos ser isto.

Parece-me que o começo de tudo é aprender que podemos de fato "vir a existir" enquanto ser singular e a necessidade de guardarmos energia para que nossa percepção possa captar realidades outras além das que nos foram condicionadas.

É muito importante lembrar que Xamanismo vem de uma civilização distinta com paradigmas distintos, então os valores que damos as palavras que usamos não tem acesso direto aos valores destas civilizações, que ao contrário dessa civilização escravizada e restrita, possuíam uma abordagem da realidade ampla, complexa, dinâmica.

A tradição mágica está aí, apenas visível aos que "olham envesgados”.

Alguns mitos já bem "popularizados" e algumas lendas sobreviventes da tremenda perseguição que a História e os fatos desses povos sofreram ainda estão por aí, mas nos caminhos secretos nunca o saber deixou de fluir, como límpido rio da tradição espiritual .

É importante lembrar disso, ritos e conhecimentos de vários povos foram destruídos na tentativa de assegurar a escravização que continua de forma acentuada, basta olhar com atenção o mundo a sua volta.

Há uma conexão diferente de um (a) xamã com a Terra.

Esta conexão não surge por "fantasia", ou por apenas reinterpretarmos todos os conceitos que assimilamos nesse período de vida exposta a "educação" do sistema.

Não adianta apenas mudar os títulos, não adianta mudar nomes, falar as mesmas coisas com conceitos diferentes, o mergulho em nós mesmos tem de ser profundo, além de toda programação, até chegar naquela dimensão silenciosa que está apta a expressar não "o que fizeram de nós" , mas o que de fato somos, entes perceptivos, atiçando o brilho da consciência com nossa percepção.

Percebemos.

Algo é percebido.

Mas não precisamos interpretar esse algo como determina nossa educação, podemos ir em busca de outras interpretações da realidade, oriundas de desafios de vida com intenções mais amplas, mais profundas, ao invés de servir grupos de poderosos, servir modelos prontos de realidade gerados por pessoas, dentro da forma humana, ousar ir além, em busca de uma fugidia liberdade, que até na palavra apenas alude a algo que está noutro estado, noutra realidade.

É muito importante para quem trilha a proposta Tolteca reconhecer que a força e a magnitude da civilização Tolteca não foi um dado racial, falamos de um xamanismo aberto a todas as correntes humanas, a todas as correntes vivas, o velho nagual fala das árvores¹ no quintal de uma das casas do grupo, como árvores guerreiras que também estão no grupo.

Portanto, as possibilidades do Caminho Guerreiro são surpreendentes e além de nossa imaginação, já sempre algo que brota, espontaneamente, insights que revelam linhas de agir e existir, que nos colocam em sintonia com outras esferas da existência, mundos completos, onde podemos escapar da escravidão e construir vidas completamente satisfatórias.

A civilização dominante, mesmo em seus aspectos espiritualizados coloca que os minerais "evoluem" em vegetais, os vegetais em animais e os animais em seres humanos.

É um consenso entre a maior parte dos caminhos conhecidos por espirituais, que existe uma "evolução" e cada reino está num "nível evolutivo diferente”.

O Xamanismo que estamos estudando aqui faz parte de outra abordagem da realidade, uma abordagem onde pedras, plantas, animais, nós, somos formas distintas da manifestação da mesma Fonte, da mesma origem emanamos, cada um de nós está singularizando porções de energia e consciência que ganhamos ao nascermos, que vieram da fonte.

O foco é ir além.

Assim existe energia e consciência em minerais, vegetais e animais, como também nos seres inorgânicos, que tem consciência e energia, mas não forma orgânica, assim, nessa diversidade é importante profundo foco no aqui e agora, onde quer que seja esse aqui e agora, neste mundo ou em "mundos outros que não este".

Essa mudança de foco perceptivo permite nos relacionarmos com o "PODER" com nossos sentimentos, não com descrições racionais, também longe de emocionalismos, assim como o PENSAMENTO, o pensar pode surgir como uma nova forma de lidar com o mundo, além do racional, o Sentir também pode ser empregado no lugar de emocionalismos vãos, ao invés de agirmos em procedimentos que reforçam o sono e a inconsciência podemos agir nos mínimos detalhes, em cada momento, para irmos além dos limites que nos impuseram e resgatar nossa liberdade perceptiva, a liberdade fundamental para um ser perceptivo.

Parece-me que à medida que conseguimos entrar em outras descrições de realidades nossas possibilidades existenciais vão além do descritível em palavras.

O tal Silêncio que tanto falam, é um estado indescritível, não é vazio embora nada ali exista.

Somos seres perceptivos, percebemos, mas o que interpretamos da interpretação veio de um condicionamento, daí que considero muito importante podermos conscientemente trabalhar nossos condicionamentos interiores, através da auto-observação para começar detectando-os.

Parece-me fundamental essa percepção que precisamos começar nos libertando dos limites e condicionamentos perceptivos que nos impuseram ao nos "educar", os condicionamentos que recebemos de nossos pais e parentes e meio social da infância.

É muito importante estudar o meio do qual viemos, há muita coisa que julgamos "nossas" e vamos descobrir que foram apenas respostas, imitando ou brigando, com padrões que foram impostos.

No caminho de irmos mais ao fundo em nós mesmos vamos vencendo níveis com os quais nos identificamos, Gurdjieff chama de "falsa personalidade", o conjunto de estilos de reagir, emocionar e raciocinar que nos enganamos acreditando que é um "eu" quando é apenas um aglomerado, forjado pela educação e situações de vida.

Temos tantos condicionamentos que geralmente quem impõe apenas repete o que acredita certo, perpetua sua visão de mundo mesmo sem se identificar com ela.

Um caminho com coração busca outros desafios.

É, apenas, é.

Não há como trilhar o desafio Tolteca e não trilhar apenas caminhos com coração, apenas...

As propostas Toltecas utilizam muita energia, é vital descobrirmos caminhos que não dissipem nossa energia, assim agir aqui e agora com foco em atitudes com "coração" é uma forma de atingir outra forma de participar da realidade, uma forma tão mais ampla que num certo momento a interação com níveis fora desta realidade se torna possível, estar aqui e agora começa a ser praticado.

Parece-me que é neste momento que precisamos mais de equilíbrio, pois a partir desse instante nenhuma explicação, nenhum amortecedor vai mais fazer efeito, podem disfarçar de vez em quando, mas a liberdade completa de perceber a essência infinita da realidade, não permite mais que nos limitemos a explicações racionais da realidade.

A razão é uma dimensão da realidade, é fruto de uma posição do ponto de aglutinação, se mudamos o ponto de lugar vamos alinhar mundos de outras realidades, com outras formas de relação.

Este o desafio que todos enfrentam, aprender a entrar em outras descrições da realidade, aprender a "funcionar'" em outras realidades.

É um tema que voltaremos neste alvorecer de Hunab Ku.



Nuvem que passa
 Julho 17, 2002 7:48 AM

Notas

¹ O Poder do Silêncio, página 56 e 57, 3ª edição, editora Record:

Estava fresco e quieto no pátio da casa de Don Juan como no claustro de um convento. Havia uma grande quantidade de árvores frutíferas plantadas bem juntas, o que parecia controlar a temperatura e absorver todos os ruídos. Quando fui a primeira vez em sua casa, havia feito comentários críticos sobre a maneira e lógica pela qual as árvores frutíferas haviam sido plantadas. Eu lhes daria mais espaço. Sua resposta foi que aquelas árvores não eram propriedade sua, eram árvores guerreiras livres e independentes que se haviam juntado ao seu grupo de guerreiros, e que meus comentários, que se aplicavam a árvores comuns, não eram relevantes.

Sua resposta soou metafórica para mim. O que eu não sabia então era que Don Juan tornava literalmente o que dizia.

Don Juan e eu estávamos agora sentados em cadeiras de vime de frente para as árvores frutíferas. Todas as árvores estavam dando fruto.

Comentei que não era apenas uma visão bonita mas também extremamente intrigante, pois não era a estação das frutas.

— Há uma história interessante a respeito — admitiu. — Como sabe, essas árvores são guerreiros do meu grupo. Estão dando frutos agora porque todos os membros do meu grupo têm conversado e expressado sentimentos sobre nossa viagem definitiva, aqui diante delas. E as árvores sabem agora que quando embarcamos em nossa viagem definitiva, irão acompanhar-nos.

Olhei para ele, espantado.— Não posso deixá-las para trás. São guerreiros também.

Entraram contudo para o grupo do nagual. E sabem como me sinto a seu respeito. O ponto de aglutinação das árvores está localizado muito baixo em seu enorme casulo luminoso, e isso lhes permite conhecer nossos sentimentos, por exemplo, os sentimentos que estamos tendo agora enquanto discutimos minha viagem definitiva.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

O Ponto de Aglutinação, por Nuvem que Passa



Estive observando as opiniões que surgiram sobre este tema bem complexo que é o ponto de aglutinação. 

É um tema que não faz parte da chamada literatura esotérica europeia e mesmo na oriental nada encontraremos exato sobre tal tema¹, certas confusões, como um pretenso chacra das costas, me parecem mais associação livre que factual. 

O ponto de aglutinação não aparece em nenhuma outra obra além daquelas que vêm dos que estiveram em contato com a Tradição Tolteca, ou seja, Dr. Carlos Castañeda, Florinda Donner e Taisha Abelar. 

Para falarmos sobre o ponto de aglutinação temos que ir aos paradigmas desse caminho e como é visto aqui o ser humano. 

A realidade física do ser humano é tida como uma realidade incluída num campo mais amplo, um corpo de energia que todos possuímos. 

Esse corpo possui um duplo que pode ser desenvolvido. 

Para os videntes toltecas somos dois feijões incrivelmente unidos, com o lado esquerdo, ou corpo esquerdo, com um tipo de movimento na sua energia, via de regra bem adormecido e hipofuncional, e o lado direito sob domínio da mente (instalação alienígena em nós²) assim pulsando mais dinamicamente, mas isto não significa que haja autoconsciência, há apenas consciência. 

É bem sutil a diferença pragmática que tal definição de ser humano coloca. 

Vamos mais profundamente nisso. 

Para os videntes toltecas somos feitos da mesma natureza de toda a eternidade a nossa volta. 

Fibras autoconscientes. 

Certas porções de fibras em nós ficam despertas, entram em ressonância com as grandes fibras da eternidade e então aglutinam uma realidade. 

Existe em nosso corpo energético, na altura das omoplatas, a distância de um braço estendido para trás, uma bola do tamanho aproximado de uma bola de tênis. 

É esta bola luminosa dentro da luminosidade de nosso corpo de energia, ou mesmo na sua superfície, que escolhe um conjunto de fibras das infinitas que atravessam nosso ser luminoso

Seleciona e aglutina o que está ali, que vamos chamar de mundo, pessoas, coisas, etc… 

De uma forma muito tosca podemos dizer que é como um sintonizador de um rádio. 

Somos o rádio, com potenciais estações dentro de nós, onde este ponto para (se fixa) determina que o tipo de consciência ali presente se manifeste e quando plenamente em sintonia com fibras da Eternidade teremos a percepção de um mundo completo e inclusivo.

Se a percepção for errática, oscilante e sem foco diremos que aconteceram alucinações, houve a percepção mas não o foco ou a energia necessárias para manter a percepção da nova realidade percebida. 

Todos nós temos o ponto de aglutinação originalmente fixo num conjunto de fibras que determina a percepção da realidade tal qual a partilhamos. 

Não escolhemos isso, nos foi imposto

Faz parte do condicionamento que nos coloca num lugar da Eternidade bem limitado. 

Falar exatamente o que é o ponto de aglutinação ou mesmo sobre nossa natureza energética é difícil, bem difícil

Porque nosso vocabulário, a sintaxe de nossa comunicação está envolvida com outros paradigmas, assim sempre que "falamos" ou escrevemos sobre ponto de aglutinação ou outras peculiaridades de nossa realidade energética estamos sempre nos "aproximando" da realidade descrita, com maior ou menor grau de exatidão, nunca total. 

Sentir efetivamente o que tudo isto que foi colocado acima significa é mudar toda a relação com a realidade, mudança que podemos comparar com a sensação que NEO, em Matrix, tem quando olha pela janela do carro para lugares que "vivia", onde "comia", etc. 

Compreender a complexidade do ponto de aglutinação é descobrir que durante toda a vida "isto" viveu em nós, "isso olhou", "isso entendeu", sendo "isso " um conjunto de jeitos de raciocinar, emocionar e reagir que tomamos por "eu". 

A iniciação do(a) xamã é sempre um caminho no qual ele se desintegra, se desfaz de tudo que dele fizeram e então é reconstruído pela força mesma da Mãe Natureza e redivivo começa outra vida, não mais presa às antigas formas, mas nascido(a) de si, por si vai agora trilhar um caminho que, quiçá, levá-lo(a) para muito, muito longe. 

O caminho do guerreiro tolteca é antes de mais nada pragmático, assim só podemos mesmo dizer que entendemos algo neste campo quando praticamos por nós mesmos. 

Considero surpreendente a obra do novo nagual, realmente ele trás à tona um mundo coerente, estranho, mágico e assombroso. 

Os conceitos ali presentes tem definições que são tão precisas, simples e elegantes que se tornam verdadeiras definições fundamentais sobre a fenomenologia da existência e os mistérios da consciência. 

No fruto de minha própria experiência são os tratados sobre o tema que mais oferecem preciosas orientações para levar à compreensão sobre o que vivenciamos em outras realidades. 

Somos um conjunto de sentimentos, de pensamentos, de jeitos de agir. 

Expressamos isso de acordo com o tipo de fibras, das incontáveis que somos constituídos, que ativamos. 

Como fibras óticas só onde a luz passa se acende. As outras ficam dormindo. 

Agora, nesse momento, temos o poder de perceber outras realidades, de alinhar mundos completos. 

Estas outras possibilidades estão em nós, mas temos de treinar para desenvolvê-las. E ter energia para isso.

Pensamos em "deslocar a consciência para outros mundos, para outros estados". 

E não é questão de deslocar a consciência, é a percepção que vai, vamos deslocar a percepção, vamos perceber outros filamentos, outros tipos de consciência. 

Quando estivermos percebendo outros tipos de consciência vamos estar ressoando a eles e vamos dizer que estamos neste estado de consciência, que nossa consciência viajou até aquele mundo. 

Mas a sutileza é que a percepção, o ente perceptivo que somos, é que viaja, de um estado para outro desta vasta substância imponderável chamada consciência, matéria virgem original da qual tudo é gerado.

Por isso ficamos presos onde estamos. 

Por abordarmos conhecimentos novos com práticas velhas. 

Trazemos muitas vezes, para o Xamanismo, um conjunto de crendices e concepções de mundo que nada tem a ver com a visão de realidade dos povos nativos. Trazemos crenças de escravos para um mundo onde cada um busca ser plena liberdade. 

Somos uma essência perceptiva. 

Percebemos o mundo à nossa volta. O problema é que interpretamos essa percepção em termos de um limite socialmente imposto. Energias em diferentes comprimentos de onda tocam nossos sentidos, tocam todo o nosso corpo. Mas só decodificamos aquilo que aprendemos a decodificar. 

Assim sendo só interpretamos do mundo aquilo que já está em nossos referenciais, deixando escapar uma amplitude de possibilidades perceptivas inimagináveis. 

É quando um ente de outro mundo vira “um vento estranho" ou algo "vagamente familiar". 

Quando entramos na trilha do Xamanismo aprendemos que cada momento deve ser vivido intensamente como se fosse o único

Cada momento é vivido intensamente como se fosse o único porque é o único, não há equívoco aqui para quem está intensamente presente. 

Só há o momento no qual inspiramos, expiramos e o espaço entre esses dois instantes, o aqui e agora. 

Isto é fundamental para ampliar nossa percepção de forma a ir além dos moldes que nos condicionaram. 

O que os(as) xamãs fazem é usar outra explicação, outro modelo da realidade para construir uma segunda visão do mundo, é chamado "o modo de sentir do feiticeiro". 

Mas a sutileza dos guerreiros toltecas é que eles não se afundam nessa nova visão de mundo e nunca mais se permitem cair no grau de adormecimento e mecanicidade que estavam na primeira visão de mundo, chamada por eles de "primeira atenção". 

Muitos povos entram na segunda visão de mundo com suas mentes lineares e emoções reativas, com seus modos de ser e agir sem nenhum trabalho maior. 

Assim, se vierem de povos equilibrados e autônomos, realizados e não coercivos, ótimo, mas se forem egressos de sistemas sociais que os deturparam que tipo de pessoas com poderes reais teremos? 

Temos cientistas que pesquisam a cura da AIDS e cientistas que pesquisam formas eficientes de matar populações selecionadas. 

Xamãs há em igual diversidade. 

Temos que tomar cuidado em não cair em ingenuidades, de mundos angelicais e seres bons nos protegendo sempre. 

Temos que aprender a lutar com nossa força, nossa presença e aliança com seres que saibamos lidar, para não nos tornarmos servos de servos como tantos antes de nós. 

A atenção é o mistério para os Guerreiros Toltecas. 

A atenção está em tudo que é vivo. 

A primeira atenção é o aspecto da atenção que cobre o conhecido, todo ele, mesmo o que ainda desconhecemos mas será conhecido um dia. 

Há algo que podemos chamar de ordem aqui, embora tenha sempre cuidado com este tipo de termo. 

Há outra atenção, a "Segunda Atenção". 

A própria palavra vastidão se encolhe em significado frente a imensidão das possibilidades cognitivas acessíveis em termos de segunda atenção. 

Muitos encontraram a segunda atenção e aqui viram, pela vastidão, um mundo superior ao humano. 

E assim em viagens sucessivas por esta vastidão classificaram de acordo com suas concepções pessoais os sete mundos visitáveis pela nossa percepção usando o corpo de energia, sete mundos inteiros que podem ser alinhados e assim vivenciados. 

Não sei porque 7, não sou chegado em "numerologismos", pois sinto que os números são mistérios reais, não coisa para limitar ao intelecto. 

A segunda atenção é a atenção do corpo energético. 

Este segundo corpo que temos e que um dia, em delicada manobra, temos que desgrudar do primeiro, o famoso "partir em dois" da tradição tolteca. 

Os(as) xamãs guerreiros(as) se multiplicam também, mas por cissiparidade, criam a si mesmos de si mesmos. 

Este é um aspecto bem interessante do xamanismo guerreiro proposto pelos Toltecas e que encontraremos algo incrivelmente similar em certos caminhos Taoistas (ver texto Taoismo e Xamanismo, faces diferentes da mesma Arte). 

Continuar a vida de outra forma. 

Os xamãs toltecas do clã guerreiro não geram filhos, continuam de outra forma, e essa reprodução em dois, no corpo físico e "no outro", o "sósia" é uma dessas complexas fases de cissiparidade que os(as) xamãs de algumas linhagens, sabidamente a tolteca, realizam. 

Vocês devem ter lido no livro da Florinda Donner, Sonhos Lúcidos, sobre os seres Esperanza e Zelador que eram seres criados no Infinito por uma sonhadora do grupo de D. Juan Matus e que vivia junto com a Florinda do grupo do velho nagual. 

Existiam Esperanza e o Zelador por força do intento dessa sonhadora espetacular do grupo do velho nagual, que deslocou seu ponto de aglutinação a uma posição e mundo onde era possível realizar isso. 

Tais ideias são anos-luz de distância das "normalmente" aceitas por esoterismos. 

Os(as) xamãs de certas linhagens descobriram segredos e os vem mantendo atualizados pela sua prática por milênios. Sabem que podem expandir-se de forma muito ampla. 

Por isso começam o caminho lembrando-se de si (conceito que vem do Quarto Caminho e que na tradição tolteca tem algo a ver com a espreita de si. Sugerimos o texto de Gurdjieff que chamamos de "Visão de um Espreitador"). 

Dois, aqui e aqui, o sósia, o duplo, o "outro", corpo astral, corpo de energia, corpo de sonho, enfim termos não faltam para tentar definir este outro estado de realização energética. 

E por que isso acontece? 

Porque praticamos algum rito, ingerimos algo, nos privamos de "n" coisas, por alguma causa aleatória? 

Muitas vezes sim, mas quem trilha o Xamanismo tem a busca de ter um maior equilíbrio com estes movimentos da consciência, este ir e vir entre mundos e possibilidades perceptivas e indo fundo nisso vai compreender que algo em si determina sua forma de ser, sentir, pensar, agir. 

Este algo é o ponto de aglutinação. 

Todas essas mudanças ocorrem porque o ponto de aglutinação se move e alinha novas fibras interiores com fibras exteriores.

Em sua praticidade muitos (as) xamãs decidiram: 

Vamos direto ao Ponto. 

Ao ponto de aglutinação. 

Se é ele que determina tudo, então, tudo se resume em como movê-lo. E chegaram na vontade. 

E descobriram o INTENTO. 

Que são meras palavras, mas que indicam portentosas realizações acessíveis a todos nós pelo uso estratégico de nossa energia vital. 

Mover o ponto de aglutinação. 

Essa bola de tênis luminosa é prenhe em luz. 

Onde está o ponto de aglutinação é onde está nossa consciência. 

E é este equívoco que os Toltecas sanam. 

A consciência nos foi dada, nos será tirada. 

Mas o ponto de aglutinação enquanto foca diferentes tipos e estados de consciência, ainda está movido por fatores mecânicos, ditos fortuitos. 

Entretanto, podemos treinar para soltar o ponto de aglutinação, isto é, soltar nossa percepção para que ela vá a outras frequências, a outras realidades e nelas nos colocarmos de forma equilibrada e presente. 

O ponto de aglutinação pode levar a energia da vida que está no corpo, a força vital, a se reconhecer como força em si e aprender a ser consciente com a consciência. 

Este segredo sutil esteve entre os alquimistas, esteve entre comunidades templárias, entre construtores de templos, em solitários eremitérios de Hsiens taoistas, em vários tempos e lugares, entre pessoas diversas hoje, em diversos lugares. 

A força vital em nós não é requerida pela Eternidade. 

A Eternidade absorve de volta a consciência que chocou no ovo cósmico³ que veio pelo espaço-tempo resultar em tua vida. 

Tem toda uma sequência de energias em curso no meio que estamos inseridos agora. Nós entramos numa história já acontecendo e sairemos dela antes de concluir. 

Somos passageiros e nos esquecemos disso. Somos nós mesmos portadores de genes que carregam uma linguagem primordial para algum dia ser lida por alguém, lá na frente. 

Somos um momento da vida e isto precisa ser reconhecido, nossa efemeridade frente a totalidade do universo. 

Não nascemos como estrelas, seres de quasares, pulsars, não somos entes gerados a beira de um buraco negro, nossa vida tem meros 100, 120 anos de possibilidade plena neste corpo , mais que isso teríamos que recorrer a práticas de continuidade da vida que tem se mostrado como armadilhas. 

A efemeridade de nossa condição nos mostra muita coisa e nos coloca frente a certas questões. Fomos tornados terrivelmente servis. Adoramos servir deuses, deusas, mestres, enfim, estamos sempre nos colocando na posição de seguidores. 

O Xamanismo é ação e seguidores reagem, não AGEM (ver texto Agir Conscientemente, Aqui e Agora - hiperlink), que é nosso objetivo. 

Frente a uma estrela, o que pode uma vela? 

Continuar a arder me parece o devido. 

Mas muitos de nós tem ido a outros mundos, entrado em contato com seres conscientes de incrível poder e voltam adorando outros entes. 

Muitos recebem as novas posições do ponto de aglutinação como "dons de poder", isto gera dependências e é um risco ser colocado numa posição de consciência que podemos não ter os recursos energéticos para administrar. 

Estar em sintonia e harmonizar-se com a Natureza é distinto de cultuar entes diversos em busca de sua parceria em poder. 

Os cultos de pedido, de implorar, de ir em busca de algo como favor extremo é algo estranho à índole viril (intento inflexível) do Xamanismo. 

Há uma grande diferença. De um lado temos os cultos que lidam com as forças da Natureza, que podem, às vezes, em virtude do povo que vieram, até antropomorfizar as forças naturais em formas, como interpretações mais desavisadas dos ritos africanos e indígenas. 

Noutra vertente temos os cultos que adoram seres, entes de incrível poder, que podem se arrogar a posições de criador e de senhor absoluto, mas são nitidamente entes, em briga com outros entes e criando seres escravos da fé para servir em suas batalhas (a disputa mítica - Maha Lilah - entre Brahma, Shiva e Vishnu que nos revela a tradição hindu mostra justamente isso: seres criadores disputando entre si quem é o mais forte e quem é o criador deste universo, que é apenas um entre muitos, e cá entre nós, não é dos melhores, haja vista o aspecto predador desta realidade e o grau de sofrimento que tal condição impõe aos que aqui vivem. Sugiro estudar o trabalho do brasileiro Rogério de Freitas: Quem é Brahma, Vishnu e Shiva?). Isto tem acontecido desde a antiguidade, os sacrifícios aos deuses de certos povos tinham duas naturezas bastantes distintas. 

Uma delas era a natureza de equilíbrio de forças. 

Haviam formas de equilibrar certas forças em oferta de sangue e vida, uma magia perigosa, mas que era praticada por sacerdotes e sacerdotisas experientes, frente a um vulcão, conseguindo mantê-lo inativo por um longo período, frente a desastres naturais como seca, chuva em excesso, terremotos. 

Embora a ciência moderna arrogue-se na explicação "positivista" de todos esses fenômenos há princípios de incerteza, há aspectos quânticos da questão que só agora os "positivistas" têm meios de avaliar. 

Como em outros campos, a arrogância da ciência positivista do século passado revela mais desconhecimento e inexistência de teorias amplas e sofisticadas o suficiente para abordar a complexidade do conhecimento nativo. 

A ciência positivista agiu como o estudante do ciclo de alfabetização que ri de um colega mais avançado resolvendo problemas matemáticos com variáveis. Dirá que está mistificando, inventando, por desconhecer as possibilidades envolvidas. A ciência positivista, com sua abordagem restrita à primeira atenção e, ainda, um aspecto bem limitado dessa área, quis limitar a suas estreitas definições uma ciência milenar, resultante da transformação dinâmica do conhecimento por eras e eras de praticantes. 

Os povos nativos foram e são herdeiros da antiga ARTE CIÊNCIA MAGIA dos povos que viveram em uma civilização ancestral, também planetária. Herdaram vários tipos de saber e muitos herdaram o que se poderia chamar de necromancia (que seria mais tarde erroneamente deturpado no termo magia negra, de necro, negro, mas necro aqui quer dizer morte). A magia da morte tirava proveito da morte de outros. Sem moralismos ao julgar isso, apenas nos atendo aos fatos. Havia e há magia da vida, magia que realiza com a vida e magia da morte, magia que realiza com a força da morte. É uma forma de agir, tem poder, para quem só se preocupa com o poder, funciona, é real. 

E os cultos de sacrifício existiram e existem, hoje por vezes disfarçados como guerra, ou o pretenso extermínio de espécimes impuros dos campos de concentração antigos e atuais. 

O fato é que sangue, muito sangue ainda é oferecido a vários tipos de forças, naturais e entes. E o mundo aí está, onde está, em flagrante desequilíbrio. Os impérios Incas e Maias se salvaram com seus sacrifícios de sangue? Funciona mesmo? São questões profundas a quem estuda o tema. A consciência coletiva está caminhando rumo à autodestruição, isto é nítido para qualquer um que olhe sensatamente o mundo à sua volta. 

Assim sendo, frente a esses fatos evidentes, mudar o ponto de aglutinação, movimentar o ponto de aglutinação, alinhar outras realidades, ir a outros mundos deixou de ser um treinamento a mais no caminho dos (as) xamãs mas se tornou necessidade de sobrevivência. 

Assim o tópico PONTO de AGLUTINAÇÃO não pode ser definido. 

D. Juan Matus recomenda que repitamos sem nos preocupar em entender, só intentemos : 

"O ponto de aglutinação é chave de todos os mistérios" (coloquei uma frase aproximada da dele, o sentido é esse, não as palavras, no "Arte de Sonhar" encontram a frase exata) Mas a mente pode "participar " do conhecimento. Em nenhum momento os(as) xamãs desprezam a mente. Ao contrário, valorizam bastante, a ponto dos Toltecas considerarem a mente bem trabalhada o único escudo que temos contra os assaltos do Infinito. 

O problema é a mente tacanha que ao invés de participar do conhecimento, respondendo em atos e não reagindo, se transformando sob seu mágico toque, quer congelar, analisar, dissecar o conhecimento para linearizá-lo aos limites cognitivos aos quais foi aprisionada. 

A mente é bem mais que esta faculdade de raciocinar que usamos.

Sentimentos é algo mais amplo que o emocionar que temos. 

Agir é mais criativo e efetivo que o mero reagir, a estímulos conscientes ou inconscientes, estímulos que vêm do meio ou nascem de combinações fortuitas de humores, hormônios, posições planetárias e outros fatores mil. 

A posição do ponto de aglutinação determina isto. 

Esse é um mistério digno de meditação. 

Quando compreendemos isso compreendemos a tremenda importância de desenvolver a Vontade. Vontade no sentido Tolteca do termo não tem nada a ver com os sentidos que até agora demos a esse termo. É uma forma de falar sobre uma força concreta, que nasce em tentáculos abaixo de nosso umbigo, um conjunto de fibras que precisamos nos tornar sensíveis. Parte da recapitulação (ver texto sobre Recapitulação de 09/08/2001 - hiperlink) é sentir essas fibras como magnetos, tirando da cena recapitulada toda a energia nossa, como magnetos que desmontassem uma imagem por atrair as partículas fundamentais, inspiramos essa energia e a trazemos de volta para nossa realidade aqui e agora. Depois ao expirar é com estas fibras que enviamos como mangueiras em jato, a energia externa que ficou impregnada em nós, devolvendo-a para a Eternidade. Esse tipo de prática é deveras importante, pois é a forma que os(as) xamãs encontraram de oferecer a Eternidade o retorno do investimento que ela fez em nós. 

Ela nos deu consciência e junto veio a vida. A consciência foi-nos dada para que a desenvolvêssemos e refinássemos pelo processo de estar vivo. Ao final há a tomada de volta, o dissolver da consciência que estava sendo trabalhada no mistério da vida em nosso corpo, no vasto mar da Consciência vai-se a consciência. Alguns sobrevivem mais ou menos um pouco de formas diversas, mas sempre algo incompletas, sobrevida que por vezes se torna prisão. 

Ao recapitularmos o ponto de aglutinação se desloca para fibras dentro de nós onde estão armazenados aqueles momentos. Em nossas células e em nossas fibras ficam armazenados todos os momentos que temos. Os xamãs toltecas usam isso para ensinar, dedicando parte do treinamento para o lado direito, o mundo comum e outro tipo de treinamento no lado esquerdo, o qual é sempre esquecido por longo período até que o lado direito tenha amadurecido e desenvolvido a sutileza e o autocontrole que caracterizam os(as) xamãs guerreiros. 

Neste nível de realização, juntar as duas realidades, chamado "juntar os dois lados", torna um(a) xamã um homem ou uma mulher que tem "duas faces", uma olhando para cada lado. É uma forma de falar da fusão do corpo físico com o de energia, depois de separar e desenvolver amplamente as habilidades do corpo direito (primeira atenção, treinada na vida cotidiana , com tarefas e estudos) e do corpo esquerdo (treinado no sonhar, é a segunda atenção) os corpos se fundem criando um ser íntegro, que agora tem as duas possibilidades ao seu acesso, a primeira atenção e a segunda. 

Aqui os (as) xamãs guerreiros (as) estão sós. 

Pois a forma de entrar em outros mundos é muito solitária, algumas vezes temos a sorte de termos algumas pessoas junto, na maioria das vezes os(as) xamãs guerreiros(as) entram espreitadoramente em outros mundos e ali se maravilham com o que presenciam. E tal maravilhar nos torna cientes que ali estamos porque nosso ponto de aglutinação se deslocou além de certos limites dentro do ovo luminoso e deixou de enfatizar as fibras da realidade "normal", nos colocando assim em outro mundo, totalmente inclusivo. Assim viajamos a outros mundos, deslocando nosso ponto de aglutinação. Não há métodos e receita de bolo aqui, só INTENTO e ENERGIA. É um dado sutil que os ancestrais Toltecas nos revelaram. 

Não precisamos de naves para ir a outros mundos. 

Temos a tecnologia em nós mesmos. 

Não precisamos dos teletransportes da Enterprise. 

Temos a tecnologia em nós. 

E só precisamos de energia e intento para conseguir acionar tudo isso. 

É um desafio, é uma longa caminhada , mas durante o caminho já descobriremos tantas maravilhas... 

E somos nós então um ponto de aglutinação que tem a chance de aprender durante a vida como fazer a energia vital tornar-se consciente de si. 

Para que no momento no qual a Eternidade vier receber a consciência que em nós implantou, possa ela levar tudo, e a força vital retida pelo ponto de aglutinação não se dissipe junto. 

Por um instante todo o mundo se desaba, tudo deixa de existir, mas o xamã, a xamã mantém-se no que chamam o último bastião da consciência, um senso de permanência além mesmo da consciência em tudo que havia se mostrado para nós. 

Então há uma chance de escapar, pelo menos. 

Deixar tudo, TUDO para a ETERNIDADE, tudo que foi conhecido, tudo que era ainda possível de ser conhecido nas esferas infindas da primeira e segunda atenção. 

Depois desse abandonar de tudo, desse esvaziar de si , desse morrer pleno para o que ficou, tomar então um outro tipo de consciência que parece ter sempre estado ali, mas estava eclipsada pelas outras duas. 

Chamam isso de Terceira atenção, nos tornamos seres inorgânicos, mas não pelo caminho antigo, onde os(as) xamãs adquiriam uma vida como seres inorgânicos, mas dentro dos túneis do mundo deles, sendo sugados em sua energia existencial. 

Atingir a terceira atenção é também chamado de "consciência total".

Arder com o fogo interior é uma ideia interessante, complexa. Quando chega a hora de ir-se o (a) xamã libera seu ponto de aglutinação para que ele faça a última viagem, a última dança que todos temos acesso, mas só os que treinam para isso usufruem completamente. 

A vida de um(a) xamã é passada em posições muito diferentes do ponto de aglutinação. 

Por isto os (as) xamãs desenvolvem a primeira atenção a um estado mais amplo chamado "consciência intensificada" , ou ainda "sonhar acordado". Neste estado vivem os (as) xamãs. Deste estado vão e voltam de outros mundos, por vezes incrivelmente distante deste, vivendo as mais desconcertantes experiências e sempre voltando. 

Quando ao término de toda uma vida de trabalho o(a) xamã decide ir além, rumo à "liberdade total", libera seu ponto de aglutinação. 

Ele ricocheteia em todos os diferentes e distantes pontos dentro de seu corpo luminoso nos quais o (a) xamã vivenciou experiências efetivas. Isso gera uma energia tremenda que é mesclada a energia da consciência da própria Terra que o (a) xamã com anos de uso está pronto para usar mais uma vez. Definitiva vez. Pois uma mudança vai acontecer. 

E a tremenda energia contida no corpo é surpreendida pela força da dissolução quando o(a) xamã se abre para o "Derrubador" não para que ele o lance em posição distante no nível da segunda atenção, mas para que tal força impulsione seu ponto de aglutinação a uma posição específica, que ele (a) vem intentando pela vida afora. 

A força do derrubador chega com a força vital ainda plena e intacta, eis uma das chaves do processo, entrar na totalidade com a força da vida intacta. 

ARDER com o Fogo Interior. 

LIBERDADE total. 

E então arde e desaparece da face da Terra, livre como se nunca houvesse existido. 

Algumas abordagens indiretas ao complexo tema do Ponto de Aglutinação. 

Nuvem que Passa - 
Sáb Out 21, 2000 7:49 pm


Notas

¹ De fato, ao longo de todos esses anos, mais de 20, também não encontrei nada semelhante ao conceito original e essencial do Nagualismo, do Xamanismo Guerreiro, dos Ensinamentos de Don Juan Matus, mas encontrei uma revista do Centro Zen da América Latina intitulada: Punto de Encaje. Na 7ª edição de tal revista o monge zen Kosen Thibaut explica o porquê da revista ter como nome "Ponto de Aglutinação" e traça paralelos entre o Zen e o Nagualismo. O texto pode ser lido AQUI. Algumas tradições usam o termo mente, que em alguns contextos podem ser compreendido como ponto de aglutinação, mas tal termo é muito genérico e com variados usos não servindo de fato ao que a obra original do nagual Carlos Castaneda apresenta.

² Ver texto intitulado Sombras de Lama para compreender esse tópico "instalação alienígena em nós".

³  Muitas tradições usam o termo ovo cósmico, na hindu chama-se Brahma-anda ou Hiraṇyagarbha, para explicar a origem do Universo. Parece-nos que o modelo ovoide é um padrão que se liga aos mitos de origem e contém ensinamentos sobre a nossa verdadeira natureza em termos energéticos e sobre o Trabalho que temos que realizar em termos esotéricos para gestar a nós mesmos. O autor, Nuvem que Passa, gostava de referir-se a uma história chamada "A Fêmea Condor"

⁴ Dependendo da tradução a frase pode ser: a essência da feitiçaria é o mistério do ponto de aglutinação, “o ponto crucial da feitiçaria é o mistério do ponto de aglutinação” ou “o mistério do ponto de aglutinação é tudo na feitiçaria. Ou melhor, tudo na feitiçaria depende da manipulação do ponto de aglutinação”, Arte do Sonhar, de Carlos Castaneda, 6ª edição, Editora Record, página 192.

"...os videntes o descrevem como uma linha eterna de anéis iridescentes, ou bolas de 
fogo, que rolam incessantemente na direção dos seres vivos. Os seres orgânicos luminosos recebem a força rolante de frente, até o dia em que a força mostra-se excessiva para eles e as criaturas finalmente entram em colapso, Os antigos videntes ficaram fascinados quando viram como o derrubador então os derruba e os faz rolar para o bico da Águia, para serem devorados. Foi essa a razão de lhe darem o nome de derrubador".

"— Quando o ponto de aglutinação se desloca involuntariamente, a força rolante fende o casulo — continuou. — Falei muitas vezes sobre uma fenda que o homem tem abaixo do umbigo. Não exatamente abaixo do próprio umbigo, mas no casulo, na altura do umbigo. A fenda é mais como uma depressão, uma falha natural no casulo, cujo resto da superfície é liso. É lá que o derrubador nos golpeia incessantemente, e é nesse ponto que o casulo se fende.

Continuou explicando que quando se trata de um pequeno deslocamento do ponto de aglutinação, a fenda é muito pequena, e o casulo se restaura rapidamente. As pessoas sentem o que todos experimentam em alguma ocasião; veem manchas de cor e formas contorcidas que persistem até com os olhos fechados. Se o deslocamento é considerável, a fenda também é extensa, e leva tempo para o casulo reparar-se. É o caso de guerreiros que usam propositadamente plantas de poder para provocar o deslocamento, ou de gente que toma drogas e inadvertidamente faz a mesma coisa. Nesses casos, as pessoas sentem-se entorpecidas e frias; têm dificuldade de falar ou mesmo pensar; é como se tivessem sido congeladas de dentro para fora (religiosos do Santo Daime reconhecem tal fenômeno e o chamam de "o frio da morte"). 

Dom Juan disse que nos casos em que o ponto de aglutinação se desloca drasticamente por efeito de um trauma ou de uma doença mortal, a força rolante produz uma rachadura no comprimento do casulo; o casulo desaba e se enrola sobre si mesmo, e o indivíduo morre" - extraído do livro Fogo Interior, de Carlos Castaneda, capítulo 14 - A força rolante.



 

Sagrado Feminino: Kali.

Justamente hoje (08/03//2024) é interessante lembrar de um arquétipo do feminino que é fundamental, não só pela sincronicidade que está rola...