A ioga é precisamente a sujeição da vida ao jugo das ideias. A palavra "yoga", que vem do sânscrito, quer dizer unir...
Aquele que compreende fala de outras coisas, da vida interior e não da exterior.
O caminho certo é acabar com o conflito entre a vida das ideias e a vida cotidiana. Para isso é necessário conhecer a si mesmo. Saber a cada momento o que se está fazendo e por quê. Só então seremos senhores das coisas e não seus escravos. Em geral satisfazemos nossos desejos antes de pensar se são necessários a nossos objetivos superiores.
Procure viver de maneira a manter-se vigilante quanto às suas ações e não fazer nada que não sirva aos propósitos mais elevados. Ou, em outras palavras, aprenda a fazer tudo de modo a servir a um propósito superior.
Isto é possível. Se alguma coisa for particularmente difícil, considere-a como um exercício. Lembre-se que tudo que é difícil de ser feito tem o objetivo de sujeitar-nos ao espírito. Assim, tudo se tornará mais fácil e terá um significado. Mas, não importa o que estejamos fazendo, é de importância vital perguntar, antes de cada pensamento, de cada palavra, de cada ato:
Porque faço isso? É necessário?
E então, imperceptivelmente, muitas de nossas ações e atos deixarão de ser desnecessários, e passarão a servir a fins superiores.
O conflito interno em nossa vida, então começará a desaparecer e será substituído pela harmonia.
Aprenda então a repousar: isto talvez é o mais importante. Aprenda a não pensar, a controlar seus pensamentos.
Pergunte-se com frequência, se é necessário pensar no que está pensando, ou se seria melhor pensar sobre outra coisa, ou melhor ainda não pensar em nada?
Isto é o mais difícil, mas é essencial. Aprenda a pensar e não pensar. Saiba coma parar os pensamentos. Seja capaz de criar um silêncio interior. Chegará o momento em que ouvirá a voz do silêncio. Esta é a primeira e mais importante ioga.
Quando ocorrer, quando começar a ouvir a voz do silêncio (no Nagualismo é chamado como voz de ver), então novas forças e capacidades começarão a aparecer.
A princípio serão vagas e imprecisas; mais tarde, porém, tornar-se-ão tão obedientes à sua vontade quanto o olhar, a audição e o tato.
Mas tudo deve ser aceito calmamente, sem pressa, sem forçar a atenção sobre o progresso interior, pois a atenção forçada pode impedir o desenvolvimento de novas capacidades.
Então será necessário aprender a ver cada objeto como um todo. Compreende o que isto significa?
Normalmente vemos apenas as partes de uma coisa; seja apenas o começo sem qualquer continuação e o fim; ou o meio, ou o fim. Procure ver sempre tudo como um todo. Para chegar a este ponto, comece a pensar em tudo ao inverso; não tome o princípio sem o fim.
E começará então a ver muito mais das coisas que vê hoje.
Clarividência é ver cada vez de uma perspectiva mais alta, mais abrangente, aos poucos nos apercebemos de muito mais.
Para alcançar estas capacidades, em primeiro lugar é preciso que nos tornemos senhores daquilo que já possuímos: nós mesmos. Para isso podemos nos indagar, a cada hora, o que fizemos durante esta hora? Os iogues fazem isto a todo instante. A prática constante é necessária e imprescindível para adquirir autocontrole.
E quando sua alma começar se habituar com esta nova ordem de ideias, a este novo plano de vida, então quando realizares alguma coisa, juntamente com o florescimento dos novos poderes na sua alma, começará a observar que não está sozinho em seu caminho.
Na noite escura, por toda parte, na estrada, começará a ver luzes, e compreenderá que são os viajantes que caminham na mesma direção, para o mesmo templo, para a mesma festa...
O que devo fazer para seguir este caminho ? Perguntou.
Comece observando a si mesmo. Tente limitar-se, mesmo que seja apenas uma questão de eliminar coisas de que não precisa, mas que consomem a maior parte do seu tempo e da sua energia. Procure compreender que está muito distante do objetivo, mas que este é possível de ser alcançado, acredite nisto, e em pouco tempo, à distância, começará a vislumbrar o caminho!
Conversas com o Diabo - Gurdjieff
Nenhum comentário:
Postar um comentário