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sábado, 5 de abril de 2025

Lamas e Xamãs (Atualizado e com notas)

 


         Sempre lembrando…

         Não esqueçam de ver o sorriso despreocupado nestas palavras.

     Escrever ideias tem a limitação de passar formas pensamento sem os tons de voz, sem as expressões faciais e corporais e tantos outros sinais subliminares presentes em uma conversação face a face. Componentes que ajudam a compreender o que já é em si só um esforço concentrado expressar oralmente através da linguagem formalizada.

  Temos que ter o cuidado para não projetarmos nossas interpretações pessoais, mas tentar nos descentrarmos, nos ‘desegotizarmos’, como diria Piaget. Sairmos da posição do “eu”…

     Compreender cada povo e cada cultura, cada forma de expressão da vida…

     As vezes posso ter dado a impressão que aludi ao caminho búdico tibetano como algo confuso. De forma alguma. Tenho profunda admiração pela escola búdica tibetana desde o dia em que no centro cultural Vergueiro, participando da mandala da cura, realizada por lamas, vi nos olhos dos que conversei uma pureza diferente. Assim quaisquer que sejam as jangadas que usem para auxiliar na travessia rumo a outra margem, têm algo de paz, algo que já vi em alguns monges cristãos, alguns sufis, alguns xamãs.

    Quando aprendi na prática que não importa o caminho, desde que este tenha coração, soube que os lamas possuem um caminho que leva ao despertar efetivo. Como curiosidade antropológica me permitam compartilhar a forma através da qual esta linhagem de xamãs que integro vê os lamas.

   Alguns dos estrangeiros, isso é, não índios, como eu, que se ligaram a essa linhagem de xamãs eram daoxíê Sí-e* (道學 僊 - vide notas), eremitas que vivendo em peregrinação foram ter a Tailândia e arredores, onde a civilização que ali florescia tem tal semelhança com a do período olmeca e anteriores que ainda instiga os pesquisadores.

   Dali vieram ter ao México e contaram da prática de monges poderosos que viviam no alto das neves eternas. Tais monges eram curadores e conheciam muitas formas de magia. Eles tinham desenvolvido um profundo conhecimento da natureza da vida e da consciência.

  Eles sabiam que se um se uma pessoa, durante a vida, desenvolvesse a consciência de si. Haveria chance de prosseguir existindo.

    Caso contrário apenas se dissolveria como a espessa névoa vai com o vento ao meio da manhã, dissipar-se pela mata, toda e, ao meio dia, nem lembrança dela restará àquele que por ela atravessou quando o dia nascia e ainda carpe o pasto, tudo roçando, carpe, mas não carpe ‘die’.

    Contavam que tais monges em grandes mosteiros sabiam que as experiências, os jeitos de ser, de sentir, de pensar, de agir, iam de um indiví-duo para outro, se misturando em tramas e depois se separando, como se um tapete fosse tecido e depois desfeito, e sua lã, aproveitada em outros tapetes.

    Cada novo tapete gera uma forma final, um novo e único tapete, mas sua lã veio de outro tapete. E eis que certo dia um tapete acorda e diz: Hoje sonhei que fui um tapete em frente a vasta lareira do imperador. E se sente orgulhoso por isso. Ele tem algo do tapete da lareira do imperador.

    Os monges descobriram isso com sua clarividência. Mas eles não eram mais o tapete da lareira do imperador. Podiam até mesmo usar o que traziam de aprendizado dali. Mas eram um novo tapete, único e singular. E podiam até mesmo se lembrar de muitos outros tapetes que as várias cores de lãs que o compunham haviam antes composto.

    Lembrar tapetes sendo feitos e desfeitos, até o distante dia em que cada lã daquela foi pela primeira vez fiada, pela primeira vez cardada. A distante roca original que pegou a lã cardada e fez fio, fio que tecido e retecido em tantos tapetes esteve. 

   E mesmo assim, ainda perplexo, o tapete resultante dos fios confunde-se com eles, negando-se tapete. Descobriram também que quanto mais se trabalha o ser, mais lãs juntas vão de tapete a tapete e em certos casos chega a ocorrer uma autêntica reencarnação, um tapete é desfeito e refeito com a mesma lã. Ainda assim a resultante é única, distinta.

    Pois é isso que o tapeceiro, incriado, aplicado em tramar tapetes, busca! Revelar-se a si mesmo, como em uma brincadeira de esconde-esconde.

  Tais monges passaram então a ir em busca das fibras que compunham aqueles ‘tapetes’ com quem treinavam. Durante a vida o monge treina, e ao morrer, os parceiros monges seguiam sinais e encontravam várias fibras do antigo companheiro.

   Para explicar às pessoas o que faziam usaram conceitos mais simples como reencarnação. Tais monges podem muito bem ser os antepassados espirituais dos lamas tibetanos.

      Paz Profunda!!!

Nuvem Que Passa



Notas 

 

🗣️daoxíê Sí-e(m)

道學 僊

 


Ilustração - Assembléia Si-e(m)

Assembleia de imortais oferecendo votos de vida longa  

Dinastia Ming ou Qing

 

🗣️sí-e(m)

hsien”

caractere chinês simplificado:

caractere chinês tradicional:   

pinyin: xiān

Wade–Giles: hsien

fala-se🗣️sí-e(m)



O dào


= +

dào = chuò + shǒu


(chuò)

Este radical é associado a movimento ou caminhada.

 Relaciona-se a viagem ou a um caminho.


(shǒu)

Este caractere significa “cabeça” ou “líder”.



O daoxíê

 道學


(xíê)

Aprender, estudar.



    Assim 道學 🗣️daoxíê quer dizer o estudo do caminho divino, o

caminho da totalidade, ou mesmo o aprendizado do caminho do

coração, do puro sentir, o qual se dá sem palavras e sem a

interferência das emoções que são resultado das interpretações,

leituras, classificações e julgamentos que se passam no campo

mental, ou seja, o sentir puro, apenas a faculdade de sentir, a qual

chamamos de coração, mas que não tem absolutamente nenhuma

relação com o órgão físico, pois é uma habilidade do corpo

energético, da energia, da consciência silenciosa, insipida, inodora,

incolor e pura, que nada mais é do que a própria totalidade

presente em cada uma de todas as entidades sencientes.


    Tradicionalmente, ‘sí-e(m)’ refere-se a entidades que aprimoraram

um corpo espiritual imortal que sobrevive após a morte assim como

habilidades aparentemente sobrenaturais ou mágicas em vida.

Entidades que estabeleceram uma conexão com os reinos celestiais

inacessíveis aos mortais, mas que são diferente dos deuses na

mitologia chinesa e no taoísmo, os quais sempre foram inerentemente

sobrenaturais.


    ‘Sí-e(m)’ é alcançado por meio do autoaprimoramento energético,

ou Nèidān 内丹, a alquimia interna. Uma série de abordagens

esotéricas e práticas físicas, mentais e espirituais que os praticantes

do caminho do coração, 道學 aoxíê, usam para exercitar a vida e

aprimorar um corpo espiritual imortal que sobreviverá após a morte.

É também conhecido como Jindan (金丹 “elixir dourado”) e inclui

praticas como o Tai chi, exercícios respiratórios, meditação,

visualização, cuidados com a energia sexual e exercícios daoyin, que

mais tarde evoluíram para qigong.


    ‘Sí-e(m)’ é também usado para se referir a figuras frequentemente

benevolentes de grande significado histórico, espiritual e cultural. O

道學 daoxíê em sua faceta Quanzhen possui uma variedade de

definições para ‘Sí-e(m)’, incluindo um significado metafórico onde

o termo significa simplesmente uma pessoa boa e com princípios.


    Os ‘Sí-e(m)’ são considerados “pessoas divinas” que eram

humanos e ascenderam por meio do trabalho árduo, estudos formais e

artes guerreiras". Admirados pelos praticantes do 道學 daoxíê, os 

quais imitam seu exemplo na vida cotidiana. Apreciado desde 

tempos imemoriais até os dias de hoje de várias maneiras em 

diferentes culturas e escolas espirituais na China. Os ‘Sí-e(m)’ 

podem praticar ações consideradas boas ou más, e nem todos são

conectados a escola identificada especificamente como
dào. Além

de pessoas que transcenderam a condição humana, ‘Sí-e(m)’ pode se

referir a animais mágicos, muitas vezes vistos como criaturas

sobrenaturais.



    O dicionário Shiming, de aproximadamente 200 d.C., fornece

 ‘etimo’nômias’ na forma de trocadilhos, e define ‘Sí-e(m)’
como

“envelhecer e não morrer” e o explica como alguém que
(qiān) “se

muda para” as montanhas.


    O caractere ‘Sí-e(m)’ é uma combinação de (rén; '‘pessoa’')

e 山 (shān; '‘montanha’'). Sua forma histórica é
: uma combinação

de
e / (qiān; “mudança para”).


    ‘Sí-e(m)’ é frequentemente usado em palavras compostas em

chinês, como xiānrén (
仙人; “pessoa imortal; transcendente”), xiānnǚ

(
仙女; "mulher imortal; mulher celestial.


    Textos antigos como os textos Zhuangzi, Chuci e Liezi usam ‘Sí-

e(m)’ associado a mundo mágicos para descrever a imortalidade

espiritual, às vezes usando a palavra yuren
羽人 ou “pessoa

emplumada”, descritos com qualidades como ‘providos de penas’ e

‘com a habilidade de voar’, através de formas pensamento como

yǔhuà (
羽化, com "pena; asa"). O termo yuren 羽人 ou “pessoa

emplumada” posteriormente se tornou mais uma forma para dizer 道

學 daoxíê, praticante do dào.


    Durante as Seis Dinastias, os ‘Sí-e(m)’ eram um assunto comum 

nas histórias de zhiguai ( 志怪 é um termo chinês que se refere a um 

gênero literário que se concentra em histórias de fenômenos 

sobrenaturais, estranhos ou inexplicáveis.). Os ‘Sí-e(m)’ 

frequentemente tinham poderes (dào) “mágicos”, incluindo a 

habilidade de “andar...através de paredes ou ficar...na luz sem lançar 

sombra.”


    O Capítulo 11 do Zhuangzi, '[Livro do] Mestre Zhuang', século III 

a.C. usa o caractere arcaico para ‘Sí-e(m)’, e tem uma parábola 

sobre o 'Chefe das Nuvens' (雲將; Yún jiāng) dialogando com o 

'Grande Ocultação' (鴻濛; Hóngméng):


Grande Ocultação disse: 

'Se você confundir os fios constantes do Céu

e violar a verdadeira forma das coisas,

então o Céu Escuro não alcançará nenhuma realização.


Em vez disso,

os animais se dispersarão de seus rebanhos,

os pássaros chorarão a noite toda,

o desastre chegará à grama e às árvores,

o infortúnio alcançará até os insetos. 


Ah, isso é culpa dos homens que "governam"!'

'Então o que devo fazer?' 

disse o Chefe das Nuvens.


'Ah', 

disse Grande Ocultação,

‘você está muito longe!

僊 [ ‘Sí-e(m)’ – Levante-se!]

僊 [ ‘Sí-e(m)’ – Levante-se!]

mexa-se e vá embora!’


O Chefe Nuvem disse:

‘Mestre Celestial,

tem sido realmente difícil

para mim me encontrar com você

 — imploro uma palavra de instrução!’


‘Bem, então — nutrição mental!’ 

disse Grande Ocultação.

‘Você só precisa

descansar na inação 

e as coisas se transformarão.

Esmague sua forma e corpo,

cuspa a audição e a visão,

esqueça que você é uma coisa entre outras coisas,

e você pode se juntar em grande unidade

com o profundo e ilimitado.

Desfaça a mente,

descarte o espírito,

fique em branco e

sem alma,

e as dez mil coisas,

uma por uma,

retornarão à raiz

— retornarão à raiz 

e não saberão por quê. 

Caos escuro e indiferenciado 

— até o fim da vida ninguém se afastará dele.

Mas se você tentar conhecê-lo,

você já se afastou dele.

Não pergunte qual é seu nome,

não tente observar sua forma.

As coisas viverão naturalmente,

fim de si mesmas.’


O Chefe Nuvem disse:

‘O Mestre Celestial

me favoreceu com esta Virtude,

me instruiu neste Silêncio.


Durante toda vida

estive procurando por isso,

e agora finalmente encontrei!’

Ele curvou a cabeça duas vezes, levantou-se, despediu-se e foi embora.


Em conexão consciente com a Totalidade,

Admiração e Reconhecimento incomensurável

ao Velho Homem Nawal A Lex Sed Rex

e de forma muito especial ao

Velho Velho Homem Nawal Oo’Moto,

assim como todos e todas 

que o precederam.

Uni K. A.


 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Sinal de Fumaça II - Lista Ventania de Volta "Online"




Caminhantes,

Atualizando e reforçando este sinal de fumaça.

Já estão disponíveis os textos do nawal Nuvem que Passa relativos à lista Ventania, são mais de cem textos (outros materiais ainda virão, estão no forno em preparação), que tem o foco principal no chamado Xamanismo Guerreiro, Xamanismo Tolteca ou Nagualismo.

Os textos encontram-se em Di-Fusão Now All - https://uni-om.github.io/ 

Para acessar o material basta navegar pelo site sem precisar pagar pedágio, enviar PIX ou assemelhados, não vamos encher o saco de ninguém nesse sentido, o único que pedimos é que enviem esse material, link, para potenciais interessados nos dando uma força na divulgação. Não são necessários nem login, nem senha para entrar no site, que é de natureza estática, não é um espaço de discussão, mas de difusão, Di-Fusão Now All.

O espaço para discussão desses temas por ora é por aqui mesmo, no Pistas do Caminho.

Em breve, dentro de alguns dias ou semanas, teremos disponível o livro em PDF "Bruxaria, Magia e Xamanismo" - BruMaX, aqueles(as) interessados(as) basta deixar um contato para que possamos fazer o envio sem custo algum.

No Intento!

O Vento

O vento que abre as portas
O vento que escancara as janelas
O vento que desfaz nossos abrigos
O vento que traz a tempestade

O vento que nos leva embora desse mundo
O vento que sempre está de passagem
O vento que não tem começo e nem fim

Esteja pronto pois um dia ele virá
E lá estava eu dormindo
Agarrado na imensa noite de minha cegueira
Foi quando, em meus pequenos delírios
Eu o chamei
E ele veio
E me levou embora
Feito folha desgarrada

À mercê de um suspiro do Infinito
Assim eu fui
E o que voltou já não é mais o mesmo
Hoje vislumbro outras possibilidades

Apesar que apenas uma realmente importa
Hoje tenho muitos nomes
E por isso não tenho nenhum
Hoje posso escolher

Apesar de não ter mais escolha
Pois o vento está sempre indo e vindo
Logo estará chegando
Esteja pronto pois um dia ele virá.


(Grande abraço à todos! - Jean).

Sinal de fumaça: disponibilização dos escritos do xamã Nuvem que Passa

Caminhantes,

Atualizando e reforçando este sinal de fumaça.

Já estão estão disponíveis os textos do nawal Nuvem que Passa relativos à lista Ventania (outros materiais ainda virão, estão no forno em preparação), que tem o foco no chamado Xamanismo Guerreiro, Xamanismo Tolteca ou Nagualismo.

Os textos encontram-se em Di-Fusão Now All  -  https://uni-om.github.io/ 

Para acessar o material basta navegar pelo site sem precisar pagar pedágio, enviar PIX ou assemelhados, não vamos encher o saco de ninguém nesse sentido, o único que pedimos é que enviem esse material, link, para potenciais interessados nos dando uma força na divulgação. Não são necessários nem login, nem senha para entrar no site, que é de natureza estática, não é um espaço de discussão, mas de difusão, Di-Fusão Now All.

O espaço para discussão desses temas por ora é por aqui mesmo, no Pistas do Caminho.

Em breve, dentro de alguns dias ou semanas, teremos disponível o livro em PDF "Bruxaria, Magia e Xamanismo" - BruMaX, aqueles(as) interessados(as) basta deixar um contato para que possamos fazer o envio sem custo algum.

"Há braços"!

No Intento!

***

Está sendo feito um trabalho para disponibilizar todo o material escrito pelo xamã Nuvem que Passa que foi produzido através das listas de discussão nos anos em torno da virada do milênio. Trata-se de muito, mas muito material mesmo e que deve ficar disponível, num site específico para tal, no próximo ano astrológico, logo ali, no final de março de 2025.

Também vamos disponibilizar de forma gratuita um primeiro livro em PDF intitulado BruMax - Bruxaria, Magia e Xamanismo - envolvendo a abordagem desses temas que era própria do Nuvem que Passa.

Outros livros se seguirão. Por exemplo, devemos ter um livro em PDF baseado nos textos da lista Ventania, uma lista focada dentro do Xamanismo Guerreiro ou Nagualismo.

Um romance de autoria do Nuvem que Passa também deve vir à luz, no qual o conhecimento xamânico  traveste-se de ficção.

Também estamos buscando as pessoas que de alguma forma ajudaram a reunir tão vasto material para que possamos dar os devidos créditos. Ao longo dos anos algumas pessoas ficaram, digamos assim, como guardiães desses textos e queremos agradecê-las pelas contribuições que fizeram.

Naturalmente o tempo passou, temos aí 20 anos transcorridos, as pessoas perderam o contato, é natural, mas de alguma maneira intentamos retomar agora. Estamos lançando essa rede virtual na vasta teia da internet. Emitimos esse sinal de fumaça pelo espaço cibernético. Aqueles(as) que quiserem receber o material podem entrar em contato conosco por aqui, nos comentários, ou mandar um email para donan.ramak@gmail.com

E mesmo com o transcorrer do tempo os textos continuam vivos, atuais, impregnados daquele intento da busca pela liberdade de percepção que marca a linhagem guerreira. Sim, o espírito do homem nos permitiu contato com outra linhagem além da linhagem fechada pelo nagual de três pontas, o Dr. Carlos Castaneda.

De antemão deixamos aqui o nosso agradecimento a cada um que contribuiu e também ao espírito do homem, pois é como já foi escrito: 

"Se um guerreiro quiser pagar por todos os favores que recebeu e não tiver ninguém em particular a quem fazer seu pagamento, pode fazê-lo ao espírito do homem. Essa conta tem sempre um saldo muito pequeno e o que se botar ali é mais do que suficiente" - Roda do Tempo, de Carlos Castaneda.

O que é ser um Hopi?

O que é ser um Hopi? Talvez possamos perguntar: o que é ser?

O que é ser um Tolteca?

O que é ser um homem de conhecimento?

O que é ser?

Quem eu sou? Eis a pergunta da auto-investigação de Ramana Maharshi, atma-vichara.

Qual o mistério de ser?

Tais perguntas não tem respostas autênticas que possam ser dadas pela mente...

Um pouco dessas reflexões por um nativo hopi, Ramson Lomatewama, lembrando que há aqui dois significados para tal palavra um exotérico, digamos assim, e outro mais profundo...


sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Linhagem Xamânica, por Nuvem que Passa.

Pelo que aprendi, há milhares de anos atrás florescia no mundo outro tipo de civilização, com outros tipos de valores, com outra forma de abordar a realidade e com outra forma de existir mesmo. É importante entender que era outra Era, outro mundo e não cair na armadilha de imaginar este mesmo conceito de civilização que hoje temos apenas adaptado com roupas para o passado, como fazem os filmes.

Tem muita gente que pensa no passado através de imagens cinematográficas quando o passado na realidade possui uma "textura" diferente.

Tempos diferentes possuem estruturas energéticas completamente diferentes. Na antiga Bagdá tapetes voavam, gênios serviam a seus amos, assim como na antiga Yucatã reis e rainhas feiticeiros viravam jaguares, voavam nas noites e entregavam pessoas aos fossos mágicos, no fundo dos quais os sacrificados nunca chegavam, mudando de dimensão e indo para outros mundos. Conta-se que, imitando a forma, sem entender o conteúdo, muitos dos sacrifícios de sangue nasceram e atraíram então outros tipos de seres que se imiscuindo entre os herdeiros e usurpadores do antigo saber criaram uma imitação precária daquele antigo tempo de glórias e poder.

Segundo as tradições essa antiga cultura tinha contato com outras dimensões da realidade e com outros mundos. Pelo que sabemos povos de estrelas distantes podiam ir e vir pelos canais que ligam os mundos, canais que hoje estão ainda obstruídos em parte. Nesta época floresceram civilizações com grande arrojo. Imaginem a que nível de conhecimento e poder chegavam povos que tinham nos seus líderes, sábios e magistas poderosos que educavam e treinavam as crianças e jovens para serem também ricos em sabedoria e poder.

A ação acumulada deste tipo de atitude por gerações gerou civilizações que nem tem como a elas nos referirmos ou descrevermos, a não ser como mito e lenda. O mundo era diferente então, a Terra estava em outra era e as energias cósmicas que aqui chegavam eram de outra natureza. Algo aconteceu, esse algo é obscuro ou aconteceu num nível que na tacanha capacidade de abrangência dessa civilização não pode ser descrito. Então contam que eles e elas partiram, se foram. Os que ficaram reuniram o saber deixado e criaram uma tradição. Uma tradição viva de homens e mulheres estudando a existência e seus mistérios.

Irmandades como a do Escudo, do Jaguar e tantas outras ficaram encarregadas de zelar pelo uso do saber herdado. Cada grupo ou tradição seguiu um caminho. O contato entre os povos foi diminuindo, algo estava acontecendo. Cada povo desenvolveu sua "leitura" do conhecimento antes partilhado por todo o globo. Como em todos os povos existiam os praticantes profundos da ARTE e os que apenas imitavam, os que herdaram o saber pleno e os que praticavam um tipo "exotérico", mistura de superstições e alguma prática. E desenvolveram poderes, desenvolveram habilidades, aprenderam a sondar o mundo a sua volta, aprenderam a sondar as outras realidades, entraram em contato e pactuaram com os mais diversos seres dos diversos mundos que visitavam, ou com seres que nos visitavam vindos de mundos desconhecidos. Novos momentos surgiram, a civilização renascia para outra fase.

Mas algo estava acontecendo. O mundo estava mudando. Era outra Era, uma Era isolada dos fluxos da Vida. As profecias haviam alertado dessa Era, por isso os (as) que sabiam eram agora mais cuidadosos em não se expor. Havia uma classe de conquistadores que tinha interesse em apagar as lembranças do passado, apagar a lembrança antiga para construir uma nova história, que fortalecesse seu próprio poder. Os cultos não eram apenas para sintonizar os seres com a Terra, ser vivo com a Eternidade e os Astros, eram agora também instrumentos de uma classe sacerdotal que queria o poder e estava se mancomunando com castas guerreiras para garantir a extensão desse poder. E eles começaram a crescer. Em muitos lugares do mundo os Impérios começavam a se formar e agora se caçava outros humanos para escravizá-los e pô-los a trabalhar para que alguns poucos pudessem se dedicar a outros afazeres. Pouco tem se falado como a escravidão nos povos nativos veio sempre com os Impérios dos reis e rainhas feiticeiros, que escravizavam seus pares para que tivessem pessoas trabalhando nos campos ou em outros lugares, a fim de sustentar os que se dedicavam apenas a magia. O contato de povos com certos seres criou essa necessidade terrível de ter escravos, de humano dominar humano. E a ARTE foi usada para vários fins. Fins dos mais diversos.

O poder desses homens e mulheres feiticeiros foi crescendo, se tornando enorme. Dominavam vastas regiões, obrigavam povos a serem seus vassalos. Outros encontraram no poder e no saber meios de ajudarem seus povos a viverem em total saúde e prosperidade. Povos inteiros começaram a deixar essa realidade guiados por estes xamãs antigos e, ainda hoje, vagam em outros mundos.

Então vieram os primeiros atacantes. Os que deixaram de viver como mamíferos, se integrando ao meio e passaram a viver como vírus, explorando ao máximo o meio, destruindo as reservas e depois indo destruir outras áreas. Os impérios conquistadores, fazedores de escravos. Destruíram o que puderam dos antigos. E os antigos perplexos descobriram que sua aparente invulnerabilidade funcionava apenas com os de seu clã, aqueles outros nativos pareciam imunes ao poder da maioria dos feiticeiros e feiticeiras. Imaginem como se sentiram os poderosos feiticeiros e feiticeiras quando viram que seu poder não funcionava com os invasores, quando seus jaguares mágicos, quando seus entes aliados nada conseguiam para salvá-los dos atacantes...E foram mortos, escravizados, suas civilizações caíram e os Impérios tomaram seu lugar. Mas alguns sobreviveram.

Alguns homens e mulheres que conseguiram se salvar usando seus poderes. E quando se reagruparam, quando se reencontraram como fugitivos se questionaram:

"Por que o poder nos auxiliou e aos outros não?"

Dessa questão nasce um novo ramo do Xamanismo, pois muitos dos sobreviventes descobriram-se dos ramos guerreiros. Perceberam que parte do segredo de sua sobrevivência estava no fato de por mais fundo que houvessem mergulhado no transcendente, nos mundos outros que não esse, nunca deixaram de trabalhar também este mundo, este corpo, a força de vontade e a disciplina consigo mesmo necessárias a um guerreiro (cuidado para não confundir o termo guerreiro como os mercenários de hoje em dia). Pouco a pouco reestruturaram seu saber frente à evidência que em sua forma original não serviu para salvar os seus possuidores. E quando os herdeiros desses homens e mulheres, e alguns deles mesmos, segundo as lendas, estavam criando uma nova linha de saber e trabalho com esse saber chegaram os facínoras, muito piores que qualquer invasor nativo: os civilizados.

A praga civilizada já havia destruído a maior parte dos herdeiros da antiga era em seu próprio continente. Celtas, Gauleses e tantos outros povos nativos já haviam sido dizimados, os Mouros, com sua cultura e arte sofisticadas já estavam sendo expulsos da Península Ibérica pelos supersticiosos, violentos, sujos e traiçoeiros cristãos. A Europa cedia, finalmente, após a longa destruição, por séculos, de todos os elos diretos com a TRADIÇÃO da antiga Era. Após destruir o ramo cátaro, albiginense, templário e celta, entre outros, os cristãos romanos (pesquisar sobre a teoria flaviana) dominavam a Europa e lançavam suas forças agora ao até então protegido mundo nativo.

Agora estes mesmos destruidores vinham para o mundo perdido, onde os povos nativos ainda viviam em paz e harmonia com a VIDA. E os herdeiros de certas linhagens observavam. Já estão ocultos nos Impérios nascentes, que imitam a forma dos antigos xamãs sem entender o conteúdo, que deturparam em sacrifícios cada vez mais sangrentos o uso de um sangue antes cerimonial e voltado para outros fins. Esses homens e mulheres que trazem em seus corpos e seres a herança viva da era anterior assistem a chegada dos mórbidos conquistadores. Morrem muitos, de forma atroz. Mas sob tal teste, sob tal pressão são forjadas linhagens de homens e mulheres xamãs que não tem a mínima ilusão quanto ao fato da natureza predadora da realidade, quanto aos riscos que todos corremos e quanto à necessidade de um treinamento completo e pleno para que as armadilhas dos outros mundos não prendam o viajante desavisado que ousa lançar-se a Eternidade.

Alguns povos sobrevivem, fogem, algumas tribos ainda hoje estão lutando bravamente para sobreviverem, para terem seu espaço existencial. O Xamanismo é a forma dos povos nativos se contatarem com a Eternidade que nos cerca. É um caminho e como todo caminho só pode ser compreendido por quem o trilha. Como todo caminho não pode ser definido, só experimentado. E é totalmente diferente estudar um caminho e trilhar um caminho. Há pelo menos dois tipos de Xamanismo. O que vem dos que imitaram a forma sem entender o conteúdo e se prendem mais no rito que no mito e os que compreendem que o rito reatualiza o mito, que cada um de nós ritualizamos o Xamanismo em nossas vidas, reatualizando o mito.

Existem muitas trilhas na mata. Existem muitas formas de trilhar o Xamanismo. Mas como ponto comum podemos considerar a ligação com a VIDA, com a Natureza e conosco mesmo. A liberdade íntima, plena e a capacidade de ir além dos conceitos limitantes desta era de sombras. O Xamanismo está dentro dos "modismos" desse momento e após roubarem as terras e as vidas dos povos indígenas a medíocre civilização dominante quer agora roubar a tradição dos povos nativos, reduzindo a beleza e complexidade do Xamanismo a este esoterismo fast-food que grassa por aí. Cursos de final de semana prometem lhe colocar em contato com seu animal de poder, vivências de um dia promete lhe levar ao mundo dos xamãs, iniciações pagas e bem pagas prometem fazer de qualquer um "xamã".

Sob a árvore do início do mundo nossos antepassados espirituais bebem chocolate e riem, pois podem ter destruído seus códices, podem ter derrubado monumentos e ocultado peças que revelariam outra história, bem diferente da oficial, podem ter dizimado grande parte do povo natural, mas a mesma profecia que descreveu com detalhes essa era de trevas também previu que outra era viria, quando uma tribo formada por pessoas de várias cores se uniria para o grande combate entre consciência e inconsciência, quando a Tribo do Arco-Íris surgiria com seu trabalho em prol da vida. E aqui estamos nós, cumprindo a antiga profecia com a força de nossas vidas.

"Nuvem que passa"
Júlio César Guerrero - Membro da Tribo do Arco Íris

Sinal de Fumaça

A Chave Secreta para o Empoderamento

Saúdo a Fonte Eterna em mim e em tudo. Estou atuando a partir do centro da verdade. Que todos os impedimentos sejam removidos. Imagem gerada...