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segunda-feira, 24 de março de 2025

Cannabis: o poder erótico e espiritual da erva

A deusa egípcia Seshat, filha de Thoth, representada com uma folha de marijüana sobre a cabeça. Seshat foi uma divindade protetora das bibliotecas, do conhecimento e da geomancia entre outras coisas.

DIR.: Bast, a Ártemis grega, deusa da sabedoria. Entre os egípcios, zoomorfa meio-gato, meio-mulher, acreditava-se que dominava variados aspectos da vida civilizada: do Sol Nascente, como filha de Rá; e também deusa da iluminação [intelectual], do lar, do sexo, da fertilidade e do parto, dos prazeres físicos e, curiosamente, deusa das lésbicas que, no país do faraó, eram associadas à verdade, honestidade. In CANNABIS PR-NTR-KTM



As origens do uso erótico/sexual da marijüana remonta ao surgimento dos ritos de fertilidade associados às primeiras práticas da agricultura - em uma época em que a ligação do homem com a terra, com os campos, era compreendida como uma relação religiosa. Entre comunidades primitivas de caçadores, os shamans usaram a magia "imitativa" ou magia simpática [de reprodução, representação da realidade] para obter sucesso na expedições de caça. Vestiam peles de animais, envergavam cabeças de grandes mamíferos em suas danças mágicas. Quando as comunidades fizeram sua transição da economia de caça-coleta para a economia agrária, a mesma lógica foi aplicada aos campos cultivados. Os ciclos das colheitas eram acompanhados de simbolismos e festas rituais.

Para estimular o bom desenvolvimento dos campos, os primeiros agricultores acreditavam na necessidade de renovar, periodicamente, o "matrimônio" entre a divindade da Terra e a divindade dos Céus. [Como na mitologia grega, Urano, o Céu, fecunda a Terra, Gaia]. O tema principal desses rituais, portanto, era o sexo, posto que era/é meio de fecundação. Orgias coletivas eram praticadas nos campos; orgias que, mais tarde, foram ritualizadas em cerimônias fechadas entre o rei e sua consorte ou entre sacerdotes e sacerdotisas.

A cannabis é considerada uma das culturas mais antigas da humanidade e a planta tem poderosas qualidades afrodisíacas. As práticas orgiásticas começaram precocemente justamente entre aquelas comunidades pioneiras no cultivo e uso da planta e uma das primeiras práticas religiosas da humanidade foi o coito ritual praticado nos campos.

Experiência Religiosa

O pesquisador da marijüana, Sula Benetowa, diz que a origem deste antigo culto, da cannabis, pode ser encontrada no Oriente Médio. No artigo Tracing Onde World Through Different Languages, ele escreve: "Tendo em conta o elemento matriarcal da cultura semita é possível afirmar que a Ásia Menor foi o centro de onde se propagou ambos os caracteres socioculturais: o matriarcalismo e o uso massivo do hashish [essência oleaginosa da maconha].

Um desses "elementos matriarcais" refere-se ao culto da deusa semita Asherah [em algumas tradições, dita consorte de Jehová], para quem era queimada a cannabis como incenso sagrado. Os corpos também eram "ungidos" com um o óleo da cannabis, o Santo Óleo, semelhante ao usado por Moisés e outros profetas e reis judeus da Antiguidade. [ver CC#5, Kaneh Bosm: the hidden story of cannabis in the old testament].

Objetos relacionados ao uso de cannabis foram encontrados em tumbas congeladas dos antigos Citas [Scythians] nas montanhas Altai, na fronteira entre a Rússia e a Mongólia. No sítio arqueológico também foram achadas sementes e restos dos "frutos" [berlotas] da planta. O Citas usavam a maconha reunindo-se em cabanas onde a erva era queimada e todos aspiravam seus vapores "mágicos" - um "efeito sauna". Essa prática de "respirar cannabis" foi mencionada por Herótodo e data de 500 a.C.. In Hallucinogenic Plants | EROWID.ORG

William Cole, em Sex and Love in The Bible, fala do culto a Asherah, enquanto cônjuge ou "aspecto feminino" do "deus" israelita Jehovah: "Ela foi uma divindade da Natureza, simbolizando sexualidade e fertilidade. Em muitas passagens do Antigo Testamento existem referências a Asherah, representada [o] como um pilar de madeira, um objeto de devoção. Claramente, é um símbolo fálico, ocupando lugar similar ao Lingam hindu.

Cole também explica que muitos deuses e deusas antigos aparecem em pares de macho/fêmea, [uma referência aos Hermafroditas de Raças Antigas]. Tais deuses também são retratados criando o mundo/Universo através de uma cópula [ato sexual].

"Os devotos destas divindades, aparentemente acreditavam no dever religioso da magia imitativa na qual, homem e mulher copulavam no solo, misturando suas "sementes" e seus desejos com a terra que, assim, tornar-se-ia ou continuaria fértil, pela partilha do ato sexual praticado pelos humanos. As orgias envolviam o uso de psicotrópicos, substâncias alucinógenas ou relaxantes/excitantes além de atividade sexual intensa e heterodoxa como importante fator de eficiência "mágica".

Canção Erótica de Salomão

Uma passagem clássica de "erotismo bíblico", o Cântico dos Cânticos, atribuído ao rei Salomão, atualmente é amplamente aceita como um texto litúrgico-amoroso integrante dos culto ao deus/deusa da fertilidade na região do Oriente Médio. É fato histórico conhecido que o rei israelita Salomão foi iniciado em cultos estrangeiros diversos em virtude do íntimo contato com a cultura de suas numerosas esposas, provenientes de diferentes nações, como o culto a Astarte e a queima ritual do incenso de cannabis [1 Reis 11:3-5].

Não é surpresa, portanto, encontrar umas tantas referências bíblicas diretas à cannabis nos Cânticos de Salomão:

"O quanto é intenso o seu amor, minha irmã, minha noiva! Mais delicioso que o vinho é o teu amor e a fragrância de seu óleo [ungënto], mais deliciosa é que o aroma das especiarias. Seu corpo é um pomar de frutos abundantes, de romãs, de henna e nardos, nardos e açafrões, cannabis [Kaneh Bosm] e canela e todas as árvores de incenso" ... [Cântico dos Cânticos 4:8-14]. Outra passagem demonstra explicitamente a simbologia sexual dentro da liturgia [cerimônia religiosa]:

Meu amor tocou-me a caverna

e meu ser fervia por ele

Eu me ergui e me abri para o meu amor

as minhas mãos gotejavam a mirra

A mirra escorrendo entre os dedos

sobre as mãos...

E eu abri minhas cadeias para o meu amor

Cântico dos Cânticos 5:4-6

Astarte foi adorada como filha e contraparte [aspecto] de Asherah e, tal como sua "mãe", seu culto era associado às práticas sexuais e ao uso da cannabis. Tanto o Cântico dos Cânticos quanto o Hino à Ishtar [outra divindade mesopotâmica] são narrativas de união conjugal. Cerimônias muito parecidas, que incluem o culto ao sexo e uso ritual da cannabis, são encontradas na Índia [ainda nos dias atuais].

O Festival das Carruagens, que data de época pré-Védica, ainda é realizado pelo culto Jagahath, em Puri. Nesta antiga festividade, carruagens com decoração elaborada, representando o "mundo em ação", saem em cortejo levando a figura velada do "Senhor do Universo" e sua noiva. Acredita-se que uma das figuras veladas é um lingam [pênis] gigante.

Durante o Festival de Jagganath, as "prostitutas do templo" desempenham o papel de "esposas do rei-deus" e mantêm relações sexuais com o "rei" ou sacerdotes a fim de obter abundantes chuvas de estação. O uso da cannabis faz parte dos rituais. O pesquisador do psicodelismo, Jonathan Ott, em seu livro Pharmacotheon, conta que os ingleses suprimiram, proibindo, esse ritual em toda a Índia e a atuação das devadasis, as prostitutas sagradas. A tradição desapareceu lentamente exceto em Puri.

Shiva & Kali

O uso da marijüana é parte do culto Tântrico Hindu de Shiva e Kali, duas das mais antigas divindades do mundo. O uso erótico ritual da cannabis também está inserido em no contexto da obtenção de fertilidade. A forte associação de Shiva com a cannabis está claramente demonstrada na antiga mitologia que envolve a planta bem como as minuciosos procedimentos dos devotos em relação aos campos sagrados.

Praticantes de tantra, seguidores de Shiva e Kali ainda usam marijüana como estimulante do sistema nervoso central capaz de ativar a energia chamada de kundalini, intimamente conectada com a energia sexual. É um costume milenar. Em The Woman's Encyclopedia of Myths and Secrets, a pesquisadora Barbara Walker explica:

Os principais fundamentos das práticas tântricas podem ser encontrados em tempos pré-históricos. Basicamente, é uma teosofia [pensamento religioso] que inclui o culto à Deusa-Mãe, às forças sexuais, à fertilidade, aos fenômenos naturais, tal como nos cultos animistas. Muitos dos símbolos usados no tantrismo contemporâneo, como os órgãos sexuais feminino e masculino, são semelhantes àqueles encontrados em cavernas paleolíticas, datando de 20 mil anos, em lugares tão diferentes quanto Europa Ocidental e China.

Sexo, Maconha e Energia

Os cultos à fertilidade, repletos de práticas sexuais, evoluíram ao longo das eras e desenvolveram-se entre os estudiosos gnósticos e os praticantes de tantra. Tornou-se um "casamento sagrado" que acontece no plano mental dos praticantes. O ritual não se dedica mais à fecundidade da terra ou dos homens, antes pretende proporcionar o encontro do indivíduo consigo mesmo e sua identificação com o Universo.

Ritos que usam o sexo e a cannabis buscam o despertar da kundalini e sua ascensão, ou seja, a ativação da energia sexual de modo tal que ela possa percorrer a coluna, alcançar a glândula pineal e atuar no cérebro como força criadora e re-generadora; e não mais e somente como força de geração física.

A glândula pineal é considerada a sede da alma, do espírito. É um órgão misterioso de funções praticamente desconhecidas mas para os praticantes do esoterismo, o uso da cannabis combinados com outras práticas, como relaxamento e meditação, produz uma ativação incomum da energia sexual. Nas palavras do místico Aleister Crowley, extremamente experiente quando o assunto é droga e sexo: "Quando você entende que Deus é meramente um nome para o instinto sexual não me parece tão difícil admitir que Deus está no sexo".

FONTE

Marijüana: the ultimate sex drugCANNABIS CULTURE publicado em novembro | 1999

por Chris Bennett | tradução & adaptação: Ligia Cabús

http://jahmusic.vilabol.uol.com.br/rascultura/sexcannabis.htm 

sexta-feira, 21 de março de 2025

As 4 Faces da Deusa: Tantra e Sexo, por Nuvem que Passa.




Quando vamos abordar a questão do feminino temos que levar em consideração muitos aspectos.

Por esta razão nos artigos anteriores procurei localizar o tema dentro de um contexto mais amplo, demonstrando que estamos dentro de uma cultura de valores patriarcais.

Essa cultura patriarcal é um fenômeno histórico, que se desenvolve no tempo e no espaço numa interação dialética entre vários fatores, fatores esses que, a meu ver, estão relacionados em diversos graus de complexidade.

Quando as novas gerações em seu processo de amadurecimento absorvem os valores que lhe são transmitidos pelas gerações no poder, via de regra, o fazem por imposição.

Sendo mais claro.

Raramente permitem a uma criança que escolha de fato sua linha de pensamento, sua forma de ser.

O que acontece é que a criança vai absorvendo e reagindo aos estímulos externos.

O modo de viver do pai e da mãe, do ambiente familiar, a classe social, as condições de vida e a linha religiosa que o grupo familiar segue vão dando a criança referenciais sobre como deve agir no mundo.

Há um discurso educacional, informal no lar e formal na escola, mas este discurso está muitas vezes em grande contradição com os atos que as pessoas praticam.

Assim a criança aprende que mentir é errado, mas a medida que cresce surpreende seus pais em mentiras e há ainda contradições mais fortes, como a mãe que certa vez vi gritando para a filha: “Não grita!”.

No ambiente escolar temos ainda problemas mais sérios pois ainda é raro o número de escolas que, de fato, são centros de “educação”.

A maioria pode ser enquadrada como centros de condicionamento.

A questão da sexualidade é um tema polêmico pois é uma das áreas onde o ser humano mais encontra bloqueios.

Não podemos nos esquecer que a cultura dominante sempre considerou o sexo sinônimo de pecado.

A educação sexual na civilização dominante é tremendamente artificial e tardia, na maioria dos lares não há um diálogo aberto e franco quanto a esta temática. A relação entre emoção e sexo é apenas uma das facetas desta multifacetada questão.

No ato sexual encontramos o homem novamente preocupado em exercer seu poder dominador e com os modismos recentes há agora uma exigência do homem para que a mulher sinta prazer, uma cobrança, pois sente o macho que sua condição de conquistador estará ameaçada se não conseguir produzir prazer na parceira.

As muitas faces da dominação masculina.

Antes era pecaminoso e vergonhoso a mulher sentir prazer, agora ela “tem” que ter prazer para o parceiro sentir-se o poderoso sedutor.

Assim, o homem cobra da mulher o prazer, o gozo para garantir que seu papel é perfeito, ele não apenas possuí a mulher, mas é tão poderoso que a faz sentir prazer.

Esse é o enfoque para muitos.

“Eu dou prazer a minha parceira”.

Aliás, os termos associados ao ato sexual denotam bem como ele é encarado. “Possuir uma mulher”, “fazer amor”; são dois termos que revelam a profunda incompreensão por detrás da sexualidade. Pensem nos outros!

Não podemos deixar de lembrar que existe um componente biológico, instintivo no sexo, regulado por hormônios e mecanismos outros puramente ligados a continuidade da espécie.

Como tantrista gostaria de abordar a sexualidade neste artigo.

O renascimento do feminino pode nos levar a um novo enfoque da questão sexual.

Novamente gostaria de lembrar que considero o renascer do feminino como algo muito importante não só às mulheres, mas também a nós homens que podemos recuperar o contato com nossa anima em toda sua amplitude e assim recuperar nossa condição de homens, perdida quando a civilização dominante nos limitou a sermos machos.

Mas o homem ao dominar o mundo impôs também quais seriam os arquétipos permitidos a mulher, assim a mãe se tornou a via predominante, ao lado da virgem.

A mulher pode então ser mãe, ou ser pura e virgem, mas é desprezada, de forma explicita ou implícita se ousa aderir a outros arquétipos, não oficiais.

Antes de mais nada o que é o Tantra?

Sob este termo existem linhas tão contraditórias que seria bom começarmos por estabelecer o que entendemos por Tantra.

Ao contrário das religiões que conhecemos, alguns ramos orientais não colocam o sexo como algo pecaminoso ou maligno.

Consideram que o sexo, como algo dotado de poder, pois é capaz de gerar uma vida, coisa que você nunca conseguiria rezando, por exemplo.

Como dizia um ocultista que conheci, com seu jeito irreverente:

- “Reze trinta terços ao lado de uma mulher e ela quando muito dormirá, mas uma única relação sexual concluída e o milagre da vida se manifesta.”

Para entendermos o Tantra temos de compreender certos paradigmas das culturas que o adotam.

A visão do ser humano é um dos pontos fundamentais.

Para o mundo racionalista o ser humano é um conjunto de átomos que se organizaram em moléculas que se organizaram em organelas, que se organizaram em células, que se organizaram em tecidos, que se organizaram em órgãos que se estruturaram num organismo.

No artigo anterior citamos a visão mecanicista ainda dominante no pensamento científico, dentro da qual somos apenas máquinas complexas, compostas de partes que se juntam e criam um corpo.

Assim faz parte dos instintos, uma espécie de “programa” dessas máquinas, estabelecer um conjunto químico de estímulos e respostas que levam um homem a procurar uma mulher e a liberar dentro dela seu sêmen para que os genes se encontrem e a vida continue.

Essa abordagem nada tem a ver com a visão de outros povos que consideram presente no ser humano um outro aspecto, algo que podemos chamar de espiritual, embora este termo também tenha sido muito deturpado.

Note que as religiões mais conhecidas apenas citam que existe um algo a mais no ser humano, confusamente chamam esse algo a mais de “alma” ou “espírito” e o contrapõe ao corpo.

Nas religiões oficiais a alma é algo que pode se salvar ou se perder pela eternidade se o seguidor acata ou não as verdades prontas que a religião lhe dá.

“Aceite sem questionar nossas verdades e será salvo, questione e penará no fogo eterno.”

No fundo esse é o regulamente implícito na maior parte das religiões.

Ainda, para uma grande maioria dos seres, mesmo entre os tidos por “esotéricos” o corpo é o veículo impuro e imperfeito onde a alma está “presa” neste mundo de dor e sofrimento.

Assim negar o corpo e seus “desejos” impuros é o objetivo mais ou menos confesso de muitos, e, por extensão, o sexo faz parte das impurezas a serem “sublimadas”.

Para os xamãs e certos ramos do misticismo oriental somos muito mais que isso.

Somos um todo complexo, energia em vários graus de manifestação.

Essa energia é dual, não em oposição, mas em complementação.

Assim o corpo físico é a densificação de uma outra realidade, uma realidade que podemos chamar de energética sutil.

Dentro do conceito físico moderno, que matéria é apenas energia condensada, fica mais claro, quer falemos do corpo físico quer de sua contraparte energética, que estamos apenas falando de dois aspectos de um mesmo fenômeno.

Num mundo onde sabemos que a luz e o elétron é um fenômeno complexo que se manifesta ao mesmo tempo partícula e onda fica mais fácil lidar esse aparente paradoxo.

Assim como o gelo e a água num copo são dois estados diferentes da mesma substância o corpo de energia e o corpo físico são dois estados diferentes da mesma energia universal, atuando em meios distintos, mas mutuamente equilibrados.

Mas cada um desses dois planos tem suas leis e suas peculiaridades, entretanto não se opõe, complementam-se.

Em nenhum momento o puro misticismo apoia a divisão esquizofrênica que se estabeleceu entre corpo e espírito.

Para podermos de fato entrar em níveis mais amplos de consciência, nos chamados estados amplificados de consciência, ou ainda, nos estados de consciência intensificada precisamos de energia.

E aqui uma analogia pode nos ser útil.

Os elétrons ao redor dos núcleos atômicos não estão aleatoriamente distribuídos, mas existem áreas que eles tem a tendência de existir.

Essas áreas são chamadas de orbitais.

Para um elétron passar de um orbital mais perto do núcleo para outro mais distante ele precisa ter energia para isso.

Analogamente dizemos que a percepção para ir a níveis mais amplos de consciência precisa ter energia.

Sabendo o imenso poder do sexo fica claro que podemos dele tirar essa energia que necessitamos.

Estamos num campo científico, não o cientificismo estreito, mas ciência no sentido de conhecimento acumulado por observação e experimentação.

As religiões conhecidas são extremamente moralistas e se baseiam apenas em dados morais absolutos para falar de evolução.

A ciência dos iniciados, dos yogues, dos budistas esotéricos, dos lamas e dos xamãs tem um aspecto ético sem dúvida, mas vai muito mais além.

Sabe que estados mais amplos de consciência são atingidos por trabalhos específicos que envolvem a ampliação da energia pessoal.

Dois caminhos existem àquele que deseja ir a estes níveis mais amplos de consciência, não ocasional e acidentalmente, mas de fato nele mergulhar e aí viver.

Um é o celibato.

É um caminho válido para alguns e caracteriza-se pelo abrir mão da sexualidade, levando assim a energia a fluir para dentro e a sustentar os novos estados perceptivos.

Entretanto existem aqueles que mesmo sem abrir mão da sexualidade continuam no caminho da ampliação da consciência.

A estes o Tantra é a ferramenta adequada para que possam aprender a canalizar sua energia ao invés de desperdiçá-la inconscientemente.

O Tantra tem sido usado atualmente por muitos como desculpa para uma sexualidade desequilibrada por parte de indivíduos que possuidores da preguiça e da arrogância típica não desejam fazer nenhum trabalho sobre si mesmos e acreditam que a evolução acontece por inércia.

O aspecto sexual é um dos lados desse complexo caminho.

A meditação, os pranayamas (exercícios respiratórios) e outros tantos exercícios, além de um profundo trabalho psicológico são partes importantes e inseparáveis do Tantra, sem os quais teremos apenas desequilíbrio.

Não há como aprender Tantra em livros.

Como todo os conhecimentos profundos e dotados de grande poder o Tantra exige estudo e supervisão.

Aprender Tantra por livros é tão tolo e perigoso como se alguém tentasse aprender a nadar em um rio de forte correnteza a partir de um curso por correspondência.

Fomos criados em uma civilização muito desequilibrada e é óbvio que nossa psique ficou muito afetada por isso.

Portanto temos que trabalhar com nossa própria realidade interior antes de dar qualquer passo nesse caminho.

Certo dia, quando estava no começo de meus estudos, preparávamos um canteiro para plantar.

Cavamos um buraco e peneiramos toda a terra antes de montar o canteiro.

Quando estávamos colocando o adubo orgânico a pessoa que nos orientava nos alertou para o fato de que se não houvéssemos antes peneirado a terra, liberado das ervas que não serviam aos nossos propósitos, aquela adubação estaria na verdade fortalecendo da mesma forma as ervas medicinais que plantávamos e as ervas que iriam sufocá-las.

Essa imagem volta agora a minha mente intensamente quando abordo a questão de prepararmos nosso terreno psíquico antes de o adubarmos com a potente energia sexual.

Como homem não compreendo o treinamento feminino para o Tantra, embora saiba que é profundamente diferente do nosso.

Mas sei que nesta primeira fase ele é idêntico.

Homens ou mulheres temos que começar nosso trabalho pelo psicológico.

Temos que remover aquilo que não somos, que foi imposto pelo condicionamento desequilibrante que chamamos de educação.

Homens ou mulheres somos entidades complexas, essências adormecidas envoltas por personalidades que se desenvolveram em respostas aos estímulos do meio.

Se concordamos que o meio é desequilibrado diferente não pode ser o estímulo que dele recebemos e menos pior não é o efeito.

Fica pois o alerta aos que dominados por uma imaginação doentia veem no Tantra uma nova forma de satisfazer suas taras sexuais.

Para um tantrista a mulher é o mistério supremo.

Gosto de comparar o Tantra ao surf.

No surf convencional você está ali, esperando antes da rebentação sua onda.

De repente ela vem, te leva, você faz parte da onda, flui com ela, mais e mais e mais e de repente ela se vai e acaba.

É uma rápida queda.

Como no sexo, quando vem a ejaculação.

Mas no Tantra é como se a onda não acabasse, mas em uma possibilidade espiral se tornasse mais e mais ampla, engolfando sua percepção num êxtase sublime, onde a mente concreta se cala, onde somem as fantasias e cada célula do corpo entra numa ressonância orgástica incapaz de ser expressa em meras palavras, estas toscas ferramentas nas quais nos apoiamos para descrever o que vai tão além delas.

Nada mais distante da vida que a fantasia.

Quando fantasiamos ao invés de estarmos presentes aqui e agora estamos jogando pela janela este dom maravilhoso, mágico que é o momento presente, único, irrecuperável.

Também no Tantra a fantasia inexiste.

É a contemplação entre os amantes, o observar do que são de fato, o brilho do olhar trocado, progredindo para as carícias, que vão pouco a pouco alimentando o fogo alquímico do sexo.

A mulher tem uma característica que noto é ignorada por grande parte delas.

Enquanto nós homens desde a puberdade até a andropausa somos sempre férteis, as mulheres todo mês tem um período no qual não são férteis.

Isso é muito revolucionário.

Vocês mulheres tem um período no qual estão livres do domínio biológico do instinto, não há um estímulo hormonal gritando:

“ Misturem os genes, continuem a espécie.”

A profundidade dessa informação não foi ainda suficientemente compreendida pela maioria.

Eu posso apenas dizer o que vejo nas mulheres xamãs com as quais convivo, que sabem ser a famosa T.P.M. (tensão pré menstrual) apenas um sinal da imensa porta que pode se abrir para todas as mulheres nesse período.

O nível de poder que observo nas minhas companheiras nesse período é algo que não posso descrever aqui, apenas citar, numa pálida alusão a este ser maravilhoso chamado mulher que felizmente pude aprender a respeitar e amar me libertando do condicionamento desta cultura decadente que ainda nos domina.

Portanto para um verdadeiro tantrista a mulher é o mistério supremo.

É a face amante da Deusa, que nos permite ir além de nossos limites, que nos nutre de uma nova energia, a qual não temos como encontrar em outra fonte.

Se a face mãe da Deusa nos amamentou quando éramos indefesas crianças é a amante que nos dá esse novo alimento que nos torna homens de fato, orgasticamente felizes.

A felicidade é profundamente ligada a realização orgástica, mas a realização orgástica não é apenas sexual.

Sugiro uma leitura atenta da obra de W. Reich para os que desejam ir mais fundo nessa questão partindo do enfoque psicanalítico.

Reich é importante porque ele é um cientista, que esteve dentro da psicanálise tradicional e depois foi se ampliando, indo mais longe, constatando e descobrindo o lado concreto do processo, o corpo, a energia, os “nós” que o corpo pode apresentar interrompendo o fluxo equilibrado da energia da vida.

Reich e Osho foram dois grandes nomes que abordaram a sexualidade de forma ampla e aberta e ambos foram mortos por esta coisa terrível, esse sindicato das sombras que mantém o poder nos Estados Unidos da América.

Nossa relação com a energia pessoal é muito equivocada.

Se não temos energia nos sentimos enfraquecidos, sem resistência.

Mas quando a energia está presente muitos se sentem agitados, sem saber o que fazer com ela.

Quantas vezes ouvimos frases do tipo: “Preciso descarregar um pouco, estou com muita energia.”

E para muitos o sexo é essa via de descarregar.

Note assim que tais pessoas praticam o sexo no sentido oposto do tantrista.

Eles se “descarregam” com o sexo, enquanto um Tantrista carrega-se.

Este carregar é importante e aqui está uma das chaves que os Xamãs vêm quando tentam entender a subjugação da mulher pelo homem.

Grande parte dos homens não conhece o prazer além do prazer animal, puro instinto.

Como já citei atrás o homem tem uma constância do período fértil.

É a velha justificativa masculina para o comportamento volúvel e infiel que a grande maioria apresenta.

Eu entendo bem isso...

Assim muitos homens vão ao sexo para “descarregar” tensões.

Exercer sua vontade de poder, domínio ou manifestar outros pontos de desequilíbrio, pois não podemos deixar de considerar uma análise fundamental da sociedade dominante.

Ela é neurótica.

E essa neurose vem implantada em todos os cidadãos e cidadãs ajustados e ajustadas ao sistema.

Ajustados!

Neste sexo feito com muita fome, com sede terrível, num jogo onde fantasmas interiores, fantasias e projeções acompanham o estimular dos corpos em níveis crescentes de tesão quem comparece para a grande fusão, que é o orgasmo, não é a essência mas os egos, as máscaras, as personalidades.

Qual o problema?

Temos também muitas personalidades, a social, a familiar, a do trabalho, a de amantes.

Como somos como amantes?

Temos essa clara noção dessa face do Deus e da Deusa?

Somos o Galhudo, o homem viril e guerreiro que na plenitude de seu poder e de sua vontade se funde à amante, à Terra, à mulher plena que na plenitude de seu poder e de sua vontade é parceira na dança que ambos juntos agora executam?

Esse tipo de consciência, de fusão com o Deus e a Deusa não pode ser alcançado pela personalidade.

Embora uma falsa personalidade possa ser gerada tomar contato com esses arquétipos dessa falsa personalidade é um perigo.

Por isso se recomenda antes de ir para a fase de trabalho no Tantra o estudo atento de si mesmo, para que saibamos como somos de fato e avaliarmos com segurança se temos disciplina e estrutura para o que representa o Tantra.

Pois o subir das energias pela espinha, pelos 3 canais que ali estão, é apenas um aspecto do processo.

Há muito mais que isso.

Depois que o cérebro é ativado é que começa o trabalho mais profundo.

O cérebro também é um útero e se for fecundado pela energia que não mais se perde na ejaculação permite a entrada da consciência em outros níveis, uma volta ao Jardim.

Mas isto são mistérios que palavras não conseguem abranger.

E é importante entender que se não há um trabalho consciente com a energia acumulada é melhor nunca se aproximar do Tantra, pois seria o mesmo que aumentar a pressão dentro de um recipiente frágil.

A explosão seria o resultado final.

Para os que criticam os celibatários, inclusive certas correntes que negam a possibilidade de desenvolvimento espiritual por este caminho gostaria de lembrar que a Terra também é mulher e assim é não apenas mãe, mas também amante e um xamã pode dela ter o mesmo que um tantrista tem de uma mulher.

Pelo que sei as mulheres podem também ter no Sol seu parceiro (ver a história de Kunti), mas aqui também entramos no campo dos mistérios.

Não segredinhos tolos, jogos de poder com palavras, mas quando falo mistérios falo de níveis de conhecimento que só podem ser vivenciados, onde todo falar é apenas aludir, nunca explicar.

Isto é dito de forma muito superficial, pois é parte do mistério que os Xamãs dominam.

Mas estou falando do celibatário equilibrado, não do reprimido.

O Tantra pode ser usado como perversão e o celibato como repressão, mas o fato de poderem ser deturpados não torna esses caminhos, quando equilibradamente praticados, menores.

Como tudo pode ser deturpado o Tantra também o pode de forma consciente ou inconsciente.

Uma das afirmações mais polêmicas que os videntes toltecas fazem é de que a mulher não apenas mantém a vida biologicamente gerando e amamentando suas crias.

Quando um homem se relaciona sexualmente com uma mulher no momento da ejaculação ele deixa tentáculos energéticos dentro dela, que o alimentam de energia por 7 anos.

Dado a complexidade deste tema apenas o cito, como alerta para as mulheres que ainda não associaram sua condição de subjugação energética em nossa sociedade com o fato de os homens a possuírem.

A liberdade sexual é algo bem distinto da libertinagem.

Não somos moralistas, repudiamos mesmo essa abordagem, apenas estamos falando de equilíbrio.

A sexualidade é um tema sagrado, no mais puro sentido deste termo.

Estes raciocínios são importantes para aqueles que desejam trilhar um caminho de desenvolvimento mais profundo, iniciático.

Para uma vida “comum” não têm nenhum valor, não estão nessa esfera.

Assim como a disciplina de um atleta é desnecessária a uma pessoa de vida “normal”, mas ainda assim uma caminhada e uma alimentação balanceada ajuda a todos.

Insisto: liberdade é algo bem diferente de libertinagem.

A famosa frase: “Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei” tem sido citada como os crentes citam frases da Bíblia.

Fora do contexto onde foi gerada.

Há que existir um “Tu” pleno em vontade, que não é desejo.

E a maioria das pessoas é um amontoado de egos em conflito, de estilos de agir, emocionar e pensar que lhes foi imposto.

Quando estamos num caminho iniciático, como o é o Tantra, outras considerações se fazem presentes que vão muito além do senso comum dominante em nossa cultura consumista.

O poder da mulher é fascinante.

A aparente fragilidade e desequilíbrio que encontramos em muitas mulheres tem a mesma fonte do aparente subdesenvolvimento que as populações negras estão presas em nosso mundo ocidental.

A linha dentro da qual foram criadas leva a este estado.

Há um absurdo citando o atraso das populações negras como karma de lemurianos.

Isso é apenas preconceito disfarçado.

Cada ser é o momento e pode pelo momento trabalhar o que vem até ele nos fluxos do existir.

Mas se é criado dentro de um contexto que não lhe permita o pleno desenvolvimento de suas capacidades e mais, reprime e cria condições para prejudicar esse desenvolvimento é óbvio que a causa desse efeito não precisa ser buscado em passados tão remotos.

O mesmo ocorre com a mulher. Uma mulher é enfraquecida desde cedo, limitada e muitas vezes tem pobres exemplos submissos e frágeis dentro do seu lar para se espelhar.

Como a população negra, ainda se recuperando da condição desumana a qual foi exposta por tanto tempo, isolados de sua linha cultural e doutrinados para se sentirem inferiores.

A analogia devia ser bem meditada sobre quem quer entender técnicas de dominação e limitação do desenvolvimento.

Embora usem agora outras tecnologias será que os donos do mundo nos vêm de forma diferente?

A energia sexual é a mais alta energia que o organismo gera em condições naturais.

A alquimia do Quarto Caminho a chama de “H Si 12”.

Assim é óbvio que este tremendo poder deve ser melhor compreendido.

A tremenda energia envolvida no sexo pode ser canalizada ao invés de ser apenas gasta.

O homem durante a relação sexual vai se estimulando mais e mais, vai sendo estimulado mais e mais até que em um dado momento uma resposta neuro-química libera uma descarga do fluído seminal, onde os espermatozóides são lançados no interior da mulher começando a misteriosa e bela viagem da qual, apenas um dos milhares envolvidos, vai fecundar o óvulo dando início a uma nova vida.

Este é o caminho comum.

Mas aquele que pretende seguir o caminho da iniciação deve saber que terá que ir muito além disso.

A natureza nos preparou para irmos até um certo ponto, onde atingimos um estado de desenvolvimento de acordo com o nosso papel a ser desempenhado dentro do grande organismo cósmico.

Pense nisso, ser parte de um grande organismo cósmico.

É assim que cada xamã ou um iniciado de qualquer caminho profundo se sente.
Se quisermos ir além temos que trabalhar para isso.

Com dedicação e disciplina.

A sexualidade é um campo muito importante dentro deste contexto.

No homem a condição de excitação é observável, pois se caracteriza pela ereção do pênis.

Assim o homem só consegue realizar o ato sexual completo se estiver excitado, mesmo que fantasie para atingir essa excitação quando a parceira não o estimula.

A mulher pela sua condição receptiva pode participar do ato sexual mesmo não estando estimulada.

A famosa cena na qual o homem afoito “possuí” uma mulher, que enquanto geme e pede mais olha no relógio para saber se o ‘tempo’ cobrado já passou, faz parte do folclore cinematográfico de nossa cultura.

Esse aparente domínio do homem sobre o ato sexual também permite a mulher ser vítima de violências inconcebíveis por parte do macho dominador nas mais diferentes culturas.

O homem macho, que é diferente do homem masculino, tem no sexo uma de suas bases de afirmação.

Desde a adolescência é a quantidade de conquistas e não a qualidade que os homens costumam apresentar como prova de sua “virilidade”.

Me lembro de meu próprio exemplo, da necessidade que tinha e a via em meus amigos, de “catar umas minas”.

Era um jogo social, uma atividade em que nos reuníamos em certos lugares determinados, impostos socialmente também, depois armávamos o que ia rolar e íamos caçar.

No outro dia na piscina do clube, na casa de alguém ou num bar era o momento dos comentários sobre o que tinha ocorrido, o que tinha “ rolado”.

Noto em grande parte dos homens com os quais convivo que não houve um amadurecer dessa fase.

Pelos papos, pela forma que colocam suas “conquistas” fica claro que ainda abordam o tema sobre o mesmo enfoque.

Aliás. insisto sempre que poucos homens abandonam a adolescência, pois as questões que observamos ser o centro de gravidade nas questões masculinas são as mesmas desde a adolescência, apenas mudando matizes, mas permanecendo na mesma cor.

E é a maturidade que marca o momento no qual a qualidade vale mais que a quantidade.

Assim tenho percebido como tantrista que a mulher foi tragada pela famosa revolução sexual e como em outros campos acredita que sua liberdade é apenas imitar o homem em seus desatinos.

Depois de se sentir o prazer tântrico o outro nível se torna muito insonso.

A feminilidade não é fragilidade, muito pelo contrário, é um outro nível de manifestação de um poder sublime.

Uma mulher plena que tive o verdadeiro prazer de conhecer certa vez me deu um exemplo da força feminina, comparando-a a luz do sol.

O mesmo poder que mantém planetas girando ao seu redor é capaz de atravessar a vidraça sem quebrá-la e tocar suavemente a face da criança que dorme.

É esse poder que sentimos acordar no sexo tântrico, quando nos unimos num nível muito profundo a parceira, quando nossas almas comungam e nossos corpos se fundem.

Quando junto com o prazer das zonas erógenas se estimulando, cada célula do corpo descobre ser também erógena, cada respiração, cada murmúrio é ampliar o prazer que cala a mente, traz paz ao coração e na coluna ereta, que não é reta, pois o próprio mundo é curvo, flui o poder seminal.

Olhos se tornam também fogueiras, onde mergulhamos no mistério do feminino, que pode ser citado, mas só é compreendido se experimentado.

E não tenho dúvidas que muitos homens ainda fazem a guerra por nunca terem sido amados por nunca terem sido felizes, em seu desequilíbrio é como se vingam de nós que o somos.


Guerrero/Nuvem que passa


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