Esta carta contém questões formuladas por Alfred Percy Sinnett e respostas pelo Mahatma Koot Hoomi.
É chamada de "Carta Devachan", porque está relacionada principalmente com aquele estado no qual os seres humanos entram entre as encarnações.
A carta começa com uma referência à uma carta no último "Teosofista". Foi o número de junho de 1882, pp.225-6. Estava assinado "Um Teosofista caledoniano" (escocês). Provavelmente era alguém chamado Davidson, ou Davison, um cientista ornitólogo. que em certa ocasião trabalhou para Hume, em conexão com o seu estudo sobre pássaros, ajudando-o na ocasião de secretário particular. A carta foi intitulada "Discrepâncias Aparentes". O escritor estava interessado no que ele considerava algumas diferenças entre afirmações em um dos artigos na série "Fragmentos da Verdade Oculta", escrita naquela ocasião por Allan Octavian Hume e depois, por Arthur Percy Sinnett, e certas passagens em "Isis sem Véu", o primeiro livro de Helena Petrovna Blavatsky. Essas discrepâncias diziam respeito a fenômenos espíritas. Ele também questionava o significado da palavra "Devachan".
P= PERGUNTA DE SINNETT (P)
P.(1) As observações agregadas a uma carta no último número do THEOSOPHIST, página 226, col., impressionaram-me, tanto pela importância como porque modificam (não digo que contradizem) muito do que até agora nos foi dito a RESPEITO do Espiritismo.
Já ouvimos falar de uma condição espiritual de vida na qual o Ego desenvolvido desfruta de uma existência consciente durante certo tempo antes de uma reencarnação num outro mundo; mas não nos foi dito mais deste aspecto até o presente. Agora foram feitas declarações explicitas sobre o assunto, e elas sugerem novas perguntas.
No DEVACHAM (emprestei o meu "TEOSOFISTA" a um amigo e não o tenho à mão como referência, mas, se bem me recordo, este é o nome dado ao estado de beatitude espiritual descrito) o novo Ego retém, aparentemente, completa recordação da sua vida terrena. É assim ou se trata de uma má interpretação de minha parte?
RESPOSTA DO MAHATMA KOOT-HOOMI (R)
R.(1) O DEVACHAN ou o país de "Sukhavati", é descrito alegoricamente mesmo por nosso Senhor Buda. O que disse pode ser encontrado no Shan-Mun-yih-Tung. Disse o Tathagata:
"Muitos milhares de miríades de sistemas de mundos distante deste (nosso), há uma região de bem-aventurança chamada SUKHAVATI... Esta região está rodeada por SETE fileiras de grades, sete fileiras de amplas cortinas, sete linhas de árvores ondulantes; esta santa morada dos Arhats está governada pelos Tathagatas (Dhyan Chohans) e é possuída pelos Bodhisatwas. Ela tem SETE formosos lagos, de cujo centro fluem águas cristalinas com SETE e UMA propriedades ou qualidades distintas (os sete princípios emanantes do UNO). Este, oh Sariputra, é o DEVACHAN. Sua divina flor Udumbara lança uma raiz NA SOMBRA DE CADA TERRA e floresce para todos aqueles que a alcançam. Aqueles que nascem na bendita região são verdadeiramente felizes; não há mais lamentos ou sofrimentos NAQUELE ciclo para eles... Miríades de espíritos (Lha) vem para ali repousar e depois retornam as suas regiões próprias. também, oh Sariputra! muitos dos nascidos naquela região de deleite são Avaivartyas..." etc, etc.
P.(2) Excetuando o fato de que a duração da existência no DEVACHAN é limitada, há uma semelhança muito estreita entre essa condição e o céu da religião comum (omitindo-se os conceitos antropomórficos acerca de Deus).
R.(2) Certamente o novo EGO, uma vez que renasceu, retém por um certo tempo - proporcional a sua vida terrena - uma "completa recordação de sua vida na Terra" (Veja a vossa pergunta anterior): Mas não pode NUNCA voltar do Devachan à Terra, nem tem esse estado (ainda omitindo todos os "conceitos antropomórficos acerca de Deus") qualquer semelhança com o paraíso ou céu de alguma religião, e é a fantasia literária de Helena Petrovna Blavatsky que lhe sugeriu a maravilhosa comparação.
P.(3) Agora a questão importante é: quem vai ao Céu - ou Devachan? É esta condição alcançada somente pelos poucos que são muito bons ou pelos muitos que não são muito maus - depois do período de tempo que passaram em maior incubação ou gestação inconsciente?
R.(3) Quem vai ao Devachan? Naturalmente o EGO pessoal, mas beatificado, purificado, santificado. Todo Ego - a combinação do Sexto e Sétimo princípios - que, depois do período de gestação inconsciente, renasce no Devachan, é necessariamente tão puro e inocente como uma criança, recém-nascida. O fato de haver renascido comprova, já por aí, a preponderância do bem sobre o mal em sua velha personalidade. E, enquanto o karma (do mal) fica temporariamente suspenso, para seguí-lo mais tarde em sua futura encarnação terrena, ele só leva ao Devachan o karma de suas boas obras, palavras e pensamentos. "Mal" é um termo relativo para nós (conforme já vos foi dito mais de uma vez) e a Lei de Retribuição é a única lei que nunca erra. Portanto, todos os que não desapareceram no seio do pecado irremissível e da bestialidade vão ao Devachan. Mais tarde terão que pagar, voluntária ou involuntariamente, pelos seus pecados. Entretanto, recebem os efeitos das causas que geraram.
Na verdade este é um estado, digamos, de INTENSO EGOISMO, durante o qual o Ego colhe a recompensa do seu ALTRUÍSMO na Terra.
Está completamente mergulhado na felicidade de todos os seus afetos pessoais, preferências e pensamentos terrenos e recolhe o fruto de suas ações meritórias.
Nenhuma dor, nenhuma pena, nem mesmo a sombra de uma aflição obscurecem o brilhante horizonte de sua incontaminada felicidade, porque É UM ESTADO DE PERPÉTUO MAYA".
Assim como a percepção consciente da própria PERSONALIDADE na Terra não é mais do que um sonho evanescente, esse sentimento será igualmente o de um sonho no Devachan - mas intensificado cem vezes.
Tão certo é isso, sem dúvida, que o ego feliz é incapaz de observar através do véu, os males, tristezas e calamidades a que podem estar sujeitos aqueles a quem amou na Terra.
Mora neste doce sonho com os seus bem amados, tanto com os que foram antes dele como com os que permanecem ainda na Terra; ele os têm próximo a si, tão felizes, bem-aventurados e inocentes como o sonhador desencarnado; e, no entanto, exceto em raras visões, os habitantes de nosso grosseiro planeta não o percebem.
É nesta, em meio a esta condição de completa Maya, que as Almas ou Egos astrais dos sensitivos puros e amorosos, atuando debaixo da mesma ilusão, pensam que os seus próprios Espíritos que ascenderam até aqueles no Devachan.
Muitas das comunicações espirituais SUBJETIVAS - a maior parte delas quando os sensitivos tem mente pura - são reais; mas é muito difícil para um médium não INICIADO, fixar em sua mente as imagens autênticas e corretas do que se vê e ouve.
Alguns dos fenômenos chamados de psicografia (embora mais raros) são também reais.
O espírito do sensitivo tornando-se odilizado (magnetizado), por assim dizer, pela aura do Espírito no Deva-Chan, torna-se, por uns poucos minutos AQUELA PERSONALIDADE, que partiu e escreve com a letra desta última, em sua mesma linguagem e com os mesmos pensamentos que teve durante a sua vida terrestre.
Os dois espíritos se mesclam, e a preponderância de um sobre o outro durante esses fenômenos, determina a preponderância da PERSONALIDADE nas características mostradas em tais escritos, e no "transe falante".
O que chamais de "comunicação mediúnica" é simplesmente uma identidade de vibração molecular entre a parte astral do médium encarnado e a parte astral da personalidade desencarnada.
Acabo de ser informado de um artigo sobre o OLFATO, de um professor de inglês (que farei com que seja comentado no "Teosofista" e direi umas poucas palavras), e encontro nele algo que se aplica ao nosso caso. Assim como na música dois sons diferentes podem estar em ressonância e separadamente distinguíveis, e esta harmonia ou discórdia depende das vibrações síncronas e dos períodos complementares; assim há "comunicação" entre o médium e o "comunicante" quando as suas moléculas astrais vibram em harmonia. E quanto a saber se a comunicação refletirá a idiossincrasia pessoal de um deles mais do que a de outro, isso é determinado pela intensidade relativa dos dois grupos de vibrações na onda composta do Akasa. Quanto menos idênticos sejam os impulsos vibratórios, tanto mais mediúnica e menos espiritual será a mensagem. Portanto avaliai o estado moral do vosso médium pela da suposta inteligência "comunicante", e os vossos testes de autenticidade deixarão nada a desejar.
P.(4) Existe grande variedade de condições dentro dos limites, por assim dizer, do Devachan, de modo que todos os egos caem em um estado adequado para si, do qual renascerão em condições inferiores ou superiores no próximo mundo de causas? De nada vale multiplicar as hipóteses. Queremos algumas informações para nos basear.
R.(4) Sim, há muita diversidade nos estados do Devachan, como bem dissestes. Tantas modalidades de felicidade, assim como existem na Terra graduações de percepção e capacidade para apreciar tal recompensa. É um paraíso idealizado, em cada caso, formado pelo próprio ego, que o enche de cenários repleto de episódios e o povoa com as pessoas que espera encontrar em tal esfera de compensadora bem-aventurança. E é esta variedade que conduz o Ego pessoal temporário para a corrente que o levará a renascer em piores ou melhores condições, no próximo mundo das causas. Tudo está tão harmoniosamente ajustado na Natureza especialmente no mundo subjetivo - que nenhum erro pode jamais ser cometido pelos Tathagatas - ou Dyan Chohans - que guiam os impulsos.
P.(5) À primeira vista, um estado puramente espiritual seria somente desfrutado pelas entidades altamente espiritualizadas nesta vida. Mas há miríades de pessoas muito boas (moralmente) que não são em absoluto espiritualizadas. Como elas poderão passar, com as recordações desta vida, de uma condição material de existência para uma outra espiritual?
R.(5) É "uma condição espiritual" apenas quando em contraste com a nossa grosseira "condição material", e, como já foi dito, são esses graus de espiritualidade que constituem e determinam a grande "variedade" de condições dentro dos limites do Devachan. Uma mãe pertencente a uma tribo selvagem não é menos feliz que uma mãe de um palácio real, quando segura nos braços o seu filho perdido; e, embora como Egos em si, as crianças prematuramente mortas antes da conclusão de sua Entidade setenária, não chegam ao Devachan, e, apesar disso, a fantasia amorosa da mãe encontra ali os seus filhos, sem que falte um só dos que o seu coração aspira.
Podem dizer que isto é só um sonho. Mas, afinal, o que é a vida objetiva em si senão um panorama de irrealidades vívidas? Os prazeres desfrutados por um Pele Vermelha em seus "felizes campos de caça" naquele país de sonhos, não são menos intensos do que o êxtase experimentado por um CONNOISSEUR (conhecedor) - que passa idades em encantado deleite, escutando as divinas sinfonias executadas por imaginários coros angélicos e orquestras. Como não é culpa do pele vermelha ter nascido "selvagem" com um instinto de matar (embora causando a morte de muitos animais inocentes) se com tudo isso, foi pai, filho e marido amantíssimo, porque não haveria de desfrutar de SUA porção de recompensa? O caso seria muito diferente se os mesmos atos de crueldade tivessem sido cometidos por uma pessoa educada e civilizada, pelo simples amor ao esporte. O selvagem, ao renascer, simplesmente ocupará um lugar inferior na escala, em razão do seu desenvolvimento moral imperfeito; enquanto que o KARMA do outro estaria contaminado com delinquência moral.
Todos os egos, exceto aqueles que, pela atração do seu magnetismo grosseiro, caem na corrente que os arrastará ao "Planeta da Morte" (o satélite mental e físico da nossa Terra), ESTÃO capacitados para passar a uma relativa condição "espiritual", ajustada às suas condições prévias de conduta e pensamento. Pelo que sei e me recordo, H. P. B. explicou ao Sr. Hume que o sexto princípio do homem, como algo puramente espiritual, não poderia existir, ou ter existência CONSCIENTE no Devachan, a menos que houvesse assimilado alguns dos mais puros e abstratos atributos mentais do Quinto Princípio ou alma animal: seu MANAS (mente) e memória.
Ao morrer o homem, o seu segundo e terceiro princípios morrem com ele; a tríade inferior desaparece e os quarto. quinto, sexto e sétimo princípios formam o sobrevivente QUATERNÁRIO.
(Leia de novo a página dos FRAGMENTOS de uma V.O.).
Daí em diante é uma luta de "morte" entre dualidades Superior e Inferior. Caso vença a superior, o sexto, tendo atraído para si, do quinto, a quinta-essência do Bem, seus mais nobres afetos, as mais santas (ainda que sejam terrenas) aspirações e as partes mais espiritualizadas de sua mente - segue o seu Divino ANCIÃO (o sétimo) até o Estado de "Gestação";
e o Quinto e Quarto permanecem associados como uma CASCA vazia - (a expressão é perfeitamente correta) - que vagueia pela atmosfera terrestre com a metade da memória pessoal desvanecida e os instintos mais brutais plenamente vivos por certo tempo - um "Elementar", em última palavra. Este é o guia angélico do médium comum.
Se, por outro lado, é a Dualidade Superior a derrotada, então é o Quinto Princípio que assimila tudo o que reste no Sexto Princípio de recordações PESSOAIS e de percepções individuais. Mas com toda essa bagagem adicional, ele não permanecerá no Kama-Loka - "o mundo do Desejo" da atmosfera de nossa Terra. Em muito pouco tempo, como uma palha flutuando dentro da atração dos vórtices e covas do Maelstron (sorvedouro), é atraído e aprisionado no grande remoinho de Egos humanos; enquanto o sexto e o sétimo, convertidos agora em uma MÔNADA puramente espiritual e INDIVIDUAL, sem vestígios da última personalidade, não tendo um período regular de "gestação" que atravessar (pois não há mais um EGO PESSOAL purificado para renascer), após um período de Repouso inconsciente, mais ou menos prolongado, no Espaço ilimitado, se achará encarnado em outra personalidade no próximo planeta. Quando chega o período de "Plena Consciência Individual (que precede o de Absoluta Consciência no Paranirvana), aquela existência pessoal perdida torna-se como que uma página arrancada do GRANDE LIVRO DE VIDAS, sem que reste nem uma palavra solta que assinale a sua ausência. A MÔNADA purificada não a perceberá, nem a recordará na série de seus nascimentos passados - o que aconteceria se tivesse ido ao "Mundo das Formas" (Rupa-loka) - e a sua visão retrospectiva não perceberá nem o mais leve sinal indicador de que tenha existido. A luz de SAMMA-SAMBUDDH -
"... Essa luz que brilha além da nossa percepção mortal
A luz de todas as vidas em todos os mundos".
Não projeta nenhum raio sobre aquela vida PESSOAL na série de vidas precedidas.
A favor do gênero humano devo dizer que essa supressão total de uma existência dos registros do Ser Universal não ocorre tão frequentemente a ponto de representar uma grande porcentagem. De fato, à maneira do "idiota congênito", muito mencionado, tal coisa é um "lusus naturae" - uma exceção, não a regra.
P.(6) E como é compatível uma existência espiritual, onde tudo foi mergulhado no sexto princípio, com aquela consciência da vida material, pessoal e individual, que há de ser atribuída ao Ego no Devachan, se ele retém a sua consciência terrena, segundo se declara na nota do TEOSOFISTA?
R.(6) A questão foi explicada suficientemente, eu creio: os Princípios Sexto e Sétimo, constituem, em si, a "Mônada" eterna e imperecível, mas também INCONSCIENTE. Para que se desperte nela, para a vida a consciência latente, especialmente a da individualidade PESSOAL, requer-se a mônada e os mais altos atributos do quinto princípio - a "Alma animal"; e é isso que constitui o Ego etéreo que goza a bem-aventurança no Devachan. O espírito, ou as emanações puras do UNO, formam com o sétimo e o Sexto Princípios, a Tríada Superior; nenhuma das duas emanações é capaz de assimilar nada que não seja bom, puro e santo; daí decorre que nenhuma recordação sensual, material ou pecaminosa possa acompanhar a memória purificada do Ego na Região de Bem-aventurança.
O Karma advindo dessas recordações de más ações e pensamentos atingirá o Ego quando ele muda a sua PERSONALIDADE no próximo mundo das causas.
A Mônada ou "Individualidade Espiritual", permanece sem mancha EM TODOS OS CASOS.
Não há tristeza nem Dor para aqueles que nascem ali (no Rupa-Loka do Devachan);
pois essa é a Terra Pura. Todas as regiões do espaço possui essas terras (Sakwala), mas essa terra de Bem-aventurança é a mais pura. "No Jnana Prasthâna Shastra está dito: "pela pureza pessoal e ardente meditação, nós transcendemos os limites do Mundo do Desejo, e entramos no Mundo das Formas."
P.(7) O período de gestação entre a Morte e Devachan têm sido até agora concebido por mim como eventos muitos longos. Agora foi dito que em alguns casos é de apenas uns poucos dias, e, em nenhum outro caso (implicitamente) mais do que uns poucos anos. Parece que isso foi exposto claramente, mas pergunto se isso pode ser explicitamente confirmado, porque este é um ponto capital.
R.(7) Outro belo exemplo da habitual desordem na qual se mantém a estrutura mental da Senhora Helena Petrovna Blavatsky. Ela fala do "Bardo" e não informa aos seus leitores o que significa! Como no quarto em que ela escreve a confusão é ainda dez vezes pior, assim, em sua mente as ideias se amontoam, colocadas em tal caos que, quando quer expressá-las, aparece primeiro a cauda em vez da cabeça.
"Bardo" é o período entre a morte e o renascimento - e pode durar de uns poucos anos até um kalpa.
Ele é dividido em três sub-períodos
(1) quando o Ego, livre do seu envoltório mortal, entra no KAMA LOKA (a morada dos Elementares);
(2) quando entra no seu "Estado de Gestação";
(3) quando renasce no RUPA LOKA do Devachan.
(1)-O Sub-período-(Kama Loka): pode durar de uns poucos minutos até a alguns anos. A expressão "alguns anos" se torna enigmática e inteiramente inútil sem uma explicação mais completa.
(2)-O Sub-período-"(Estado de Gestação)- é "muito grande" como dizeis, às vezes mais prolongado do que possais mesmo imaginar, entretanto, proporcional ao vigor espiritual do Ego;
(3)o Sub-período- (RUPA LOKA do Devachan) dura em proporção ao bom KARMA após o qual a MÔNADA é novamente reencarnada.
A expressão do AGAMA SUTRA: "em todos esses Rupa-Lokas, os Devas (Espíritos) estão sujeitos igualmente ao nascimento, decadência, velhice e morte", somente significa que um Ego ali nasce, logo começa a desvanecer-se e finalmente "morre", isto é, cai naquela condição inconsciente que precede ao renascimento; e termina o Sloka com estas palavras: "à medida que os Devas emergem desses céus, eles entram no mundo inferior novamente", isto é, eles deixam o mundo da bem-aventurança para renascer no mundo das causas.
Pergunta:.(😎 Nesse caso e considerando que o Devachan não é somente a herança dos adeptos e pessoas quase tão elevadas quanto eles, HÁ uma condição de existência equivalente ao Céu, e que ocorre efetivamente, de onde a vida na Terra pode ser observada por um imenso número daqueles que foram antes!
Resposta:.(😎 Dito mais enfaticamente, o "Devachan NÃO É a herança apenas dos adeptos, e mais decididamente, há um "céu"- se é que preferis usar este termo astrogeográfico cristão - para "um imenso número dos que foram antes. "Mas" a vida na Terra", não pode ser OBSERVADA por nenhum deles pelas razões já expostas, da Lei de Bem-aventurança, além de MAYA.
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Pergunta:.(9) e por quanto tempo? Esse estado de beatitude espiritual perdura por anos? Por décadas? Por séculos?
Resposta.(9) Durante anos, décadas, séculos e milênios, inúmeras vezes multiplicados por algo mais. Tudo depende da duração do Karma.
Encha de óleo a pequena taça de Den20 e o depósito de água de uma cidade, e, acendendo a ambos, veja qual queima por mais tempo. O Ego é a mecha (pavio), o Karma, o óleo: a diferente quantidade de óleo na taça e no depósito explicará a grande diferença de duração dos vários KARMAS. Cada efeito tem que ser proporcional a sua causa. E como os períodos de existência encarnada do homem são, inerentemente, uma pequena proporção dos períodos de existência inter natal no ciclo manvantárico, assim os bons pensamentos, palavras e ações de qualquer uma dessas "vidas" sobre o globo são causadoras de efeitos cuja elaboração requer muito mais tempo de que ocupou a evolução das causas. Portanto, quando lerdes nos Jâts e outras FABULOSAS narrações das Escrituras Budistas, que esta ou aquela boa ação foi recompensada por Kalpas1 de várias cifras de bem-aventurança, não sorria ante o absurdo exagero, e sim, tenha em conta o que acabo de dizer. Sabeis que, de uma pequenina semente, cresceu uma árvore que dura há séculos; refiro-me à árvore Bo, de ANURUDHA-PURA. Tão pouco deveis rir se chegardes a ler o PINDA-DANA, ou qualquer outro SUTRA budista e encontrardes:
"Entre o Kama-Loka e o Rupa Loka existe uma localidade, a morada de "Mara" (morte). Esta Mara cheia de paixão e luxúria, destrói todos os princípios virtuosos assim como uma pedra mói o grão. Seu palácio abarca 7.000 YOJANAS quadradas e está cercada por uma vala de SETE muros". Agora vos sentireis melhor preparado para compreender esta alegoria. Assim, quando Beal, ou Bournof, ou Rhys Davis, na inocência de suas almas cristãs e materialistas, se entregam a traduções como geralmente o fazem, não consideramos que exista malícia nos seus comentários pois não sabem nada melhor.
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(MARA): Este “MARA”, como você bem pode pensar, é a imagem alegórica da esfera chamada planeta da morte, o redemoinho onde desaparecem as vidas condenadas à destruição. É entre KAMA-LOKA e RUPA-LOKA, que a luta ocorre.
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Mas o que significa o que se segue: "Os nomes dos Céus" (uma má tradução pois LOKAS não são CÉUS mas localidades ou moradas) do Desejo, Kama-Loka - assim chamado porque os seres que os ocupam estão sujeitos aos desejos de comer, beber, sono e amor. Ele são também chamados as moradas das CINCO (?) ordens de criaturas sencientes: devas, homens, asuras, bestas e demônios (LAUTAN SUTRA, traduzido por S. Beal). Significam apenas que o reverendo tradutor, caso estivesse um pouco mais a par da verdadeira doutrina - ele teria - 1: dividido os Devas em duas classes - e os chamado de "RUPA-DEVAS" e os "ARUPA-DEVAS" (os Dhyan Chohans com "FORMA" ou objetivos e os "sem formas", ou subjetivos e 2: haveria feito o mesmo para sua classe de "homens", pois que existem CASCÕES e "maha rupas", isto é, corpos condenados à aniquilação. Todos eles são:
1) "RUPA DEVAS"- DHYAN CHOHANS, que têm forma, (Ex. homens).
2) "ARUPA-DEVAS" - Dhyan Chohans, sem forma (Ex. homens).
3) "PISACHAS" - Espectros (com dois princípios).
4) "MARA RUPA"- Condenados à MORTE (com três princípios).
5) ASURAS - Elementais - com forma humana (futuros homens).
6) BESTAS - Elementais de segunda classe. Elementais animais (futuros homens).
7) RAKSHASAS - (demônios) Almas ou formas astrais de feiticeiros; homens que alcançaram o ápice do conhecimento nas artes proibidas. Mortos ou vivos, FRAUDARAM, por assim dizer, a Natureza; mas só temporariamente, até que nosso planeta entre no seu período de OBSCURECIMENTO, depois do qual - nolens volens - terão que ser aniquilados.
São estes os SETE grupos que formam as principais divisões dos Moradores do mundo subjetivo que nos rodeia.
Na categoria nº.1 encontram-se os Governantes INTELIGENTES deste mundo de Matéria, os quais, com toda a sua inteligência apenas são os obedientes instrumentos cegos do UNO, os agentes ativos de um Princípio Passivo.
E dessa forma têm sido mal interpretados e traduzidos quase todos os nossos Sutras; todavia, mesmo se essa massa confusa de doutrinas e palavras, para quem conheça, mesmo superficialmente, a VERDADEIRA doutrina, há um solo firme onde pisar.
Assim, por exemplo, ao enumerar as sete lokas do "Kama Loka", o Avatamsaka Sutra menciona, como sétimo, o "Território da Dúvida". Peço-vos que recordai o nome, já que teremos que nos referir a ele mais adiante. Cada um destes "mundos", dentro da Esfera de Efeitos, tem um Tathagata ou "Dhyan Chohan" para protegê-lo e vigiá-lo, não para interferir com ele. Sem dúvida, de todas as pessoas, os espíritos serão os primeiros a rechaçar nossas doutrinas e arrojá-las no "limbo de desacreditadas superstições".
Fossemos assegurar-lhes que cada uma das suas "Terras de Verão" tem sete casas de hóspedes, com o mesmo número de "Espíritos Guias" para administrá-las, e se chamássemos a esses "anjos" São Pedros, Joãos e São Ernestos, nos receberiam com os braços abertos.
Mas, quem já ouviu falar de Tathagatas e Dhyan Chohans, Asuras e Elementais. Ridículo! Entretanto, somos felizmente considerados - pelos nossos amigos (o senhor Eglington, pelo menos) que nos concedem, felizmente a posse de "certo conhecimento das Ciências Ocultas"(veja "Light"). E assim mesmo, essa migalha de "Conhecimento" está a vossa disposição e ajuda-me agora a responder-vos a seguinte pergunta:
P. Existe alguma condição intermédia entre a beatitude do Devachan e a sombria e desesperada vida das semi-inconscientes relíquias elementais de seres humanos que perderam o seu Sexto Princípio? Porque, se for assim, isso poderia oferecer um "locus standi" na imaginação aos Ernestos e Josés, dos médiuns espíritas - a melhor classe de "espíritos" guia. Nesse caso, tal mundo seguramente deve ser muito povoado e do qual pode vir todo número de comunicações "espirituais"...
R. Não, meu amigo: nada que eu saiba. Desde "Sukhavati" até o "Território da Dúvida" há uma variedade de Estados Espirituais; mas eu não estou ciente de qualquer "condição intermédia". Eu vos contei das Sakwalas (embora não possa estar enumerando-as pois seria inútil); e mesmo de AVITCHI - o "Inferno" do qual não há retorno, e não tenho nada mais a dizer sobre isso. A "desamparada sombra" deve arranjar-se o melhor que puder. Tão logo tenha saído do KAMA LOKA e cruzado a "Ponte Dourada" que conduz as "Sete Montanhas Douradas", o Ego já não pode confabular com os condescendentes médiuns.
Nenhum "Ernesto" nem José jamais voltou do Rupa Loka - não se falando do ARUPA LOKA, - para estabelecer contato com os mortais. (Plano Mental inferior e Plano Mental Superior, comentários do palestrante).
Naturalmente há uma "melhor Sorte" de RELÍQUIAS e os "cascões" dos "andarilhos terrestres", como são chamados aqui, não são necessariamente TODOS maus. Mas ainda os que são bons, se convertem temporariamente em maus devido aos médiuns.
Os "cascões" pouco se preocupam já que, de qualquer modo, não têm nada a perder.
Mas há uma outra classe de "Espíritos" que deixamos de lado, os SUICIDAS e os MORTOS POR ACIDENTE. AMBAS AS ESPÉCIES, PODEM COMUNICAR-SE E AMBAS TERÃO QUE PAGAR CARO POR TAIS VISITAS;
E agora tenho novamente de explicar o que quero dizer.
Bem, esta classe é a que os espíritas franceses chamam de "Espíritos Sofredores":
São uma exceção à regra, pois terão que permanecer dentro da atração da Terra e em sua atmosfera - o Kama-Loka - até o momento final que teria sido a duração natural das suas vidas.
Em outras palavras, aquela onda particular de evolução da vida tem que prosseguir para a sua margem. Mas é um pecado e crueldade reviver a sua memória e intensificar o seu sofrimento ao lhes dar uma oportunidade de viver uma vida artificial;
uma possibilidade de SOBRECARREGAR O SEU KARMA, tentando-os a que penetrem em portas abertas, isto é, médiuns e sensitivos, pois irão pagar inequivocamente por tais prazeres.
Explicarei.
Os SUICIDAS que, tolamente querendo escapar da vida, encontram-se ainda vivos - têm bastante sofrimento reservado e que os aguarda nessa mesma vida. Seu castigo está baseado na intensidade de tal vida. Tendo perdido, em consequência de sua irreflexiva ação, seus Sexto e Sétimo Princípios (ainda que não seja para sempre pois poderá recobrá-los), em vez de aceitar o seu castigo e aproveitar as suas oportunidades de redenção, eles inúmeras vezes são levados a LAMENTAR A VIDA tentados a reconquistar o controle sobre ela por meios pecaminosos.
No KAMA LOKA, a terra dos desejos intensos, eles podem somente satisfazer os seus desejos terrenos mediante um substituto VIVENTE;
e fazendo isso, na expiração do seu prazo natural de vida, eles geralmente perdem para sempre a sua MÔNADA.
Quanto às vitimas de acidentes - seu destino é ainda pior.
A menos que tenham sido tão bons e puros, para serem atraídos imediatamente dentro do SAMADHI akásico, isto é, cair num estado de tranquila letargia, um sono cheio de rosados sonhos, durante o qual eles nada recordam do acidente, mas movem-se e vivem entre os seus amigos e cenas familiares, até que o seu prazo normal de vida extinga, quando eles então, descobrem-se nascidos no Devachan.
Mas, se foram pecadores e sensuais, um lúgubre destino os espera, pois vagueiam como sombras desditadas (não são CASCÕES), pois a sua conexão com os dois princípios mais elevados não está completamente partida - até que venha a hora da morte.
Cortada a vida em pleno fluxo de paixões terrenas que os liga a cenas familiares, eles se deixam seduzir pelas oportunidades que lhes oferecem os médiuns de gratificar tais paixões por intermédio deles.
São os chamados PISACHAS, os INCUBOS e SUCUBOS dos tempos medievais. Os demônios da embriaguez, da gula, da luxúria e da avareza - "elementares" de intensificada astúcia, perversidade e crueldade, que provocam as suas vítimas a cometer crimes horrendos e que gozam quando isso ocorre! Não só arruínam as suas vítimas, mas também esses vampiros psíquicos são arrastados pela corrente de seus impulsos da aura da Terra até regiões onde, durante milênios, terão que suportar agudos sofrimentos até a sua total destruição.
Mas caso a vítima do acidente ou da violência não seja muito boa, nem muito má, (uma pessoa comum) então pode acontecer o seguinte: um médium pode atraí-la e criar-lhe as mais indesejáveis das coisas: uma nova combinação de SKANDHAS e um novo e mau KARMA.
Mas deixai-me dar-vos uma ideia clara do que quero dizer por Karma, neste caso.
Em conexão com isso, deixai-me contar-vos antes, dado que, como pareceis muito interessado no assunto, nada podeis fazer de melhor senão estudar as duas doutrinas - Karma e Nirvana - da forma mais profunda como possais. A não ser que estejais completamente a par das duas doutrinas - a chave dupla da metafísica do Abidharma - sempre continueis perplexo ao tentar compreender as demais.
Temos diferentes classes de Karma e de Nirvana em suas várias aplicações - ao Universo, ao mundo, aos Devas, Budas, Bodisatvas, homens e animais - o segundo incluindo os seus sete reinos. Karma e Nirvana são somente dois dos sete grandes MISTÉRIOS da metafísica Budista; e só quatro dos sete são conhecidos pelos melhores orientalistas. E ainda assim mesmo muito imperfeitamente.
Caso pergunteis a um douto sacerdote Budista o que é o Karma, responderá que é o que um Cristão poderia chamar de Providência (só num certo sentido) e um muçulmano, de KISMET, sorte ou destino (também só num certo sentido). É essa a doutrina fundamental que ensina que, logo morre um ser consciente ou sensível, seja homem, deva ou animal, produz-se um novo ser que reaparece, nascendo de novo, no mesmo ou em outro planeta, debaixo das condições produzidas antes pela própria criatura anterior. Ou, em outras palavras, que o KARMA é o poder que guia, e TRISHNA (em Pali TANHA) a sede ou o anseio pela vida sensorial - a força imediata ou energia - resultante da ação humana (ou animal) que, dos antigos SKANDHAS produz o novo grupo que forma o novo ser e controla a espécie - do próprio renascimento. Ou para ficar mais claro; o NOVO ser é premiado ou castigado pelas suas ações meritórias ou danosas do ser passado; o Karma representa um Livro de Registro, um Diário, no qual todos os atos do homem, bons, ou maus, ou indiferentes são cuidadosamente registrados a seu débito ou crédito - por ele mesmo, ou melhor, pelas próprias ações suas. Lá, onde a ficção poética cristã criou e vê um Anjo da Guarda Registrador, a seca e realista lógica budista, percebendo que cada causa tem que ter o seu efeito - mostra a sua presença real. Os oponentes do Budismo salientaram bastante a alegada injustiça de que aquele que comete um ato pode escapar e uma vítima inocente irá sofrer - eis que o autor e o sofredor são seres diferentes. O fato é que, embora num certo sentido eles podem ser assim considerados, todavia em outro, SÃO IDÊNTICOS. O "antigo ser" é o único progenitor - pai e mãe ao mesmo tempo - do "novo ser". Na realidade o primeiro é o criador e modelador do segundo, e muito mais, em verdade que qualquer pai carnal.
E uma vez que dominastes bem o significado de SKANDHAS que forma e constitui a individualidade física e mental que chamamos homem (ou qualquer outro ser).
Este grupo consiste (no ensinamento exotérico) de cinco Skhandhas, a saber: RUPA- os atributos ou qualidades materiais; VEDANA- sensações; SANNA- idéias abstratas; SANKHARA- tendências tanto físicas como mentais; VINNANA- poderes mentais (uma ampliação da quarta) compreendendo as predisposições mentais, físicas e morais.
Nós acrescentamos duas mais, cuja natureza e denominação podereis aprender depois. Basta, por hora, dar-vos a conhecer que elas estão ligadas e são geradoras de SAKKAUADITTHI, a "heresia ou ilusão da individualidade" e de ATTAVADA "A doutrina do Eu", as quais (no caso de quinto princípio, a alma) levam à MAYA da heresia e crença na eficácia de pretensiosos rituais e cerimônias, em preces e intercessão.
Agora, retornando à questão da identidade entre o VELHO e o NOVO "Ego". Permita-me lembrar-vos uma vez mais, que mesmo a vossa Ciência aceitou o fato muito antigo, nitidamente ensinado pelo nosso Senhor, isto é, que um homem de qualquer idade, por mais que se sinta o mesmo, não é fisicamente o mesmo de alguns anos atrás, (nós dizemos SETE anos e estamos preparados para sustentar e provar esse fato); falando budisticamente na preparação do molde abstrato "privativo" do futuro NOVO ser.
Agora bem, assim como é justo que um homem de 40 anos desfrute ou sofra pelas ações do homem de 20, também é igualmente justo que o ser do recém-nascido, que é essencialmente idêntico ao anterior já que é a sua conseqüência e sua criação, sinta as consequências daquele Eu, ou personalidade geradora.
Vossa lei ocidental, que castiga o inocente filho de um pai culpado, privando-o de seu progenitor, de seus direitos e propriedades; vossa civilizada sociedade, que aplica o estigma de infâmia à inocente filha de uma mãe criminosa e imoral; vossa Igreja Cristã e Escrituras que ensinam que "o Senhor Deus faz pagar aos filhos os pecados dos pais até a terceira e quarta geração", não são todos esses mais injustos e cruéis do que qualquer coisa feita pelo Karma?
Em vez de punir o inocente junto com o culpado, o Karma vinga e RECOMPENSA O PRIMEIRO, o que nenhum dos três potentados ocidentais acima mencionados jamais pensou em fazer. Mas talvez, em relação à nossa observação sobre fisiologia, os opositores poderiam replicar, argumentando que é somente o corpo que muda, há apenas uma transformação molecular, que nada tem a ver com a evolução mental, e que as SKANDAS representam não somente um conjunto de qualidades materiais, mas também mentais e morais. Mas, existe por acaso, - pergunto eu - alguma sensação, alguma idéia abstrata, alguma tendência da mente ou algum poder mental que pudesse ser qualificado como um fenômeno absolutamente não-molecular? É possível que uma sensação ou o mais abstrato dos pensamentos, que são ALGO, procedam do NADA ou nada sejam?
Muito bem, as causas que produzem o "novo ser" e determinam a natureza do KARMA são, como já foi dito - TRISHNA (ou "Tanha") - sede, o desejo por uma existência sensível e UPADANA - que é a realização ou consumação de TRISHNA ou aquele desejo.
E os médiuns contribuem para despertar e desenvolver “nec plus ultra” (não mais além) a ambos num Elementar, seja este um suicida ou uma vítima de acidente.
A regra é, quem morre de morte natural permanecerá dentro da atração da Terra, isto é, no KAMA LOKA, "desde umas poucas horas a alguns poucos anos".
Mas há exceções: o caso dos suicidas, ou em geral, daqueles que morrem por morte violenta.
Portanto, um destes Egos, por exemplo, que estivesse destinado a viver, digamos, 80 ou 90 anos, mas que se suicidou ou morreu de algum acidente na idade de 20, suponhamos, teria que passar no KAMA LOKA, não uns poucos anos, mas no seu caso, 60 ou 70 anos, como um Elementar, ou melhor, como um "andarilho terrestre", já que infelizmente para ele, não é nem mesmo um "CASCÃO".
Felizes, três vezes felizes são, em comparação, aquelas entidades desencarnadas, que dormem seu grande sono e vivem sonhando no seio do Espaço!
E coitado daqueles cujo TRISHNA os atrai para os médiuns, e coitados desses médiuns que os tentam com tão condescendente UPANA.
Pois, ao atraí-los e permitirem que satisfaçam a sua sede de vida, o médium ajuda a desenvolver neles (de fato é a causa) um novo conjunto de Skandhas, um novo corpo com tendências e paixões até piores do que a do corpo que perderam. Todo o futuro deste novo corpo será determinado assim, não só pelo mau Karma de demérito do grupo precedente de Skandhas, mas também pelo Karma do novo grupo do futuro ser. Caso os médiuns e os espíritas soubessem, como já disse, que cada novo "guia angélico" a quem dão boas vindas com grande alegria, o que fazem é convidá-lo a um UPADANA que causará uma série de males indizíveis para o novo ego que renascerá debaixo de sua nefasta sombra, e que em cada sessão - especialmente se ocorrem materializações - multiplicam as causas de miséria que farão fracassar o infortunado ego em seu nascimento espiritual, ou renascer numa existência pior que qualquer outra anterior - eles seriam menos pródigos em sua hospitalidade.
E agora, podereis compreender porque nos opomos tão energicamente ao Espiritismo e à mediunidade. E vereis também porque, para satisfazer o senhor Hume - pelo menos numa direção, - me vi num grande APERTO com o Chohan, e MIRABILE DICTU com ambos os sabes, "os jovens de nome Scott e Banon", um artigo seu que termina com uma severa sova literária em minha humilde pessoa. Sombras dos asuras, que tremenda insatisfação ela teve ao ler essa irrespeitosa crítica! Lamento que ela não a publique em consideração a "honra da família", como o expressou o "Deserdado"2. Quanto ao Chohan, o assunto é mais sério; e ele esteve muito longe de ficar satisfeito que eu tivesse permitido a Eglington crer que era EU MESMO. Permitiu que se desse esta prova do poder de um HOMEM VIVO aos Espíritas através de um dos seus médiuns; mas deixou o programa e detalhes para nós mesmos; daí o seu descontentamento por algumas pequenas conseqüências. Digo-vos, meu querido amigo, que sou muito menos livre de fazer o que quero do que vós no caso do PIONNER. Nenhum de nós, a não ser os CHUTUKTUS mais elevados, é pleno dono de si mesmo. Mas estou divagando.
E agora que eu vos contei muito e expliquei tantas coisas, podeis ler esta carta à nossa incorrigível amiga, a senhora Gordon. As razões que foram dadas podem jogar alguma água fria no seu zelo espírita, embora tenha minhas razões para duvidar disso.
De qualquer modo, a carta pode mostrar a ela que não é contra o VERDADEIRO Espiritismo que nos colocamos, mas apenas contra a mediunidade indiscriminada e os efeitos físicos - especialmente as materializações e POSSESSÕES em transe.
Pudessem os Espíritas compreender a diferença entre INDIVIDUALIDADE e PERSONALIDADE, entre a imortalidade INDIVIDUAL e a PESSOAL, e algumas outras verdades, se convenceriam com mais facilidade de que os ocultistas possam estar plenamente seguros da imortalidade da MÔNADA e, no entanto, negar a da alma - o veículo do EGO PESSOAL; de que podem crer firmemente e praticar comunicações e relações espirituais com os egos DESENCARNADOS do RUPA LOKA, e, entretanto, rir da idéia insensata de se apertar a mão de um "Espírito", de que, finalmente, como se apresenta o assunto, são os Ocultistas e Teósofos os verdadeiros Espiritualistas, enquanto a moderna seita que leva este nome se compõe de fenomenalistas MATERIALISTAS.
E uma vez que estamos discutindo a "individualidade" e "personalidade", é curioso que H. P. B. enquanto torturava o cérebro do pobre Senhor Hume com suas embrulhadas explicações, não se desse conta, até receber dele mesmo a explicação da diferença entre individualidade e personalidade, de que era a mesma doutrina que fora ensinada a ela: a de PACCEKAYANA e a de AMATA-YANA. Os dois termos que como se disse antes, foram citados por Hume, são a tradução correta e literal do Pali, Sânscrito, e mesmo dos nomes técnicos chino-tibetanos para as diversas ENTIDADES PESSOAIS fundidas numa só INDIVIDUALIDADE - a longa fileira de vidas emanando da mesma e Imortal MÔNADA. Tendes de recordar:
1) O PACCEKA-YANA (em sânscrito "Pratyela") significa literalmente o "veículo pessoal", ou EGO pessoal, uma combinação dos cinco princípios inferiores, enquanto que:
2) o AMATA-YANA (em sânscrito "Amrita") se traduz por "o veículo imortal", ou a INDIVIDUALIDADE, a Alma Espiritual, ou a MÔNADA Imortal - uma combinação do Quinto, Sexto e Sétimo.
P. Parece-me que uma das nossas maiores dificuldades ao tratar de compreender o progresso das coisas, está em nossa ignorância de como são as divisões dos sete princípios. Cada um deles possui, por sua vez, segundo nos foi dito, seus sete elementos: poderia nos dizer algo mais da constituição setenária, em especial dos Princípios Quarto e Quinto? É evidente que na divisibilidade deles é onde reside o segredo do futuro, assim como de muitos fenômenos psíquicos durante a vida.
R. Perfeitamente correto. Mas permito-me duvidar de que a dificuldade desapareceria com as explicações desejadas, e de que seríeis capaz de "penetrar no segredo dos fenômenos psíquicos". Poderíeis, meu bom amigo, a quem eu tive uma ou duas vezes o prazer de ouvir tocar no vosso piano entre o vestir-se com etiqueta e a ceia com vinho e carne - dizei-me, poderíeis executar com tanta facilidade com que tocas uma das suas ligeiras VALSAS, uma das grandes sonatas de Beethoven? Rogo-vos, tende paciência! Entretanto não me negarei, de nenhum modo. Numa folha solta anexa à presente, achareis os princípios Quarto e Quinto, divididos em raízes e ramos, se é que disponho de tempo para fazê-lo. E agora, por quanto tempo vos absteríeis de pontos de interrogação?
Fielmente,
K. H.
P. S. Espero ter removidas todas as causas de queixas - não obstante à minha demora em responder as suas perguntas - e que a minha reputação se reestabeleça. Vós e o senhor Hume receberam, até agora, mais informação sobre a Filosofia Esotérica Arcaica do que jamais fora dado aos não iniciados, que eu saiba. Sua sagacidade, meu bondoso amigo, sugeriu muito tempo atrás, de que isso não é devido tanto às vossas combinadas virtudes pessoais - ainda que o senhor Hume, devo confessar, conseguiu muitas informações desde a sua conversão ou às minhas preferências pessoais para qualquer um dos dois, senão por outras razões muito evidentes. Entre todos os nossos semi-chelas, vós dois pareceis os mais adequados para utilizar, para o bem comum, os dados que receberam. Deveis considerá-los como recebidos em confiança para o benefício de toda a Sociedade; para serem analisados, utilizados e reutilizados em muitas maneiras e de todo modo adequado. Se vós (Sr. Sinnett) quiserdes dar um prazer ao vosso amigo trans-himalaico, não permita que passe em mês sem ter escrito um Fragmento, grande ou curto, para a revista, e então publicá-lo, sob a forma de um folheto, como o chamais. Podeis assiná-los como "Um Chela Laico de K. H." ou de qualquer modo que escolherdes. Não me atrevo a pedir o mesmo favor ao Sr. Hume, que já fez mais do que lhe correspondia em outro sentido.
Não responderei as suas perguntas acerca de sua conexão com o PIONEER por hora; algo poderia dizer sobre ambas as partes. Mas, pelo menos, não tomai uma decisão precipitada. Estamos no fim do ciclo e estais relacionado com a S. T.
Caso o meu Karma o permita, espero responder amanhã a extensa e bondosa carta pessoal do Senhor Hume. A abundância de manuscritos meus ultimamente, demonstra que achei um pouco de lazer o seu aspecto manchado, corrigido e remendado, comprova também que o meu lazer veio aos pedaços, com constantes interrupções, e que minha escrita foi feita em estranhos lugares aqui e ali, com os materiais que eu podia obter. Mas, quanto à REGRA que nos proíbe de usar o mínimo de poderes até que todos os meios comuns tenham sido experimentados e falhados, eu poderia, naturalmente, ter produzido uma belíssima "precipitação" quanto à quirografia e composição. Eu me consolo pela miserável aparência de minhas cartas com o pensamento de que talvez, não deixareis de apreciá-las por eu estar sujeito, pessoalmente, a estes contratempos que vós, ingleses, reduzem com tanto engenho ao mínimo, com os diversos recursos de que dispõem. Como a vossa senhora bondosamente observou uma vez, eles desvanecem de modo efetivo, o sabor de milagre e nos convertem em seres humanos, em entidades mais imagináveis - uma inteligente reflexão que lhe agradeço.
H. P. B. está desesperada: o Chohan recusou a M. a permissão de deixá-lo vir este ano, e no máximo até a Rocha Negra, e M. muito serenamente fez com que ela desempacotasse suas malas. Tentai consolá-la, caso possais. Por outro lado, ela se faz mais necessária realmente em Bombaim do que em Penlor. Olcott está a caminho até Lanka e Damodar foi despachado por um mês a Poona; suas pueris austeridades e o trabalho intenso abalaram a sua constituição física. Terei que cuidar dele e talvez tirá-lo dali, se as coisas piorarem.
Agora posso dar-lhe alguma informação acerca da questão tantas vezes discutida de permitirmos fenômenos. As operações egípcias de seus benditos compatriotas envolvem tantas conseqüências locais para o corpo de ocultistas que ainda lá permanecem e para eles estão guardando, que dois dos nossos adeptos já estão lá e a eles tendo se juntado alguns irmãos drusos, e três mais estão a caminho. Tive o agradável privilégio de ser testemunho ocular da carnificina humana, mas declinei, com os meus agradecimentos. Para emergências tão grandes como essas é que está armazenada a nossa Força e, portanto - não devemos desperdiçá-la num "tamasha" da moda.
Dentro de uma semana - novas cerimônias religiosas, novas reluzentes bolhas para divertir os bebês, e uma vez mais estarei atarefado noite e dia, de manhã, à tarde e à noite. Em certas ocasiões sinto um momentâneo pesar de que os Chohans não tenham desenvolvido a feliz idéia de nos proporcionar também uma "suntuosa licença" na forma de um pouco de tempo livre. Oh, o Repouso Final! Esse Nirvana onde se é "Uno com a Vida - e, no entanto não se vive". Ah! Ah! - tendo comprovado pessoalmente que:
"...A Alma das coisas é doce,
o coração do Ser é Repouso celestial."
aspiramos - o eterno REPOUSO!
Seu
K.H.