sexta-feira, 8 de março de 2024

Sagrado Feminino: Kali.




Justamente hoje (08/03//2024) é interessante lembrar de um arquétipo do feminino que é fundamental, não só pela sincronicidade que está rolando, mas pela necessidade de destruir tudo aquilo que não é condizente com o princípio fundamental do Universo: o sagrado feminino.

Hoje, na Índia, celebra-se o festival mais importante para a divindade da destruição, Shiva, e aqui celebramos o dia da mulher. A junção simbólica dessa data nos remete ao mito poderoso da Deusa Kali, que é a resultante da união da shakti de todos os devas.

Esotericamente, ou seja, no sentido profundo e iniciático, Kali é o aspecto destruidor da Mãe Divina, mas essa destruição é voltada para a eliminação de nossos defeitos psicológicos, para o trabalho alquímico de calcinação de nossos padrões de comportamento drenantes de nosso poder pessoal, por isso Kali é o princípio feminino responsável pela operação da obra à negro, a primeira fase do trabalho da Alquimia ou da transmutação do ser.

Kali representa a própria expressão da Kundalini Shakti em nós que realiza no altar de nosso corpo um holocausto do ego (representado no mito de Kali como o asura Raktabija), um sacrífico pelo fogo, verdadeiro significado da palavra grega holocausto, o fogo como expressão do poder de Shakti, de Kali, Ela é a chama consumidora daquilo que não presta em nós e que não serve mais ao nosso Ser (Shiva).

A questão que Kali nos coloca é: o que precisa morrer em nós para que renasçamos mais fortes, íntegros e plenos?

Sobre a intolerância intolerável




As religiões mais perigosas, intolerantes e violentas da Terra são as religiões baseadas num deus único, pois daí deriva a ideia de que elas possuem a verdade absoluta, a única verdade, o monopólio da verdade, o imperialismo religioso que vemos em frases como:

Só Jesus Cristo salva. 

Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele - 1 Coríntios 8:6.

Bendito seja o Senhor Deus, o Deus de Israel, que só ele faz maravilhas - Salmos 72:18.

Um só Senhor, uma só fé, um só batismo - Efésios 4:5.

Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem - 1 Timóteo 2:5.

O que sacrificar aos deuses, e não só ao Senhor, será morto - Êxodo 22:20.

Esta frase específica de Êxodo é de uma intolerância intolerável, pois negadora de qualquer diversidade religiosa, prega o assassinato de quem não adorar o deus único. Há inclusive uma história, que consta em Números 25, em que um israelita que se uniu a uma mulher de outro povo (midianita) ao se apresentar à congregação de Israel chorando foi perpassado, ele e a mulher, pela lança de um sacerdote, sendo que a mulher foi perfurada justamente no ventre, supostamente grávida, conforme:

⁶ E eis que veio um homem dos filhos de Israel, e trouxe a seus irmãos uma midianita, à vista de Moisés, e à vista de toda a congregação dos filhos de Israel, chorando eles diante da tenda da congregação.⁷ Vendo isso Finéias, filho de Eleazar, o filho de Arão, sacerdote, se levantou do meio da congregação, e tomou uma lança na sua mão;⁸ E foi após o homem israelita até à tenda, e os atravessou a ambos, ao homem israelita e à mulher, pelo ventre; então a praga cessou de sobre os filhos de Israel. ⁹ E os que morreram daquela praga foram vinte e quatro mil. 

As religiões do deus único são religiões unipolares que sustentam ideologicamente e espiritualmente o Ocidente e o Império Anglo-Americano, por isso a extrema-direita se apoia em tais religiões, são religiões que tendem para o extremismo, para o terror, para o genocídio, para o domínio, para o imperialismo. Compreender isso é fundamental para podermos mostrar ao mundo a natureza perigosa de tais doutrinas e como elas levam à divisão, ao desamor, à guerra e a perseguição de outras religiões.

Cabe também a pergunta: religiões que perseguem outras religiões, tais como as religiões neopentecostais, podem ser chamadas de religiões ou deveriam ser enquadradas como grupos terroristas?

DR

quinta-feira, 7 de março de 2024

Esperando Godot - sobre os "vômitos"


 

Esperando Godot 

(ou o traço principal dos vômitos, segundo a psicologia de certa linhagem xamânica). 

Esperamos, esperamos, esperamos até a desesperança, para depois continuar a esperar.

Tem os que esperam Godot há mais de dois mil anos - cristãos - e tem os que esperam por mais tempo ainda: judeus.

A mente religiosa é a matrix da espera por Godot.

O país do futuro é o país da esperança, o país dos que esperam por Godot.

O fruto da esperança é quase sempre a frustração. Os religiosos são especialistas na criação de expectativas, logo vem os políticos, os cientistas e todos os outros profetas pós-modernos.

Esperando Godot. Esperando Jesus. Esperando o Messias. Esperando o Avatar Kalki. Esperando os ETs.

Quem espera nunca alcança e quem sabe sabe que já passou da hora. Talvez Godot já tenha passado, talvez Godot também espere por ele mesmo.

A esperança talvez não seja uma qualidade, mas justo o contrário. Talvez a paciência seja o contrário do senso comum, seja justo o senso para agir no momento em que se deve, em que se pode, pois na ação o momento se revela.

Quando deixarmos de esperar o salvador virá, nascerá em cada um de nós.

DR - 07.03.2020

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Sobre o caminho


Desconfie completamente do sistema, que esta seja a tua fé quando tratar com instituições e com a elite deste mundo.

Confie absolutamente na Vida, na Natureza, em Deus dentro de si.

Há dois estilos que por necessidade precisamos cultivar, apesar deles serem opostos, opostos mas complementares. Precisamos do demônio astuto tanto quando do devoto real. 

Usamos o demônio quando frente ao sistema e usamos a criança devota diante da Natureza, inclusive e especialmente de nossa própria Natureza interior, divinal, brilhante que o sistema quer ofuscar, nublar, ocultar através de um consumismo que cria adictos e não seres verdadeiros.

Eu Sou justamente aquele que usa o demônio e a criança em mim, mas não posso ser usado por eles. Se me deixo usar pelo demônio astuto me torno homem comum e sem alma, aquele que Jeshua disse: deixe que os mortos enterrem os seus mortos.

Se me deixo levar apenas pela criança me torno um homem frágil, por demais sensível, incapaz de enfrentar os desafios desse campo de treino que é o mundo.

Gurdjieff chamou isso de o lobo e o cordeiro em nós.

Jesus também revelou tal ensinamento a sua maneira: sêde simples como as pombas e prudentes como as serpentes.

Implacabilidade e gentileza são exemplos dessas qualidades opostas e complementares no Xamanismo Guerreiro.

Também foi dito que temos que ser duros porém sem perder a ternura jamais.

A busca, qualquer que seja o caminho, é sempre pela unidade, pela totalidade e pelo abraçar da sombra e da luz.

Não é à toa que um ponto de Umbanda para Exu diz:

Exu, que tem duas cabeças, mas ele olha sua banda com fé, se uma é Santanás no inferno, a outra é de Jesus Nazaré.

Infelizmente, poucos podem entender isso e a maioria dos crentes (quase uns cretinos) atuais não tem amor e sabedoria suficientes para entender o que está escrito em Apocalipse:

"Não temas! Eu sou o Primeiro e o Último, o vivente, estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da Morte e do Hades".

Não há São Miguel sem o Dragão.

Não vim à Terra trazer paz, antes espada - Jeshua.

Para assegurar a paz faz-se necessária a capacidade de guerra.

Eis o caminho do guerreiro.

DR

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 1 - por Nuvem que Passa


Xamanismo, Bruxaria, Magia. Estes três termos são muito usados hoje em dia e existe uma grande similitude entre as pessoas que se aproximam destes caminhos. Vamos refletir juntos sobre este tema começando pelo ato de falar, sobre o ato de trocar informações através de palavras.

Xamanismo é uma palavra. Ela indica, alude sobre algo, mas não é esse algo. Água é uma palavra.

A palavra água pode te fazer lembrar da substância em si, mas não pode mitigar sua sede. Assim como a lembrança mental da água e a imagem da mesma também não o podem fazê-lo.

Quando uso a palavra água a sua mente acessa memórias, experiências já vividas com esta substância. Ao especificar água quente limito o leque de opções. Água fria leva a outro tipo de lembranças.

Pense na água. Imagine a água. Visualize que bebes um copo de água. Agora, se quer mesmo estabelecer uma comunicação mais ampla entre nós, levanta e vai tomar um copo de água. Se fizeres isso vais notar como é totalmente diferente lidar com um conceito, como o da palavra água e tomar água de fato. Portanto o termo água alude a algo efetivo que existe, com o qual tu tens contato, mas não tem o mesmo valor de resolução.

Não mitigas a sede com palavras, só com a substância. Da mesma forma os termos Xamanismo, Bruxaria e Magia não podem ser completamente compreendidos só com abordagens teóricas.

Vamos aludir, vamos nos aproximar, vamos mesmo demonstrar certos fatos de tais práticas, mas note que a compreensão profunda só virá quando tu, que lês estas linhas, fores também alguém que sente a ARTE em tua essência.

Esta é uma abordagem que somente os praticantes podem contemplar plenamente. Porque, em primeira instância, estas três formas de caminhar na existência fazem parte de uma mesma faceta tradicional do conhecimento, a qual transcende toda e qualquer forma de conceitualização. Assim optamos por chamar este o “SABER DOS SABERES”, o qual inclui tudo aquilo que podemos conceber como ARTE.

A ARTE é pois Filosofia, Ciência e Mística. Arte em sua mais plena expressão. Durante nossa era decompusemos a abordagem da realidade nestas formas. Ou abordamos a realidade filosoficamente ou cientificamente, ou misticamente ou artisticamente.

Em resposta à extrema dependência de uma abordagem mística da realidade, típica de certos séculos anteriores, que em verdade é apenas ‘misticóide’, esta Era se esforça por ficar limitada ao que chamam de “concepção científica da realidade”. Insistem em tentar provar que campos como os fenômenos paranormais são ‘científicos’.

Mas a questão central é que, os paradigmas nos quais se apóiam para caracterizar algo como científico contradizem até mesmo as bases da própria noção de ciência, já que a busca de respostas verdadeiras deveria ser a premissa fundamental da ciência, ao invés da manutenção de uma ideologia dominante para manter sociedades inteiras servis.

O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria foram perseguidas, e ainda são, em muitos setores desta sociedade que aí está. Vejam as campanhas constantes contra terreiros de Umbanda, Candomblé e movimentos Nova Era por parte dos segmentos mais fundamentalistas de certas religiões em franco crescimento. Estas perseguições são apenas uma das facetas desta luta contra toda forma de trabalho mágico não contemplado pelo paradigma vigente imposto sobre a sociedade.

Esta luta entre campos ideológicos se reflete também na chamada ciência acadêmica, na qual indivíduos com inflados egos influenciam o rumo das pesquisas e no conceituar do mundo, para que certos modelos da realidade não sejam de todo alterados.

O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria são formas de abordar a realidade que têm sido perseguidas há tempos em diferentes civilizações. Por que tais caminhos despertam tanto medo? Observando com atenção notamos que sempre que se estabelece um regime absolutista, desejando impor sua vontade privada sobre a vontade coletiva, tais caminhos são os primeiros a serem perseguidos. Toda vez que o poder despótico se faz sentir, os caminhos citados são perseguidos. Os povos nativos continuam sendo oprimidos até hoje. Destruídos enquanto cultura e enquanto vidas, mortos em conflitos diversos.

A Magia e a Bruxaria ganharam espaço entre certas camadas sociais e acabaram fazendo uma lenta migração de volta ao sistema dominante, ressurgindo com força entre vários magistas e bruxos que vem alimentando a cultura oficial com obras nas quais narram suas aventuras e descobertas na vastidão de outras realidades que circundam a nossa.

Lendo os autores originais, e não aqueles que baseiam suas ‘descobertas’ apenas na leitura de outros, ou seja, aqueles que  empreendem uma maior aproximação da fonte a partir da qual tais informações emanam, vamos notar questionamentos profundos sobre a vida, a morte, a consciência, a realidade imediata, a existência de realidades outras que não esta, assim como outros seres habitando mundos ao redor deste. Seres alienígenas à nossa realidade porém presentes em nossa própria realidade mas não perceptíveis a nós. Muitos temas foram investigados por vários indivíduos, homens e mulheres que tiveram acesso a fragmentos de informações, outros à escolas autênticas possuidoras de elos com a ancestralidade da qual este SABER emana. Muitas linhagens diferentes foram contatadas por estas pessoas que tinham em si o ímpeto de aprender mais sobre os mistérios que nos circundam e a escrever sobre isso.

Upasika¹, Aleister Crowley, Therion²; Fernando Pessoa, na multiplicidade; mais recentemente Carlos Castañeda, também conhecido como Charles Spider; entre muitos foram sondar outras realidades e acabaram encontrando de fato abordagens da realidade completamente diferentes das que esperavam.

O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria, tal qual são concebidos e praticados hoje, sofreram profunda influência destas pessoas, pois foram elas que fizeram as primeiras traduções dos conceitos ancestrais destes caminhos para a sintaxe da nossa cultura. Quando colocados na sintaxe da nossa cultura, tais informações adquirem mesmo um caráter de revelação.

Re-Vela. Indica, alude, mas também confunde, coloca o véu novamente, pois definir estes caminhos e falar sobre eles pode nos levar a realizarmos falsas associações, re-significações e interpretações a respeito destes caminhos de acordo com nossas presunções, e a partir daí, alienar ainda mais em vez de despertar. Tanto no Xamanismo, como na Magia como na Bruxaria a primeira premissa é que só pode trilhar estes caminhos Aquele que ‘É’. Em todas as obras produzidas sobre estes caminhos vamos perceber que, de forma declarada ou subliminar, o instrutor sempre começa guiando o(a) aprendiz a deixar de ser apenas uma resultante dos condicionamentos do meio, dos inúmeros fatores que afetaram sua existência até então, para somente assim estabelecer um ‘EU’ real.

Alguns lidam com uma viagem pelas esferas da Árvore da Vida e do Tarot para este trabalho, no qual o ser, que tal caminho trilha, lida com seus medos, condicionamentos, carências, vaidades e vai se reintegrando, resolvendo sua sombra, e, então, após atravessar o abismo no qual deve despir-se para tornar-se ‘si mesmo’, emerge como um novo ser. Aquele que ‘É’! Só então começa a magia. Antes havia apenas um agitar semiconsciente da luz astral, do grande mar de energia que nos circunda e gera, ao redor de nós, uma atmosfera psíquica que pode gerar fenômenos diversos, mas que é também uma grande ilusão, Maya, um mitote³.

Este fato é muito importante. Tanto no Xamanismo, como na Magia como na Bruxaria, o primeiro passo é deixar de meramente sobreviver para VIVER, deixar de reagir para AGIR.

Esse lembrar de si, esse resgatar a nós mesmos e ir além das ilusões que aí estão, é a condição básica para que haja Xamanismo, Magia ou Bruxaria.

Xamãs, Magistas e Bruxos(as) são homens e mulheres que antes de mais nada, ‘SÃO’. Para poderem operar efetivamente no domínio desses caminhos têm que ‘SER’, ou serão destruídos quando as fronteiras da realidade se expandirem. 

A VONTADE é o começo de tudo, a mais fundamental conquista que um(a) Xamã, um(a) Magista ou um(a) Bruxo(a) deve ter realizado para não ser destruído pelos poderes e esferas com as quais pretende interagir. VONTADE em um contexto diferente do comumente expresso. Não tem nada a ver com desejo, volição ou qualquer outra forma de expressão que conheçamos.

Tanto quem trilha o caminho do Xamanismo como da Magia como o da Bruxaria sabe que VONTADE aqui tem outro sentido, outro significado. É a forma pessoal que cada um tem de expressar um poder muito maior, que é a própria ‘VONTADE da Eternidade’ que nos circunda.

Só quem ‘É’ pode ter VONTADE. Este é um sentido que escapa a muitos leitores das obras de quem esteve estudando esses caminhos e sobre eles escreveu. 

Vejam Crowley: 

“Faze o que tu queres…”

Esse ‘Tu’ é um conceito complexo. Indica que existe alguém de fato, e não apenas um aglomerado de estilos de emocionar-se, raciocinar e reagir ao qual nos referimos como ‘eu’.

Lendo Erva do Diabo e Uma Estranha Realidade, milhares de pessoas pelo mundo ficam a vagar erraticamente ao se super estimularem com plantas de poder diversas, crendo que o ‘espírito da planta’ vai lhes revelar algo que não sabem. Mas o cerne abstrato do aprendizado ali era outro. Tudo ali estava sendo usado como meio de trabalho por alguém que tinha maestria na ARTE. Assim ficar preso em leituras literais de qualquer obra que toque a ARTE é como ser um fundamentalista e basear sua vida em interpretação literal de textos adulterados que foram escritos em outra cultura.

O que chamo atenção, é que, antes de atabalhoadamente irmos a definições e diferenças entre Xamanismo, Magia e Bruxaria temos que repensar nossos paradigmas. Nossas bases conceituais sobre as quais assentamos nossa compreensão de mundo. 

Uma condição fundamental é compreender que quando estamos falando de XAMANISMO, MAGIA e BRUXARIA no contexto dessas linhagens que tem de fato ligação com a ARTE, existem pontos muito interessantes de semelhança entre ambas que tem sido deixados de lado. Vamos a eles.

O primeiro deles é o fato que todo caminho que leva a ARTE começa por auxiliar o ser que trilha tal caminho a se desvencilhar do pesado passado que carrega consigo, da insana absorção em conceitos prontos e de condicionamentos estáticos que foram implantados em cada ser humano nesta Era de escravos em que vivemos.

Aqui tocamos em um ponto sensível. Todo sistema feitor de escravos sempre lutou arduamente para destruir tudo ligado ao Xamanismo, Magia e Bruxaria. Por quê? Por serem caminhos de LIBERDADE. Aqui temos outra definição importante. O Xamanismo, a Magia e Bruxaria sempre foram caminhos de homens e mulheres livres. Que alguns desses homens e mulheres tenham caído em formas de prisão muito mais sutis e perigosas que a prisão deste mundo ao tentarem se aproximar da ARTE é um fato. O qual alerta a todo praticante que arrogância e presunção são estilos de comportamento que nos dirigem diretamente para as iscas que existem no vasto mar que vamos descobrindo quando nos dedicamos a ARTE.

Tanto o Xamanismo como a Magia e a Bruxaria apresentam diversas formas de manifestação. Existem também muitas formas de cultos que nada têm a ver com a essência do Xamanismo, da Magia e da Bruxaria, mas que, ainda assim, se apresentam como tal.

Temos, no tocante da Bruxaria, o agravante de ter sido fortemente deturpada pelas falsas acusações e testemunhas sob o terror de tortura, ou mesmo sob a ameaça dessa. Criando fantasias sem fim que serviam bem aos propósitos dos que desejavam incitar o medo contra tais práticas e conhecimentos. Na Magia temos deturpações como ‘magia negra’. Criação também da Inquisição que ainda hoje assusta a tantos. No Xamanismo, temos um grande número de índios que imitaram formas de agir sem compreender a essência dos verdadeiros xamãs, e assim, repetem hoje ritos e formas, mas sem o poder que caracteriza toda ação de fato xamânica. Mas além destas deturpações temos o XAMANISMO de fato, a MAGIA de fato e a BRUXARIA de fato, sobre estas facetas da ARTE é que falamos aqui. 

Nuvem que Passa - 28/01/2001

Notas

¹ Upasika Kee Nanayon ou Kor Khao-suan-luang foi uma upāsikā (devota e seguidora autodidata não ordenada da tradição búdica theravada) tailandesa de Ratchaburi (1901 – 1978). Após sua aposentadoria em 1945, ela transformou sua casa em um centro de meditação com sua tia e seu tio. Suas palestras e poesias sobre o Dharma eram amplamente divulgadas. Tornou-se uma das professoras de meditação mais populares da Tailândia. Muitas de suas palestras foram traduzidas para o inglês por Thanissaro Bhikkhu, que a considera “indiscutivelmente a principal professora do Dharma na Tailândia do século XX”.

Upasika também é um dos termos que os Mestres ou Mahatmas usavam para referirem-se à H.P. Blavatsky. A influência de Blavatsky foi e é enorme para a cultura ocidental dedicada ao estudo das tradições antigas do Oriente. Fundadora da Sociedade Teosófica, escritora da obra "A Doutrina Secreta", dentre outras. Upasika = servidora, aquele que serve.

² Therion (thēríon) (grego: θηρίον, besta) é uma divindade encontrada no sistema místico de Thelema, que foi estabelecido em 1904 com “O Livro da Lei” escrito por Aleister Crowley.

³ Mitote, segundo Dom Miguel Ruiz, autor do livro "Os 4 Compromissos":

"Toda a sua mente é um nevoeiro que os toltecas chamam de mitote. Sua mente é um sonho em que mil pessoas conversam ao mesmo tempo, e ninguém entende o outro. Essa é a condição da mente humana — um grande mitote. Graças a ele, você não consegue enxergar o que realmente é. Na Índia, o mitote é chamado de maya, que significa “ilusão”. É a noção pessoal do “Eu sou”. Tudo em que você acredita sobre si mesmo, sobre o mundo, todos os conceitos e programas que você tem na mente, todos formam o mitote. Não conseguimos ver quem realmente somos; não conseguimos perceber que não somos livres."

⁴ É muito difícil compreender esse ponto relativo ao SER, pois como alguém que não é pode vir a entender o que É? A simplicidade das palavras aqui pode ser muito enganosa. Talvez uma história possa nos ajudar a entender esse ponto. A história está no último capítulo de Viagem a Ixtlan, trata-se do encontro de Dom Genaro, benfeitor xamânico de Carlos Castaneda, com o aliado, entidade de natureza inorgânica que auxilia o xamã em suas atividades. Para SER é necessário que haja em nós um centro de gravidade permanente, um núcleo ao redor do qual o SER possa se estabelecer e este é mesmo um dos objetivos do TRABALHO sobre si.



quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Há duas espécies de amor.




Há duas espécies de amor.

Um é o amor de escravo.

O outro deve ser adquirido pelo Trabalho.

O primeiro não tem valor algum; só o segundo, o amor que é fruto de um trabalho, tem valor. É o amor que todas as religiões falam. Se você amar, quando "isso" ama, esse amor não depende de você e não haverá nenhum mérito nisso. É o que chamamos de amor de escravo.

Você ama até mesmo quando não deveria amar. As circunstâncias fazem-no amar mecanicamente.

O verdadeiro amor é o amor cristão (Gurdjieff emprega esse termo em seu sentido original e não no sentido corrente), religioso; ninguém nasceu com esse amor.

Para conhecer esse amor, você deve trabalhar. Algumas pessoas sabem disso desde a infância; outros só o compreendem numa idade avançada. Se alguém conhece o amor verdadeiro, é porque o adquiriu ao longo da vida. Mas é muito difícil aprender isso. É impossível começar a aprendê-lo diretamente com as pessoas. O outro sempre nos toca vivamente, põe-nos em guarda e nos dá pouquíssimas chances de tentar.

O amor pode ser de diferentes espécies. Para compreender de que tipo de amor falamos, é necessário defini-lo.
Neste momento, falamos do amor para a vida. Em toda a parte onde haja vida, a começar pelas plantas e pelos animais, numa palavra, em toda a parte onde exista a vida, há amor. Cada vida é uma representação de Deus. Quem puder ver a representação, verá Aquele que é representado. Cada vida é sensível ao amor. Mesmo as coisas inanimadas, como as flores, que não tem consciência, compreendem se você as ama ou não. Até a vida inconsciente reage de uma maneira diferente diante de cada homem e faz eco as suas reações.
O que você semeia você colhe; e não apenas no sentido de que se você semeia trigo colherá trigo. A questão é como você semeia.
O trigo poderá tornar-se literalmente palha. Na mesma terra, pessoas diferentes podem semear as mesmas sementes e os resultados serão diferentes. Mas estas são apenas sementes. O homem certamente é muito mais sensível ao que é semeado nele. Os animais também são muito sensíveis, embora menos que o homem. Por exemplo, X. tinha sido encarregado de cuidar dos animais. Vários deles adoeceram e morreram, as galinhas punham cada vez menos, e assim por diante. Mesmo uma vaca dará menos leite, se você não gostar dela. A diferença é realmente espantosa. O homem é mais sensível do que uma vaca, mas de modo inconsciente.

E se você experimentar antipatia ou ódio, por uma pessoa, será apenas porque alguém semeou algo de mau em você.

Aquele que deseja aprender a amar o próximo deve começar tentando amar as plantas e os animais.
Quem não ama a vida não ama a Deus.
Começar tentando logo amar um homem é impossível, porque esse homem é como você, e, em resposta, o atacará. Um animal, no entanto, é mudo e se resignará tristemente. Eis porque é mais fácil se exercitar primeiro com os animais.

Para um homem que trabalha sobre si mesmo é muito importante compreender que só se pode operar uma mudança nele se ele mudar de atitude em relação ao mundo exterior. 

Geralmente você não sabe o que deve ser amado e o que não deve ser amado, porque tudo isso é relativo; em você, uma só e mesma coisa vai ser amada e não amada, enquanto objetivamente há coisas que devemos amar ou não amar. Daí por que, praticamente, é preferível deixar de pensar no que você quer chamar de "bom" ou "mau" e só agir quando tiver aprendido a escolher por si mesmo. 

Agora, se você quiser trabalhar sobre si mesmo, deve desenvolver em si diferentes atitudes. Não comece pelas coisas grandes, que são inegavelmente reconhecidas como más; exercite-se desse modo:
se amar uma rosa, tente não amá-la; e se não a amar, tente amá-la.
É melhor começar com o mundo das plantas. A partir de amanhã, tente olhar as plantas como nunca as olhou ainda. Cada um de nós é atraído por certas plantas e não por outras. Talvez ainda não tenhamos notado isso. Você deve olhar primeiro a planta, depois trocá-la por outra, observar e tentar compreender por que existe essa atração ou aversão. Estou certo de que cada pessoa experimenta ou sente alguma coisa. É um processo que se passa no subconsciente e a mente não vê. Se você começar, no entanto, a olhar conscientemente, verá muitas coisas, descobrirá muitas "Américas". As plantas, como os homens, tem relações entre si e há também relações entre as plantas e os homens, mas de vez em quando elas mudam.
Todas as coisas vivas estão ligadas umas às outras. Isso se aplica a tudo que vive . Todas as coisas dependem umas das outras.
As plantas agem sobre os humores do homem e o humor deste age sobre o mundo da planta. Durante toda a nossa vida faremos a experiência disso. Até mesmo as flores em vasos viverão ou morrerão em função de nossos humores.


- "Amas-me? Perguntou Alice.

- Não, não te amo! Respondeu o Coelho Branco.

- Alice franziu a testa e juntou as mãos como fazia sempre que se sentia ferida.

- Vês? Retorquiu o Coelho Branco. - Agora vais começar a perguntar-te o que te torna tão imperfeita e o que fizeste de mal para que eu não consiga amar-te pelo menos um pouco. Sabes, é por esta razão que não te posso amar. Nem sempre serás amada Alice, haverá dias em que os outros estarão cansados e aborrecidos com a vida, terão a cabeça nas nuvens e irão magoar-te. Porque as pessoas são assim, de algum modo sempre acabam por ferir os sentimentos uns dos outros, seja por descuido, incompreensão ou conflitos consigo mesmos. Se tu não te amares, ao menos um pouco, se não crias uma couraça de amor próprio e de felicidade ao redor do teu Coração, os débeis dissabores causados pelos outros tornar-se-ão letais e destruir-te-ão. A primeira vez que te vi fiz um pacto comigo mesmo: "Evitarei amar-te até aprenderes a amar-te a ti mesma!"

Lewis Carrol

Auto-estranhamento


Eu não sei dizer quem sou...

Mas sei que não sou o mesmo de outros ontens.

Contudo, quem sabe?

O tempo seria um espelho no qual vejo diferentes passados? 

Ou um jogo de cartas marcadas pela morte?

E se a vida continua quem permanece? Quem desvanece? Quem se esquece ou quem se lembra? 

Nesses momentos o ponto (de interrogação) que sou estremece.

Qual a pergunta que nunca foi feita?

Sou um entrante de mim mesmo?

Como posso modificar o que sou quando o que sou é modificação?

Posso revolucionar-me?

De todas as revoluções há aquela que é mais difícil, apesar de totalmente possível, portanto não utópica, onde tudo favorece em seu desfavor e para a qual não há desculpas, pois esta revolução muito própria e solitária é, ao mesmo tempo, estranha e comum (a todos), na qual o ser só pode vir a sucumbir diante de si. Ou não. 

Eis a solidão do(a) guerreiro(a).

DR


Sagrado Feminino: Kali.

Justamente hoje (08/03//2024) é interessante lembrar de um arquétipo do feminino que é fundamental, não só pela sincronicidade que está rola...