quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Cartas dos Mestres (Koot Hoomi) - carta número 68 - Devachan - sobre reencarnação e espirtismo

Cartas dos mestres de sabedoria (mahatmas Koot Hoomi e Morya) para o jornalista ingles Alfred Percy Sinnett (1840-1921)

Esta carta contém questões formuladas por Alfred Percy Sinnett e respostas pelo Mahatma Koot Hoomi.

É chamada de "Carta Devachan", porque está relacionada principalmente com aquele estado no qual os seres humanos entram entre as encarnações.

A carta começa com uma referência à uma carta no último "Teosofista". Foi o número de junho de 1882, pp.225-6. Estava assinado "Um Teosofista caledoniano" (escocês). Provavelmente era alguém chamado Davidson, ou Davison, um cientista ornitólogo. que em certa ocasião trabalhou para Hume, em conexão com o seu estudo sobre pássaros, ajudando-o na ocasião de secretário particular. A carta foi intitulada "Discrepâncias Aparentes". O escritor estava interessado no que ele considerava algumas diferenças entre afirmações em um dos artigos na série "Fragmentos da Verdade Oculta", escrita naquela ocasião por Allan Octavian Hume e depois, por  Arthur Percy Sinnett, e certas passagens em "Isis sem Véu", o primeiro livro de Helena Petrovna Blavatsky. Essas discrepâncias diziam respeito a fenômenos espíritas. Ele também questionava o significado da palavra "Devachan".

P= PERGUNTA DE SINNETT   (P)

P.(1) As observações agregadas a uma carta no último número do THEOSOPHIST, página 226, col., impressionaram-me, tanto pela importância como porque modificam (não digo que contradizem) muito do que até agora nos foi dito a RESPEITO do Espiritismo.

Já ouvimos falar de uma condição espiritual de vida na qual o Ego desenvolvido desfruta de uma existência consciente durante certo tempo antes de uma reencarnação num outro mundo; mas não nos foi dito mais deste aspecto até o presente. Agora foram feitas declarações explicitas sobre o assunto, e elas sugerem novas perguntas.

No DEVACHAM (emprestei o meu "TEOSOFISTA" a um amigo e não o tenho à mão como referência, mas, se bem me recordo, este é o nome dado ao estado de beatitude espiritual descrito) o novo Ego retém, aparentemente, completa recordação da sua vida terrena. É assim ou se trata de uma má interpretação de minha parte?

RESPOSTA DO MAHATMA KOOT-HOOMI  (R)

R.(1) O DEVACHAN ou o país de "Sukhavati", é descrito alegoricamente mesmo por nosso Senhor Buda. O que disse pode ser encontrado no Shan-Mun-yih-Tung. Disse o Tathagata:

"Muitos milhares de miríades de sistemas de mundos distante deste (nosso), há uma região de bem-aventurança chamada SUKHAVATI... Esta região está rodeada por SETE fileiras de grades, sete fileiras de amplas cortinas, sete linhas de árvores ondulantes; esta santa morada dos Arhats está governada pelos Tathagatas (Dhyan Chohans) e é possuída pelos Bodhisatwas. Ela tem SETE formosos lagos, de cujo centro fluem águas cristalinas com SETE e UMA propriedades ou qualidades distintas (os sete princípios emanantes do UNO). Este, oh Sariputra, é o DEVACHAN. Sua divina flor Udumbara lança uma raiz NA SOMBRA DE CADA TERRA e floresce para todos aqueles que a alcançam. Aqueles que nascem na bendita região são verdadeiramente felizes; não há mais lamentos ou sofrimentos NAQUELE ciclo para eles... Miríades de espíritos (Lha) vem para ali repousar e depois retornam as suas regiões próprias. também, oh Sariputra! muitos dos nascidos naquela região de deleite são Avaivartyas..." etc, etc.

P.(2) Excetuando o fato de que a duração da existência no DEVACHAN é limitada, há uma semelhança muito estreita entre essa condição e o céu da religião comum (omitindo-se os conceitos antropomórficos acerca de Deus).

R.(2) Certamente o novo EGO, uma vez que renasceu, retém por um certo tempo - proporcional a sua vida terrena - uma "completa recordação de sua vida na Terra" (Veja a vossa pergunta anterior): Mas não pode NUNCA voltar do Devachan à Terra, nem tem esse estado (ainda omitindo todos os "conceitos antropomórficos acerca de Deus") qualquer semelhança com o paraíso ou céu de alguma religião, e é a fantasia literária de Helena Petrovna Blavatsky que lhe sugeriu a maravilhosa comparação.

P.(3) Agora a questão importante é: quem vai ao Céu - ou Devachan? É esta condição alcançada somente pelos poucos que são muito bons ou pelos muitos que não são muito maus - depois do período de tempo que passaram em maior incubação ou gestação inconsciente?

R.(3) Quem vai ao Devachan? Naturalmente o EGO pessoal, mas beatificado, purificado, santificado. Todo Ego - a combinação do Sexto e Sétimo princípios - que, depois do período de gestação inconsciente, renasce no Devachan, é necessariamente tão puro e inocente como uma criança, recém-nascida. O fato de haver renascido comprova, já por aí, a preponderância do bem sobre o mal em sua velha personalidade. E, enquanto o karma (do mal) fica temporariamente suspenso, para seguí-lo mais tarde em sua futura encarnação terrena, ele só leva ao Devachan o karma de suas boas obras, palavras e pensamentos. "Mal" é um termo relativo para nós (conforme já vos foi dito mais de uma vez) e a Lei de Retribuição é a única lei que nunca erra. Portanto, todos os que não desapareceram no seio do pecado irremissível e da bestialidade vão ao Devachan. Mais tarde terão que pagar, voluntária ou involuntariamente, pelos seus pecados. Entretanto, recebem os efeitos das causas que geraram.

Na verdade este é um estado, digamos, de INTENSO EGOISMO, durante o qual o Ego colhe a recompensa do seu ALTRUÍSMO na Terra.

Está completamente mergulhado na felicidade de todos os seus afetos pessoais, preferências e pensamentos terrenos e recolhe o fruto de suas ações meritórias.

Nenhuma dor, nenhuma pena, nem mesmo a sombra de uma aflição obscurecem o brilhante horizonte de sua incontaminada felicidade, porque É UM ESTADO DE PERPÉTUO MAYA".

Assim como a percepção consciente da própria PERSONALIDADE na Terra não é mais do que um sonho evanescente, esse sentimento será igualmente o de um sonho no Devachan - mas intensificado cem vezes.

Tão certo é isso, sem dúvida, que o ego feliz é incapaz de observar através do véu, os males, tristezas e calamidades a que podem estar sujeitos aqueles a quem amou na Terra.

Mora neste doce sonho com os seus bem amados, tanto com os que foram antes dele como com os que permanecem ainda na Terra; ele os têm próximo a si, tão felizes, bem-aventurados e inocentes como o sonhador desencarnado; e, no entanto, exceto em raras visões, os habitantes de nosso grosseiro planeta não o percebem.

É nesta, em meio a esta condição de completa Maya, que as Almas ou Egos astrais dos sensitivos puros e amorosos, atuando debaixo da mesma ilusão, pensam que os seus próprios Espíritos que ascenderam até aqueles no Devachan.

Muitas das comunicações espirituais SUBJETIVAS - a maior parte delas quando os sensitivos tem mente pura - são reais; mas é muito difícil para um médium não INICIADO, fixar em sua mente as imagens autênticas e corretas do que se vê e ouve.

Alguns dos fenômenos chamados de psicografia (embora mais raros) são também reais.

O espírito do sensitivo tornando-se odilizado (magnetizado), por assim dizer, pela aura do Espírito no Deva-Chan, torna-se, por uns poucos minutos AQUELA PERSONALIDADE, que partiu e escreve com a letra desta última, em sua mesma linguagem e com os mesmos pensamentos que teve durante a sua vida terrestre.

Os dois espíritos se mesclam, e a preponderância de um sobre o outro durante esses fenômenos, determina a preponderância da PERSONALIDADE nas características mostradas em tais escritos, e no "transe falante".

O que chamais de "comunicação mediúnica" é simplesmente uma identidade de vibração molecular entre a parte astral do médium encarnado e a parte astral da personalidade desencarnada.

Acabo de ser informado de um artigo sobre o OLFATO, de um professor de inglês (que farei com que seja comentado no "Teosofista" e direi umas poucas palavras), e encontro nele algo que se aplica ao nosso caso. Assim como na música dois sons diferentes podem estar em ressonância e separadamente distinguíveis, e esta harmonia ou discórdia depende das vibrações síncronas e dos períodos complementares; assim há "comunicação" entre o médium e o "comunicante" quando as suas moléculas astrais vibram em harmonia. E quanto a saber se a comunicação refletirá a idiossincrasia pessoal de um deles mais do que a de outro, isso é determinado pela intensidade relativa dos dois grupos de vibrações na onda composta do Akasa. Quanto menos idênticos sejam os impulsos vibratórios, tanto mais mediúnica e menos espiritual será a mensagem. Portanto avaliai o estado moral do vosso médium pela da suposta inteligência "comunicante", e os vossos testes de autenticidade deixarão nada a desejar.

P.(4) Existe grande variedade de condições dentro dos limites, por assim dizer, do Devachan, de modo que todos os egos caem em um estado adequado para si, do qual renascerão em condições inferiores ou superiores no próximo mundo de causas? De nada vale multiplicar as hipóteses. Queremos algumas informações para nos basear.

R.(4) Sim, há muita diversidade nos estados do Devachan, como bem dissestes. Tantas modalidades de felicidade, assim como existem na Terra graduações de percepção e capacidade para apreciar tal recompensa. É um paraíso idealizado, em cada caso, formado pelo próprio ego, que o enche de cenários repleto de episódios e o povoa com as pessoas que espera encontrar em tal esfera de compensadora bem-aventurança. E é esta variedade que conduz o Ego pessoal temporário para a corrente que o levará a renascer em piores ou melhores condições, no próximo mundo das causas. Tudo está tão harmoniosamente ajustado na Natureza especialmente no mundo subjetivo - que nenhum erro pode jamais ser cometido pelos Tathagatas - ou Dyan Chohans - que guiam os impulsos.

P.(5) À primeira vista, um estado puramente espiritual seria somente desfrutado pelas entidades altamente espiritualizadas nesta vida. Mas há miríades de pessoas muito boas (moralmente) que não são em absoluto espiritualizadas. Como elas poderão passar, com as recordações desta vida, de uma condição material de existência para uma outra espiritual?

R.(5) É "uma condição espiritual" apenas quando em contraste com a nossa grosseira "condição material", e, como já foi dito, são esses graus de espiritualidade que constituem e determinam a grande "variedade" de condições dentro dos limites do Devachan. Uma mãe pertencente a uma tribo selvagem não é menos feliz que uma mãe de um palácio real, quando segura nos braços o seu filho perdido; e, embora como Egos em si, as crianças prematuramente mortas antes da conclusão de sua Entidade setenária, não chegam ao Devachan, e, apesar disso, a fantasia amorosa da mãe encontra ali os seus filhos, sem que falte um só dos que o seu coração aspira.

Podem dizer que isto é só um sonho. Mas, afinal, o que é a vida objetiva em si senão um panorama de irrealidades vívidas? Os prazeres desfrutados por um Pele Vermelha em seus "felizes campos de caça" naquele país de sonhos, não são menos intensos do que o êxtase experimentado por um CONNOISSEUR (conhecedor) - que passa idades em encantado deleite, escutando as divinas sinfonias executadas por imaginários coros angélicos e orquestras. Como não é culpa do pele vermelha ter nascido "selvagem" com um instinto de matar (embora causando a morte de muitos animais inocentes) se com tudo isso, foi pai, filho e marido amantíssimo, porque não haveria de desfrutar de SUA porção de recompensa? O caso seria muito diferente se os mesmos atos de crueldade tivessem sido cometidos por uma pessoa educada e civilizada, pelo simples amor ao esporte. O selvagem, ao renascer, simplesmente ocupará um lugar inferior na escala, em razão do seu desenvolvimento moral imperfeito; enquanto que o KARMA do outro estaria contaminado com delinquência moral.

Todos os egos, exceto aqueles que, pela atração do seu magnetismo grosseiro, caem na corrente que os arrastará ao "Planeta da Morte" (o satélite mental e físico da nossa Terra), ESTÃO capacitados para passar a uma relativa condição "espiritual", ajustada às suas condições prévias de conduta e pensamento. Pelo que sei e me recordo, H. P. B. explicou ao Sr. Hume que o sexto princípio do homem, como algo puramente espiritual, não poderia existir, ou ter existência CONSCIENTE no Devachan, a menos que houvesse assimilado alguns dos mais puros e abstratos atributos mentais do Quinto Princípio ou alma animal: seu MANAS (mente) e memória.

Ao morrer o homem, o seu segundo e terceiro princípios morrem com ele; a tríade inferior desaparece e os quarto. quinto, sexto e sétimo princípios formam o sobrevivente QUATERNÁRIO.

(Leia de novo a página dos FRAGMENTOS de uma V.O.).

Daí em diante é uma luta de "morte" entre dualidades Superior e Inferior. Caso vença a superior, o sexto, tendo atraído para si, do quinto, a quinta-essência do Bem, seus mais nobres afetos, as mais santas (ainda que sejam terrenas) aspirações e as partes mais espiritualizadas de sua mente - segue o seu Divino ANCIÃO (o sétimo) até o Estado de "Gestação"; 

e o Quinto e Quarto permanecem associados como uma CASCA vazia - (a expressão é perfeitamente correta) - que vagueia pela atmosfera terrestre com a metade da memória pessoal desvanecida e os instintos mais brutais plenamente vivos por certo tempo - um "Elementar", em última palavra. Este é o guia angélico do médium comum. 

Se, por outro lado, é a Dualidade Superior a derrotada, então é o Quinto Princípio que assimila tudo o que reste no Sexto Princípio de recordações PESSOAIS e de percepções individuais. Mas com toda essa bagagem adicional, ele não permanecerá no Kama-Loka - "o mundo do Desejo" da atmosfera de nossa Terra. Em muito pouco tempo, como uma palha flutuando dentro da atração dos vórtices e covas do Maelstron (sorvedouro), é atraído e aprisionado no grande remoinho de Egos humanos; enquanto o sexto e o sétimo, convertidos agora em uma MÔNADA puramente espiritual e INDIVIDUAL, sem vestígios da última personalidade, não tendo um período regular de "gestação" que atravessar (pois não há mais um EGO PESSOAL purificado para renascer), após um período de Repouso inconsciente, mais ou menos prolongado, no Espaço ilimitado, se achará encarnado em outra personalidade no próximo planeta. Quando chega o período de "Plena Consciência Individual (que precede o de Absoluta Consciência no Paranirvana), aquela existência pessoal perdida torna-se como que uma página arrancada do GRANDE LIVRO DE VIDAS, sem que reste nem uma palavra solta que assinale a sua ausência. A MÔNADA purificada não a perceberá, nem a recordará na série de seus nascimentos passados - o que aconteceria se tivesse ido ao "Mundo das Formas" (Rupa-loka) - e a sua visão retrospectiva não perceberá nem o mais leve sinal indicador de que tenha existido. A luz de SAMMA-SAMBUDDH -

"... Essa luz que brilha além da nossa percepção mortal

A luz de todas as vidas em todos os mundos".

Não projeta nenhum raio sobre aquela vida PESSOAL na série de vidas precedidas.

A favor do gênero humano devo dizer que essa supressão total de uma existência dos registros do Ser Universal não ocorre tão frequentemente a ponto de representar uma grande porcentagem. De fato, à maneira do "idiota congênito", muito mencionado, tal coisa é um "lusus naturae" - uma exceção, não a regra.

P.(6) E como é compatível uma existência espiritual, onde tudo foi mergulhado no sexto princípio, com aquela consciência da vida material, pessoal e individual, que há de ser atribuída ao Ego no Devachan, se ele retém a sua consciência terrena, segundo se declara na nota do TEOSOFISTA?

R.(6) A questão foi explicada suficientemente, eu creio: os Princípios Sexto e Sétimo, constituem, em si, a "Mônada" eterna e imperecível, mas também INCONSCIENTE. Para que se desperte nela, para a vida a consciência latente, especialmente a da individualidade PESSOAL, requer-se a mônada e os mais altos atributos do quinto princípio - a "Alma animal"; e é isso que constitui o Ego etéreo que goza a bem-aventurança no Devachan. O espírito, ou as emanações puras do UNO, formam com o sétimo e o Sexto Princípios, a Tríada Superior; nenhuma das duas emanações é capaz de assimilar nada que não seja bom, puro e santo; daí decorre que nenhuma recordação sensual, material ou pecaminosa possa acompanhar a memória purificada do Ego na Região de Bem-aventurança.

O Karma advindo dessas recordações de más ações e pensamentos atingirá o Ego quando ele muda a sua PERSONALIDADE no próximo mundo das causas.

A Mônada ou "Individualidade Espiritual", permanece sem mancha EM TODOS OS CASOS.

Não há tristeza nem Dor para aqueles que nascem ali (no Rupa-Loka do Devachan);

pois essa é a Terra Pura. Todas as regiões do espaço possui essas terras (Sakwala), mas essa terra de Bem-aventurança é a mais pura. "No Jnana Prasthâna Shastra está dito: "pela pureza pessoal e ardente meditação, nós transcendemos os limites do Mundo do Desejo, e entramos no Mundo das Formas."

P.(7) O período de gestação entre a Morte e Devachan têm sido até agora concebido por mim como eventos muitos longos. Agora foi dito que em alguns casos é de apenas uns poucos dias, e, em nenhum outro caso (implicitamente) mais do que uns poucos anos. Parece que isso foi exposto claramente, mas pergunto se isso pode ser explicitamente confirmado, porque este é um ponto capital.

R.(7) Outro belo exemplo da habitual desordem na qual se mantém a estrutura mental da Senhora Helena Petrovna Blavatsky. Ela fala do "Bardo" e não informa aos seus leitores o que significa! Como no quarto em que ela escreve a confusão é ainda dez vezes pior, assim, em sua mente as ideias se amontoam, colocadas em tal caos que, quando quer expressá-las, aparece primeiro a cauda em vez da cabeça.

"Bardo" é o período entre a morte e o renascimento - e pode durar de uns poucos anos até um kalpa.

Ele é dividido em três sub-períodos

(1) quando o Ego, livre do seu envoltório mortal, entra no KAMA LOKA (a morada dos Elementares);

(2) quando entra no seu "Estado de Gestação";

(3) quando renasce no RUPA LOKA do Devachan.

(1)-O Sub-período-(Kama Loka): pode durar de uns poucos minutos até a alguns anos. A expressão "alguns anos" se torna enigmática e inteiramente inútil sem uma explicação mais completa.

(2)-O Sub-período-"(Estado de Gestação)- é "muito grande" como dizeis, às vezes mais prolongado do que possais mesmo imaginar, entretanto, proporcional ao vigor espiritual do Ego;

(3)o Sub-período- (RUPA LOKA do Devachan) dura em proporção ao bom KARMA após o qual a MÔNADA é novamente reencarnada.

A expressão do AGAMA SUTRA: "em todos esses Rupa-Lokas, os Devas (Espíritos) estão sujeitos igualmente ao nascimento, decadência, velhice e morte", somente significa que um Ego ali nasce, logo começa a desvanecer-se e finalmente "morre", isto é, cai naquela condição inconsciente que precede ao renascimento; e termina o Sloka com estas palavras: "à medida que os Devas emergem desses céus, eles entram no mundo inferior novamente", isto é, eles deixam o mundo da bem-aventurança para renascer no mundo das causas.

Pergunta:.(😎 Nesse caso e considerando que o Devachan não é somente a herança dos adeptos e pessoas quase tão elevadas quanto eles, HÁ uma condição de existência equivalente ao Céu, e que ocorre efetivamente, de onde a vida na Terra pode ser observada por um imenso número daqueles que foram antes!

Resposta:.(😎 Dito mais enfaticamente, o "Devachan NÃO É a herança apenas dos adeptos, e mais decididamente, há um "céu"- se é que preferis usar este termo astrogeográfico cristão - para "um imenso número dos que foram antes. "Mas" a vida na Terra", não pode ser OBSERVADA por nenhum deles pelas razões já expostas, da Lei de Bem-aventurança, além de MAYA.

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Pergunta:.(9) e por quanto tempo? Esse estado de beatitude espiritual perdura por anos? Por décadas? Por séculos?

Resposta.(9) Durante anos, décadas, séculos e milênios, inúmeras vezes multiplicados por algo mais. Tudo depende da duração do Karma.

Encha de óleo a pequena taça de Den20 e o depósito de água de uma cidade, e, acendendo a ambos, veja qual queima por mais tempo. O Ego é a mecha (pavio), o Karma, o óleo: a diferente quantidade de óleo na taça e no depósito explicará a grande diferença de duração dos vários KARMAS. Cada efeito tem que ser proporcional a sua causa. E como os períodos de existência encarnada do homem são, inerentemente, uma pequena proporção dos períodos de existência inter natal no ciclo manvantárico, assim os bons pensamentos, palavras e ações de qualquer uma dessas "vidas" sobre o globo são causadoras de efeitos cuja elaboração requer muito mais tempo de que ocupou a evolução das causas. Portanto, quando lerdes nos Jâts e outras FABULOSAS narrações das Escrituras Budistas, que esta ou aquela boa ação foi recompensada por Kalpas1 de várias cifras de bem-aventurança, não sorria ante o absurdo exagero, e sim, tenha em conta o que acabo de dizer. Sabeis que, de uma pequenina semente, cresceu uma árvore que dura há séculos; refiro-me à árvore Bo, de ANURUDHA-PURA. Tão pouco deveis rir se chegardes a ler o PINDA-DANA, ou qualquer outro SUTRA budista e encontrardes:

"Entre o Kama-Loka e o Rupa Loka existe uma localidade, a morada de "Mara" (morte). Esta Mara cheia de paixão e luxúria, destrói todos os princípios virtuosos assim como uma pedra mói o grão. Seu palácio abarca 7.000 YOJANAS quadradas e está cercada por uma vala de SETE muros". Agora vos sentireis melhor preparado para compreender esta alegoria. Assim, quando Beal, ou Bournof, ou Rhys Davis, na inocência de suas almas cristãs e materialistas, se entregam a traduções como geralmente o fazem, não consideramos que exista malícia nos seus comentários pois não sabem nada melhor.

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(MARA): Este “MARA”,  como você bem pode pensar, é a imagem alegórica da esfera chamada planeta da morte, o redemoinho onde desaparecem as vidas condenadas à destruição. É entre KAMA-LOKA e RUPA-LOKA, que a luta ocorre.

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Mas o que significa o que se segue: "Os nomes dos Céus" (uma má tradução pois LOKAS não são CÉUS mas localidades ou moradas) do Desejo, Kama-Loka - assim chamado porque os seres que os ocupam estão sujeitos aos desejos de comer, beber, sono e amor. Ele são também chamados as moradas das CINCO (?) ordens de criaturas sencientes: devas, homens, asuras, bestas e demônios (LAUTAN SUTRA, traduzido por S. Beal). Significam apenas que o reverendo tradutor, caso estivesse um pouco mais a par da verdadeira doutrina - ele teria - 1: dividido os Devas em duas classes - e os chamado de "RUPA-DEVAS" e os "ARUPA-DEVAS" (os Dhyan Chohans com "FORMA" ou objetivos e os "sem formas", ou subjetivos e 2: haveria feito o mesmo para sua classe de "homens", pois que existem CASCÕES e "maha rupas", isto é, corpos condenados à aniquilação. Todos eles são:

1) "RUPA DEVAS"- DHYAN CHOHANS, que têm forma, (Ex. homens).

2) "ARUPA-DEVAS" - Dhyan Chohans, sem forma (Ex. homens).

3) "PISACHAS" - Espectros (com dois princípios).

4) "MARA RUPA"- Condenados à MORTE (com três princípios).

5) ASURAS - Elementais - com forma humana (futuros homens).

6) BESTAS - Elementais de segunda classe. Elementais animais (futuros homens).

7) RAKSHASAS - (demônios) Almas ou formas astrais de feiticeiros; homens que alcançaram o ápice do conhecimento nas artes proibidas. Mortos ou vivos, FRAUDARAM, por assim dizer, a Natureza; mas só temporariamente, até que nosso planeta entre no seu período de OBSCURECIMENTO, depois do qual - nolens volens - terão que ser aniquilados.

São estes os SETE grupos que formam as principais divisões dos Moradores do mundo subjetivo que nos rodeia.

Na categoria nº.1 encontram-se os Governantes INTELIGENTES deste mundo de Matéria, os quais, com toda a sua inteligência apenas são os obedientes instrumentos cegos do UNO, os agentes ativos de um Princípio Passivo.

E dessa forma têm sido mal interpretados e traduzidos quase todos os nossos Sutras; todavia, mesmo se essa massa confusa de doutrinas e palavras, para quem conheça, mesmo superficialmente, a VERDADEIRA doutrina, há um solo firme onde pisar.

Assim, por exemplo, ao enumerar as sete lokas do "Kama Loka", o Avatamsaka Sutra menciona, como sétimo, o "Território da Dúvida". Peço-vos que recordai o nome, já que teremos que nos referir a ele mais adiante. Cada um destes "mundos", dentro da Esfera de Efeitos, tem um Tathagata ou "Dhyan Chohan" para protegê-lo e vigiá-lo, não para interferir com ele. Sem dúvida, de todas as pessoas, os espíritos serão os primeiros a rechaçar nossas doutrinas e arrojá-las no "limbo de desacreditadas superstições".

Fossemos assegurar-lhes que cada uma das suas "Terras de Verão" tem sete casas de hóspedes, com o mesmo número de "Espíritos Guias" para administrá-las, e se chamássemos a esses "anjos" São Pedros, Joãos e São Ernestos, nos receberiam com os braços abertos.

Mas, quem já ouviu falar de Tathagatas e Dhyan Chohans, Asuras e Elementais. Ridículo! Entretanto, somos felizmente considerados - pelos nossos amigos (o senhor Eglington, pelo menos) que nos concedem, felizmente a posse de "certo conhecimento das Ciências Ocultas"(veja "Light"). E assim mesmo, essa migalha de "Conhecimento" está a vossa disposição e ajuda-me agora a responder-vos a seguinte pergunta:

P. Existe alguma condição intermédia entre a beatitude do Devachan e a sombria e desesperada vida das semi-inconscientes relíquias elementais de seres humanos que perderam o seu Sexto Princípio? Porque, se for assim, isso poderia oferecer um "locus standi" na imaginação aos Ernestos e Josés, dos médiuns espíritas - a melhor classe de "espíritos" guia. Nesse caso, tal mundo seguramente deve ser muito povoado e do qual pode vir todo número de comunicações "espirituais"...

R. Não, meu amigo: nada que eu saiba. Desde "Sukhavati" até o "Território da Dúvida" há uma variedade de Estados Espirituais; mas eu não estou ciente de qualquer "condição intermédia". Eu vos contei das Sakwalas (embora não possa estar enumerando-as pois seria inútil); e mesmo de AVITCHI - o "Inferno" do qual não há retorno, e não tenho nada mais a dizer sobre isso. A "desamparada sombra" deve arranjar-se o melhor que puder. Tão logo tenha saído do KAMA LOKA e cruzado a "Ponte Dourada" que conduz as "Sete Montanhas Douradas", o Ego já não pode confabular com os condescendentes médiuns.

Nenhum "Ernesto" nem José jamais voltou do Rupa Loka - não se falando do ARUPA LOKA, - para estabelecer contato com os mortais.  (Plano Mental inferior e Plano Mental Superior, comentários do palestrante).

Naturalmente há uma "melhor Sorte" de RELÍQUIAS e os "cascões" dos "andarilhos terrestres", como são chamados aqui, não são necessariamente TODOS maus. Mas ainda os que são bons, se convertem temporariamente em maus devido aos médiuns.

Os "cascões" pouco se preocupam já que, de qualquer modo, não têm nada a perder.

Mas há uma outra classe de "Espíritos" que deixamos de lado, os SUICIDAS e os MORTOS POR ACIDENTE. AMBAS AS ESPÉCIES, PODEM COMUNICAR-SE E AMBAS TERÃO QUE PAGAR CARO POR TAIS VISITAS;

E agora tenho novamente de explicar o que quero dizer.

Bem, esta classe é a que os espíritas franceses chamam de "Espíritos Sofredores":

São uma exceção à regra, pois terão que permanecer dentro da atração da Terra e em sua atmosfera - o Kama-Loka - até o momento final que teria sido a duração natural das suas vidas.

Em outras palavras, aquela onda particular de evolução da vida tem que prosseguir para a sua margem. Mas é um pecado e crueldade reviver a sua memória e intensificar o seu sofrimento ao lhes dar uma oportunidade de viver uma vida artificial;

uma possibilidade de SOBRECARREGAR O SEU KARMA, tentando-os a que penetrem em portas abertas, isto é, médiuns e sensitivos, pois irão pagar inequivocamente por tais prazeres.

Explicarei.

Os SUICIDAS que, tolamente querendo escapar da vida, encontram-se ainda vivos - têm bastante sofrimento reservado e que os aguarda nessa mesma vida. Seu castigo está baseado na intensidade de tal vida. Tendo perdido, em consequência de sua irreflexiva ação, seus Sexto e Sétimo Princípios (ainda que não seja para sempre pois poderá recobrá-los), em vez de aceitar o seu castigo e aproveitar as suas oportunidades de redenção, eles inúmeras vezes são levados a LAMENTAR A VIDA tentados a reconquistar o controle sobre ela por meios pecaminosos.

No KAMA LOKA, a terra dos desejos intensos, eles podem somente satisfazer os seus desejos terrenos mediante um substituto VIVENTE;

e fazendo isso, na expiração do seu prazo natural de vida, eles geralmente perdem para sempre a sua MÔNADA.

Quanto às vitimas de acidentes - seu destino é ainda pior.

A menos que tenham sido tão bons e puros, para serem atraídos imediatamente dentro do SAMADHI akásico, isto é, cair num estado de tranquila letargia, um sono cheio de rosados sonhos, durante o qual eles nada recordam do acidente, mas movem-se e vivem entre os seus amigos e cenas familiares, até que o seu prazo normal de vida extinga, quando eles então, descobrem-se nascidos no Devachan.

Mas, se foram pecadores e sensuais, um lúgubre destino os espera, pois vagueiam como sombras desditadas (não são CASCÕES), pois a sua conexão com os dois princípios mais elevados não está completamente partida - até que venha a hora da morte.

Cortada a vida em pleno fluxo de paixões terrenas que os liga a cenas familiares, eles se deixam seduzir pelas oportunidades que lhes oferecem os médiuns de gratificar tais paixões por intermédio deles.

São os chamados PISACHAS, os INCUBOS e SUCUBOS dos tempos medievais. Os demônios da embriaguez, da gula, da luxúria e da avareza - "elementares" de intensificada astúcia, perversidade e crueldade, que provocam as suas vítimas a cometer crimes horrendos e que gozam quando isso ocorre! Não só arruínam as suas vítimas, mas também esses vampiros psíquicos são arrastados pela corrente de seus impulsos da aura da Terra até regiões onde, durante milênios, terão que suportar agudos sofrimentos até a sua total destruição.

Mas caso a vítima do acidente ou da violência não seja muito boa, nem muito má, (uma pessoa comum) então pode acontecer o seguinte: um médium pode atraí-la e criar-lhe as mais indesejáveis das coisas: uma nova combinação de SKANDHAS e um novo e mau KARMA.

Mas deixai-me dar-vos uma ideia clara do que quero dizer por Karma, neste caso.

Em conexão com isso, deixai-me contar-vos antes, dado que, como pareceis muito interessado no assunto, nada podeis fazer de melhor senão estudar as duas doutrinas - Karma e Nirvana - da forma mais profunda como possais. A não ser que estejais completamente a par das duas doutrinas - a chave dupla da metafísica do Abidharma - sempre continueis perplexo ao tentar compreender as demais.

Temos diferentes classes de Karma e de Nirvana em suas várias aplicações - ao Universo, ao mundo, aos Devas, Budas, Bodisatvas, homens e animais - o segundo incluindo os seus sete reinos. Karma e Nirvana são somente dois dos sete grandes MISTÉRIOS da metafísica Budista; e só quatro dos sete são conhecidos pelos melhores orientalistas. E ainda assim mesmo muito imperfeitamente.

Caso pergunteis a um douto sacerdote Budista o que é o Karma, responderá que é o que um Cristão poderia chamar de Providência (só num certo sentido) e um muçulmano, de KISMET, sorte ou destino (também só num certo sentido). É essa a doutrina fundamental que ensina que, logo morre um ser consciente ou sensível, seja homem, deva ou animal, produz-se um novo ser que reaparece, nascendo de novo, no mesmo ou em outro planeta, debaixo das condições produzidas antes pela própria criatura anterior. Ou, em outras palavras, que o KARMA é o poder que guia, e TRISHNA (em Pali TANHA) a sede ou o anseio pela vida sensorial - a força imediata ou energia - resultante da ação humana (ou animal) que, dos antigos SKANDHAS produz o novo grupo que forma o novo ser e controla a espécie - do próprio renascimento. Ou para ficar mais claro; o NOVO ser é premiado ou castigado pelas suas ações meritórias ou danosas do ser passado; o Karma representa um Livro de Registro, um Diário, no qual todos os atos do homem, bons, ou maus, ou indiferentes são cuidadosamente registrados a seu débito ou crédito - por ele mesmo, ou melhor, pelas próprias ações suas. Lá, onde a ficção poética cristã criou e vê um Anjo da Guarda Registrador, a seca e realista lógica budista, percebendo que cada causa tem que ter o seu efeito - mostra a sua presença real. Os oponentes do Budismo salientaram bastante a alegada injustiça de que aquele que comete um ato pode escapar e uma vítima inocente irá sofrer - eis que o autor e o sofredor são seres diferentes. O fato é que, embora num certo sentido eles podem ser assim considerados, todavia em outro, SÃO IDÊNTICOS. O "antigo ser" é o único progenitor - pai e mãe ao mesmo tempo - do "novo ser". Na realidade o primeiro é o criador e modelador do segundo, e muito mais, em verdade que qualquer pai carnal.

E uma vez que dominastes bem o significado de SKANDHAS que forma e constitui a individualidade física e mental que chamamos homem (ou qualquer outro ser).

Este grupo consiste (no ensinamento exotérico) de cinco Skhandhas, a saber: RUPA- os atributos ou qualidades materiais; VEDANA- sensações; SANNA- idéias abstratas; SANKHARA- tendências tanto físicas como mentais; VINNANA- poderes mentais (uma ampliação da quarta) compreendendo as predisposições mentais, físicas e morais.

Nós acrescentamos duas mais, cuja natureza e denominação podereis aprender depois. Basta, por hora, dar-vos a conhecer que elas estão ligadas e são geradoras de SAKKAUADITTHI, a "heresia ou ilusão da individualidade" e de ATTAVADA "A doutrina do Eu", as quais (no caso de quinto princípio, a alma) levam à MAYA da heresia e crença na eficácia de pretensiosos rituais e cerimônias, em preces e intercessão.

Agora, retornando à questão da identidade entre o VELHO e o NOVO "Ego". Permita-me lembrar-vos uma vez mais, que mesmo a vossa Ciência aceitou o fato muito antigo, nitidamente ensinado pelo nosso Senhor, isto é, que um homem de qualquer idade, por mais que se sinta o mesmo, não é fisicamente o mesmo de alguns anos atrás, (nós dizemos SETE anos e estamos preparados para sustentar e provar esse fato); falando budisticamente na preparação do molde abstrato "privativo" do futuro NOVO ser.

Agora bem, assim como é justo que um homem de 40 anos desfrute ou sofra pelas ações do homem de 20, também é igualmente justo que o ser do recém-nascido, que é essencialmente idêntico ao anterior já que é a sua conseqüência e sua criação, sinta as consequências daquele Eu, ou personalidade geradora.

Vossa lei ocidental, que castiga o inocente filho de um pai culpado, privando-o de seu progenitor, de seus direitos e propriedades; vossa civilizada sociedade, que aplica o estigma de infâmia à inocente filha de uma mãe criminosa e imoral; vossa Igreja Cristã e Escrituras que ensinam que "o Senhor Deus faz pagar aos filhos os pecados dos pais até a terceira e quarta geração", não são todos esses mais injustos e cruéis do que qualquer coisa feita pelo Karma?

Em vez de punir o inocente junto com o culpado, o Karma vinga e RECOMPENSA O PRIMEIRO, o que nenhum dos três potentados ocidentais acima mencionados jamais pensou em fazer. Mas talvez, em relação à nossa observação sobre fisiologia, os opositores poderiam replicar, argumentando que é somente o corpo que muda, há apenas uma transformação molecular, que nada tem a ver com a evolução mental, e que as SKANDAS representam não somente um conjunto de qualidades materiais, mas também mentais e morais. Mas, existe por acaso, - pergunto eu - alguma sensação, alguma idéia abstrata, alguma tendência da mente ou algum poder mental que pudesse ser qualificado como um fenômeno absolutamente não-molecular? É possível que uma sensação ou o mais abstrato dos pensamentos, que são ALGO, procedam do NADA ou nada sejam?

Muito bem, as causas que produzem o "novo ser" e determinam a natureza do KARMA são, como já foi dito - TRISHNA (ou "Tanha") - sede, o desejo por uma existência sensível e UPADANA - que é a realização ou consumação de TRISHNA ou aquele desejo.

E os médiuns contribuem para despertar e desenvolver “nec plus ultra” (não mais além) a ambos num Elementar, seja este um suicida ou uma vítima de acidente.

A regra é, quem morre de morte natural permanecerá dentro da atração da Terra, isto é, no KAMA LOKA, "desde umas poucas horas a alguns poucos anos".

Mas há exceções: o caso dos suicidas, ou em geral, daqueles que morrem por morte violenta.

Portanto, um destes Egos, por exemplo, que estivesse destinado a viver, digamos, 80 ou 90 anos, mas que se suicidou ou morreu de algum acidente na idade de 20, suponhamos, teria que passar no KAMA LOKA, não uns poucos anos, mas no seu caso, 60 ou 70 anos, como um Elementar, ou melhor, como um "andarilho terrestre", já que infelizmente para ele, não é nem mesmo um "CASCÃO".

Felizes, três vezes felizes são, em comparação, aquelas entidades desencarnadas, que dormem seu grande sono e vivem sonhando no seio do Espaço!

E coitado daqueles cujo TRISHNA os atrai para os médiuns, e coitados desses médiuns que os tentam com tão condescendente UPANA.

Pois, ao atraí-los e permitirem que satisfaçam a sua sede de vida, o médium ajuda a desenvolver neles (de fato é a causa) um novo conjunto de Skandhas, um novo corpo com tendências e paixões até piores do que a do corpo que perderam. Todo o futuro deste novo corpo será determinado assim, não só pelo mau Karma de demérito do grupo precedente de Skandhas, mas também pelo Karma do novo grupo do futuro ser. Caso os médiuns e os espíritas soubessem, como já disse, que cada novo "guia angélico" a quem dão boas vindas com grande alegria, o que fazem é convidá-lo a um UPADANA que causará uma série de males indizíveis para o novo ego que renascerá debaixo de sua nefasta sombra, e que em cada sessão - especialmente se ocorrem materializações - multiplicam as causas de miséria que farão fracassar o infortunado ego em seu nascimento espiritual, ou renascer numa existência pior que qualquer outra anterior - eles seriam menos pródigos em sua hospitalidade.

E agora, podereis compreender porque nos opomos tão energicamente ao Espiritismo e à mediunidade. E vereis também porque, para satisfazer o senhor Hume - pelo menos numa direção, - me vi num grande APERTO com o Chohan, e MIRABILE DICTU com ambos os sabes, "os jovens de nome Scott e Banon", um artigo seu que termina com uma severa sova literária em minha humilde pessoa. Sombras dos asuras, que tremenda insatisfação ela teve ao ler essa irrespeitosa crítica! Lamento que ela não a publique em consideração a "honra da família", como o expressou o "Deserdado"2. Quanto ao Chohan, o assunto é mais sério; e ele esteve muito longe de ficar satisfeito que eu tivesse permitido a Eglington crer que era EU MESMO. Permitiu que se desse esta prova do poder de um HOMEM VIVO aos Espíritas através de um dos seus médiuns; mas deixou o programa e detalhes para nós mesmos; daí o seu descontentamento por algumas pequenas conseqüências. Digo-vos, meu querido amigo, que sou muito menos livre de fazer o que quero do que vós no caso do PIONNER. Nenhum de nós, a não ser os CHUTUKTUS mais elevados, é pleno dono de si mesmo. Mas estou divagando.

E agora que eu vos contei muito e expliquei tantas coisas, podeis ler esta carta à nossa incorrigível amiga, a senhora Gordon. As razões que foram dadas podem jogar alguma água fria no seu zelo espírita, embora tenha minhas razões para duvidar disso.

De qualquer modo, a carta pode mostrar a ela que não é contra o VERDADEIRO Espiritismo que nos colocamos, mas apenas contra a mediunidade indiscriminada e os efeitos físicos - especialmente as materializações e POSSESSÕES em transe.

Pudessem os Espíritas compreender a diferença entre INDIVIDUALIDADE e PERSONALIDADE, entre a imortalidade INDIVIDUAL e a PESSOAL, e algumas outras verdades, se convenceriam com mais facilidade de que os ocultistas possam estar plenamente seguros da imortalidade da MÔNADA e, no entanto, negar a da alma - o veículo do EGO PESSOAL; de que podem crer firmemente e praticar comunicações e relações espirituais com os egos DESENCARNADOS do RUPA LOKA, e, entretanto, rir da idéia insensata de se apertar a mão de um "Espírito", de que, finalmente, como se apresenta o assunto, são os Ocultistas e Teósofos os verdadeiros Espiritualistas, enquanto a moderna seita que leva este nome se compõe de fenomenalistas MATERIALISTAS.

E uma vez que estamos discutindo a "individualidade" e "personalidade", é curioso que H. P. B. enquanto torturava o cérebro do pobre Senhor Hume com suas embrulhadas explicações, não se desse conta, até receber dele mesmo a explicação da diferença entre individualidade e personalidade, de que era a mesma doutrina que fora ensinada a ela: a de PACCEKAYANA e a de AMATA-YANA. Os dois termos que como se disse antes, foram citados por Hume, são a tradução correta e literal do Pali, Sânscrito, e mesmo dos nomes técnicos chino-tibetanos para as diversas ENTIDADES PESSOAIS fundidas numa só INDIVIDUALIDADE - a longa fileira de vidas emanando da mesma e Imortal MÔNADA. Tendes de recordar:

1) O PACCEKA-YANA (em sânscrito "Pratyela") significa literalmente o "veículo pessoal", ou EGO pessoal, uma combinação dos cinco princípios inferiores, enquanto que:

2) o AMATA-YANA (em sânscrito "Amrita") se traduz por "o veículo imortal", ou a INDIVIDUALIDADE, a Alma Espiritual, ou a MÔNADA Imortal - uma combinação do Quinto, Sexto e Sétimo.

P. Parece-me que uma das nossas maiores dificuldades ao tratar de compreender o progresso das coisas, está em nossa ignorância de como são as divisões dos sete princípios. Cada um deles possui, por sua vez, segundo nos foi dito, seus sete elementos: poderia nos dizer algo mais da constituição setenária, em especial dos Princípios Quarto e Quinto? É evidente que na divisibilidade deles é onde reside o segredo do futuro, assim como de muitos fenômenos psíquicos durante a vida.

R. Perfeitamente correto. Mas permito-me duvidar de que a dificuldade desapareceria com as explicações desejadas, e de que seríeis capaz de "penetrar no segredo dos fenômenos psíquicos". Poderíeis, meu bom amigo, a quem eu tive uma ou duas vezes o prazer de ouvir tocar no vosso piano entre o vestir-se com etiqueta e a ceia com vinho e carne - dizei-me, poderíeis executar com tanta facilidade com que tocas uma das suas ligeiras VALSAS, uma das grandes sonatas de Beethoven? Rogo-vos, tende paciência! Entretanto não me negarei, de nenhum modo. Numa folha solta anexa à presente, achareis os princípios Quarto e Quinto, divididos em raízes e ramos, se é que disponho de tempo para fazê-lo. E agora, por quanto tempo vos absteríeis de pontos de interrogação?

Fielmente,

K. H.

P. S. Espero ter removidas todas as causas de queixas - não obstante à minha demora em responder as suas perguntas - e que a minha reputação se reestabeleça. Vós e o senhor Hume receberam, até agora, mais informação sobre a Filosofia Esotérica Arcaica do que jamais fora dado aos não iniciados, que eu saiba. Sua sagacidade, meu bondoso amigo, sugeriu muito tempo atrás, de que isso não é devido tanto às vossas combinadas virtudes pessoais - ainda que o senhor Hume, devo confessar, conseguiu muitas informações desde a sua conversão ou às minhas preferências pessoais para qualquer um dos dois, senão por outras razões muito evidentes. Entre todos os nossos semi-chelas, vós dois pareceis os mais adequados para utilizar, para o bem comum, os dados que receberam. Deveis considerá-los como recebidos em confiança para o benefício de toda a Sociedade; para serem analisados, utilizados e reutilizados em muitas maneiras e de todo modo adequado. Se vós (Sr. Sinnett) quiserdes dar um prazer ao vosso amigo trans-himalaico, não permita que passe em mês sem ter escrito um Fragmento, grande ou curto, para a revista, e então publicá-lo, sob a forma de um folheto, como o chamais. Podeis assiná-los como "Um Chela Laico de K. H." ou de qualquer modo que escolherdes. Não me atrevo a pedir o mesmo favor ao Sr. Hume, que já fez mais do que lhe correspondia em outro sentido.

Não responderei as suas perguntas acerca de sua conexão com o PIONEER por hora; algo poderia dizer sobre ambas as partes. Mas, pelo menos, não tomai uma decisão precipitada. Estamos no fim do ciclo e estais relacionado com a S. T.

Caso o meu Karma o permita, espero responder amanhã a extensa e bondosa carta pessoal do Senhor Hume. A abundância de manuscritos meus ultimamente, demonstra que achei um pouco de lazer o seu aspecto manchado, corrigido e remendado, comprova também que o meu lazer veio aos pedaços, com constantes interrupções, e que minha escrita foi feita em estranhos lugares aqui e ali, com os materiais que eu podia obter. Mas, quanto à REGRA que nos proíbe de usar o mínimo de poderes até que todos os meios comuns tenham sido experimentados e falhados, eu poderia, naturalmente, ter produzido uma belíssima "precipitação" quanto à quirografia e composição. Eu me consolo pela miserável aparência de minhas cartas com o pensamento de que talvez, não deixareis de apreciá-las por eu estar sujeito, pessoalmente, a estes contratempos que vós, ingleses, reduzem com tanto engenho ao mínimo, com os diversos recursos de que dispõem. Como a vossa senhora bondosamente observou uma vez, eles desvanecem de modo efetivo, o sabor de milagre e nos convertem em seres humanos, em entidades mais imagináveis - uma inteligente reflexão que lhe agradeço.

H. P. B. está desesperada: o Chohan recusou a M. a permissão de deixá-lo vir este ano, e no máximo até a Rocha Negra, e M. muito serenamente fez com que ela desempacotasse suas malas. Tentai consolá-la, caso possais. Por outro lado, ela se faz mais necessária realmente em Bombaim do que em Penlor. Olcott está a caminho até Lanka e Damodar foi despachado por um mês a Poona; suas pueris austeridades e o trabalho intenso abalaram a sua constituição física. Terei que cuidar dele e talvez tirá-lo dali, se as coisas piorarem.

Agora posso dar-lhe alguma informação acerca da questão tantas vezes discutida de permitirmos fenômenos. As operações egípcias de seus benditos compatriotas envolvem tantas conseqüências locais para o corpo de ocultistas que ainda lá permanecem e para eles estão guardando, que dois dos nossos adeptos já estão lá e a eles tendo se juntado alguns irmãos drusos, e três mais estão a caminho. Tive o agradável privilégio de ser testemunho ocular da carnificina humana, mas declinei, com os meus agradecimentos. Para emergências tão grandes como essas é que está armazenada a nossa Força e, portanto - não devemos desperdiçá-la num "tamasha" da moda.

Dentro de uma semana - novas cerimônias religiosas, novas reluzentes bolhas para divertir os bebês, e uma vez mais estarei atarefado noite e dia, de manhã, à tarde e à noite. Em certas ocasiões sinto um momentâneo pesar de que os Chohans não tenham desenvolvido a feliz idéia de nos proporcionar também uma "suntuosa licença" na forma de um pouco de tempo livre. Oh, o Repouso Final! Esse Nirvana onde se é "Uno com a Vida - e, no entanto não se vive". Ah! Ah! - tendo comprovado pessoalmente que:

"...A Alma das coisas é doce,

o coração do Ser é Repouso celestial."

aspiramos - o eterno REPOUSO!

Seu

K.H.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Caminhos da Terra - 1ª parte

Meditei bastante antes de entrar neste tema, pois é amplo e complexo. Complexo pelo fato de vir de outra linha de civilização, de um caminho que seguiu paralelo a este que chamamos de história da civilização ocidental. Estou terminando um livro onde partilho muito sobre isso na forma de ficção, conto a história de um dragão que fugindo de seu mundo entra no nosso e se disfarça em saci para escapar de seres que o estão caçando em busca de seu poder.

Como saci é caçado por dois adolescentes e começa uma interação de aprendizado entre eles. Creio que para ser claro devo contar um pouco como tais conhecimentos me foram dados. Portanto, esse primeiro mail é mais uma introdução de como esses temas chegaram até meu conhecimento. Quando fui a eles exposto foi muito chocante, pois batia de frente com conceitos que eu, era espírita na época, tinha como verdades absolutas.

Mas a experiência de vida e as pesquisas que realizei em outros caminhos, como o Taoismo e certos ramos do Budhismo acabaram por embasar o que aprendi no Xamanismo.

Encontrei informações que apoiavam estas visões que me foram dadas em vários livros, como os livros do Doutor Carlos Castaneda e suas companheiras, a obra toda precisa ser lida para compreendê-la senão a visão da totalidade do pensamento fica prejudicada.

Nos livros de Alexandra David Néel encontrei também similitudes, especialmente seu excelente livro “O Budhismo de Buddha” que embora exista tradução para o português recomendo a leitura em espanhol, ou o original em francês, a tradução para o português tem falhas que comprometem a obra. Depois conheci o trabalho de Gurdjieff através de uma senhora de 85 anos e seu irmão de 86.

Ambos conheceram G. pessoalmente em 1938, e continuaram a estudar depois da morte deste com alunos que foram bem íntimos do mesmo, tendo acesso a muito do trabalho reservado desse iniciado sufi. Quando partilhei com eles o que aprendia eles me colocaram que era muito similar aos ensinamentos reservados que estudavam e passei a fazer parte de um grupo que ainda hoje se reúne as vezes. Rena já partiu, aos 92 anos, Irma continua forte e firme com seus 94 anos, lúcida e questionadora. Se tenho um objetivo focado na vida é chegar a idade dela com a mesma energia e vivacidade, física e intelectual.

Finalmente travei conhecimento com um grupo de origem francesa que tinha ligações com a famosa Ordem dos Templários, eles reforçaram meu interesse pelo misticismo de certos povos árabes e foram os que me iniciaram na ligação da Ordem Templária com os antigos celtas. Este grupo nada tem a ver com os que pretendem hoje ter a herança da linhagem Templária. Só os cito para deixar claro pontos que vão surgir no decorrer da minha exposição, são fechados e avessos a qualquer tipo de publicidade. Consideram prender-se ao passado tentar reviver a ordem com maneirismos medievais de capa e espada.Como bem colocaram: o conhecimento é vivo e deve se adaptar ao tempo e ao lugar, pois cada época tem sua egrégora própria. Em todos esses caminhos e em ramos da Magia fui corroborando o que aprendi com o grupo que me iniciou.

Acho importante colocar isso para situar o contexto de onde veio esse conhecimento.

O grupo com o qual estudei vive dividido em três ramos. Um deles no interior de Minas e em Sampa, outro em alguns pontos dos Andes e outro na Amazônia.

Tem uma única ocupação: perpetuar-se enquanto grupo. 

Não pretendem ter discípulos, não pretendem fundar escolas ou sociedades, não fazem proselitismo e encontrando um deles na rua a gente nunca saberia que se interessam por tais temas.

Cada um cuida de um aspecto da arte e me "adotaram" porque acreditam que neste ciclo que estamos entrando a evolução de nossa Ciência e Filosofia permite que as constatações deles venham à tona para os que se interessarem. E segundo a Tradição deles a cada ciclo surge um "contador de histórias" que deve ser treinado por eles e depois "solto no mundo" para espalhar o que aprendeu entre outras "tribos".

Por uma série de eventos eu apareci quando eles tavam esperando alguém e me deram essa incumbência. Tenho me dedicado a um estudo profundo de Física, Química, Matemática, Semiótica e outros "n" campos da nossa ciência para poder fazer essa ponte, colocar na nossa linguagem o que eles me ensinaram.

É importante salientar que não são informações que pretendam ser "verdades finais". São apenas conclusões de homens e mulheres que através de gerações sem fim "miraram" eternidade e foram descobrindo coisas e mais coisas e ordenando tudo num corpo de conhecimento que nunca é estático, mas sempre revisto e reexplicado a cada nova geração. Feita esta localização vamos aos pontos propostos.

Para os xamãs, vamos chamá-los assim, o ser humano é parte da existência. Com isto querem dizer que não somos "as criaturas de Deus-pai criadas para dominar o mundo".

Os Xamãs veem a existência como um fenômeno complexo e contínuo. Cada aspecto da existência tem seu motivo e o mistério de uma formiga é tão grande quanto de um ser humano. Assim como cada célula em nosso organismo é ao mesmo tempo uma entidade em si, com seu metabolismo e particularidades, mas responde em conjunto por um tecido que leva a um órgão que juntos formam o organismo, cada aspecto da vida orgânica sobre a Terra, tem sua singularidade e também responde num papel cósmico.


A Terra é um ser vivo, feminino.


A Terra como ser vivo recebe e metaboliza energias vindas de toda a Eternidade. A Terra também é uma célula do tecido do sistema solar, um órgão na galáxia. Sim, Maias, Toltecas, Aimarás e outros povos sabiam da organização em planetas e galáxias.

Nunca precisaram de naves para isso, aprenderam a se deslocar num veículo muito mais eficiente que não tem os limites físicos das naves: O corpo de energia, tema complexo que voltarei depois. Assim a vida orgânica sobre a Terra, seres humanos inclusive, tem uma função na organização cósmica: captar vibrações, metabolizá-la e enviá-la a Terra.

Para os Xamãs a evolução natural do ser humano vai só até aí.

Até o ponto em que nos tornamos hábeis a representar nosso papel no organismo cósmico, como uma célula no organismo que amadurece até o ponto de sua função orgânica.

Isto é combatido a ferro e fogo pelo egocentrismo humano, tanto quanto os heliocentristas foram combatidos por tirarem a terra do centro do universo, tais abordagens da realidade tiram o ser humano do cômodo centro da existência e o colocam como uma parte, nem mais nem menos importante do que o resto da existência.

Por isso os Xamãs insistem que a humildade, tão apregoada pelas orgulhosas religiões, não é uma necessidade moral, mas uma postura existencial mínima para suportarmos compreender nosso real papel nos esquemas das coisas. Por essa razão os xamãs se sentem muitas vezes mais a vontade com os físicos e cientistas modernos que com os chamados místicos. O antropocentrismo de muitos desses últimos é estranho.

Fomos trazidos pela natureza até o ponto no qual podemos desempenhar nosso papel no organismo cósmico.

Por isso todo trabalho de ir além, de "evoluir", é TRABALHO mesmo, e para eles iniciar quer dizer quebrar as prisões energéticas que nos limitam ao papel que o esquema cósmico primeiro nos deu e renascer para poder ir mais longe. Captamos energias astrais (isto é, dos astros) que estão numa frequência que não seriam captadas diretamente pelo ser Terra. Nós as metabolizamos e então esta energia entra no campo de consciência do ser Terra. Como as enzimas em nosso organismo que quebram as macromoléculas, que não seriam absorvíveis pelo organismo, até os seus componentes básicos, estes sim passíveis de tal absorção, cada ser humano é uma enzima complexa dentro do organismo Terra, daí que os Xamãs consideram uma aberração o ato de converter.

Cada um deve ser desperto para realizar sua mais profunda essência, converter, mudar outra pessoa, isto é tão absurdo para um Xamã como se as células do coração tentassem convencer as do fígado a serem iguais a elas. No final teríamos dois corações no corpo, que morreriam logo, pois não existiria um fígado a trabalhar o sangue. Cada um de nós capta e transmuta certa gama de energia. Esta seria a origem primeva dos ritos. Em processos mágicos específicos energias captadas de várias fontes eram moduladas e então enviadas ao Ser Terra que recebia tais "oferendas".

Na sociedade massificada, onde os seres são condicionados a servirem de extensão biológica de máquinas e sistemas isto está muito perdido. Para os Xamãs com os quais estudei existiram outras civilizações antes dessa. Esta presente civilização que se desenvolve a partir da última glaciação é um momento a mais numa longa série de civilizações que surgiram, caminharam até um apogeu e então se dividiram em dois segmentos. Um segmento que dá a volta e em espiral passa para um nível mais avançado e outro segmento que não resiste às forças entrópicas que existem nos organismos, quer biológicos quer sociais e decaem de várias formas.

Os Xamãs (e eu também) estão convencidos que civilizações inteiras passaram viver em mundos paralelos e muito do que atribuímos a OVNIs e a visitantes de outras constelações vem destas dimensões paralelas, onde ramos humanos desenvolveram complexas civilizações, ainda evoluindo, ainda cumprindo seu papel.

Como um átomo tem vários orbitais, (s,p,d...) o ser Terra também tem seus níveis orbitais e como no átomo quanto mais energia um elétron tiver em um orbital mais alto ele estará, o mesmo vale para esses antigos povos, eles continuam suas linhas de vida em orbitais mais amplos.

Importante: Outras dimensões não quer dizer planos espirituais ou planos mais evoluídos. Para os xamãs a realidade é como uma grande cebola, cheia de camadas, cada camada uma realidade¹.

Segundo os Xamãs alguns destes mundos nos ignoram tanto quanto nós o ignoramos, outros mantém contato e outros ainda tem influência sobre nosso mundo, nem sempre benéfica...

Quando os indo-arianos começam a se espalhar pelo mundo, vão impondo um novo modelo de mundo. Já perceberam como houve uma guerra entre dois modelos de civilização. Um harmônico com o meio, outro conquistador. Isto fica mais claro com Roma e depois com os europeus. Este ramo da raça humana se torna uma praga e vem a minha memória uma frase do filme Matrix, quando um agente conversando com Morpheus coloca que a espécie humana deixou o ramo mamífero, que tem a característica de entrar em harmonia com o meio onde vive, coisa que os povos nativos faziam e se aliou ao modo de ser dos vírus - LINK para o diálogo do filme citado.

A civilização branca, cristã e euro-burguesa se torna um vírus na terra. Um fato para quem observa. América, África, Ásia, na própria Europa, todas as culturas nativas que tinham na harmonia com a natureza sua base, são cruelmente atacadas e um novo sistema dominador e eco-agressivo é imposto. Quando os invasores chegam a este continente encontram nações das mais diversas características.

Impérios como os Astecas e Incas, mas mesmo os mais imperialistas não têm a covardia, a violência e a vileza dos mercenários de corpos como Cortez ou de almas, como os padres. Muitos povos fogem do ataque impiedoso, tentando salvar suas culturas. Alguns descobrem que precisam sumir da história para poder continuar a linhagem de conhecimento que representam. É importante salientar que o Império Asteca, por exemplo, era composto de pessoas que haviam atacado povos anteriores, como os Toltecas. Os Astecas tentaram roubar o saber de seus antepassados e conquistados, mas imitaram a forma sem entender a essência. Quando, por exemplo, uma jovem iniciada, virgem, era jogada num poço sagrado, seu corpo nunca atingia o fundo. Durante a queda ela saia dessa dimensão e entrava em outra. Era essa sua iniciação. Mas os invasores copiaram o que viam e começaram uma era de sacrifícios sangrentos. E quando os espanhóis chegam continuam uma onda que já estava isolando o saber antigo das novas gerações. Mas de boca para ouvido, de iniciado (a) para iniciando (a) a transmissão do saber continuou, o desenvolvimento da chamada "ciência das idades" prosseguiu e é sob o prisma dessas linhagens que vou, num próximo mail abordar temas como reencarnação e outros.

Nuvem que passa

29/12/1999 - Templo da Deusa

¹ Documentário do History Channel sobre universos paralelos baseada em teorias da Física Moderna envolvendo teoria das cordas, teoria M, dimensões e princípio da incerteza.



Linhagem Xamânica, por Nuvem que Passa.

Pelo que aprendi, há milhares de anos atrás florescia no mundo outro tipo de civilização, com outros tipos de valores, com outra forma de abordar a realidade e com outra forma de existir mesmo. É importante entender que era outra Era, outro mundo e não cair na armadilha de imaginar este mesmo conceito de civilização que hoje temos apenas adaptado com roupas para o passado, como fazem os filmes.

Tem muita gente que pensa no passado através de imagens cinematográficas quando o passado na realidade possui uma "textura" diferente.

Tempos diferentes possuem estruturas energéticas completamente diferentes. Na antiga Bagdá tapetes voavam, gênios serviam a seus amos, assim como na antiga Yucatã reis e rainhas feiticeiros viravam jaguares, voavam nas noites e entregavam pessoas aos fossos mágicos, no fundo dos quais os sacrificados nunca chegavam, mudando de dimensão e indo para outros mundos. Conta-se que, imitando a forma, sem entender o conteúdo, muitos dos sacrifícios de sangue nasceram e atraíram então outros tipos de seres que se imiscuindo entre os herdeiros e usurpadores do antigo saber criaram uma imitação precária daquele antigo tempo de glórias e poder.

Segundo as tradições essa antiga cultura tinha contato com outras dimensões da realidade e com outros mundos. Pelo que sabemos povos de estrelas distantes podiam ir e vir pelos canais que ligam os mundos, canais que hoje estão ainda obstruídos em parte. Nesta época floresceram civilizações com grande arrojo. Imaginem a que nível de conhecimento e poder chegavam povos que tinham nos seus líderes, sábios e magistas poderosos que educavam e treinavam as crianças e jovens para serem também ricos em sabedoria e poder.

A ação acumulada deste tipo de atitude por gerações gerou civilizações que nem tem como a elas nos referirmos ou descrevermos, a não ser como mito e lenda. O mundo era diferente então, a Terra estava em outra era e as energias cósmicas que aqui chegavam eram de outra natureza. Algo aconteceu, esse algo é obscuro ou aconteceu num nível que na tacanha capacidade de abrangência dessa civilização não pode ser descrito. Então contam que eles e elas partiram, se foram. Os que ficaram reuniram o saber deixado e criaram uma tradição. Uma tradição viva de homens e mulheres estudando a existência e seus mistérios.

Irmandades como a do Escudo, do Jaguar e tantas outras ficaram encarregadas de zelar pelo uso do saber herdado. Cada grupo ou tradição seguiu um caminho. O contato entre os povos foi diminuindo, algo estava acontecendo. Cada povo desenvolveu sua "leitura" do conhecimento antes partilhado por todo o globo. Como em todos os povos existiam os praticantes profundos da ARTE e os que apenas imitavam, os que herdaram o saber pleno e os que praticavam um tipo "exotérico", mistura de superstições e alguma prática. E desenvolveram poderes, desenvolveram habilidades, aprenderam a sondar o mundo a sua volta, aprenderam a sondar as outras realidades, entraram em contato e pactuaram com os mais diversos seres dos diversos mundos que visitavam, ou com seres que nos visitavam vindos de mundos desconhecidos. Novos momentos surgiram, a civilização renascia para outra fase.

Mas algo estava acontecendo. O mundo estava mudando. Era outra Era, uma Era isolada dos fluxos da Vida. As profecias haviam alertado dessa Era, por isso os (as) que sabiam eram agora mais cuidadosos em não se expor. Havia uma classe de conquistadores que tinha interesse em apagar as lembranças do passado, apagar a lembrança antiga para construir uma nova história, que fortalecesse seu próprio poder. Os cultos não eram apenas para sintonizar os seres com a Terra, ser vivo com a Eternidade e os Astros, eram agora também instrumentos de uma classe sacerdotal que queria o poder e estava se mancomunando com castas guerreiras para garantir a extensão desse poder. E eles começaram a crescer. Em muitos lugares do mundo os Impérios começavam a se formar e agora se caçava outros humanos para escravizá-los e pô-los a trabalhar para que alguns poucos pudessem se dedicar a outros afazeres. Pouco tem se falado como a escravidão nos povos nativos veio sempre com os Impérios dos reis e rainhas feiticeiros, que escravizavam seus pares para que tivessem pessoas trabalhando nos campos ou em outros lugares, a fim de sustentar os que se dedicavam apenas a magia. O contato de povos com certos seres criou essa necessidade terrível de ter escravos, de humano dominar humano. E a ARTE foi usada para vários fins. Fins dos mais diversos.

O poder desses homens e mulheres feiticeiros foi crescendo, se tornando enorme. Dominavam vastas regiões, obrigavam povos a serem seus vassalos. Outros encontraram no poder e no saber meios de ajudarem seus povos a viverem em total saúde e prosperidade. Povos inteiros começaram a deixar essa realidade guiados por estes xamãs antigos e, ainda hoje, vagam em outros mundos.

Então vieram os primeiros atacantes. Os que deixaram de viver como mamíferos, se integrando ao meio e passaram a viver como vírus, explorando ao máximo o meio, destruindo as reservas e depois indo destruir outras áreas. Os impérios conquistadores, fazedores de escravos. Destruíram o que puderam dos antigos. E os antigos perplexos descobriram que sua aparente invulnerabilidade funcionava apenas com os de seu clã, aqueles outros nativos pareciam imunes ao poder da maioria dos feiticeiros e feiticeiras. Imaginem como se sentiram os poderosos feiticeiros e feiticeiras quando viram que seu poder não funcionava com os invasores, quando seus jaguares mágicos, quando seus entes aliados nada conseguiam para salvá-los dos atacantes...E foram mortos, escravizados, suas civilizações caíram e os Impérios tomaram seu lugar. Mas alguns sobreviveram.

Alguns homens e mulheres que conseguiram se salvar usando seus poderes. E quando se reagruparam, quando se reencontraram como fugitivos se questionaram:

"Por que o poder nos auxiliou e aos outros não?"

Dessa questão nasce um novo ramo do Xamanismo, pois muitos dos sobreviventes descobriram-se dos ramos guerreiros. Perceberam que parte do segredo de sua sobrevivência estava no fato de por mais fundo que houvessem mergulhado no transcendente, nos mundos outros que não esse, nunca deixaram de trabalhar também este mundo, este corpo, a força de vontade e a disciplina consigo mesmo necessárias a um guerreiro (cuidado para não confundir o termo guerreiro como os mercenários de hoje em dia). Pouco a pouco reestruturaram seu saber frente à evidência que em sua forma original não serviu para salvar os seus possuidores. E quando os herdeiros desses homens e mulheres, e alguns deles mesmos, segundo as lendas, estavam criando uma nova linha de saber e trabalho com esse saber chegaram os facínoras, muito piores que qualquer invasor nativo: os civilizados.

A praga civilizada já havia destruído a maior parte dos herdeiros da antiga era em seu próprio continente. Celtas, Gauleses e tantos outros povos nativos já haviam sido dizimados, os Mouros, com sua cultura e arte sofisticadas já estavam sendo expulsos da Península Ibérica pelos supersticiosos, violentos, sujos e traiçoeiros cristãos. A Europa cedia, finalmente, após a longa destruição, por séculos, de todos os elos diretos com a TRADIÇÃO da antiga Era. Após destruir o ramo cátaro, albiginense, templário e celta, entre outros, os cristãos romanos (pesquisar sobre a teoria flaviana) dominavam a Europa e lançavam suas forças agora ao até então protegido mundo nativo.

Agora estes mesmos destruidores vinham para o mundo perdido, onde os povos nativos ainda viviam em paz e harmonia com a VIDA. E os herdeiros de certas linhagens observavam. Já estão ocultos nos Impérios nascentes, que imitam a forma dos antigos xamãs sem entender o conteúdo, que deturparam em sacrifícios cada vez mais sangrentos o uso de um sangue antes cerimonial e voltado para outros fins. Esses homens e mulheres que trazem em seus corpos e seres a herança viva da era anterior assistem a chegada dos mórbidos conquistadores. Morrem muitos, de forma atroz. Mas sob tal teste, sob tal pressão são forjadas linhagens de homens e mulheres xamãs que não tem a mínima ilusão quanto ao fato da natureza predadora da realidade, quanto aos riscos que todos corremos e quanto à necessidade de um treinamento completo e pleno para que as armadilhas dos outros mundos não prendam o viajante desavisado que ousa lançar-se a Eternidade.

Alguns povos sobrevivem, fogem, algumas tribos ainda hoje estão lutando bravamente para sobreviverem, para terem seu espaço existencial. O Xamanismo é a forma dos povos nativos se contatarem com a Eternidade que nos cerca. É um caminho e como todo caminho só pode ser compreendido por quem o trilha. Como todo caminho não pode ser definido, só experimentado. E é totalmente diferente estudar um caminho e trilhar um caminho. Há pelo menos dois tipos de Xamanismo. O que vem dos que imitaram a forma sem entender o conteúdo e se prendem mais no rito que no mito e os que compreendem que o rito reatualiza o mito, que cada um de nós ritualizamos o Xamanismo em nossas vidas, reatualizando o mito.

Existem muitas trilhas na mata. Existem muitas formas de trilhar o Xamanismo. Mas como ponto comum podemos considerar a ligação com a VIDA, com a Natureza e conosco mesmo. A liberdade íntima, plena e a capacidade de ir além dos conceitos limitantes desta era de sombras. O Xamanismo está dentro dos "modismos" desse momento e após roubarem as terras e as vidas dos povos indígenas a medíocre civilização dominante quer agora roubar a tradição dos povos nativos, reduzindo a beleza e complexidade do Xamanismo a este esoterismo fast-food que grassa por aí. Cursos de final de semana prometem lhe colocar em contato com seu animal de poder, vivências de um dia promete lhe levar ao mundo dos xamãs, iniciações pagas e bem pagas prometem fazer de qualquer um "xamã".

Sob a árvore do início do mundo nossos antepassados espirituais bebem chocolate e riem, pois podem ter destruído seus códices, podem ter derrubado monumentos e ocultado peças que revelariam outra história, bem diferente da oficial, podem ter dizimado grande parte do povo natural, mas a mesma profecia que descreveu com detalhes essa era de trevas também previu que outra era viria, quando uma tribo formada por pessoas de várias cores se uniria para o grande combate entre consciência e inconsciência, quando a Tribo do Arco-Íris surgiria com seu trabalho em prol da vida. E aqui estamos nós, cumprindo a antiga profecia com a força de nossas vidas.

"Nuvem que passa"
Júlio César Guerrero - Membro da Tribo do Arco Íris

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Bruxaria, Magia e Xamanismo - parte 4 - por Nuvem que Passa

Percepção versus Descrição

Quando olhamos para o mundo a nossa volta notamos que ele tem um contexto, uma historicidade. Refiro-me ao mundo social, ao mundo tal qual vemos em nossas relações cotidianas. As pessoas em nossas vidas teceram eventos, conosco e em suas próprias esferas, que criam uma historicidade, um conjunto de fatores que nos ajuda a ‘localizar’ pessoas e eventos na nossa percepção. É uma grande magia isso que fazemos, tecer eventos na vasta e emaranhada teia da existência e dar uma solução de continuidade a isto, criando o que chamamos de ‘realidade sensível’.

É muito importante libertarmos nossa memória das falsas histórias e falseados mitos que nos impuseram. Tal liberdade não é atingida apenas pelo intelectual. 

Temos que usar MAGIA para podermos ir além. Precisamos de ritos que reatualizem o mito que perdemos, nosso mito original, que foi oculto de nós pelo falso brilho da personalidade que em nós criaram. Não somos apenas o que fizeram de nós.

Somos entidades perceptivas, percebemos.

Aquilo que é percebido nos foi ensinado.

A percepção em si não, mas a interpretação sim.

Peirce¹ nos oferece uma abordagem segundo a qual em um primeiro instante temos a percepção plena do evento, sem o ‘enformamento’ das palavras, do conceitual. Depois vamos conceituar, vamos significar. A secundidade, o momento no qual usamos os signos linguísticos para nos comunicarmos com nós mesmos, o diálogo interno que nos leva a compreender e sentir o mundo tal qual o fazemos, é também um limite.

Linguagem implica código, algo que compara o que é sentido-percebido, com o conjunto de memórias já existentes. Assim, os Caminhos profundos insistem que, na memória, no já vivido, não há o novo. 

O novo só pode ser criado na magia do instante presente.

Por isso a ‘iluminação’, o ‘despertar’, o Satori é sem palavras. Na percepção há só presença, já na interpretação, vamos usar palavras-conceitos para designar, aludir, apontar para o que desejamos expressar.

O diálogo interno de uma época possui matizes comuns, bandas de variação mensuráveis entre os membros de uma mesma nação. Mas, no mundo em que estamos, diferentes formas de ser em várias nações foram sistematicamente destruídas. Etnias nativas inteiras foram cruelmente dizimadas ou escravizadas. E ainda hoje, pastores e diversos pregadores das religiões que servem aos conquistadores continuam escravizando os povos nativos em corpo e alma.
Temos esse condicionamento como herança, por isso é tão importante a quem vai trilhar o Caminho da MAGIA, do XAMANISMO ou da BRUXARIA ter sua jornada pessoal de poder, onde encontra consigo mesmo, com suas fraquezas e forças e descobre-se um ente perceptivo livre de qualquer condicionamento, de qualquer rótulo que lhe queiram dar.

Em todos os caminhos temos que ter a coragem de morrer para o velho para renascermos de nós, por nós e para nossa meta. Quando um certo momento chega, se torna redundante continuar a usar termos como ‘magista’, ‘xamã’ ou ‘bruxo(a)’, pois vamos compreender o que está além das palavras, coisas que só com o brilho do olhar, o tom de voz, o vento presente e respiração sincrônica se pode transmitir de verdade. No mais, como fazemos aqui, é só aludir, só apontar para algo que nos toca vindo da ETERNIDADE. Algo que a civilização de escravos(as) foi levada a esquecer mas que nós lembramos. E buscamos agir com o que lembramos e aprendemos.

Assim, MAGIA, XAMANISMO e BRUXARIA são caminhos de liberdade que nos auxiliam a recuperarmos a nós mesmos, caminhos onde o PODER é acessível. Mas não somos ‘donos(as)’ desse poder! Somos apenas acessíveis a Ele. Esses caminhos foram perseguidos e são ainda hoje desmerecidos e injuriados. Por que o sistema que cria escravos teme tanto tais caminhos?

São caminhos onde a realidade é outra. Vasta como uma cebola de incontáveis camadas em que tudo a que nos referimos como realidade são apenas camadas. São caminhos que redespertam em nós nosso poder interior e o brilho de nossos olhos quando estamos de fato vivos e não sobrevivendo. Isso sempre incomodou aqueles que pactuam com a morte para ter poder sobre os vivos.

Dividir para governar tem sido a meta destes conquistadores. Povos nativos sendo destruídos porque realizaram alianças equivocadas, líderes inescrupulosos e manipuladores, sequiosos de poder momentâneo, levaram seus povos a minar a força dos vastos impérios como o Andino. A praga comportamental que se abateu sobre a humanidade em ação. Impérios! Gerando ódios que enfraquecem as nações quando estas mais precisam ser fortes. Assim o ocaso do Mundo Ancestral veio e a longa noite começou. Mas a noite segue seu curso e há algo de alvorada no ar

Hoje a espécie humana tem seu estilo de diálogo interno moldado pelo fenômeno da interação entre culturas diversas, via meios de comunicação para as massas ou ainda pela internet.

Portanto, avaliar a MAGIA, o XAMANISMO e a BRUXARIA a partir de nossa época é delicado. Ainda estamos recuperando a amplitude perceptiva necessária para realmente entender os profundos caminhos que se escondem atrás de tão incompreendidos rótulos. Estes caminhos carregam mensagens secretas que sobrevivem apesar de toda a perseguição. Elos com outros povos e mundos que, ao contrário do que a falsa história conta, não foram destruídos ou sumiram, mas apenas mudaram para outra camada da ‘cebola’. A partir da qual nos chegam sinais constantes.

Mas tais sinais são deturpados pelos conquistadores. Histórias despropositadas encobrem a real origem de tais sinais. Nossos ancestrais não foram destruídos, partiram e nos acenam de outras ilhas de realidade entre o vasto Mar da Consciência. Os carcereiros tentam nos iludir;: - Não é nada! É Vênus brilhando. É um balão meteorológico. Estais louco! Vamos te dar remédios para que voltes ao ‘normal’! Estas e outras formas são meios efetivos de impedir que percebamos a realidade mais ampla e os sinais que nos chegam. Nascemos neste mundo onde nossos ancestrais foram escravizados. Ambos, tanto o conquistador como os conquistados, são escravos do mesmo sistema que usa os conquistadores para estender seus domínios para onde ainda se é livre. E da fusão do conquistador com o conquistado surgimos nós, híbridos, aqui, cheios de potencial mas em grande parte ignorando tudo isso.

O positivismo e outras escolas, que se declaram únicos caminhos para a compreensão efetiva da realidade, são resultantes da ERA Industrial e de uma abordagem supersticiosa da realidade. As limitações da ciência positivista ainda não foram completamente superadas, nem tão pouco os paradigmas de religiões, ainda dominantes, que foram desenvolvidas em suas formas atuais pelas elites governantes dos conquistadores e que querem agora ter sua própria historicidade, vil, mascarada, pois, em realidade, sempre foram instrumentos da conquista.

Mas então cerraremos fileiras com os ateus, os agnósticos, os que em nada creem? Estaremos com os cínicos, que descrentes de tudo negam a própria felicidade para apenas com sarcasmo aplaudir a destruição do mundo deixando que a indolência lhes encha de intelectualizados argumentos para não agir? Somos meros acidentes cósmicos de algo sem nenhum sentido? O que é crer para nós?

Confiar cegamente em um pai/mãe psicológico que sane nossas carências e oculta de nós o fato de nossa solitude frente a incomensurável eternidade que envolve a nós, efêmeras criaturas?

Os(as) Xamãs, Bruxos(as) e Magistas de todas as eras que nos antecederam foram sempre homens e mulheres que souberam se ligar a outra linhagem de conhecimento, tão sistêmica como a ciência, ampla como a filosofia, mística e profundamente artística. Tinham uma abordagem da REALIDADE bem distinta, mas totalmente pragmática e efetiva, isto é, seu conhecimento se traduzia em ATOS de PODER e não apenas em elucubrações teóricas. Tal Arte-Ciência tinha no ser humano seu instrumento de prospecção e avaliação de outras realidades perceptivas.

Em tais caminhos é o ser humano que se amplia e se desenvolve para investigar outros mundos. Não com naves pretendemos ir a outros mundos. Não queremos minerar outros mundos, queremos aprender mais.

XAMÃS, BRUXOS(AS) e MAGISTAS vão a outros mundos pela força de seus conhecimentos. Conhecimento que faz parte da herança ancestral presente em um caminho pleno. Conhecimentos que em câmaras de torturas a Inquisição quis roubar-nos.

Foi com o que escorreu pelo vão dos dedos ao apertar com força a substância viva do conhecimento que protegia os capturados que se construiu esta civilização industrial, que explora e subjuga a Natureza, nossa Mãe de fato, não de crença. Esta civilização que aí está é fruto de um conjunto de atitudes tomadas por todas as pessoas que dela fazem parte.

Assim temos vários grupos lutando pelo poder de dizer às pessoas como devem sentir e pensar o mundo. Este estado de heteronomia existencial é estimulado e facilitado de formas as mais diversas, basta notar como o mundo está hoje.

Heterônomo, ausente de si mesmo, fora de eixo, suicida. Sim suicida, pois o que é uma civilização que armazena formas de se destruir? Este tipo de condicionamento gera bons servos ao sistema, mas os critérios cognitivos, os paradigmas da MAGIA, do XAMANISMO e da BRUXARIA são muito distantes desses hoje usados. E não são poucos aqueles que usam essas denominações como rótulos para tentar legitimizar caminhos cheios de caprichos que mais prendem do que libertam.

Existem pseudo-caminhos de magia, de xamanismo e de bruxaria, mas estamos falando aqui de MAGIA, de XAMANISMO e de BRUXARIA e, em tais caminhos, a conquista da autonomia existencial é necessária, é fundamental, pois quem viaja por muitos mundos deve estar sempre pronto a lidar com as mais inesperadas situações. É a habilidade de reagir com tranquilidade e foco em qualquer situação que permite ao(a) magista, ao(a) xamã e ao(a) bruxo(a) serem realmente a expressão do caminho que trilham. Somos unos com o caminho apenas quando o expressamos pela força de nossos atos. A força de nossos atos é medida pela veracidade de nossas vidas, pelo estado de nosso corpo, pela força de nossa mente, pela habilidade de harmonizar as emoções até que surja em nós o sentimento pleno.

A BRUXARIA, a MAGIA e o XAMANISMO são caminhos de essência. Toda vez que alguém trilha por ego, pelos valores mesquinhos e ausentes de significação efetiva da personalidade, cria confusões para si e para outros. Temos um mundo confuso à nossa volta, pois foi gerado a partir da luta entre personalidades em busca do poder, uns sobre os outros, sobre todos. Grupos querendo subjugar grupos, dominar em vez de interagir criativamente.

Nesta guerra de dominação, grupos foram muito além de seus próprios limites naturais e se impuseram como império global e, pouco a pouco, estamos assistindo as nações nativas, fonte de energia sonhadora para o mundo, serem destruídas. O mundo é sustentado pelo sonho dos povos, se padronizarmos demais os sonhos do mundo, ele se desintegrará por excesso de emanações da mesma banda.

De certa forma parece que esta civilização se matará de tédio. Não podemos mais deixar que as civilizações imperialistas dominem nosso sonhar, dominem nossas visões.

Somos herdeiros dos povos nativos, é hora de recuperarmos as antigas visões, é hora de vivermos dentro de nosso modo de vida. Garanto-lhes que é possível. Basta coragem, e foco e o caminho se revelará. Este é o desafio.

Qual é sua VISÃO?

Vive de acordo com seu Coração?

Sua mente é sua auxiliar em investigar o mundo ou uma tirana que lhe impõe uma visão pronta da realidade?

A qualidade das respostas a estas perguntas revela muito sobre tuas chances de compreender de fato o que abordamos aqui. Pois se a MAGIA, o XAMANISMO e a BRUXARIA tem algo a ensinar é para seres inteiros ou que buscam de fato se tornarem plenos.

Existem dois níveis de MAGIA, de XAMANISMO e de BRUXARIA. Em um nível são caminhos para nos reintegrarmos a realidade mais ampla da existência, para nos recuperarmos desse estado robótico sonambúlico em que fomos colocados. Um caminho de reencontro, um religare. Depois que ‘acordamos’, que morremos e nascemos de novo a vida continua. Há todo um novo desafio agora. Lidar com o mundo sem pertencer ao mesmo. Deixar de ser escravo e ao mesmo tempo evitar ser tolo a ponto de se tornar um alvo dos neo-inquisidores, que, muito mais sutis e aparelhados, continuam em ação. É aí então que surge o segundo nível da MAGIA, BRUXARIA e XAMANISMO. Aquele que ensina conhecimentos mais sutis e profundos. A maior parte do material que existe publicado fala da primeira fase do trabalho, do contato com estes caminhos.



Notas

¹ Charles Sanders Peirce (10 de setembro de 1839 – 19 de abril de 1914) foi um cientista, matemático, lógico e filósofo estadunidense, às vezes conhecido como “o pai do pragmatismo”. De acordo com o filósofo Paul Weiss, Peirce foi “o mais original e versátil dos filósofos americanos e o maior lógico dos Estados Unidos”. Bertrand Russell escreveu que “ele foi uma das mentes mais originais do final do século XIX e certamente o maior pensador americano de todos os tempos”. Seus trabalhos apresentam importantes contribuições à lógica, matemática, filosofia e, principalmente à semiótica.


 

Arcano 19: uma oportunidade para a totalidade.



O portal solar está aberto.

Os navegantes acessam a sua origem e brilham em consciência, as sementes estelares brotam e despertam para um novo mundo enquanto o velho em estertor de morte ainda tenta sobreviver.

A luz é intensa demais, faz ver ou cega, ilumina ou queima, revela, desvela, abala as estruturas.

O próprio sol físico em atividade intensa, cheio de explosões, 'flares' e ejeções de massa coronal neste ciclo solar 25, expressa o que ocorre em níveis mais altos, não só mudanças climáticas ou atmosféricas, mas também mudanças conscienciais e espirituais se impõe por forças muito além do humano, para nós é uma questão de alinhamento e sincronicidade.

A política reflete a geopolítica, a geopolítica espelha a exopolítica e o espírito, apesar dos pesares, paira sobre todos em sua vertiginosa descida e em nossa ascendente espiral pela ponte do arco-íris.

Imagem captada dia 07/11/2024 do calendário artificial gregoriano, neste dia onde pode-se sonhar um outro sonho, kin 123, Noite Rítmica Azul.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Consciência -Tempo - Morte -Vida, por Nuvem que Passa.


Assunto: Consciência -Tempo- Morte-Vida 

Data: Seg Mai 1, 2000 9:29 pm - Lista Ventania

Saudações!

O que motivou esse mail foi um texto enviado pelo Sombra, que lhe foi enviado pelo Lobo do Cerrado. O saber Tolteca, ao contrário do que o senso comum e opinião corrente crê, não foi transmitido ao mundo apenas pelo Nagual de 3 pontas. Outros naguais, de outros clãs também se juntaram a mesma força que ainda se manifesta de tempos em tempos, quando uma tradição que se julga extinta subitamente floresce e dá uma bela e inspiradora flor.

Como se agitam e se incomodam os que pensaram ter derrubado todas as árvores floridas de nossas terras e deixado apenas aquelas espécies que parasitam, cultivadas em regime de plantation (monoculturas).

O povo nativo dessas terras, isto é, aqueles que em alma e/ou corpo nasceram nestas terras sempre foi explorado em função de impérios externos. Esta forma de viver existe há tanto tempo… Esse sonho foi imposto ao mundo num lento processo que se torna evidente com Júlio César queimando uma parte da biblioteca de Alexandria e importando para Roma o estilo faraônico de governar e dominar pela religião.

Religião e exército, a força ideológica e das armas se unem sob a égide dos ideais de uma sociedade escravocrata, estamental e já em decadência. O resto é história. Depois de criarem um cristianismo para seus interesses, despindo a doutrina de tudo que pudesse levar a autoconsciência, perseguiram todos os grupos que mantinham interpretações mais ligadas "ao espírito".

Cátaros, albigenses, Templários, Cristãos Celtas, esses e muitos outros grupos que se recusaram à conversão, foram trucidados. Durou séculos esta histeria e magicamente, necromanticamente, impuseram um "trauma" a alma do mundo. A consciência coletiva do mundo foi "imprimida", "traumatizada" com os ritos necromantes dos inquisidores, que atuaram no "novo mundo" tanto quanto no velho.

Depois de destruir a cultura e a tradição ancestral se organizaram em feudos poderosos, alianças instáveis foram feitas e se lançaram à conquista de outros lugares, para manter o modelo de colônias produtoras de matéria-prima a baixo custo, possessões fornecedoras de escravos. A descoberta deste continente e sua invasão, genocídio de sua população nativa e saque de suas riquezas ainda continua, mas há os que querem comemorar os "500 anos", data da qual pateticamente quiseram fazer uma data "histórica" revelando a natureza das elites dominadoras, capatazes dos verdadeiros lordes feudais, que ainda estão sobre o muro que separa mundos, viventes de sobreviventes.

Vieram, destruíram os povos e os apagaram da história. Foi tal a sentença de morte traçada aos povos nativos que falamos dos índios como se não mais existissem. Vejam as abordagens tidas por histórias: "os índios foram..." quase sempre citados no passado e como algo já destruído, ocultando o fato que as populações nativas ainda tem muitos núcleos sobreviventes, agora, neste momento, lutando tenazmente pela vida e continuidade, contra multinacionais, garimpeiros, madeireiros e fazendeiros que querem apenas um pouco mais de dinheiro para seus luxos e sacrificam culturas inteiras. Vidas, preciosas vidas perdidas para sempre.

Dos gelados polos às florestas equatoriais esse continente já era habitado. Povos dos mais diversos aqui viviam. Civilizações de uma complexidade tal que a mais simples delas tornaria muito pálida a chamada ofuscante civilização helênica ou qualquer outra que seja usada ainda como base da cultura hora dominante. Na península de Yucatã, nos contrafortes andinos, nos desertos, nas planícies nas quais hoje está os EUA, no norte gelado, no extremo sul, em muitos lugares floresceram civilizações que apenas seus monumentos de pedras, seus inquietantes sinais grafados ao solo, só passíveis de serem lidos de grande altitude, são resquícios silenciosos da outrora exuberante e sofisticada cultura que aqui vivia.

Civilizações que eram herdeiras de outro tempo, do qual é muito difícil falar. Nossa percepção de mundo é fruto de uma "leitura" que fazemos da realidade. Usamos como referencial para esta leitura informações da memória. A memória compõe nosso repertório em cima do qual fazemos associações com as experiências que já temos para garantir nossa "compreensão". Falar destes outros tempos entra numa esfera de vivências que não existe na memória fornecida por essa civilização. Essa Era tem forte a imagem cinematográfica. E criam outras épocas com vestes e cenários, maquiagem e expressões, mas esquecem que a percepção do mundo em outras épocas era diferente. 

Os toltecas chamam isso de tonal dos tempos. O tonal coletivo de uma era. Nestes outros tempos uma civilização planetária havia existido, como essa, na qual eu, do interior de Minas, escrevo para vocês em pontos diferentes do planeta. Mas esta outra civilização planetária tinha conhecimentos que parecem mais arrojados, e a maior prova disso é a falta de vestígios dessa ancestral civilização.

Notem que há uma tendência de só conhecer um povo do passado, usando os métodos modernos, pelos vestígios que deixaram. Assim, um povo ecológico, harmônico com o meio, que desenvolveu uma tecnologia limpa e não poluente, que reintegrava tudo que gastava na natureza mantendo um equilíbrio ideal com o meio, não deixa vestígios. E os métodos oficiais de pesquisa não terão "provas palpáveis de sua existência. Mas existem outras qualidades de "vestígios". 

As lendas e tradições de todos povos deixam sobreviver os que nem rastro nem poeira na estrada da história deixaram. O caminho interior de cada povo nativo é uma certeza de vida e continuidade. Frente a efemeridade, a inconstância, a mutabilidade constante de tudo que foi criado, de tudo que "existe" os povos naturais criaram linhas de transmissão de seu saber. 

Saber para um povo natural é conseguir expressar em atos concretos o que diz conhecer.

Não tem sentido teoria separada da prática na abordagem da realidade dos povos naturais, onde cada dia é um desafio, onde não se compra comida e água em supermercado, mas depende-se completamente da habilidade e do poder pessoal para as mais básicas necessidades. Ir no mato aliviar os intestinos pode ser um risco de vida se você não sabe andar no mato ou não está em harmonia com ele. Povos dessa mentalidade criaram o que chamamos "caminhos naturais."

Naturais porque aprenderam com a própria Natureza. E a Natureza, a fonte de tudo, a sagrada Natureza que os(as) xamãs de todas as épocas têm por fonte de seu poder e de sua sustentação, era também um limite. Esse foi o primeiro paradoxo que encontraram. Sabiam que a Natureza só desenvolveu o ser humano até um certo ponto, até o ponto que lhe interessa. O ser humano é como uma enzima no organismo do ser Terra. Temos uma função, captar energias cósmicas e transmutá-las para a absorção do ser Terra que como todo organismo só pode absorver energia dentro de um espectro.

Como a celulose pode ser digerida pelos ruminantes e não por nós, há substâncias que vêm da Eternidade e são fundamentais à vida do ser Terra, como a glicose ou certos aminoácidos ao nosso organismo, mas que não podem ser absorvidos em sua forma original. Assim como as proteínas têm que ser decompostas em seus aminoácidos fundamentais para serem absorvidas nutricionalmente pelo organismo, nós, através de nossa respiração, do alimento que ingerimos, captamos e transformamos elementos.

O que os(as) xamãs sabem é que também todas as nossas vivências, tudo que nosso corpo experimenta, estão transmutando energias vindas da Eternidade. O que vemos, o que sentimos tatilmente, o que cheiramos, o que ouvimos, o que degustamos tudo isso nos "alimenta" também. A qualidade de nossa energia interior é a somatória de tudo isso. E estamos a todo instante com nossos atos, emoções e pensamentos processando substâncias de naturezas diversas e transformando-as em novas classes de substâncias que serão absorvidas pelo Ser Terra. Os(as) xamãs toltecas perceberam que os ritos eram formas sofisticadas que os antigos usavam para criar certos alinhamentos de energia que potencializavam a entrada em estados alterados de consciência. Eles usavam os ritos como mapas. Pelo rito sabiam a "trilha energética" que tinham seguido para chegar no mundo ao qual se projetavam, pelo rito podiam assegurar a volta. Por sorte muitos dos ritos que os imitadores praticam hoje estão incompletos, ou seus praticantes se veriam jogados subitamente em mundos estranhos sem terem o suficiente treinamento para lidar com isto, pois outro fato que os(as) xamãs toltecas perceberam foi a natureza predadora da Realidade. Quem já passou um tempo em florestas sabe disso, cai por terra a bobeira patética dessa crença civilizada em mundos de seres bonzinhos a nos consolar e ajudar.

É engraçado o civilizado julgar os índios "ingênuos" e "crianças". É interessante observar como o civilizado vive apenas numa camada da cebola, trancafiado em suas celas conceituais e ignorando o incontável número de realidades alternativas que o bordejam a cada instante. E este civilizado tem uma alta performance de domínio desta realidade. O civilizado é ultra especializado em sua cultura, mas como a cultura dominante é alienada da realidade natural, como a cultura dominante é escravizadora e limitante perceptualmente, uma cegueira produzida pelo excesso de luz que existe ao tentar se super especializar, ser um expert desta cultura não nos prepara para a verdadeira viagem à ETernidade que nos cerca, a outras ilhas de realidade tonal na vastidão do Nagual.

Foi aí que os povos nativos tiveram parte de sua derrota. Os povos nativos tinham sua magia em FM. Os conquistadores, desde os primeiros aos facínoras e assassinos cruéis vindos de além mar, eles funcionavam em AM, apenas. Quando os xamãs vieram usar sua magia para defender seus povos dos invasores, (estes) não viram os jaguares mágicos, não viram as criaturas mágicas evocadas, não perceberam os ataques energéticos dos xamãs. O poder dos invasores era sua visão limitada de mundo. Assim, desde o começo do contato o civilizado tira o nativo de sua multivisão e o restringe. Exemplo claro: "Esqueçam seus Deuses e Deusas. Só existe um: "O nosso", só uma verdade: "A nossa".

E é pela imposição de sua cultura com a aculturação quase total do nativo que os conquistadores têm conseguido criar um só estado de consciência padrão em todo o mundo. Com uma banda ampla de variação, mas o mundo está preso. Na antiga Bagdá tapetes voadores não voam mais. As bruxas ainda temem voar a luz da lua. Aos românticos sonhadores que me responderam que ainda voam pergunto quantas viu, concretamente, nesta sua vida? 

O mundo está dominado por um estado de consciência implantado. Junto com suas armas e suas doenças os conquistadores trouxeram seus credos de culpa, medo, insegurança e ausência de si mesmo. Doutrinaram nossos antepassados e implantaram um condicionamento que tem algo de atávico, por isso complexo de se livrar. Assim, compreender o caminho do Xamanismo Tolteca, especialmente dos clãs guerreiros, exige uma mudança de paradigmas. E esta mudança não é apenas conceitual. A mudança que os guerreiros e guerreiras Toltecas buscam é a mudança mais radical, mais profunda possível. Buscam mudar todo seu SER no mundo.

Se voltarmos a nossa analogia de enzimas, todos os seres humanos fazem parte de um organismo. Vivemos nossas vidas, nos emocionamos, aprendemos, enfim acreditamos que temos um "EU" que criamos nossa vida e estamos sempre fazendo algo. Os(as) espreitadores(as) Toltecas mirando os seres humanos em seu dia a dia concluíram exatamente o oposto. Para os(as) espreitadores(as) os seres humanos agem como agem dentro de um esquema pré-montado. Não há agir, há reagir. Tudo mecânico e cheio de hábitos. Tudo dentro de um esquema. Um esquema vasto é verdade, que permite muitas combinações e permutas entre seus elementos, criando uma ilusão de criatividade e inovação, mas um sistema fechado.

Isto chocou os(as) miradores(as) espreitadores(as). Levou-os(as) a profundas considerações. E perceberam que a consciência é dada ao ser humano para ser enriquecida pelo processo de existir, mas depois é tomada. Como um rio que deságua no mar. Como uma nuvem que atinge seu nível limite de densidade e se desfaz em chuva. Pode voltar diretamente para o mar, ou atravessar terras, plantas, seres e ventos, mas voltará ao mar. Como tantos seres sobrevivem após o fim do tonal, porém espectros, não mais totalidades e ainda assim no final, entregam a consciência ao mar escuro de onde ela veio. Os(as) videntes perceberam que existia outro aspecto no ser humano. A energia vital. Esta energia vital era a que animava a célula-ovo. Esta energia vital surgia como resultante de "n" vetores. A energia dos genes no óvulo e esperma, a energia da relação sexual que geraria aquele novo ser, as conjunções astrológicas daquele momento, a energia telúrica presente no local e tantas outras forças que agiriam sobre aquele ser nascente.

A energia vital pode ser enriquecida e desenvolvida. E, então, os(as) Videntes fizeram a descoberta que é considerada por nós que os estudamos e trabalhamos com seu saber, a mais importante descoberta, se é que podemos colocar gradações quando falamos do incomensurável. 

A energia vital pode aprender a ser consciente. 

A consciência que temos usado da consciência que a Eternidade nos empresta é sempre fragmentária, é composta de multiplicidade. Mas a consciência de nós mesmos pode surgir una. Sim, ela pode brotar única, focada. Essa condição de singularidade não é a separatividade dos muitos egos que nos compõe. Estes sim tem uma postura seccionada da realidade na qual se acham inseridos. Desenvolver essa consciência de “si mesmo" é o trabalho desenvolvido pelos Toltecas sobre várias formas. O importante é enfatizar isso. Quando conseguimos nos tornarmos conscientes de nós mesmos, independente da situação vivida, quando não estamos diluídos na experiência ou no ambiente, quando estamos focados estamos funcionando a partir de uma autoconsciência que raramente, muito raramente se desenvolve naturalmente. Este desenvolvimento não é natural, no sentido de que a Natureza nunca vai produzi-lo.

A esfera onde a Natureza atua só precisa nos desenvolver até o ponto que lhe serve. E somos enzimas, outros aspectos não fazem parte do papel original. Entretanto, no passado remoto, homens e mulheres esbarraram em outras possibilidades existenciais. E as explorando corajosamente criaram esta TRADIÇÃO que resistindo a tanta destruição ainda floresce, no desértico mundo deixado pelos conquistadores. Quando criamos um corpo de energia, algo que os xamãs toltecas insistem em dizer que deve ser desenvolvido, construído mesmo, esta essência perceptiva que somos pode se apoiar não apenas na consciência que nos foi dada e será tirada, mas também nesta energia vital que aprendeu a ser consciente.

Os(as) videntes Toltecas insistem que um conjunto de comportamentos estratégicos forjam uma qualidade essencial de alto valor. 

Implacabilidade, 

Astúcia, 

Paciência e 

Gentileza são conceitos que os(as) videntes Toltecas redimensionaram para abranger o estilo de comportamento estratégico que eles apontavam como ideal para levar-nos a um estilo de agir, pensar e sentir que continuariam sendo válidos mesmo quando penetrássemos nos mundos mais distantes e bizarros. Mesmo onde nossas referências nenhum valor tem, esse conjunto de comportamentos, tendo sido trabalhado nos mínimos atos cotidianos, em cada instante, criam uma linha de agir sóbria que predomina em qualquer âmbito da vastidão da ETernidade.

Além do que, agir com foco e consciência no aqui e agora, ao invés de dissipar a energia, como os atos "comuns" fazem, pelo contrário ampliam a energia. E energia acumulada é poder pessoal. Cada ato de um(a) xamã é ritualístico. Cada palavra é um canto de poder. Não em sentidos rebuscados ou pomposos, não cerimoniosos. Um(a) xamã, se lida com o Mito gerado pelos Toltecas, sabe que a morte é sua conselheira, que seu encontro com a mesma é inevitável, que um dia terá que morrer e abandonar a consciência que lhe foi emprestada para elaborar em tramas mais complexas suas fibras constituintes. Buscamos mudar o matiz desse quadro, mas o desafio permanece. Assim não temos o dia seguinte, nem mesmo o instante seguinte. Temos apenas a plenitude do aqui e agora , onde procuramos ser tudo que somos, sem esperar nenhum "momento especial" ou "sinal prodigioso" que nos convença que o momento chegou e devemos agir com a plenitude de nosso ser e todos nossos recursos.

Num mundo onde a Morte é a caçadora, tempo para perder é algo que não temos. E precisamos morrer, só quando morrermos para o que nos condicionaram a ser poderemos renascer neste outro plano. A porta de entrada do Caminho Tolteca é a Morte. A morte e o sacrifício. Sacrificar toda a infelicidade e todo o desequilíbrio que o mundo civilizado lhe deu. Morrer para tudo que impede o encontro consigo. Acordar desse sonho. Leiam esta mensagem do xamã tolteca D. Miguel Ruiz:

Antes de nascermos, os que existiram anteriormente a nós criaram um grande sonho externo que denominamos sonho da sociedade ou sonho do planeta. Este sonho é um sonho de bilhões de sonhos pessoais menores, que juntos formam o sonho da família, da comunidade e de toda a humanidade. O sonho inclui todas as regras da sociedade, suas crenças, suas leis, suas religiões, suas culturas e formas de ser.  Quando somos crianças até os três anos, não vivemos esses sonhos. Somos livres deles, mas logo somos aprisionados por eles quando começam o processo de socialização e cobrança sobre nós. É aí que começam as regras que irão governar o nosso sonho, que é o sonho de todos. Quando crianças não temos a oportunidade de escolher nossas crenças, mas concordamos com a informação que nos foi passada sobre o sonho do planeta por intermédio de outros seres humanos. Assim, somos capturados pelos sonhos exteriores, concordamos, com tudo que dizem os adultos, e isso é chamado de fé. Ter fé é acreditar incondicionalmente. Era melhor esse processo ser chamado de domesticação do que socialização, pois é isso que ele é. E é através dessa domesticação que aprendemos como viver e sonhar. O sonho da sociedade passa então a gerar todas nossas ações, e passamos a viver por um processo de recompensa, pois quando fazemos algo que é certo para o sonho geralmente recebemos algum elogio ou presente como recompensa, se fazemos o contrário somos crucificados e chamados de rebeldes (Os Quatro Compromissos, Dom Miguel Ruiz, Ed. Best Seller).

Já quando estudamos o caminho Tolteca para a liberdade, descobrimos que eles possuem um verdadeiro mapa para libertar-se da domesticação. Eles comparam o Juiz, a Vítima e o Sistema de Crenças a um parasita que invade a nossa mente humana. Do ponto de vista Tolteca, todos os seres humanos domesticados são doentes. São doentes porque existe um parasita que controla a mente e o cérebro. A comida para os parasitas, são as emoções negativas produzidas pelo medo. Se repararmos na definição parasita, descobrimos que um parasita é um ser vivo que vive de outros seres vivos, sugando sua energia sem nenhuma contribuição útil em troca e machucando o hospedeiro pouco a pouco. O Juiz, a Vítima e o Sistema de Crenças se encaixam bem nessa descrição. Uma das funções do cérebro é transformar energia material em energia emocional. Nosso cérebro é uma fábrica de emoções. E temos dito que a função da mente é sonhar. Os toltecas acreditam que os parasitas controlam nossa mente e nosso sonho pessoal. Os parasitas sonham pela nossa mente e vivem sua vida por intermédio de seu corpo. Sobrevivem nas emoções que vêm do medo, e se alegram com o drama e o sofrimento. A liberdade que procuramos é usar nossa própria mente e corpo para viver nossa vida, em vez da vida do Sistema de Crenças. 

Quando descobrimos que a mente é controlada pelo Juiz, a Vítima, e o "nós" verdadeiro fica num canto, temos duas escolhas. Uma escolha é continuar vivendo da forma que somos, e continuar vivendo o sonho do planeta. A segunda escolha é fazer como quando éramos crianças e os pais nos tentavam domesticar. Podemos nos rebelar e dizer "Não!". Podemos declarar uma guerra contra os parasitas, uma guerra pela nossa independência, uma guerra pelo direito de usar nossa própria mente e nosso cérebro.

Por isso nas tradições xamânicas em todas as América, as pessoas chamam a si de Guerreiros, pois estão em guerra contra os parasitas em suas mentes. 

Esse é o real significado de um Guerreiro. O Guerreiro é o que se rebela contra a invasão dos parasitas. Mas sermos Guerreiros, não significa que sempre iremos ganhar a guerra; podemos ganhar ou perder, mas sempre damos o melhor de nós e temos uma chance de ser livres outra vez. Escolher esse caminho nos dá, no mínimo, a dignidade da rebelião e nos assegura que não seremos vítimas inocentes de nossas emoções frívolas ou do veneno emocional de outros.

Na melhor das hipóteses, ser Guerreiros nos fornece uma oportunidade de transcender o sonho do planeta e alterar o sonho pessoal para um sonho que chamamos céu. Assim como o inferno, o céu é um local que só existe no interior de nossa mente. É um lugar de alegria, onde podemos ficar felizes, onde somos livres para amar e ser quem realmente somos. Podemos alcançar o céu enquanto somos vivos; não precisamos esperar até morrer. O Criador está presente e o reino dos céus se encontra em toda parte, mas primeiro precisamos ter olhos e ouvidos para enxergar e escutar de verdade. 

Precisamos estar livres dos parasitas. O parasita pode ser encarado com um monstro de mil cabeças. Cada cabeça do parasita é um dos medos que temos. Se queremos ser livres, temos de destruir o parasita. Uma das soluções é atacar o parasita de frente, o que significa enfrentarmos cada um dos nossos medos um por um. Esse é um processo lento, mas funciona. Uma segunda abordagem é parar de alimentar o parasita. Se não dermos comida a ele, podemos matá-lo de fome. Para fazer isso temos que controlar nossas emoções, precisamos nos abster de alimentar as emoções que derivam do medo. Isso é muito fácil de falar, mas difícil de realizar. É difícil porque o Juiz e a Vítima controlam nossa mente. Uma terceira solução é chamada de Iniciação dos Mortos. Essa iniciação é encontrada em muitas escolas esotéricas e tradições xamânicas ao redor do mundo, como no Egito, Índia, na Grécia e nas Américas. Trata-se de uma morte simbólica, que mata o parasita sem magoar nosso corpo físico. Quando morremos simbolicamente, o parasita tem de morrer. É uma solução mais rápida do que as duas primeiras, porém muito mais difícil de executar. Precisamos de muita coragem para enfrentar a morte. Precisamos ser fortes. E sinceramente, espero que todos Nós consigamos enfrentá-la de frente.

Sempre me sinto tocado pela urgência quando leio estas palavras. Notem que me refiro a uma urgência não ansiosa, falo de um estado de foco onde não resta nenhuma dúvida que tudo o que está contido aí, nestas palavras, são realidades que busco trabalhar a cada instante para que sejam realidades efetivas em minha vida.

O tempo é agora, o lugar é onde você está. Não racionalize, sinta, pense de verdade. Entre em sintonia, flua. O momento traz em si o infinito. Basta começar a sair do sonho do mundo. Basta começar a sonhar outro sonho. Na realidade de sua vida. Comece a deixar sua condição de escravidão e subjugação. Há outros sonhadores que já fizeram isso. Sinta a trilha e venha. Há um mundo novo aqui, acontecendo, fora da "Matrix" onde vc é pilha e engrenagem, Ele já começou. Não é um "estado abstrato e fugidio". É uma realidade vivenciada e manifesta. A ponte do Arco-Íris já está plena. Ela conduz a este novo estado de consciência. Os que sabem atravessá-la já estão vivendo neste novo mundo. O novo sol está desabrochando. Sacrifique o arcaico e ultrapassado, o condicionado e limitado, o medo e a culpa, os limites e a tristeza em seu interior. A vaidade e a importância pessoal são seus maiores inimigos, não perca tempo criando falsos fantasmas e se assombrando com eles. Não jogue seu Tempo fora. Você não tem a ETernidade, não tem vidas ou algo assim. Somos efêmeros seres, os Toltecas sabem que vão morrer e criam nesse saber uma das fontes de sua força ao invés de fugir desta constatação com teorias consoladoras. 

Tempo. Um mistério.

Tempo

Time



Ticking away the moments that make up a dull day. You fritter and waste the hours in an off hand way. Kicking around on a piece of ground in your home town.

Waiting for someone or something to show you the way.

Tired of lying in the sunshine stayng home the watch the rain. You are young and life is long and there is time to kill today. And then one day you find ten years have got behind you. No one told you when to run, you missed the starting gun.

And you run and you run to catch up with the sun , but it's sinking. And racing around to come up behind you again.The sun is the same in the relative way , but you're older.

And shorter of breath and one day closer to death. Every year is getting shorter , never seem to find the time. Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines.

Hanging on in quiet desperation is the English way.The times is gone the song is over, thought I'd something more to say. 

Vale meditarmos um pouco no sentido e intensidade que damos ao Tempo mágico de nossa estadia sobre este mundo mágico e maravilhoso.


Ps - O texto em destaque no meio da mensagem é de D. Miguel Ruiz, xamã Tolteca e um dos reveladores deste ciclo. A música "Time", Pink Floyd.


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