segunda-feira, 18 de maio de 2020

A fenda e a morte

Cientistas devem divulgar a primeira foto do buraco negro ...

Uma Estranha Realidade, capítulo 13.



— Isso é perfeitamente compreensível — disse ele — A morte tem dois estágios. O primeiro é o desmaio. É um estágio sem significado, muito semelhante ao primeiro efeito de Mescalito, em que a gente experimenta uma leveza que nos faz sentir felizes, completos e que tudo no mundo está bem.

Mas esse é apenas um estado superficial; logo desaparece e a gente entra num novo reino,

um reino de dureza e poder. 

Esse segundo estágio é o verdadeiro encontro com Mescalito. A morte é muito como isso. O primeiro estágio é um desmaio superficial. O segundo, porém, é o verdadeiro, onde a pessoa encontra a morte; é um breve momento, depois do primeiro desmaio, em que descobrimos que, de algum modo, somos nós mesmos, de novo. É então que a morte se choca contra nós numa fúria muda, até dissolver nossas vidas no nada.

— Como você pode ter certeza de estar falando sobre a morte?

— Tenho o meu aliado. O fuminho me mostrou minha morte inconfundível com grande clareza. É por isso que só posso falar sobre a morte pessoal.

As palavras de Dom Juan me causaram uma profunda apreensão e uma ambivalência dramática. Tinha a impressão de que ele ia descrever os detalhes comuns de minha morte e dizer-me como ou quando eu ia morrer. A simples ideia de saber disso me desesperava e, ao mesmo tempo, provocava minha curiosidade.

Naturalmente, eu poderia ter pedido que ele descrevesse sua própria morte, mas senti que um pedido desses seria um tanto grosseiro e eliminei-o automaticamente. Dom Juan parecia estar-se divertindo com meu conflito. O corpo dele estremecia de tanto rir.

— Quer saber como pode ser sua morte? — indagou ele, com um prazer infantil no rosto. Achei o prazer malicioso dele em implicar comigo um tanto confortador. Quase diminuía minha apreensão.

— Ok, diga-me — respondi, e minha voz falseou.

Teve uma explosão de riso formidável, Segurou a barriga e rolou para o lado, repetindo, zombando, "Ok, diga-me", com a voz de falsete. Depois, endireitou-se, sentou-se, fingindo dureza, e, com voz trêmula, falou:

— O segundo estágio de sua morte pode bem ser do seguinte modo. Seus olhos me examinaram com uma curiosidade aparentemente sincera. Eu ri. Percebi claramente que a caçoada dele era o único artifício que poderia amortecer a impressão da ideia da morte da própria pessoa.

— Você dirige muito — continuou ele — de modo que pode encontrar-se, num dado momento, novamente dirigindo um carro. Será uma sensação muito rápida, que não lhe dará tempo de pensar, de repente, digamos, você estaria dirigindo, como já fez milhares de vezes. Mas antes de poder pensar em si, notaria uma formação estranha diante de seu pára-brisa. Se olhasse mais de perto, veria que é uma nuvem que parece uma espiral brilhante. Seria parecida, digamos, com um rosto, bem no meio do céu na sua frente. Enquanto você olhasse, veria que ela recuava até ser apenas um pontinho brilhante na distância, e então repararia que ela começava a se mover na sua direção outra vez; ganharia velocidade e, num piscar de olhos, chocar-se-ia contra o pára-brisa de seu carro. Você é forte; estou certo de que a morte precisaria de alguns assaltos para pegá-lo.

"A essa altura, já saberia onde estava e o que lhe estava acontecendo; o rosto recuaria de novo para uma posição no horizonte, ganharia velocidade e se chocaria contra você. O rosto entraria dentro de você e então saberia... teria sempre sido o rosto do aliado, ou eu falando, ou você tomando notas. O tempo todo, a morte não era nada. Nada. Era um pontinho nas folhas de seu caderno. E, no entanto, entraria dentro de você com uma força incontrolável e faria você expandir-se; achatá-lo-ia e o estenderia sobre o céu e a terra e além. E você seria como uma névoa de cristaizinhos se movendo, movendo e sumindo".

Fiquei muito impressionado com a descrição de minha morte. Esperava ouvir coisa muito diferente. Durante algum tempo, não consegui dizer nada.

— A morte entra pela barriga — continuou ele, — Bem pela brecha da vontade. Aquela zona é a parte mais importante e sensível do homem. É a zona da vontade e também a área pela qual nós todos morremos. Sei disso porque meu aliado me guiou àquele estágio. Um feiticeiro sintoniza sua vontade deixando que sua morte o alcance, e quando ele está chato e começa a se expandir, sua vontade impecável toma conta e reúne a neblina numa pessoa de novo.

Dom Juan fez um gesto estranho. Abriu as mãos como dois leques, levantou-as ao nível de seus cotovelos, virou-as até os dedos tocarem seus lados e depois juntou-as de novo devagar no centro de seu corpo, sobre o umbigo. Conservou-as ali um momento. Seus braços tremiam com o esforço. Depois, levantou-as até as pontas de seus dedos médios tocarem sua testa e depois puxou-as para baixo na mesma posição no meio do corpo. Era um gesto formidável. Dom Juan o executara com tanta força e beleza que fiquei assombrado.

— É a vontade que junta um feiticeiro — disse ele — mas como a velhice o enfraquece, sua vontade murcha e chega inevitavelmente um momento em que ele não é mais capaz de dominar sua vontade. Então, ele não tem nada com que se opor à força muda de sua morte, e sua vida se torna igual à de todos os seus semelhantes, uma névoa se expandindo além de seus limites. Dom Juan olhou para mim e levantou-se, Eu estava tremendo.

— Já pode ir ao mato — disse ele. — Já é de tarde.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Uma fé silenciosa: o intento

Eles explicavam que o elo que cada um desses homens tinha com tal força era tão nítido e claro que eles podiam modificar as coisas à vontade. Dom Juan disse que o intento desses xamãs, desenvolvido com uma intensidade penetrante, era a única ajuda que os praticantes modernos tinham. Ele se expressou em termos mais mundanos, dizendo que os praticantes modernos, se fossem honestos consigo mesmos, pagariam qualquer preço para viver sob o guarda-chuva de tal intento.

A Roda do Tempo, de Carlos Castaneda.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Refletindo sobre o projeto do guerreiro espiritual: Jejum Holístico.

O jejum é prática espiritual suprema no Cristianismo e no Xamanismo. Pode parecer forte ou exagerada tal afirmação, mas não.

A passagem sobre as tentações de Cristo exemplifica isso:

E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome - Mateus 4:2.

O que precisa ser notado é que o jejum não é apenas alimentar, apesar da palavra fome no texto supracitado nos induzir a pensar apenas no alimento. Até por ter sido esta a primeira tentação:

E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus - Mateus 4:3,4.

Quem passa no deserto, símbolo da insularidade, do isolamento e do silêncio, 40 dias e 40 noites também jejua não apenas em termos alimentares. O próprio silêncio convida à meditação e a cessação do diálogo interior, então temos o jejum mental e de pensamentos.

O próprio isolamento conduz ao jejum sexual, à sublimação e à transmutação da energia criadora, prática de economia de energia que encontramos em várias tradições espirituais, explicitada no Xamanismo Guerreiro pelo nagual Carlos Castaneda no livro Fogo Interior, capítulo 4:

"Se os guerreiros desejam ter energia suficiente para ver, devem tornar-se avaros com sua energia sexual. Essa foi a lição que o nagual Julian nos deu. Empurrou-nos para o desconhecido e todos nós quase morremos. Como cada um de nós desejava ver, naturalmente nos abstivemos de desperdiçar nosso brilho da consciência."

Ou seja, o conceito de jejum vai além da mera restrição alimentar e adentra em outras áreas de nossa vida como forma de economizarmos nossa energia e treinarmos o nosso corpo e a nossa mente para os estados de consciência intensificada xamanísticos.

Aqui não há nada de punição, ascetismo, renuncia ou sacrifício no sentido pejorativo que se dá a tal palavra na atualidade.

Sacrifício é sacro-ofício, em outros termos é trabalho sagrado ou "O Trabalho".

Aqui não há nada de santidade, pois xamãs-guerreiros não são santos, mas a aplicação prática de princípios que levam à impecabilidade ou a economia de energia necessária para sustentar uma ampliação e evolução da consciência, destino necessário do ser humano que quer realizar a travessia entre o animal e o mito ou como diria Nietzche:

O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem, uma corda por cima do abismo.

As pessoas não sabem o que é mito, mito é a realização do impossível, impossibilidade para o senso comum e medíocre, é o sonho acordado de homens e mulheres que fizeram a travessia por cima do abismo.

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sábado, 13 de outubro de 2018

A mudança do ponto de aglutinação (ou encaixe) da Terra.




A mudança do ponto de aglutinação (ou encaixe) da Terra.

Se uma pessoa comum tem um movimento casual e não intencional do ponto de aglutinação surgirá nela uma dissonância cognitiva, uma ruptura entre a realidade ordinária consensual e aquilo que ela está efetivamente percebendo e vivenciando, ela quase que inevitavelmente irá questionar-se: estou pirando?

Agora imagine isso no plano coletivo em decorrência de um movimento do próprio ponto de aglutinação da Terra, que era e é um dos objetivos do nagual Carlos Aranha Castaneda.

Imagine a quantidade de pessoas que sofrerão uma enorme dissonância cognitiva e que por falta preparo irão entrar em parafuso tentando desesperadamente restaurar sua condição perceptiva anterior. Um exemplo de tentativa de restauração da condição perceptiva anterior é a aderência a movimentos sociais conservadores e até mesmo radicais no sentido da manutenção do "status quo" como forma de restabelecer uma condição passada que será cada vez mais colocada em xeque pela mudança do ponto de aglutinação do próprio planeta Terra.

Não estamos assistindo isso no Brasil?

Muita, mas muita gente vai pirar, tá pirando ou já pirou. Adquirir sobriedade e pragmatismo nesse período é item fundamental de sobrevivência.

Quanto mais uma sociedade tornar-se reativa a esse movimento planetário tornando-se conservadora ou ultra-conservadora em termos políticos, sociais, culturais, econômicos, religiosos e espirituais mais tal sociedade sofrerá os efeitos da mudança em decorrência da resistência.

Lidar com o aumento do nível de energia em decorrência de um movimento energético da Terra colocará muita gente numa tremenda peia.

O sonho de uns, o pesadelo de muitos.

Sejam todos bem-vindos.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Os novos assassinos econômicos.

Qualquer semelhança entre John Perkins e Sérgio Moro não será mera coincidência.

John Perkins como ex-assassino econômico denunciou ao mundo os procedimentos imperialistas dentro da chamada guerra híbrida. Vimos sua participação em Zeitgeist 2 e reproduzimos sua participação neste vídeo.

John Perkins participou de Zeitgeist 2, lançado em 2008, e explicou a mecânica básica da dominação econômica, nos dias atuais, onde empréstimos eram (e são) utilizados como uma arma sutil para lesar uma país,  fazê-lo financeiramente dependente (como no caso da dívida externa do Brasil onde o ministro da economia da ditadura militar Delfim Neto teve ampla participação), extrair suas riquezas e atender aos interesses das corporações que operam por trás de organismos internacionais como o FMI, o BID e o Banco Mundial. John agora está lançando um livro onde detalha o seu trabalho como "hitman", assassino econômico, um agente operando através das corporações para corromper elites de paises do terceiro mundo. A entrevista em vídeo dá uma boa mostra das informações que poderemos encontrar em seu livro

Hoje temos um novo tipo de assassino econômico, um que veste toga, é nativo colonizado culturalmente. O antigo se travestia de consultor financeiro de grandes instituições como o Banco Mundial, o BIRD e o FMI. Eles ainda existem, estão presentes. Mas o golpe jurídico-parlamentar de 2016 no Brasil nos revela o novo assassino econômico, aquele que opera com "mãos limpas", não se suja de sangue, usa o poder da esferográfica, são os jagunços da caneta à sombra da lei e traidores da "Mátria". Dentre os juízes e promotores da Lava-Jato podemos identificar vários tipos de assassinos econômicos, homens responsáveis pela destruição de empresas nacionais estratégicas como a Petrobrás, grandes construtoras e outras multinacionais de origem brasileira. Pedro Parente se parece com o assassino econômico clássico, mas Sérgio Moro espelha o neo hitman do capital.

Conhecer o trabalho de John Perkins é compreender e refletir sobre as novas formas de guerra híbrida, de guerra não convencional, de espionagem e sabotagem de países através de agentes travestidos de juízes, promotores, burocratas, jornalistas e políticos. O sistema imperialista em sua natureza predatória se traveste de novas formas para manter seu status de império colonial.


segunda-feira, 2 de abril de 2018

Kumaré: o anti-guru (filme)

Imagem relacionadaQuando um falso profeta torna-se verdadeiro?

Dica de filme!

Kumaré a seu próprio modo é uma versão atualizada e bem-humorada da pregação anti-guru de Krishnamurti. Assumindo o papel de um guru o próprio diretor do filme se coloca numa posição paradoxal e levanta uma série de questionamentos. Sendo um falso guru, Kumaré, se torna mais verdadeiro que muitos pretensos mestres espirituais e revela como a fé é o efeito placebo das religiões, onde a verdade de cada um é moldada por aquilo em que ela acredita. Aquilo em que acreditamos torna-se real para nós mesmos. E por que precisamos nos enganar a ponto de acreditar em falsos gurus e mestres? Talvez por que, como diz Kumaré, não confiarmos em nós mesmos para descobrirmos o nosso guru interior, o mestre presente em cada um de nós.

Em nossa carência por mestres, guias, gurus, professores podemos facilmente ser enganados e cair em ridículo em nome de uma fantasia, a fantasia do guru. Kumaré revela isto de forma crua, engraçada e emocionante. Ao final, a revelação de Kumaré revela toda a farsa com um desfecho surpreendente! Excelente filme!

Download: https://we.riseup.net/assets/186738/geckos-kumare2011-xvid%20arc.avi

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Poder Pessoal

"Não importa como se é criado. O que determina a maneira com que se faz qualquer coisa é o poder pessoal. Um homem é apenas a soma de seu poder pessoal, e essa soma determina como ele vive e como ele morre" - Roda do Tempo, de Carlos Castaneda.


Sinal de Fumaça

Como canalizar a energia sexual

A energia sexual é um ponto fundamental. Não é à toa que é chamada de brilho da consciência dentro do Xamanismo Guerreiro. Mas é um assunto ...