segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Refletindo sobre o projeto do guerreiro espiritual: Jejum Holístico.

O jejum é prática espiritual suprema no Cristianismo e no Xamanismo. Pode parecer forte ou exagerada tal afirmação, mas não.

A passagem sobre as tentações de Cristo exemplifica isso:

E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome - Mateus 4:2.

O que precisa ser notado é que o jejum não é apenas alimentar, apesar da palavra fome no texto supracitado nos induzir a pensar apenas no alimento. Até por ter sido esta a primeira tentação:

E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus - Mateus 4:3,4.

Quem passa no deserto, símbolo da insularidade, do isolamento e do silêncio, 40 dias e 40 noites também jejua não apenas em termos alimentares. O próprio silêncio convida à meditação e a cessação do diálogo interior, então temos o jejum mental e de pensamentos.

O próprio isolamento conduz ao jejum sexual, à sublimação e à transmutação da energia criadora, prática de economia de energia que encontramos em várias tradições espirituais, explicitada no Xamanismo Guerreiro pelo nagual Carlos Castaneda no livro Fogo Interior, capítulo 4:

"Se os guerreiros desejam ter energia suficiente para ver, devem tornar-se avaros com sua energia sexual. Essa foi a lição que o nagual Julian nos deu. Empurrou-nos para o desconhecido e todos nós quase morremos. Como cada um de nós desejava ver, naturalmente nos abstivemos de desperdiçar nosso brilho da consciência."

Ou seja, o conceito de jejum vai além da mera restrição alimentar e adentra em outras áreas de nossa vida como forma de economizarmos nossa energia e treinarmos o nosso corpo e a nossa mente para os estados de consciência intensificada xamanísticos.

Aqui não há nada de punição, ascetismo, renuncia ou sacrifício no sentido pejorativo que se dá a tal palavra na atualidade.

Sacrifício é sacro-ofício, em outros termos é trabalho sagrado ou "O Trabalho".

Aqui não há nada de santidade, pois xamãs-guerreiros não são santos, mas a aplicação prática de princípios que levam à impecabilidade ou a economia de energia necessária para sustentar uma ampliação e evolução da consciência, destino necessário do ser humano que quer realizar a travessia entre o animal e o mito ou como diria Nietzche:

O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem, uma corda por cima do abismo.

As pessoas não sabem o que é mito, mito é a realização do impossível, impossibilidade para o senso comum e medíocre, é o sonho acordado de homens e mulheres que fizeram a travessia por cima do abismo.

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