quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Bruxaria, Magia e Xamanismo - 7ª parte - por Nuvem que Passa.

Hiranyagarbha - O Ovo Cósmico
 Escala de Valores

Anteriormente comentamos como     a  percepção de Divindade com a   qual operamos é completamente   diferente do conceito artificial que   se tem da Divindade, mesmo nos   ramos tidos por esotéricos. Para   nós, a Existência emana da   inexistência. Emana! Não ‘é  criada’. O que implica toda uma  abordagem fenomenológica   distinta daquela que vem de um   ‘deus criador’.

Se tudo emana, emanamos   também! Temos assim elos   profundos com tudo mais que é emanado. Em vez de criaturas diversas, seccionadas e à parte, somos uma teia de eventos inter-relacionados.

Para nós xamãs, bruxos e magistas telúricos somos todos(as) parte da Eternidade. Não “criaturas”! E sendo partes, somos igualmente misteriosos, complexos. E assim, da formiga à estrela, somos todos(as) complexidades existenciais distintas. Dessa forma toda vida passa a ser sagrada, toda manifestação da vida é sagrada.

O fato da atual civilização dominante ter rompido esse pacto com a vida, através da criação de uma civilização dominadora, belicista e degradadora do meio é um alerta de que algo vai muito mal com a humanidade, a qual pode estar em perigosa rota de extinção.

Para nós, nestes caminhos, a vida e a consciência são mistérios supremos e impregnam várias instâncias da realidade que nos circundam.

Não há vida ‘superior’ ou vida ‘inferior’. Há ‘VIDA’! Tão pouco consideramos o ser humano mais consciente que os animais. São diferentes, mas não superiores ou inferiores. Lógico que para os paradigmas dominantes isso não é aceito. O próprio esoterismo do senso comum vai contra isso colocando que a “pedra evolui em planta, a planta em animal e o animal em humano”. Aqui negamos isto. Cada momento da vida e da consciência são completos em si.

Hoje começa-se a questionar esses conceitos neodarwinistas de evolução que o esoterismo do senso comum se impregnou principalmente durante o século XIX. Pois no século XX pouca coisa nova foi gerada neste campo. Muito se copiou, mas apenas uma minoria apoiou-se em fontes concretas.

Principalmente o Espiritismo e a Teosofia usaram muito o paradigma de ‘evolução espiritual’ através da linha do tempo, mas hoje isto é questionado até mesmo em termos de Física quântica, através da qual fica evidente que são ilusórias as ideias ‘populares’ de passado e futuro que permeiam o ‘senso comum’, e não fatos concretos.

O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria telúrica, enquanto caminhos, nunca entraram por estas veredas, mantiveram sempre uma abordagem bem própria da realidade, que agora, com novos instrumentais cognitivos, começam a fazer sentido mesmo para quem não é iniciado nestes campos.

Tais elaborações racionais e muito específicas, tem seu apelo, é verdade, mas isso só parece ter valor porque manifestamos tais elaborações neste contexto alienante e alienado que chamamos de realidade, esse estado de ser artificial e convencionado.

O ser humano se arroga direitos que ninguém lhe deu. Para os(as) xamãs¹, bruxos(as) e magistas a realidade é composta da somatória de suas partes, assim cada ente vivo neste planeta e no universo, como um todo, tem seu papel. Discutir superioridades de papéis é como declarar que as células de um órgão são mais importantes do que as de outros.

Cada ser vivo, enquanto espécie, está seguindo um complexo caminho existencial. No qual desempenha um papel em que só aqueles ‘irmanados’ a tais linhagens podem mesmo compreender. Não racionalizar, mas sentir.

Quando os golfinhos mergulham e ficam longo tempo desaparecidos da vista humana, quando as baleias entram em seu transe com seus mântricos cantos, sabemos mesmo o que estão fazendo?

Que tessituras de poder estão tecendo?

Que mundos visitam?

Nos tempos ancestrais as manadas de elefantes caminhavam em longas jornadas para ir acompanhar os seus anciões na última viagem, viagem até o lugar onde estes mágicos e poderosos seres haviam, por gerações, escolhido morrer. Os famosos cemitérios de elefantes, lugares sagrados, onde o poder de gerações desses seres esteve contido.

Em dado momento, determinou-se que tais lugares deveriam ser explorados, porque quem, em juízo e lucidez, vai dar valor a histórias "bobas" de nativos supersticiosos que grandes desequilíbrios viriam ao mundo se tais lugares fossem profanados?

Todo povo ancestral evitava locais que eram declarados como vam (proibidos?): “não é área para humanos”. Montanhas, cavernas, locais em deserto ou florestas, áreas sagradas onde a presença humana não deveria ocorrer. Quem respeita isso hoje?

Lidar com Xamanismo, Magia e Bruxaria é muito mais complexo do que brincar com alguns símbolos, algumas vestimentas, memorizar meia dúzia de termos em alguma língua antiga, induzir transe por alguma prática repetitiva e chamar o agito da luz astral, o deslocamento superficial da consciência de ‘transe’.

Tais Artes vem de um tempo em que a forma de existir e ser era outra e assim tudo era diferente. Implica reconectar outra abordagem da realidade, muito, muito distante da hoje dominante.

É preciso uma profunda abertura de nossa percepção para irmos além dos limites conceituais aos quais esta civilização nos prende. Para de fato mergulharmos no domínio no qual o ser humano, plantas, animais e entes de outras esferas vivem em contato íntimo entre si.

Nuvem que Passa

Notas

¹ “...um guerreiro, ciente dos mistérios insondáveis que o cercam e ciente do seu dever de tentar desvendá-los, ocupa seu lugar certo entre os mistérios e vê a si mesmo como um deles. Consequentemente, para um guerreiro o mistério de ser não tem fim, seja ser uma pedra, uma formiga ou ele próprio. Essa é a humildade de um guerreiro. Uma pessoa é igual a tudo" - O Presente da Águia, de Carlos Castaneda.


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