segunda-feira, 2 de abril de 2018

Kumaré: o anti-guru (filme)

Imagem relacionadaQuando um falso profeta torna-se verdadeiro?

Dica de filme!

Kumaré a seu próprio modo é uma versão atualizada e bem-humorada da pregação anti-guru de Krishnamurti. Assumindo o papel de um guru o próprio diretor do filme se coloca numa posição paradoxal e levanta uma série de questionamentos. Sendo um falso guru, Kumaré, se torna mais verdadeiro que muitos pretensos mestres espirituais e revela como a fé é o efeito placebo das religiões, onde a verdade de cada um é moldada por aquilo em que ela acredita. Aquilo em que acreditamos torna-se real para nós mesmos. E por que precisamos nos enganar a ponto de acreditar em falsos gurus e mestres? Talvez por que, como diz Kumaré, não confiarmos em nós mesmos para descobrirmos o nosso guru interior, o mestre presente em cada um de nós.

Em nossa carência por mestres, guias, gurus, professores podemos facilmente ser enganados e cair em ridículo em nome de uma fantasia, a fantasia do guru. Kumaré revela isto de forma crua, engraçada e emocionante. Ao final, a revelação de Kumaré revela toda a farsa com um desfecho surpreendente! Excelente filme!

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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Poder Pessoal

"Não importa como se é criado. O que determina a maneira com que se faz qualquer coisa é o poder pessoal. Um homem é apenas a soma de seu poder pessoal, e essa soma determina como ele vive e como ele morre" - Roda do Tempo, de Carlos Castaneda.


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Qual a sua paranóia predileta?

Qual a sua paranoia predileta?

Se formos levar em conta a etimologia da palavra paranoia todos o são, varia apenas a intensidade e o tipo.

Do Grego paranoia, “loucura, doença mental”, de PARA-, “ao lado, além”, mais NOOS, “mente”.

Ou seja a mente fora do seu lugar.

Mas o que significa este lugar. Qual o lugar da mente?

Talvez a palavra paranoia nos revele mais sobre isto.

Paranoia é um tipo de ansiedade, ansiedade persecutória, a pessoa sente-se perseguida. A ansiedade projeta a mente sempre para o futuro, portanto, tira a mente do presente e daquilo que é. Coloca a mente num outro "lugar", num outro tempo: o futuro.

A mente fixada no futuro movida pela ansiedade estaria fora do seu "lugar" pois fora do seu tempo? A alienação do presente para viver uma fantasia mental, uma projeção delirante, uma imaginação negativa estruturada, coerente e lógica, apesar de mentirosa? Temos uma convincente e convicta farsa crônica.

Quantas coisas não são capazes de tirar a mente do seu lugar? Muitíssimas.

Paranoia, medo, ansiedade persecutória é apenas uma delas, contudo é a palavra paranoia que carrega em sua origem esta noção de bagunça mental, de desalinhamento, de mente fora do seu lugar, então é ela que nos permite uma análise da nossa própria loucura através de um raciocínio específico.

Faço parte da chamada tribo dos conspiranoicos e noto que as pessoas que compõem esta tribo são capazes de ver numa cedilha o rabo do próprio Satanás.

Há vários tipos de paranoia. Um tipo bem popular e comum é o ciúme. Ciúme é paranoia. Não é à toa que se brinca dizendo: chifre é uma coisa que colocaram na sua cabeça. Talvez por isto o Diabo tenha chifres pois ele é o fomentador da paranoia e o alvo predileto de paranoicos religiosos. O Diabo é uma metáfora para o nosso querido ego. O ego é diabólico, pois ele é um projetor poderoso de forças do inconsciente sob o filtro de uma aparente racionalidade, o ego é um lacaio da sombra, ele não se sabe escravo e age de forma tal que expressa a ideia de Sartre: o inferno são os outros.

Temos então o tipo ciúme e o tipo persecutório. Mas há um outro tipo, relativamente comum, é o tipo grandeza, com ares de mitomania, sente-se a encarnação de um grande personagem ou deus, julgando ter poderes especiais, é aquele que se sente capaz de fazer chover. Conheço alguns, o que me preocupas deveras, considerando-se a lei da atração. Normalmente vejo estes tipos associados de alguma maneira a parte espiritual, são "misticoides", relatam suas grandes experiências, fascinados por si mesmos e alimentam um poderoso medo da morte, lutam a todo custo para afirmar ou justificar sua suposta grandeza, deste tipo o Diabo representado pelo ator Al Pacino no filme Advogado do Diabo disse:

- A vaidade é o meu pecado predileto.


Este tipo ainda pode ver, sentir, perceber que estão lhe fazendo mal através de magias, feitiços e outras artes mágicas, mas seu suposto poder sempre o protege, sente-se atacado mas se acredita invencível, é capaz de tornar-se iniciado em tradições místicas para justificar sua suposta condição de grande hierarca. Pode tornar-se assassino, psicopata mesmo, justificando tal coisa por ser um enviado da Justiça Divina, um executor da lei espiritual.

Outro tipo interessante que já encontramos é o tipo somático, ele manifesta em seu corpo ou em sua percepção fantasiosa uma série de impressões olfativas, gustativas, visuais ou auditivas que justificam a sua paranoia, um clássico exemplo de efeito nocebo, o lado negativo do efeito placebo.

Por fim temos o paranoico amoroso, ele idealiza uma pessoa a coloca num pedestal e acredita firmemente que esta pessoa o ama, de um ponto de vista espiritual e fantástico.

Em geral os paranoicos tornam-se muitos refratários ao contato social, são anti-sociais, quase sociopatas, fecham-se em suas cavernas, isolam-se e são extremamente introspectivos e seletivos em suas relações. Julgam-se de alguma formas especiais, distintos do mundo, alguns se acreditam encarnações de seres alienígenas e justificam isto de uma maneira bastante lógica pelo seu próprio comportamento estranho.

Como paranoico contumaz me vejo ou já me vi em alguns tipos e o melhor antídoto contra esta tendência psíquica é basear-nos em evidências concretas e orientamos a nossa razão e imaginação dentro de um contexto onde a mente se encontre em seu “lugar”, assentada no presente, sem as elucubrações fantásticas típicas da paranoia, usando a meditação e a própria razão de uma forma implacável para questionar as nossas próprias projeções psíquicas.

Sejamos paranoicos, mas com moderação, afinal há um prazer secreto em crer-se capaz de perceber os segredos e conspirações deste mundo sejam elas reais ou não. Evitemos toda a viagem na Hellman´s Airline, se possível.

Certamente a paranoia interessa aos podres poderes que regem esta era de ferro - Kali Yuga - pois ela nos impede de ver e de agir de uma maneira positiva para mudarmos a nossa própria realidade.

Mas, por vezes, a teoria (da conspiração) se confirma como prática da conspiração, pois a ficção também imita a realidade.

DR

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Vaidade


A maior dificuldade que enfrentamos ao informar as pessoas que elas estão sendo enganadas é a vaidade, pois ninguém quer acreditar que foi enganado por tanto tempo sem perceber que estava sendo.


A maior prova disto é quando a informação revelada se dá no âmbito das relações cotidianas, pois ninguém quer acreditar que o outro, que é como você, mais um na multidão, está de posse de um conhecimento desse nível, então você acaba por ser taxado de teórico da conspiração ou paranóico de plantão. Mesmo que as informações sejam passadas com clareza, lógica e evidências o aparente ceticismo está cimentado numa vaidade tão estruturada que é muito difícil a pessoa ceder diante de argumentos mesmo cabais.

Assim uma definição possível de vaidade é o culto do reflexo das próprias crenças.

Fanatismo, ceticismo, estupidez e paranóia são apenas variações conceituais da mesma vaidade.

O principal objeto de culto dessa vaidade chama-se TV, que se tornou uma projeção na mente da maioria das pessoas. Ainda há tempo, desligue-a. A gente se vê por aqui, ou por aí.

Contudo, a informação pura e simples, mesmo embasada em dados reais não é suficiente para amparar novas decisões, pois estas não são tomadas no nível puramente racional, precisam atingir camadas mais profundas da psique. Sabedores disso alguns, desde o início do século passado, amparado nas teorias de Freud, resolveram utilizar tal informação para simplesmente manipular as pessoas em seus pontos mais fracos: vaidade, luxúria e medo.

Assim uma mulher pode ter mais de 40 pares de sapato, um homem ter um potente Porsche para trafegar no trânsito de Sampa e um humilde trabalhador pode torcer por seu time de jogadores milionários simplesmente porque isso os faz se sentirem do jeito que a propaganda lhes sugeriu, mesmo que seja absolutamente desnecessário e até mesmo completamente absurdo.

O consumismo não é o consumo de coisas, mas sim de emoções.

Assim nós, as pessoas, nos tornamos produtos que consomem produtos para satisfazer desejos e emoções artificialmente induzidas. Por exemplo: a emoção propiciada pela certeza e pelo senso comum nos dá uma sensação de (pseudo)segurança e dizemos em alto e bom som: - Teoria da conspiração! E assim seguimos um comando sintático, um clichê produzido pelo sistema dominante. Consumimos a produção intelectual do sistema sem nos darmos conta. Nos acreditamos bem informados quando somos apenas bem domesticados.

Como diz o diabo de Al Pacino no filme Advogado do Diabo: a vaidade é o meu pecado predileto.

A sorte é que alguns de nós estamos conscientes, em certo nível, de nossa própria vaidade. E podemos rir dela.

DR

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O Deserto de Sonora - documentário em espanhol

Para entender a filosofia de Don Juan Matus, o nagualismo, é interessante conhecermos o deserto de Sonora, palco de diversas aventuras, vivências e experiências de Don Juan Matus com seu aprendiz acadêmico Carlos Castaneda.

O deserto de Sonora como todo o deserto é marcado por extremos que conduzem intensas transformações.

Também é marcado por uma vegetação própria ao mesmo tempo bela e agreste, que exsuda a força e a maravilha do próprio caminho do(a) guerreiro(a).

O Xamanismo Guerreiro está perfeitamente corporificado na geografia do deserto de Sonora e em sua implacabilidade, marca por excelência dos naguais e de seus aprendizes. Nele encontramos a dureza e ao mesmo tempo a igualdade que desfaz qualquer importância própria, revelando assim a unidade da Vida.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Intento - 3ª parte

Por que somos tão difíceis de sermos convencidos de nosso próprio poder? Por que não podemos acreditar que somos inacreditáveis? Por que devemos, como seres mágicos, nos conformar à mediocridade da racionalidade estabelecida pela cultura dominante?

***

A mestria do intento é o enigma do espírito, ou o paradoxo do
abstrato — os pensamentos e ações dos feiticeiros projetados além de nossa condição humana.

(...)

“Tudo pelo que fiz você passar, cada uma das coisas que lhe
mostrei era apenas um instrumento para convencê-lo de que há mais coisas do que o olho pode perceber. Não necessitamos de ninguém para nos ensinar feitiçaria, porque de fato não há nada a aprender. O que necessitamos é de um professor para nos convencer de que há poder incalculável ao alcance de nossos dedos. Que paradoxo estranho! Cada guerreiro na trilha do conhecimento pensa, num momento ou outro, que está aprendendo feitiçaria, mas tudo o que está fazendo é permitir a si mesmo ser convencido do poder oculto em seu ser, e que pode alcançá-lo.
— E isto que está fazendo, Don Juan, convencendo-me?
— Isso mesmo. Estou tentando convencê-lo de que pode alcançar esse poder. Passei pela mesma coisa. E era tão difícil de ser convencido quanto você.
— Uma vez que o alcançamos, o que fazemos exatamente com ele, Don Juan?
— Nada. Uma vez que o alcançamos, este irá, por si mesmo, fazer uso de campos de energia que estão disponíveis para nós, embora inacessíveis. E isto, como eu disse, é feitiçaria. Começamos então a ver, isto é, perceber, algo mais; não como imaginação, mas como real e concreto. E então começamos a conhecer sem a necessidade de usar palavras. E o que cada um de nós faz com esta percepção aumentada, com aquele conhecimento silencioso, depende de nosso próprio temperamento.

O Poder do Silêncio, de Carlos Castaneda

Intento - 2ª parte

Nós não temos a menor ideia do poder que temos, um poder infinito, a mestria do intento. Por isso o estudo do conceito fundamental do intento é essencial, estamos lidando com a pedra de toque do conhecimento ancestral dos xamãs.

A arte suprema dos xamãs, justo aquilo que não querem que nós saibamos, porque permitiria que aqueles que nos controlam perdessem o seu poder, um poder de manipular a consciência que não prima pela liberdade, mas pela condição escrava.

Assim intentar é a expressão prática da liberdade humana para além da própria razão, mas que não a dispensa, antes a supera.

Introdução ao Poder do Silêncio, de Carlos Castaneda.

Em várias ocasiões Don Juan tentou, para o meu proveito, dar nome ao seu conhecimento. Ele sentia que o nome mais apropriado era nagualismo, mas que o termo era obscuro demais. Chamá-lo simplesmente “conhecimento” tornava-o vago, e chamá-lo “bruxaria” seria rebaixá-lo. “A MESTRIA DO INTENTO” era muito abstrata, e “a busca da liberdade total” longa demais e metafórica. Finalmente, por ser incapaz de encontrar um nome mais apropriado, chamou-o “feitiçaria”, embora admitisse não ser realmente adequado.

DR

Sinal de Fumaça

Como canalizar a energia sexual

A energia sexual é um ponto fundamental. Não é à toa que é chamada de brilho da consciência dentro do Xamanismo Guerreiro. Mas é um assunto ...