sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Xamanismo e Taoismo, por Nuvem que Passa.

Xamanismo e Taoismo 


"Podes fazer o corpo e o espírito se harmonizarem a ponto de se tornarem inseparáveis? 

Podes tornar tua respiração terna e suave como de uma criança?

Podes anular os pensamentos até purificar toda tua energia?

Podes governar o Império beneficiando a humanidade por meio da não ação?

Podes ser totalmente passivo, vendo abrirem-se e cerrarem-se as portas da Eternidade?

Compreendendo estas coisas podes permanecer como se não compreendesses nada?"

O trecho acima é do Tao Te King, o livro deixado por Lao Tsé ao deixar a China, quando da instauração de um estado de coisas nos quais ele percebeu uma era de deterioração e resolveu deixar o local. Conta a tradição que, ao atingir as muralhas, um dos guardas, admirado de sua sabedoria, pediu-lhe que deixasse algo escrito, para quando o período ruim passasse e novamente as pessoas buscassem o conhecimento essencial. Deixou-nos então o sábio, graças a este misterioso guarda de fronteira, cujo nome não sabemos, o livro, repleto de textos como o que está escrito acima.

O Taoísmo é de natureza xamânica, ou, se quiserem, o Xamanismo é de natureza taoística.

Antropologicamente vamos encontrar em estudos sobre o Taoísmo essa afirmação, é uma tradição que se enquadra no Xamanismo.

Ambas as escolas são caminhos que prezam valores e lidam com paradigmas que fazem da natureza algo vivo e dinâmico, que permeiam a realidade à nossa volta com mundos e seres e que trabalham com o desenvolvimento pleno do ser humano.

Quando chegamos no caminho temos muitas fantasias em nós, muitas projeções que nos iludem e podem mesmo nos confundir a tal ponto que podemos perder o elo com um Caminho e nos conectarmos a coisas fantasiosas apenas porque satisfazem e compensam nossas carências e medos.

A estrutura de um Caminho é complexa e o melhor é não se iludir, pois agir a cada instante como se fosse o último, ter foco no momento, ter um estilo de ação que expressem atitudes implacáveis, astutas, pacientes e gentis, tudo isso com sobriedade e desapego, não são palavras vazias, mas estilos comportamentais que são como katas, treinos onde fazemos os movimentos para ensinar o corpo a agir por si e com eficiência quando necessário.

Artes Marciais diversas emanam do Taoísmo, os Hsiens taoístas das montanhas, eremitas ou vivendo em pequenos grupos em cavernas nas faldas do Himalaia são exemplos de taoístas que têm também a ver com a imagem que temos de um(a) xamã: alguém que cavalga o poder.

As pessoas com as quais estudei tinham uma profunda influência do Taoismo. Oomoto é da região do Cantão, na China. Por isso tenho trabalhado bastante nessa interface entre a abordagem taoísta do mundo, originário de uma cultura complexa e ancestral. e o Xamanismo, que, também é, em seus vários ramos, originário dos povos nativos, em conexão ampla com a ancestralidade.

O Taoísmo aborda a realidade com grande similitude ao Caminho dos(as) guerreiros(as) xamãs¹.

Diferenças apenas no sentido de usar uma outra linguagem, uma linguagem que se afasta mais do ocidente e se parece mais com a linguagem que os antigos Maias, Toltecas, Olmecs e outros usavam.

Cada ideograma da língua chinesa é muito rico em conteúdo. Por isso ler uma tradução do Tao Te King é sempre uma aproximação da expressão original, como ler Nietzsche traduzido é sempre uma aproximação em compreender esse homem que antes de filósofo era um poeta.

Meditar sobre um texto desse permite conexões sutis.

O corpo e o espírito se harmonizam.

Esta é uma proposta do Xamanismo Guerreiro, se considerarmos o termo espírito aqui como o corpo de energia. Considerando ainda espírito como a energia da Totalidade, podemos levar nosso corpo a harmonizar-se com a realidade à nossa volta.

O Xamanismo trabalha com essa ideia e o Taoísmo também, levar o corpo a despertar, a eliminar de si todas as impurezas e toxicidades que possam ter nele se impregnado e então começar uma trilha de poder em direção a plenitude do contato com a energia viva que nos circunda em várias instâncias, uma força polar, uma força que ora opera num espectro, ora noutro, que flui e em seu fluir solve e coagula, criando e destruindo com isso, tudo que existe. Entramos no meio desse fluxo e começamos a aprender como usar esses fluxos para nossos fins, para atingirmos nossas metas.

No Taoísmo, temos um caminho similar e em ambos o que espera o(a) viajante é o frio olho do dragão que mira a ETERNIDADE. 

Por: Nuvem que Passa em Sábado, 03 de Agosto de 2002 - 04:32:28 (Brasília)

Notas

¹ Na linhagem de Dom Juan Matus houve um nagual chamado Lujan, praticante de artes marciais chinesas - Kung Fu - que integrou os Passes Mágicos com a Arte Marcial chinesa. Certa vez, praticando em lugar público,  ouvimos um jovem perguntar ao seu pai ou professor se os movimentos que praticávamos - Tensegridade - era um tipo de super Tai Chi. De outra feita quando praticávamos Tai Chi com um mestre chinês ele repetidas vezes nos perguntou se já tínhamos praticado Tai Chi antes. Parece que ele percebeu em nossa energia uma harmonia decorrente da prática dos Passes Mágicos, o que mostra que Xamanismo e Taoismo, de fato, possuem uma raiz comum, como comprovamos por via direta. Alguns movimentos de Tensegridade são verdadeiros katas, por exemplo: rastreando a energia, movimento ensinado no primeiro seminário de Tensegridade feito no Brasil, no ano 2000.


quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Quando o mundo virou coisa: a Carta do Chefe Indígena Sealth

Um belo exemplo sobre o tema desse texto - "Quando o mundo virou coisa" - encontramos nas palavras do Chefe Indígena Sealth, em sua famosa carta (1854), na qual responde à oferta de dinheiro feita pelo governo estadunidense por "suas" terras. Percebe-se a diferença abismal entre o paradigma ou visão de mundo de um representante dos povos nativos e a visão de mundo "coisificante" do homem branco. A seguir a Carta.


Como você pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? A ideia é estranha para nós.

Se nós não somos donos da frescura do ar e do brilho da água, como você pode comprá-los?

Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo.

Cada pinha brilhante, cada praia de areia, cada névoa nas florestas escuras, cada inseto transparente, zumbindo, é sagrado na memória e na experiência de meu povo.

A energia que flui pelas árvores traz consigo a memória e a experiência do meu povo.

A energia que flui pelas árvores traz consigo as memórias do homem vermelho.

Os mortos do homem branco se esquecem da sua pátria quando vão caminhar entre as estrelas.  

Nossos mortos nunca se esquecem desta bela Terra, pois ela é a mãe do homem vermelho.

Somos parte da Terra e ela é parte de nós.

As flores perfumadas são nossas irmãs, os cervos, o cavalo, a grande águia, estes são nossos irmãos.

Os picos rochosos, as seivas nas campinas, o calor do corpo do pônei, e o homem, todos pertencem à mesma família.

Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que quer comprar nossa terra, ele pede muito de nós.

O Grande Chefe manda dizer que reservará para nós um lugar onde poderemos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos.

Então vamos considerar sua oferta de comprar a terra. Mas não vai ser fácil. Pois esta terra é sagrada para nós.

A água brilhante que se move nos riachos e rios não é simplesmente água, mas o sangue de nossos ancestrais.

Se vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é o sangue sagrado de nossos ancestrais.

Se nós vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é sagrada, e vocês devem ensinar a seus filhos que ela é sagrada e que cada reflexo do além na água clara dos lagos fala de coisas da vida de meu povo.

O murmúrio da água é a voz do pai de meu pai.

Os rios nossos irmãos saciam nossa sede.

Os rios levam nossas canoas e alimentam nossas crianças.

Se vendermos nossa terra para vocês, vocês devem lembrar-se de ensinar a seus filhos que os rios são irmãos nossos, e de vocês, e consequentemente vocês devem ter para com os rios o mesmo carinho que têm para com seus irmãos.

Nós sabemos que o homem branco não entende nossas maneiras.

Para ele um pedaço de terra é igual ao outro, pois ele é um estranho que chega à noite e tira da terra tudo o que precisa.

A Terra não é seu irmão, mas seu inimigo e quando ele o vence, segue em frente.

Ele deixa para trás os túmulos de seus pais, e não se importa.

Ele sequestra a Terra de seus filhos, e não se importa.

O túmulo de seu pai, e o direito de primogenitura de seus filhos são esquecidos.

Ele ameaça sua mãe, a Terra, e seu irmão, do mesmo modo, como coisas que comprou, roubou, vendeu como carneiros ou contas brilhantes.

Seu apetite devorará a Terra e deixará atrás de si apenas um deserto.

Não sei.

Nossas maneiras são diferentes das suas.

A visão de suas cidades aflige os olhos do homem vermelho.

Mas talvez seja porque o homem vermelho é selvagem e não entende.

Não existe lugar tranquilo nas cidades do homem branco.

Não há onde se possa escutar o abrir das folhas na primavera, ou o ruído das asas de um inseto.

Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não entendo.

A confusão parece servir apenas para insultar os ouvidos.

E o que é a vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de um curiango ou as conversas dos sapos, à noite, em volta de uma lagoa.

Sou um homem vermelho e não entendo.

O índio prefere o som macio do vento lançando-se sobre a face do lago, e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva de meio-dia, ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo hálito – a fera, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo hálito.

O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo há dias esperando a morte, ele é insensível ao mau cheiro.

Mas se vendermos nossa terra, vocês devem se lembrar de que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seus espíritos com toda a vida que ele sustenta.

Mas se vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la separada e sagrada, como um lugar onde mesmo o homem branco pode ir para sentir o vento que é adoçado pelas flores da campina.

Assim, vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra.

Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.

Sou um selvagem e não entendo de outra forma.

Vi mil búfalos apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os matou da janela de um trem que passava.

Sou um selvagem e não entendo como o cavalo de ferro que fuma pode se tornar mais importante que o búfalo, que nós só matamos para ficarmos vivos.

O que é o homem sem os animais?

Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão do espírito.

Pois tudo o que acontece aos animais, logo acontece ao homem.

Todas as coisas estão ligadas.

Vocês devem ensinar a seus filhos que o chão sob seus pés é as cinzas de nossos avós. 

Para que eles respeitem a terra, digam a seus filhos que a Terra é rica com as vidas de nossos parentes.

Ensinem as seus filhos o que ensinamos aos nossos, que a Terra é nossa mãe.

Tudo o que acontece à Terra, acontece aos filhos da Terra.

Se os homens cospem no chão, eles cospem em si mesmos.

Isto nós sabemos – a Terra não pertence ao homem – o homem pertence à Terra.

Isto nós sabemos.

Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família.

Todas as coisas estão ligadas.

Tudo o que acontece à Terra – acontece aos filhos da Terra.

O homem não teceu a teia da vida – ele é meramente um fio dela.

O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus anda e fala com ele como de amigo para amigo, não pode ficar isento do destino comum.

Podemos ser irmãos, afinal de contas.

Veremos.

De uma coisa nós sabemos, que o homem branco pode um dia descobrir – nosso Deus é o mesmo Deus.

Vocês podem pensar agora que vocês O possuem como desejam possuir nossa terra, mas vocês não podem fazê-lo.

Ele é Deus do homem, e Sua compaixão é igual tanto para com o homem vermelho quanto para com o branco.

A Terra é preciosa para Ele, e danificar a Terra é acumular desprezo por seu Criador.

Os brancos também passarão, talvez antes de todas as outras tribos.

Mas em seu desaparecimento vocês brilharão com intensidade, queimados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e para algum propósito especial lhes deu domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho.

Esse destino é um mistério para nós, pois não entendemos quando osbúfalos são mortos, os cavalos selvagens são domados, os recantos secretos da floresta carregados pelo cheiro de muitos homens, e a vista das montanhas maduras manchadas por fios que falam.

Onde está o bosque?

Acabou.

Onde está a águia?

Acabou.

O fim dos vivos e o começo da sobrevivência.

Quando o mundo virou coisa

Quando o mundo virou coisa.

"Ou a saudade dos que não se deixam ser coisas, hoje vivendo entre quem foi levado à se crer coisa" 

Texto I de IX do Canto de chamada para a batalha dos(as) Guerreiros(as) do Arco-Íris.


Aloha viajante entre mundos!

Convido-o a sentar-se nessa fogueira virtual para que eu possa partilhar contigo aquilo que foi partilhado comigo, o avô que me contou também um dia ouviu de seu avô que ouviu do seu e de boca para ouvido vai nas raízes da árvore da existência, até antes da palavra, antes da aurora dos tempos.

O que alerto são os limites, palavras aludem, mas tu não podes sentir o brilho do meu olhar aqui, não podes perceber o tom da minha voz, não posso partilhar a "chincha" contigo assim te acautela e lembra que será necessária uma grande intenção firme de tua parte para que aquilo que estou a declarar seja compreensível.

Não toquei meu tambor para ti, para que nossos corações entrassem no mesmo compasso, e com os barulhos falsos da cidade te acautela, peço que te sintonizes além da ilusão desses ritmos que nos impuseram, o ritmo das "coisas".

Não dançamos juntos nossas danças de poder para que nossos corpos reconhecessem os clãs que nos originaram.

Entretanto, apesar de todo estes limites confio que os ventos que evoco quando escrevo estas palavras nesta manhã de chuva branda na Mantiqueira nos permitirão partilhar mais que palavras e nos colocar em compreensão com o sentimento.

Para que haja compreensão e não caias apenas em interpretações.

Pois hoje em muitos lugares do mundo os homens e mulheres, entes mágicos e seres vivos que nunca se deixaram ser coisas começam a sair de seus esconderijos para o canto de guerra da Batalha da Tribo do Arco Íris.

Existe um sinal chegando, como uma poderosa trombeta de chifre do animal ancestral, tocada pelos lábios da própria vastidão da ETernidade, vem avisando: uma nova era está se aproximando.

Acabou o tempo das coisas.

Quando roubaram o fogo e deixaram apenas o frio neste mundo, entes pactuaram com os Quichés: "Deem o coração de seus prisioneiros e traremos o fogo de volta."

Os índios Quichés entregaram o sangue de seus prisioneiros e se salvaram do frio.

E assim foi se repetindo, com povos diversos que vem entregando a esperança de seus filhos, o sorriso nos lábios de nossas crianças, a dignidade de nossos anciões, a vida das matas e dos rios, assim muitos povos pactuaram com este inimigo coisificador, que se espalhou pelo mundo e gerou este estado de coisas que aí está: o mundo das coisas, sem gentes, sem vida, sem alegria, só coisas.

Mas alguns não aceitaram o preço. Os Cakchiqueles, por exemplo, não aceitaram o preço.

Os Cakchiqueles, primos dos Quichés e também herdeiros dos Maias, deslizaram com os pés de pluma através da fumaça e roubaram o fogo e esconderam na cova de suas montanhas.

E então surgiram duas linhagens, os que coisificam tudo para servir ao estado que aí está e quem não se deixa dominar, pois magia viva não tem como ser contida em celas, grilhões ou conversões tacanhas.

E assim temos feitos, nós guerreiros e guerreiras da Tribo do Arco-Íris, não cedemos, astutamente continuamos sendo "magia" onde tudo virara coisa.

Não somos coisas, somos Magia Viva.

A proposta é partilhar informações fundamentais, para podermos falar do que vem por aí, precisamos falar dos que partiram pra entender quem está voltando.

Embora partir e voltar sejam só modos de pormos marcos num vasto caminho, no eterno aqui e agora que vivemos.

Vou falar do tempo antes desse, quando cada erva rasteira, cada animal que corre, voa ou nada, cada árvore e cada pedra tinha em si um valor e um poder reconhecido e assim como os clãs humanos viviam em seus ciclos e suas formas de interagir com a vida e com o mistério da consciência também essas outras formas de vida assim existiam, assim viviam em ritmos e segredos.

Quando nós seres humanos e animais e plantas podíamos nos comunicar de outra forma e a Vida era vista como uma grande viagem da Consciência pela ETERNIDADE.

A sociedade atual substitui tudo isso por uma interpretação que fez, nos prendeu a um conjunto de critérios validativos e chamou isso de "realidade".

As manadas de elefantes nas savanas, os golfinhos e baleias no mar, os pássaros em migração, o urso cinzento no frio polar, todos sempre tiveram seu papel, tudo sempre teve sua importância e cada ser humano era importante, cada árvore era importante, cada animal era importante.

Para nós das tradições nativas tudo está interligado. A Existência começa num momento mágico no qual a TOTALIDADE emana de si mesma. Vejam bem, não disse "foi criada", disse 'emana'. É um conceito completamente diferente.

Uma pedra cai em tranquilo lago, gera onda, que gera outra onda, que gera outra, assim somos nós, temos em nós uma força primordial, por isso alguns de nós são aparentados aos clãs dos animais que correm, outros dos que voam, de plantas e pedras diversas, somos faces diversas de uma mesma realidade, tudo está interligado.

Houve um tempo em que não éramos coisas, nem cercados estávamos de coisas, mas éramos mistérios e estávamos cercados de mistérios. Por isso a caça era momento mágico, onde as necessidades de um grupo eram saciadas, quer um grupo humano, quer um leão e sua família, um jaguar, um condor.

Houve um tempo que a vida surgiu, pródiga e se espalhou. Para nós, dos caminhos nativos, isso aconteceu em vários ciclos. Todas as tradições nativas falam das várias fases da vida, dos vários ciclos de existência, dos "mundos que existiram" antes desse.

É interessante notar que a perspectiva dominante, inclusive a judaico-cristã, gera um desenvolvimento no tempo, um mundo é criado, seres são criados e então as coisas passam a se desenvolver no tempo.

Para os povos nativos a abordagem é mais forte no espaço, os Maias, Hoppes, Anassazi, os Pueblos e tantos outros povos falam de mundos anteriores a esse depois da chegada nesse mundo.

As eras não são apenas no Tempo... há mundos antes desses... Chegamos nesse mundo e agora vem o desafio: "para onde iremos?"

Cada mundo com seus seres, com a vida se manifestando.

Então temos um momento que podemos dizer "há milhares de anos atrás"... no qual na "África, na Ásia, na Europa, nas Américas e na Oceania" temos povos vivendo em harmonia com a Terra, com a Vida.

Seres humanos de linhagens diferentes (o homo sapiens não dominava ainda) convivendo com entes de outros mundos, e com os animais e plantas se relacionando como realidades vivas.

Para nós que trilhamos os caminhos nativos há um momento fundamental para compreender quando a humanidade deixou de trilhar o caminho de sintonia com a Natureza e entrou nesta outra linha de ação, que resultou neste estado de total degradação.

Houve um momento, que acontece de diferentes formas para cada povo, que a maneira de se relacionar do ser humano com a natureza se transforma e a vida não é mais "VIDA", mas sim coisa. A Natureza deixa de ser parte de nós mesmos e se torna "matéria prima".

O ser humano passa a exercer o poder sobre os grupos imediatos, passa a ser "dono do rebanho", depois "dono da Terra", depois "dono dos escravos e servos", e, então, "dono" substitui o participante. A NATUREZA não é mais viva, é coisa.

Dentro de uma relação ancestral com a natureza, uma lança, uma flecha, um vaso, uma cumbuca, uma panela, tudo que é usado tem um valor muito mais amplo que o utilitário, faz parte da vida, faz parte da história daquele grupo, daquela pessoa, daquela família... e isto se perdeu quase completamente hoje.

E então chegamos no momento em que tudo foi tornado coisa.

É daqui que precisamos sair, nós, herdeiros dos conquistadores, pois não podemos nos esquecer disso: somos antes de mais nada os herdeiros dos conquistadores e se vamos deixar de ser coisas, de tratar tudo como coisas, precisamos iniciar este trabalho em nós mesmos.

É o primeiro desafio.

"Descoisificarmos" a nós e nossas relações.

Nos coisificaram, agora nosso desafio é ir além desse estado.

Só então podemos dar os próximos passos.

Precisamos descobrir que somos mais que "o que fizeram de nós", que somos Magia Viva, pronta para ser desperta.

Eu, Nuvem que passa, falei. Ho!
(04/11/2001)

Nota: um belo exemplo sobre o tema desse texto - "Quando o mundo virou coisa" - encontramos nas palavras do Chefe Indígena Sealth, em sua famosa carta (1854), na qual responde à oferta de dinheiro feita pelo governo estadunidense por "suas" terras. Percebe-se a diferença abismal entre o paradigma ou visão de mundo de um representante dos povos nativos e a visão de mundo "coisificante" do homem branco.

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Há muito pouco valor na instrução

“A única ajuda concreta que você obteve de mim é o fato de que ataco sua auto-reflexão. Não fosse por isso, você estaria desperdiçando o seu tempo.

— Você me ensinou, Don Juan, mais do que qualquer outra pessoa em minha vida inteira — protestei.

— Ensinei-lhe todos os tipos de coisa para prender sua atenção. Você irá jurar, entretanto, que esse ensinamento foi a parte importante. Há muito pouco valor na instrução. Os feiticeiros afirmam que mover o ponto de aglutinação é tudo que importa. E esse movimento, como você bem sabe, depende de acúmulo de energia e não de instrução.

Então ele fez uma afirmação contraditória. Disse que qualquer ser humano que seguisse uma sequência específica e simples de ações poderia aprender a mover seu ponto de aglutinação.

Retruquei que ele estava contradizendo a si mesmo. Para mim, uma sequência de ações significa instruções; significa procedimentos.

— No mundo dos feiticeiros há apenas contradições de termos — replicou.

— Na prática não há contradições. A sequência de ações sobre a que estou falando é uma que se origina de estar consciente. Para tornar-se consciente dessas sequências você necessita de um nagual. É por isso que falei que o nagual proporciona uma chance mínima, mas essa chance mínima não é instrução, como a que você necessita para aprender a operar uma máquina. 

A chance mínima consiste em se tornar consciente do espírito.

Don Juan explicou que a sequência específica que tinha em mente exigia estar consciente de que a auto-estima é a força que mantém o ponto de aglutinação fíxo. Quando a auto-estima é podada, a energia que requer não é mais gasta. Essa energia aumentada serve então como o trampolim que lança o ponto de aglutinação, automaticamente e sem premeditação, para uma viagem inconcebível.

Uma vez que o ponto de aglutinação se moveu, o próprio movimento implica afastar-se da auto-reflexão, e isto, por sua vez, assegura um elo de conexão limpo com o espírito. Comentou que, afinal, era a auto-reflexão que havia desconectado o homem do espírito em primeiro lugar.

— Como já lhe expliquei — continuou Don Juan —, a feitiçaria é uma viagem de retorno. Voltamos vitoriosos ao espírito, tendo descido ao inferno. E do inferno trazemos troféus. O entendimento é um de nossos troféus.

O Poder do Silêncio, de Carlos Castaneda.


                      

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Gatilhos e transição planetária (reedição)


Tudo indica que a elite imperial do Ocidente, os pretensos dominadores globais,  resolveu ativar o gatilho 01. "Eles" vão querer cair atirando, como já tínhamos escrito em março deste ano.


A hora se aproxima, a transição planetária se acelera, o ponto de encaixe da Terra se desloca, os sinais estão por toda a parte, por exemplo: as mudanças no núcleo da Terra - parada e inversão -, tanto no plano pessoal quanto no coletivo, e neste existem basicamente alguns “gatilhos” para os quais deve se estar atento, são eles:

1 - escalada do confronto militar na Ucrânia: terceira guerra mundial, que, pelo visto, final de outubro de 2023, com a nova frente aberta no Oriente Médio, é a opção principal do Império.

2 - nova pandemia;

3 - mudanças climáticas;

4 - invasão alienígena “fake”;

5 - surgimento de um pretenso salvador da humanidade;

6 - “reset” financeiro.

Esses “gatilhos” estão na pauta dos dominadores globais, a turma do “Eles vivem, nós dormimos” (ver filme "Eles Vivem" - AQUI).


Alguns falam que estamos nos minutos finais da prorrogação, mas só há prorrogação quando o jogo está empatado. A metáfora da prorrogação futebolística não é adequada, prefiro a metáfora enxadrística.

Os dominadores globais já não estão mais no controle, eles estão literalmente descontrolados, o jogo para eles já está perdido, mas em vez de elegantemente declinarem o rei no tabuleiro de xadrez geopolítico e exopolítico, querem ir até as últimas consequências sem largar o osso, podendo mesmo levar o conflito militar para o campo das armas nucleares, o que atualmente fere as regras do jogo e provoca uma interferência “de fora”.

- Por que eles querem ir até as últimas consequências?

- Por que precisam de recursos humanos.

- Como assim? 


- Humanos são alimento para os dominadores globais.

- O quê???


- Você conhece a expressão “recursos humanos” que há nas corporações?

- Sim, mas estamos falando de mão de obra e não de alimentos.


- Num certo nível a consciência humana e suas emoções alimentam esses seres. A consciência humana é alimento para os dominadores globais. Aqui não estamos falando da elite humana no poder, pois tal elite responde a uma outra elite não-humana que usa a consciência como fonte de nutrição.


- Que viagem…


- Não é tanto assim… se você parar para pensar nas religiões que usam a emoção humana como fonte de alimento. Questione-se: por que os pretensos deuses das mais diferentes religiões precisam da adoração, do louvor e do temor de seus crentes? Há uma razão para tal, já que tal energia alimenta esses seres que logicamente não são seres sagrados, pois se fossem de fato o que afirmam ser - deuses - não precisariam dos serviços prestados pelos “recursos humanos” via religião.

- Então somos gado para esses pretensos deuses ou dominadores globais?


- Basta ver a metáfora muito comum empregada por alguns livros ditos sagrados onde somos comparados a ovelhas ou outros recursos animais, por exemplo:

Portanto, livrarei as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas - Ezequiel 34:22.

E quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes - Ezequiel 34:17.

Vós, pois, ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto; homens sois; porém eu sou o vosso Deus, diz o Senhor DEUS - Ezequiel 34:31

E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda - Mateus 25:33.


 - O apocalipse(em grego, revelação) nada mais é do que a revelação da verdadeira condição da humanidade submetida a pretensos deuses: somos para eles recursos humanos semelhantes a recursos minerais, vegetais ou animais. Isso é lógico e não deveria surpreender ou chocar, exceto pela nossa auto-importância. Contudo, porém, todavia, entretanto é chegada a hora do fim das religiões e da abolição humana, mas muitos ainda vão querer adorar os seus senhores e continuarem a servi-los como alimento em outros rincões, pois a Terra será livre por si mesma: a transição do planeta é do Planeta, isso precisa ficar claro, já a ascensão da humanidade é outra história, pois depende do esforço de cada um. E o nosso papel é nos livrarmos desse sistema de crenças do Império e sermos capazes de operar com autonomia moral, intelectual e existencial, auxiliando no movimento do ponto de aglutinação da Terra (ver texto "A Tarefa do Nagual" - AQUI).


segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Oração Diária

Eu não quero cargos, nem posições, nem reconhecimento, nem gratidão.

Não desejo justiça, não pretendo ser visto pelos humanos como alguém especial.

Meu único desejo é o domínio da mente, sem nenhuma esperança ou expectativa de alcançá-lo.

Não dependo de nada e nem de ninguém para realizar este domínio mental, antes toda adversidade é  benção e presente. 

Neste sentido este mundo é perfeito tal como é.

DR - 06/04/2015



sábado, 21 de outubro de 2023

As origens do Nagualismo: a organização da serpente




Quais são as origens do Nagualismo? Como surgiu o conhecimento da linhagem de xamãs guerreiros trazida à público pelo nagual Carlos Castaneda?

Segundo o mestre do nagual Carlos Castaneda, o nagual Juan Matus, o Nagualismo é uma tradição milenar, com milhares de anos, aproximadamente 10 mil anos!

A linhagem do nagual Carlos Castaneda, encerrada nele mesmo, é uma das linhagens do Nagualismo. O Nagualismo interessa-se apenas pela reprodução xamânica das linhagens, isso significa que não é um movimento baseado em proselitismo. As linhagens são constituídas por pessoas que possuem certas configurações de energia em função daquilo que é chamado de "o Regulamento da Águia".

Os primeiros praticantes, os primeiros videntes, conhecidos como os Antigos, os antigos feiticeiros, começaram no caminho do conhecimento pela experimentação de plantas de poder.

As plantas de poder foram as primeiras mestras da tradição xamânica dos toltecas.

Partindo desse ponto inicial, pode-se dizer que o Nagualismo é uma sabedoria advinda dos efeitos perceptivos causados pelas plantas de poder nos primeiros toltecas. Dizer isso equivale a dizer que a sabedoria dos toltecas nasceu como uma Sabedoria Verde, uma sabedoria que advém do verde, das plantas, dos fungos e da Terra. Bebendo do cálice da Terra as substâncias produzidas pelas plantas de poder e por seu espírito, os toltecas foram impregnados com sua sabedoria. Como um graal verde as plantas de poder abriram a visão daqueles homens e mulheres à mundos até então inconcebíveis.

Por terem as plantas de poder permitido o acesso dos primeiros toltecas a sabedoria infinita de outras realidades pode-se se dizer que essas plantas de poder ou plantas-mestras, foram para esses homens e mulheres o Nagual.

No Regulamento da Águia ou no Regulamento do Nagual está:

"Com a finalidade de guiar as coisas humanas até essa abertura, a Águia criou o Nagual. O Nagual é um ser duplicado para quem o regulamento foi revelado. Seja na forma de um SER HUMANO, um ANIMAL, uma PLANTA, ou qualquer coisa VIVA, o Nagual, em virtude de sua duplicidade é levado a buscar aquela passagem secreta ".

Então, conforme o Regulamento, o Nagual pode ser humano, animal, vegetal ou mineral, enfim, qualquer coisa VIVA, que possua a configuração apropriada em termos energéticos.

É interessante observar como a bebida Ayahuasca ou Runipan é formada pela junção de duas plantas, consideradas macho e fêmea. Assim também a bebida sagrada da Jurema é formada pela Jurema e uma outra planta, por exemplo, a Arruda da Síria. Aliás, segundo me informaram, a Jurema Preta, cresce em dois locais no mundo, México e Nordeste do Brasil, e foram trazidas de lá para cá em tempos ancestrais pelos Maias.

Vemos também uma forte ligação do Nagualismo com determinados animais tais como a Águia, a Cascavel, o Jaguar, o Coiote, o Veado e a Mariposa.

O Nagual não tem limites em suas formas de expressão.

No caso dos toltecas o Nagual apresentou-se inicialmente na forma e através das plantas de poder.

Há nas diferentes tradições xamânicas relatos, contos, mitos, estórias de como o Espírito sempre enviou mensageiros aos seres humanos em diferentes formas.

No próprio Regulamento da Águia está que o próprio Espírito deu origem ao primeiro par nagual e ao seu grupo de guerreiras e guerreiros.

"O modo como os toltecas começaram a seguir a trilha do conhecimento foi consumindo plantas de poder " – Don Juan, em O Fogo Interior, de Carlos Castaneda.

É bom colocar que o termo tolteca aqui não alude sobre uma cultura ou sobre um império, mas sim sobre mulheres e homens que por terem atingido um determinado nível de consciência e energia se chamavam de mulheres e homens de conhecimento, toltecas, videntes e guerreiros capazes de VER. Toltecas é um sinônimo para "homens de conhecimento" ou para xamãs que são capazes de ver a energia tal como ela flui no Universo.

Após um tempo consumindo plantas de poder eles aprenderam a VER, a perceber a energia diretamente tal como ela flui no Universo. Puderam aprender muito com sua capacidade de percepção ampliada. Lançaram as bases do conhecimento tolteca. Viram o ponto de aglutinação e seu brilho, viram que os seres humanos são bolhas de energia e luz, com configurações específicas, viram outros mundos e conceberam o Universo (Multiverso, em verdade) como um cebola, formado por diferentes camadas que interagem entre si sem se confundirem, perceberam que o ser humano é antes de tudo um ser de percepção e de energia, um viajante do infinito numa viagem de percepção, viram e travaram relacionamento com os seres inorgânicos chamando-os de aliados, perceberam a Terra como um ser vivo, estudaram as emanações da Águia e muito mais. Analisaram e sistematizaram seu conhecimento, passando a ensinar à outros, começaram a formar gerações de videntes. Ficaram fascinados com o que viram e não puderam fugir da atração que sua visão portentosa provocava.

O fascínio do que viram permitiu que eles aprendessem muito sobre as outras realidades, além da realidade de nosso mundo cotidiano, mas isso constituiu-se numa falha fatal para eles. Sabiam lidar muito bem com as outras realidades mas não tinham condições de expressar e manifestar seu poder e conhecimento nessa realidade. O fascínio de sua visão fez com que se descuidassem dessa camada da realidade e quando sofreram ataques ou invasões de outros povos conquistadores, seus aliados inorgânicos não puderam ajudá-los, eles não tinham suficiente poder pessoal para utilizarem-se de seus aliados nesse plano da realidade. 

Muitos sucumbiram. Alguns poucos se salvaram. Esses que se salvaram começaram a rever seu conhecimento diante do abalo que a invasão e a conquista de outros povos significou. Eles se perguntavam: Por que nós conseguimos sobreviver, invocando a força de nossos aliados e outros não? A resposta estava no poder pessoal. Assim o poder pessoal é compreendido pelos videntes que vieram a formar o novo ciclo:

Para adentrar ao nagual é necessário reforçar o tonal. O nome desse reforço é poder pessoal.
O uso de plantas de poder e o fascínio da visão provocado por esse uso tornou os primeiros videntes extremamente dependentes do poder das plantas-mestras e quando tiveram que enfrentar um desafio, como a invasão por outros povos, nesta realidade, não tinham poder próprio, poder pessoal para vencerem o desafio. Os poucos videntes que sobreviveram compreenderam isso, compreenderam que foi seu uso sóbrio de plantas de poder, o poder pessoal que conseguiram acumular através do uso da espreita, do sonho e da intenção que lhes permitiu invocar o poder dos aliados de maneira tal a surtir efeito sobre seus inimigos, a manipular a consciência de seus inimigos de tal forma que eles puderam, por essa manipulação, sofrerem o impacto do poder xamânico daqueles videntes ou, por outra via, simplesmente, os xamãs que dispunham de tal habilidade empreenderam a manobra de deslocar-se para uma outra realidade adjacente a esta evitando o ataque invasor.

Após revisar seu conhecimento e suas práticas diante do efeito devastador da invasão por parte de outros povos indígenas esse videntes, que ficaram conhecidos como os NOVOS VIDENTES, deram início a um novo ciclo do conhecimento tolteca, um novo começo onde o uso de plantas de poder foi diminuído e a ênfase estava na prática da espreita, do sonho e da intenção.

Logo, os novos videntes depararam-se como um novo, terrível e maior desafio: A Conquista Espanhola. Só o fato de terem dado ênfase ao poder pessoal via espreita, sonho e intenção permitiram que eles sobrevivessem a esse duro teste histórico. A arte da espreita levada as últimas conseqüências permitiu mesmo que eles se utilizassem das instituições conquistadoras, como a Igreja Católica, como refúgio e proteção, via infiltração secreta no corpo de membros da Igreja.

A partir do século XVI os novos videntes visando sua segurança fundaram várias linhagens, dividindo-se a fim de preservarem a si e ao seu conhecimento. A linhagem do nagual Carlos Castaneda e do nagual Juan Matus surge nessa época.

Eis a linhagem de Don Juan e Carlos Castaneda a partir do (a) desafiador (a) da morte – 1723 (século XVIII).
  1. Nagual Sebastian – " o nagual que perdeu o céu", segundo Florinda Matus. O Nagual que era sacristão e que primeiramente foi abordado pelo desafiador da morte em uma igreja.
  2. Nagual Santiestaban – mistério !
  3. Nagual Lujan – o marinheiro e praticante de artes marciais que no porto de Vera Cruz topou com o nagual Santiesteban. Recebeu do desafiante da morte 50 dons de poder !
  4. Nagual Rosendo – o nagual que foi enganado pelos seres inorgânicos e teve que resgatar seus pupilos Elias e Amália.
  5. Nagual Elias – o sonhador e artista que reproduzia os estranhos objetos que via em suas viagens no sonhar.
  6. Nagual Julian – o nagual que caminhava à beira do abismo, um tuberculoso que precisava continuamente espreitar a si mesmo para não sucumbir à sua auto-indulgência e sensualidade vivendo até à idade de 107 anos até que partiu para o Infinito, num ousado salto direto à terceira atenção, já que os outros naguais não deram um salto direto, segundo consta no texto recente sobre a Regra do Nagual de 3 pontas.
  7. Nagual Juan Matus – um modelo de sobriedade e elegância.
  8. Nagual Carlos Castaneda – o nagual de três pontas que revelou o conhecimento tolteca ao mundo em suas 11 obras de poder, "literatura" e "feitiçaria".
Antes houveram 8 naguais, perfazendo um total de 16 gerações incluso o Nagual Carlos Castaneda. Essa linhagem de 16 gerações teve seu início já no ciclo dos novos videntes, mas sofreu uma mudança profunda devida a relação simbiótica estabelecida com o Inquilino ou a "Desafiadora da Morte", um dos antigos videntes, que por um misterioso processo de fechamento da fenda de seu casulo luminoso, utilizando-se da energia produzida pelos naguais, e por uma movimentação específica do ponto de aglutinação, conseguiu manter-se vivo por muitos séculos operando nessa e em outras realidades com a totalidade de seu ser mágico, segundo relatos da linhagem de Carlos Castaneda.

Os números 4, 8, 12 e 16 parecem ser números básicos e importantes na estruturação de um grupo nagual.

A abertura do conhecimento propiciada pelo nagual de três pontas Carlos Castaneda inaugura um novo ciclo no conhecimento tolteca. Qual a característica desse novo ciclo ou do ciclo dos novíssimos videntes?

O novo ciclo se caracteriza pelo seu caráter ABERTO. O conhecimento está aí para aqueles que tiverem a decisão e a coragem de agarrarem seu cm cúbico de sorte.

A linhagem de Don Juan encerrou, mas o novo nagual deixou à porta do conhecimento aberta através de uma nova trilha: OS PASSES MÁGICOS.

A divulgação do conhecimento permite a prática por milhares de pessoas em todo o mundo. A prática em massa inaugura uma nova possibilidade: A MASSA CRÍTICA .

A característica essencial do novo ciclo é a possibilidade de uma REVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO NUMA ESCALA AMPLA.

As novas gerações de videntes tem apresentado uma mudança na cor de sua luminosidade, uma predominância do matiz VERDE, que os aproxima dos antigos videntes.

Há também a possibilidade de as linhagens que se extinguiram ou que passaram por um processo de descontinuidade serem retomadas, se houver praticantes suficientemente impecáveis para reestabelecer o "link" com tais linhagens.

Nos foi revelado recentemente o Regulamento do Nagual de 3 pontas que resumidamente nos diz :

Um grupo nagual é formado por guerreiros e guerreiras impecáveis que atuam como membros harmônicos de um corpo, como recíprocos energéticos, seres humanos que possuem características luminosas que os complementam.

Existem quatro matrizes luminosas básicas com doze variantes sintetizadas no homem e na mulher nagual. À medida que um tonal se aproxima do ideal de sua classe, manifesta um grau de consciência superior.

Quando os modelos ideais se encontram , tendem a combinar-se. Os sentimentos de atração entre os seres humanos podem explicar-se como resultado da fusão de seus moldes energéticos. O normal é que tal fusão seja parcial, porém as vezes ocorre uma repentina e inexplicável onda de simpatia; um vidente diria que ocorreu um ato de reciprocidade energética.

Os guerreiros de um grupo se combinam de um modo tal que sua relação produz ótimos resultados no sentido de acumular e ganhar poder.

Um grupo nagual é um organismo de massa crítica. Também chamado de organização da serpente, tal nome é inspirado na forma quadriculada da serpente cascavel.
D.R.

Obs: texto antigo, de 2009.

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