quinta-feira, 1 de maio de 2025

Pressão

Pressão é força.

Podemos sentir a pressão de diferentes maneiras.

Uma das formas mais interessantes de pressão que já senti diz respeito a pressão do "silêncio" provocada ou gerada com o auxílio de uma planta de poder chamada AYAHUASCA.

Outra forma de pressão muito interessante que senti diz respeito a diferentes vivências de natureza, digamos assim, "místicas". Experiências estáticas decorrentes de técnicas de meditação envolvendo pranayamas (respirações controladas), posturas de Yôga e reflexões ativas sobre temas como a Unidade que produziram e produzem certas sensações que se não são de natureza física podem ser assim traduzidas, como se o corpo que conhecemos fosse algo bem mais sutil do que aparenta.

As práticas de Tensegridade, certas danças sagradas, a pronúncia de mantrans, a prática de ritos de algumas tradições, também produziram em "mim" efeitos próprios do tipo de força com que elas nos permitem sintonizar ou nos alinhar. A pressão, por vezes, parece-se com uma força de natureza inteligente que nos alinha com uma maneira de perceber distinta.

As pressões de natureza mística são sentidas de forma não-opressora (quando dispomos de energia para tal), e são antes a abertura para um novo tipo de percepção. Mas não só isso. Me parece que pela experiência o alinhamento com certas forças ou força pode acontecer num tal nível de intensidade que pode-se perceber um tipo de moldagem do corpo.

O corpo molda-se de acordo com a força alinhada.

Percebo e percebi em "mim" essa experiência em terreiros de Umbanda, Candomblé quando os médiuns atuados por determinadas forças assumem não só posturas diferentes, mas as próprias feições do rosto modificam-se e até mesmo a altura do corpo altera-se.

Hoje percebo que tal moldagem pode ser feito por ação interna e não meramente externa (essa é uma diferença arbitrária) e que essa moldagem depende de nossa capacidade de sintonia ou de alinhamento.

Essa moldagem produz mesmo uma metamorfose.

Sinto que quando estamos fixos numa moldagem estamos prisioneiros de nossa incapacidade para alinhar outras faixas de energia ou de vibrações.

Nossa concretude e densidade é relativa a nossa capacidade de modelagem ou de sintonia com novas frequências ou de "submeter-se" a um tipo de força ou pressão diferentes das quais estamos acostumados.

Observando certos grupos humanos também sinto que a sintonia em que estão molda o seu corpo. Percebo isso, por exemplo, em padres e freiras da Igreja Católica, em médiuns kardecistas e em outros indivíduos associados à instituições que possuem um certo "peso" ou "tradição". Vendo um grupo de amigos muito próximos, na verdade um grupo aprendizes-xamãs, senti a mesma sensação de "peso" confirmada por um amigo próximo.

Sinto que toda atividade ou "técnica" que nos permite romper o padrão habitual de nossos pensamentos e ações nos disponibiliza para novas sintonias até o momento que tal atividade não se transforme ela mesma numa rotina. Antes importa que ela se transforme numa aprendizagem do corpo para acessar uma nova e variada percepção.

O fato mesmo de escrever esta mensagem do trabalho, onde me vejo, por vezes, obrigado a interrompê-la, afeta de forma interessante o influxo inicial que me impulsionou a escrevê-la.

A pressão assume "n" formas, mas essas "n" formas parecem ter mais a ver com as formas que somos capazes de assumir diante dos eventos, sem deixar que os eventos simplesmente aconteçam, sem que haja alguém para observá-los e alguém para administrá-los de acordo com a meta que se tem.

Certamente o que nos faz prisioneiros é a crença embutida em nós de que nossa concretude é uma uma condição imutável e a única disponível. É claro que foram desenvolvidas doutrinas e crenças que até nos dizem de outras possibilidades mas que também habilmente se utilizam de conceitos como o conceito de "carma" para nos fazerem escravos de nossa condição limitadora.

Assim a "nossa mente" foi prensada dentro de um molde estabelecido do qual poucos escapam. Para escapar do molde imposto pela pressão sócio-cultural nos é necessário energia, nos é fundamental liberar energia.

Mas essa é apenas uma visão possível sobre o tema "pressão". Que tem muito a ver com o tema transmutação da energia criadora, não é à toa que o tema "pressão" é tratado no Fogo Interior, no capítulo sobre o "brilho da consciência" (vasu_deva¹) como decorrente do alinhamento entre as emanações externas e internas ao ovo luminoso.

"— O que os novos videntes dizem ser a percepção, Dom Juan?"

"— Para eles, a percepção é uma condição de alinhamento; as emanações no interior do casulo ficam alinhadas com as exteriores, que se adaptam a elas. O alinhamento é aquilo que permite que a consciência seja cultivada por toda criatura viva. Os videntes fazem essas afirmações porque veem as criaturas vivas como realmente são: seres luminosos que parecem bolhas de luz esbranquiçadas."

(...)

"Perguntei-lhe como as emanações do interior do casulo se adaptam às externas de modo a permitir a percepção."

"— As emanações interiores e as emanações exteriores são os mesmos filamentos de luz. Os seres sencientes são diminutas bolhas feitas desses filamentos, microscópicos pontos de luz, ligados às emanações infinitas."

"Prosseguiu explicando que a luminosidade dos seres vivos é constituída pela porção particular das emanações da Águia que sucede estar dentro de seus casulos luminosos. Quando os videntes veem a percepção, testemunham que a luminosidade das emanações da Águia no exterior dos casulos destas criaturas aumenta a luminosidade das emanações em seu interior. A luminosidade externa atrai a interna; ela a aprisiona, por assim dizer, e a fixa. Essa fixação é a consciência de cada ser específico."

"Os videntes podem também ver como as emanações exteriores ao casulo exercem uma pressão particular sobre a porção de emanações interiores. Essa pressão determina o grau de consciência que cada ser vivo tem".

No intento,

Modak

¹
Do Vishnu Purana: a
 derivação comum de Vasudeva foi citada acima (página 62); aqui é derivada de Vas, 'morar', por Vishnu morar em todas as coisas, e tudo nele. O Mahabharata explica Vasu da mesma maneira, e Deva como significando radiante, brilhante: 'Ele faz todas as coisas residirem nele, e ele reside em tudo; por isso ele é chamado de Vasu, sendo resplandecente como o sol, ele é chamado de Deva, e aquele que é esses dois é denominado Vasudeva.' Veja também livro 6. cap. 5

terça-feira, 29 de abril de 2025

A guerra entre a consciência e a inconsciência, por Nuvem que Passa.

Lua nova, energia da lunação começando.

Após dias de chuva, estou no sul de minas, o sol começa a brilhar forte, intenso.

Após todos esses dias na umidade é um prazer sentir a luz solar quente, intensa.

Uma amiga da minha irmã que está hospedada aqui em casa, ela é de Itajubá e as estradas para lá estão impedidas, pela manhã, quando tomávamos o desjejum na varanda, ao sol, desembolorando, fez uma colocação que me chamou a atenção para um tema sério.

Ela disse: "E aí, você como pagão já fez seus ritos de agradecimento pelo sol ter voltado? "

Olhei para o sol brilhando intenso no céu azul e muitas ideias vieram a minha mente.

O sol está lá, num dos pontos da elipse das órbitas planetárias. Ele não foi embora nem voltou. Esteve sempre ali, não ficou nem mais nem menos intenso. Não "desejou " que chovesse, tão pouco que parasse de chover. Ele apenas está lá, podemos ou não nos sintonizar com ele. Como dizem os beduínos do deserto:

"Não se implora ao sol por misericórdia ao meio do dia. Procura-se a sombra".

Não é o sol responsável pelo desequilíbrio ecológico que gera essas chuvas concentradas neste período, depois de um longo período de seca.

O que me chamou a atenção no comentário foi como nos equivocamos ao avaliar certos eventos e como fomos impregnados de posturas que mesmo superadas intelectualmente, ainda nos tangem, ainda nos influenciam. Queremos atribuir ao paganismo uma relação idêntica aos dos religiosos. Como já coloquei outras vezes um (a) pagão (ã) não "ora aos deuses" "implorando humildemente favores". Um(a) pagão (ã) entra em sintonia com as potências da vida e age em harmonia com esses fluxos.

Magia é a forma do pagão se aliar aos poderes que nos cercam, não orações de pedintes. Tais potências que imprecisamente chamamos de deuses e deusas, não respondem a "oração" mas ao poder pessoal e a precisão da magia empregada. Fato.

Ao contrário do religioso que reza para deus ajudar e quando nada recebe, ou até o contrário acontece, se julga sendo "castigado" ou "testado", um pagão sabe que se realizou o rito de forma correta e tem poder pessoal suficiente vai atingir o que procura. Magia!

É difícil mudar a mentalidade, a forma de abordar a realidade.

Acompanho isso no meu cotidiano profissional, pois meu trabalho é lidar com a mudança de cultura dentro de uma empresa, auxiliar no baixar à resistência à mudanças, quebra de velhos paradigmas, pois só assim os programas de qualidade total e melhoria contínua podem ser de fato aplicados.

Na maioria das empresas que entramos, muitas das quais já tem o ISO, não aconteceu essa mudança, apenas decoraram procedimentos e acabam se estressando muito pois ficam "imitando", "seguindo" sem compreender de fato toda a nova mentalidade que um programa de qualidade exige. Isso é tão profundo que cansei de ver pessoas colocarem verbalmente certos pontos e agirem exatamente em linhas opostas sem nem perceberem isso. E as falhas ocorrem quando tentam manter as mesmas posturas antigas num contexto de qualidade total. Não funciona, gera problemas.

O mesmo vejo no paganismo.

Muitas pessoas subitamente percebem que o paganismo tem um apelo profundo. Sentem ressonância e mergulham no mesmo, mas trazem para o paganismo suas antigas posturas existenciais. Não operam em si uma profunda transformação conceitual, não reavaliam sua percepção da realidade circundante, apenas pegam os mesmos conceitos e os resignificam, isto é dão rótulos novos, mas continuam com a mesma bagagem conceitual.

Como já dissemos anteriormente, iniciar-se é morrer para o velho ser que éramos e nascer para um novo ser.

Morrer é transformar-se, é deixar para trás um estilo de ser, de agir, de pensar e sentir e ousar encontrar um novo estilo. Sem essa mudança estrutural não houve iniciação. Rituais portentosos podem ter ocorrido, mas o sentido fundamental da iniciação, morrer e renascer, não foi alcançado. E morrer é deixar o velho e nascer novamente, de si, por si, puro(a) , ingênuo(a), pronto(a) a reaprender o mundo. Essa a purificação necessária, despir-se de todos os "eus" conceituais que nos impregnaram para conseguir ver a realidade como ela é, não como nos condicionaram a vê-la.

Se lerem atentamente todos os livros que contam sobre a iniciação de um(a) xamã verão que é isto que o(a) pessoa ou grupo que inicia faz. Desmonta sistematicamente a antiga visão de mundo e "educa" o(a) aprendiz a mergulhar numa nova abordagem da realidade.

Vivemos num mundo totalmente manipulado.

Os meios de comunicação para a massa torcem as informações de forma sutil ou até acintosa, a fim de que o poder continue nas mãos dos que se julgam donos do mundo.

Como pagãos(ãs) e xamãs somos os(as) herdeiros(as) espirituais de povos que perderam, em parte, as históricas batalhas pela sobrevivência. Poucos param para pensar sobre isso, mas no litoral brasileiro, em Cusco, em Yucatã e tantos outros pontos do continente travou-se uma batalha entre duas mentalidades e a mais grosseira, mais violenta, mais vil venceu. Quantos povos foram cruelmente assassinados e aculturados?

Perdemos, em parte, estas batalhas. Digo em parte pois o fato de estarmos aqui, numa lista, debatendo o tema, mostra que ao mesmo tempo que exércitos matavam ou escravizavam os corpos de nossos ancestrais espirituais e padres convertores lhes matavam ou escravizavam a essência, alguns conseguiram escapar, o elo foi mantido e hoje renasce com intensidade.

Mas enquanto civilização os povos pagãos foram exterminados. Quando penso nisso há um certo pesar. A civilização hoje dominante nos impregnou de um neodarwinismo social que faz crer ser este modelo civilizatório o melhor e "um resultado natural da evolução". Nada mais falso.

As mortes, guerra, conflitos, inquisição, interferências imperialistas ainda hoje em andamento, nada mais são que o testemunho sangrento que este modelo de civilização é tão artificial que precisa de um trabalho intenso de desequilíbrio para existir. É mantido pelo poder de armas, exércitos e forças conversoras.

A explosão populacional, a exploração de seres humanos como objetos, negando-lhes sua condição de sujeito, essa padronização da vida em horários estanques, a perda do elo com a natureza, tornada objeto a ser explorado, não uma força viva e dinâmica tudo isso foi progressivamente desenvolvido para chegar a esta civilização.

As civilizações anteriores, os povos nativos da América e Europa, por exemplo, tinham outro estilo de vida, outra relação com a vida. O paganismo é um resgatar deste outro estilo de vida, em sintonia com a Natureza, como uma força viva, não apenas fonte de matéria prima. Óbvio que não podemos voltar atrás no tempo, tentar viver como os celtas viviam, como os índios, mas podemos aprender muitos aspectos com eles. Sabemos que tomamos banho todo dia não por influência da " desenvolvida" cultura europeia, mas graças aos índios e as amas negras. Há muitos hábitos saudáveis que vem desses povos e a forma de se relacionar com a vida, com a natureza e com a magia pode muito ser fortalecida quando entramos no universo pagão.

Estamos numa guerra. Uma guerra muito mais séria que a Guerra fria. De um lado temos os que lutam pela consciência, do outro pela inconsciência.

Há grupos espalhados pelo mundo em ação totalmente egoísta. Quem assiste Arquivo X tem uma boa analogia naquele sindicato que opera sob a proteção de rótulos como " segredo de estado" e "defesa nacional". Existem vários desses grupos espalhados pelo mundo, lutando apenas pelos seus interesses, prontos a sacrificar coletividades inteiras para se manter no poder. São herdeiros diretos de grupos que há tempos vem lutando pelo poder total sobre a humanidade.

Júlio César começou todo um trabalho sistemático para isolar as antigas tradições, poucos sabem que foi ele o primeiro a queimar uma parte da Biblioteca de Alexandria a fim de destruir certos elementos da tradição. O ataque aos celtas e outros povos foi só mais um passo desse agir rumo a uma tirania mundial. Cortez, Pizarro, Custer, Fernão Dias e tantos outros são alguns dos facínoras, assassinos, que numa lista de criminosos contra a humanidade figuram junto a Hitler e Milosevic, homens que perseguiram e destruíram outros povos com requintes de crueldade. Não podemos nos esquecer da inquisição que tentou destruir os elos da tradição que ainda resistiam e impedir a ciência de se desenvolver. E hoje temos os evangélicos invadindo aldeias e destruindo a cultura nativa para impor suas crenças.

Sabe como levamos um índio a perder seu respeito e amor pela terra, a vender sua mata e permitir que rasgue a mãe terra e poluam seus rios para minerar?

Basta convertê-lo, ensinar que os deuses, a Deusa, os ancestrais, o curupira e o anhangá, são demônios, que só Jesus salva e é só aceitá-lo como salvador pessoal e pronto. Se acabarem com o mundo não tema, deus vai dar um novo céu e uma nova terra ao eleito, só os pagãos tem que preocupar com a preservação do mundo, pois sabem que irão para o inferno quando este mundo acabar.

E assim continua a transformação desse mundo, um paraíso, num inferno.

Mas a luta está em andamento e como diz Marilyn Fergunson estamos no meio de uma revolução silenciosa.

Não é mais tempo de revolução com armas, que só ajudam as fábricas de armas a lucrar mais. Como dizem meus amigos sufis estamos no tempo de um Jihad da pena, um Jihad de conhecimento.

Como acreditam os xamãs e magos estamos numa guerra mágica.

É a única forma de levarmos o mundo de volta a um estado de equilíbrio. Na parte oeste da Park Avenue, na rua 68 em Nova York há dois belos edifícios, frente a frente. Um deles é a embaixada russa na ONU, que já foi URSS, o "grande inimigo", do outro lado está o Conselho de Relações estrangeiras (CFR) provavelmente uma das mais influentes organizações semi-públicas no campo da política internacional. Atua desde 1939 e os analistas políticos internacionais são unânimes em declarar que controla o departamento de estado americano. Nomes como Nelson Rockfeller, Henry Kinssinger e Nixon estão a este grupo associados.

Existe um livro "Honorable men" ( Little Brown Co., N.Y. , 1950) que na página 51 demonstra que tanto a articulação da segunda guerra mundial como a entrada dos EUA na mesma deve-se aos banqueiros do CFR. Interessante que como sempre financiam os dois lados, pois entre os membros do CFR encontram-se acionistas majoritários de bancos europeus como o Banco Henry Schoroeder (que financiou Sullivan e Cromwell) que patrocinaram Hitler (ver o documentário Zeitgeist).

Há uma luta acontecendo agora e para estes auto proclamados donos do mundo a destruição da Natureza vai continuar .

Entro neste tema para deixar claro que a "engenharia religiosa" destes grupos não tem limites e agora agem de forma ainda mais intensa em muito do que se vê por aí como Nova Era. Como a estapafúrdia teoria que 2/3 da humanidade vai morrer agora, para "purificar o planeta". Os "inferiores" vão embora e só ficam os superiores, claro, os que agem dentro de tal ou qual forma, sempre de acordo com o grupo que prega tais sandices.

Tais profetas do apocalipse já erraram feio desde a década de 80, mas sempre renascem pondo outra data e há sempre aqueles que preferem crer que alguém lá fora vem resolver tudo, que assumir que somos nós que temos que arregaçar as mangas e trabalhar para que uma nova era de equilíbrio venha à tona.

A Era de Aquário está aí, um novo ciclo, é como o sol de primavera voltando, mas do que adianta o sol primaveril voltar com sua chuva benfazeja se o solo não estiver arado e pronto, se a semente não está pronta?

É preciso muita insensibilidade para falar friamente da morte de 2/3 da população.

Eu estive esses dias indo a alguns postos de desabrigados aqui em Minas, por causa das enchentes, fomos levar leite da nossa fazenda e de alguns vizinhos. Ver as crianças e velhos é especialmente tocante.


Eu proporia pegar esses teóricos do apocalipse, que do conforto de suas casas ficam a falar sobre tais temas e colocá-los em campos de refugiados, creio que aprenderiam um pouco sobre algo que o budismo chama de compaixão e que eu chamo de gentileza.

Esta teoria está plenamente de acordo com a agenda dos nazistas, dos militantes de extrema direita de todos os blocos.

As pesquisas de armas biológicas nos EUA e em outros blocos buscam justamente isso, pragas seletivas que exterminem parte da população.

É muita ingenuidade acreditar que se houver uma crise global os verdadeiros donos do poder vão morrer.

Já estudaram um pouco o que há embaixo das montanhas rochosas dos EUA?

No mundo inteiro abrigos foram construídos para as elites do poder e preparados para os mais diversos tipos de contratempos, de catástrofes naturais a radiação atômica.

Assim como as potências usam o fenômeno UFO (real e complexo em si) para continuar as experiências com seres humanos dos nazistas, usam dessas tolices messiâncas para impedir que o único caminho viável, uma ação clara e incisiva, consciente e transformadora por parte de todos nós seja tomada.

É como o Brasil, que ao invés de resolver seus problemas, como moralizar as estatais e transformá-las em empresas eficientes e decentes, a gerar fundos para os gastos da União, como saúde, previdência e educação, prefere assumir que somos todos incompetentes, incapazes de eleger gente decente, incapazes de administrar com eficiência e vamos vender tudo ao capital estrangeiro, que tem mostrado muiiiiiita competência mesmo, vejam o caso da telefonia como pálido exemplo. E vão mostrar como são sensíveis as necessidades do país, quando da primeira crise mundial demitirem milhares.

Pode parecer que fugi do tema, mas não.

Fui a esta arena política para colocar que estamos na guerra do anel, como na outra era, contada por Tolkien.

Nunca o anel esteve tão perto de ser destruído, nunca esteve tão perto de Saruman.

E a luta tem que ser em todos os campos.

Assim cada vez que nos reunimos, como no dia 22 de Dezembro, no mundo inteiro em celebração (não adoração) a Deusa, cada rito que fazemos, cada vez que o paganismo se fortalece estamos novamente nos alinhando aos povos nativos de todos os continentes, aos pagãos de todos os mundos, desse e dos mundos paralelos onde se refugiaram.

E não adianta fazer como outros movimentos que tentaram fugir do sistema, a luta é de dentro para fora, nossas posturas é que mudam o mundo.

É esta a luta que está sendo travada, uma luta que ganhamos terreno quando somos felizes, quando realizamos nossos mais profundos sonhos, quando vivemos prazerosamente.

A mãe Terra está doente.

Cada vez que ritualizamos somos como uma agulha de acupuntura a tonificá-la.

Como bem coloca-se em Matrix, o ser humano deixou a condição de mamífero, que entra sempre em relação simbiótica com o meio onde vive, para assumir a condição de vírus.

Temos que curar esse comportamento, antes de mais nada em nós mesmos.

E então agir incisivamente.

Atos simples, como não comprar produtos que sejam agressivos ao meio ou venham de empresas que de uma forma ou de outra prejudiquem o meio ou usem mão de obra escrava.

É um primeiro passo, e como diz Lao Tsé, uma longa viagem começa com o primeiro passo.

Se estes primeiros passos forem dados poderemos ir mais longe, como trabalhar magicamente para transmutar todo o urânio 235 e o plutônio em elementos inofensivos.

Há uma batalha entre vida e morte, consciência e inconsciência.

Vale dela participar.

Se mais não for, para que o sorriso não desapareça no rosto de nossas crianças.

Se mais não for, por gentileza, um total gentileza para com a vida.

 
Nuvem que Passa

01/2000

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Intentar e Espreitar

- A intensidade, sendo um aspecto do intento, está co­nectada naturalmente ao brilho dos olhos dos feiticeiros. Para relembrar essas ilhas isoladas de percepção, os feiticeiros ne­cessitam apenas intentar o brilho particular de seus olhos associados com a localização à qual desejem regressar. Mas já ex­pliquei isso.

Devo ter parecido perplexo, Don Juan olhou-me com uma expressão séria. Abri minha boca duas ou três vezes para fazer perguntas, mas não consegui formular meus pensamentos.

— Porque a sua taxa de intensidade é maior do que o nor­mal — disse Don Juan —, em poucas horas um feiticeiro pode viver o equivalente a uma vida normal inteira. Seu ponto de aglutinação, mudando para uma posição não familiar, absorve mais energia do que o normal. Esse fluxo extra de energia é cha­mado intensidade.

Compreendi aquilo com perfeita clareza, e minha racio­nalidade titubeou sob o impacto da tremenda implicação. Don Juan fixou-me com seu olhar e então preveniu-me para me cui­dar de uma reação que afligia tipicamente os feiticeiros: um de­sejo frustrante de explicar a experiência da feitiçaria em termos coerentes, bem raciocinados.

— A experiência dos feiticeiros é tão bizarra — continuou Don Juan — que os feiticeiros a consideram um exercício inte­lectual, e usam-na para espreitar-se. Seu trunfo como esprei­tadores, entretanto, é que permanecem agudamente conscientes de que são os perceptores de que a percepção tem mais possi­bilidades do que a mente pode conceber.

Como único comentário, exprimi minha apreensão sobre as possibilidades bizarras da consciência humana.

— Para proteger-se daquela imensidade — disse Don Juan — os feiticeiros aprendem a manter uma mistura perfeita de implacabilidade, astúcia, paciência e doçura. Essas quatro bases estão inexplicavelmente interligadas. Os feiticeiros cultivam-nas intentando-as. Essas bases são, naturalmente, posições do ponto de aglutinação.

Continuou dizendo que qualquer ato executado por qual­quer feiticeiro era por definição governado por esses quatro princípios. Assim falando propriamente, cada ação de cada fei­ticeiro é deliberada em pensamento e realização, e tem a mis­tura específica dos quatro fundamentos da espreita.

— Os feiticeiros usam as quatro disposições da espreita como guias — continuou. — Trata-se de quatro estruturas men­tais diferentes, quatro mesclas distintas de intensidade que os feiticeiros podem usar para induzir seus pontos de aglutinação a se moverem a posições específicas.

Subitamente, Don Juan pareceu aborrecido. Perguntei-lhe se era a minha insistência em especular o que o preocupava.

— Estou apenas considerando como nossa racionalidade nos coloca entre uma pedra e um lugar rijo — retrucou. — Nossa tendência é ponderar, questionar, esclarecer. E não há como fazer isso na disciplina da feitiçaria. Ela é o ato de atin­gir o lugar do conhecimento silencioso, e o conhecimento si­lencioso não pode ser raciocinado. Pode ser apenas experi­mentado.

Ele sorriu, seus olhos brilhando como dois pontos de luz. Disse que os feiticeiros, num esforço para se protegerem do avassalador efeito do conhecimento silencioso, desenvolveram a arte de espreitar. A espreita move o ponto de aglutinação di­minuta mas firmemente, propiciando, desse modo, tempo aos feiticeiros e, portanto, a possibilidade de se escorarem.

— Na arte de espreitar — continuou Don Juan — há uma técnica que os feiticeiros usam muito: loucura controlada. Se­gundo eles, a loucura controlada é a única maneira que têm de lidar consigo mesmos, em seu estado de consciência e percep­ção expandidas, e com todos e tudo no mundo dos afazeres diários.

Don Juan explicou a loucura controlada como a arte do engano controlado ou a arte de fingir estar profundamente imerso na ação — fingindo tão bem que ninguém pudesse distingui-lo da coisa real. A loucura controlada não é um en­gano direto, mas um modo sofisticado, artístico, de estar se­parado de tudo permanecendo ao mesmo tempo uma parte de tudo.

— A loucura controlada é uma arte — continuou Don Juan. — Uma arte que causa muitas preocupações, e muito di­fícil para se aprender. Muitos feiticeiros não suportam isso, não porque haja alguma coisa inerentemente errada com a arte, mas porque é preciso muita energia para exercê-la.


O Poder do Silêncio, de Carlos Castaneda


sexta-feira, 25 de abril de 2025

A Arte da Espreita

"Os feiticeiros espreitam a si mesmos constantemente - comentou com uma voz reconfortadora, como se tentando acalmar-me com o tom de sua voz.

Desejei dizer que meu nevorsismo tinha passado e que provavelmente havia sido causado pela falta de sono, mas ele não me permitiu dizer coisa alguma.

Assegurou-me de que já havia me ensinado tudo o que tinha para saber sobre espreitar, mas eu ainda não recuperara meu reconhecimento da profundeza da consciência intensificada, onde o tinha armazenado. Disse-lhe que seria a desagradável sensação de estar arrolhado. Parecia haver algo trancado em mim, algo que me fazia bater portas e chutar mesas, algo que me frustrava e me tornava irascível .

- Essa sensação de estar arrolhado é experimentada por todo o ser humano. É um lembrete da existência de nossa conexão com o intento. Para os feiticeiros essa sensação é ainda mais aguda, precisamente porque seu objetivo é sensibilizar seu elo de conexão até que possam fazê-lo funcionar à vontade.

Quando a pressão do seu elo de conexão é grande demais, os feiticeiros aliviam-na espreitando a si mesmos.

- Ainda acho que não compreendo o que quer dizer por espreitar - falei. - Mas em certo nível penso que sei exatamente o que quer dizer.

- Tentarei ajudar você a esclarecer o que sabe, então. Espreitar é um procedimento, um procedimento muito simples. Espreita é um comportamento especial que segue certos princípios. É um comportamento secreto, furtivo, enganoso, designado a provocar um choque. E quando você espreita a si mesmo, você choca a si mesmo, usando seu próprio comportamento de um modo implacável, astucioso.

Explicou que quando a consciência de um feiticeiro ficava enredada pelo peso de suas aquisições perceptivas, o que estava acontecendo comigo, o melhor, ou talvez nosso único remédio, era usar a idéia da morte para proporcionar esse choque de espreita.

- A idéia da morte é de importância fundamental na vida de um feiticeiro - continuou D. Juan. - Mostrei-lhe coisas inumeráveis a respeito da morte para convencê-lo de que o conhecimento de nosso fim pendente e inevitável é o que nos dá sobriedade. Nosso engano mais caro como homens comuns é não se importar com o senso de imortalidade. É como se acreditássemos que , se não pensássemos a respeito da morte, nos pudéssemos proteger dela.

- Precisa concordar D. Juan que não pensar sobre a morte protege-nos de nos preocuparmos a respeito.

- Sim, isto serve a tal propósito, mas tal propósito não tem valor para homens comuns e representa uma caricatura para os feiticeiros. Sem uma visão clara da morte, não há ordem, nem sobriedade, nem beleza. Os feiticeiros lutam para ganhar essa percepção crucial de modo a ajudá-los a perceber no nível mais profundo possível que não tem segurança sequer de que suas vidas continuarão além do momento. Essa percepção dá aos feiticeiros a coragem de serem pacientes e no entanto entrarem em ação, coragem de aquiescer sem serem estúpidos. Don Juan fixou seu olhar em mim, sorriu e balançou a cabeça.

- Sim - continuou -, a idéia da morte é a única coisa que pode dar coragem aos feiticeiros. Estranho, não é ? Dá aos feiticeiros coragem de serem atenciosos sem serem vaidosos, e acima de tudo dá-lhes coragem de serem implacáveis sem serem convencidos.

Sorriu outra vez e cutucou-me. Disse-lhe que estava absolutamente aterrorizado pela idéia de minha morte, que pensava a respeito com freqüência, mas que certamente isso não me dava a coragem ou me incentivava a entrar em ação. Apenas me tornava cínico ou fazia com que eu caísse em estado de profunda melancolia.

- Seu problema é muito simples - disse ele. - Você fica facilmente obcecado.

Estive lhe dizendo que os feiticeiros espreitam a si mesmos para quebrar o poder de suas objeções. Há muitas maneiras de espreitar a si mesmo. Se não deseja usar a idéia de sua morte, use os poemas que lê para mim para espreitar a si mesmo.

- Como disse ?

- Disse-lhe que há muitas razões pelas quais gosto de poema - retrucou ele. - O que eu faço é espreitar a mim mesmo com ele. Provoco um choque em mim mesmo com eles.

Escuto, e enquanto você lê, calo meu diálogo interno e deixo meu silêncio interior ganhar impulso. Então a combinação do poema e do silêncio desfecha o choque.

Explicou que os poetas anseiam inconscientemente pelo mundo dos feiticeiros. Por não serem feiticeiros no caminho do conhecimento, os anseios são tudo o que tem.

(...)

...este incessante morrer obstinado,

esta morte vivente,

que te retalha, oh Deus,

em tua rigorosa obra

nas rosas, nas pedras,

nos astros indomáveis e na carne que se queima,

como uma fogueira acesa por uma música,

um sonho,

um matiz que atinge o olho.

...e tu, tu próprio, talvez tenha morrido eternidades de eras aí fora,

sem que saibamos a respeito, nos refúgios, migalhas, cinzas de ti;

tu que ainda estás presente,

como um astro imitado por sua própria luz,

uma luz vazia sem astros

que nos alcança,

escondendo sua infinita catástrofe.

" Quando ouço as palavras - manifestou-se D. Juan quando terminei de ler -, sinto que aquele homem está vendo a essência das coisas e posso ver com ele. Não me importo sobre o que seja o poema. Importo-me apenas sobre o sentimento que os anseios do poeta (filósofo) trazem até mim. Empresto seus anseios, e com eles empresto a beleza. E me maravilho diante do fato de que ele, como um verdadeiro guerreiro, derrame-o sobre os receptores, os espectadores, retendo para si mesmo apenas sua ansiedade. Esse impuxo, esse choque de beleza, é espreitar."


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A arte de espreitar é aprender todas as peculiaridades de teu disfarce, e aprende-las tão bem que ninguém saiba que estás disfarçado. Para consegui-lo, necessitas ser desapiedado, astuto, paciente e gentil . Ser implacável não significa aspereza, a astúcia não significa crueldade, ser paciente não significa negligência e ser gentil não significa ser estúpido. Os guerreiros atuam com um propósito ulterior, que não tem nada a ver com o interesse pessoal. O homem comum atua apenas se há possibilidade de ganância. Os guerreiros não atuam por ganância e sim pelo espírito.

Citações extraídas do livro O Poder do Silêncio, de Carlos Castaneda



quarta-feira, 16 de abril de 2025

Pranayama, a ciência do alento

Apresento esse texto porque a prática do pranayama é fundamental para o domínio e redistribuição da energia para aqueles que seguem pelo caminho do(a) guerreiro(a) ou pela prática tântrica ou mesmo por qualquer caminho que busque um equilíbrio vital. Apesar de mestres como Gurdjieff a criticarem só tirei dela excelentes resultados. Boas práticas!

A ciência do alento

Habitualmente, não temos o costume de observar a nossa respiração. Em verdade, como os nossos olhos só veem o que está à frente, não criamos o hábito de perceber o que se passa no nosso corpo. Esta percepção precisa ser desenvolvida. Observe a sua respiração da forma como ela está sendo realizada neste momento. O fluxo respiratório é muito forte. Se você quiser pará-lo, experimente trancar a respiração. É impossível. E, esta é a força vital pela qual você vive. Você quer viver como quer intensamente respirar. Quando as fossas nasais estiverem obstruídos, você limpa. E, quando estiverem fechadas? Geralmente as pessoas respiram pela boca e isso é um grande erro.

Pode-se viver respirando pela boca mas não se pode viver bem. A respiração bucal impede a formação da pressão ideal no interior dos alvéolos pulmonares para a perfeita assimilação do oxigênio; o ar inspirado nunca será tão bom quanto o inspirado pelas narinas porque não será filtrado. As fossas nasais filtram e aquecem o ar até a temperatura ideal.

É preferível respirar devagar do que rápido exceto em caso de extrema necessidade, pois o ar que entra rápido, certamente não será devidamente aquecido. A respiração lenta aquieta o biorritmo cardíaco e aquieta também as ondas cerebrais¹. Favorece a oxigenação sanguínea porque dá mais tempo aos pulmões realizar suas trocas gasosas(sangue venoso transforma-se em arterial). O sangue venoso é um sangue carregado de detritos, resultado da "digestão" celular e que será eliminado pela expiração e renovada pela inspiração quando uma quantidade suficiente de oxigênio é transferido para o sangue. É evidente, também, que outros elementos químicos presentes no ar sejam absorvidos pelo processo maravilhoso da respiração.

As fases da respiração

Quase todos conhecem as duas fases da respiração: inspiração e expiração. Mas isto é a metade dos movimentos respiratórios.

A respiração tem 4 fases²

1) inspiração 

2) pausa com ar 

3) expiração e 

4) pausa sem ar ou com pouco ar dependendo do caso. 

A inspiração é todo período no qual o ar entra nos pulmões a partir do meio ambiente. É seguido por uma pausa que pode ser curta ou longa e este é o período no qual o sangue venoso presente no interior dos pulmões tem condições de se reciclar absorvendo oxigênio do ar inspirado. Logo após é seguido por uma expiração que é o momento em que o sangue já anteriormente oxigenado é bombeado para a circulação sanguínea ao mesmo tempo em que detritos do sangue venoso são expulsos pela expiração ao mundo atmosférico. Em seguida vem a fase da pausa sem ar que é quando os pulmões se enche de sangue venoso que aguarda uma carga de oxigênio que logo chegará junto com a inspiração e este ciclo acontece do início da nossa vida junto com a natureza e vai até o fim da nossa existência.

Momentos para relaxar:

A princípio, não existem mais momentos específicos para relaxar. É bom tirar férias mas os efeitos perduram por pouco tempo. Em poucos dias, entramos no ritmo do trabalho. Sendo assim, é preciso que o nosso dia a dia incorpore os momentos para relaxar. Se o trabalho lhe der prazer, melhor ainda. Conversas agradáveis, atitudes mentais corretas, sabedoria e ponderações com bom senso são muito importantes. Mas, é sabido que nem sempre o ritmo do dia a dia permite tamanho ambiente positivo. Seres humanos em relação geram necessariamente conflitos. Estes conflitos impedirão ou diminuirão o seu potencial de descontração. Saiba, então, deixar tudo de lado, não para sempre, lógico, mas por alguns momentos. Deixe tudo de lado e vá conversar com seus amigos, mude de ambiente mental(pense em outras coisas) insista em pensar em coisas, pessoas, e assuntos contrárias às coisas que te preocupam. Sabemos que pensar neuroticamente por muito tempo em conflitos e problemas não nos ajudam a encontrar a verdadeira solução. As melhores soluções vem quando estamos relaxados. Isto acontece porque quando estamos estressados, a inquietação é tamanha que as agitações das ondas mentais impedem de ver melhor o próprio problema e, então, as soluções encontradas não são muito boas. Profundas reflexões e ponderações feitas em silêncio interior com as ondas cerebrais aquietadas produzem melhores soluções. Dessa forma, os momentos para relaxar deixar de ser atribuídas exclusivamente às férias ou fins de semana e passam a ser possíveis àquelas pessoas possuidoras das técnicas adequadas para produzir os estados mentais desejados.

O que aumenta a sua vitalidade?

Não vou cogitar sobre as coisas que podem aumentar a sua vitalidade senão as que aumentam a vitalidade de fato.

1 - Atividades físicas adequadas: sei que muitos acham que caminhar é um grande exercício mas creio que isso é consideração de quem acha que o mínimo é o bastante. Não. Gostaria de considerar junto contigo que caminhar não é, em absoluto, um ótimo exercício físico, senão, o mínimo, porque, em condições normais, aquele que nem caminhar pode, é considerado doente. Então, quando se fala em trabalhar o corpo quer dizer outras atividades específicas além de caminhar. O corpo humano tem recursos, possibilidades e poderes que quem não toma contato com técnicas que possibilitem o desabrochar, não consegue nem acreditar. Muita gente sedentária acha que ter dores no corpo, cansaço, má digestão, etc.. sejam coisas comuns mas estes sintomas são raras nas pessoas verdadeiramente saudáveis. É preciso auto-avaliação e conhecimento dos gostos pessoais mais o conhecimento das técnicas corporais, pelo menos, para que se possa chegar a escolher o seu esporte. O Yôga, por exemplo, sem ser esporte nem arte marcial, porque é filosofia, possui inúmeras técnicas corporais excelentes para fortalecer musculatura, sistema nervoso, glandular, flexibilidade e alongamento muscular.

Por onde entra a nossa vitalidade?

Basicamente, as "portas" por onde entram a vitalidade são quatro: boca(alimentos), pulmão, pele e psiquismo.

ARTE DE RESPIRAR BEM: PRÁNÁYÁMA

A palavra pránáyáma é composta de dois radicais: prana que significa bio-energia, alento primordial, energia vital e yama que significa domínio. Literalmente, pránáyáma quer dizer domínio da bio-energia.

Nos textos clássicos do Yôga, emprega-se o termo com diferentes significados mas todos eles giram em torno do que acabo de mostrar. A definição que explica melhor o significado é a seguinte: pránáyáma é a parte do Yôga que trata do domínio das energias psíquicas mediante a regulação do movimento respiratório.

Os yogis afirmam que quando o domínio do movimento respiratório é conseguido com perfeição, consegue-se a faculdade de governar à vontade todas as forças inerentes à natureza do homem, adquire-se o domínio completo do funcionamento interno do corpo, desenvolvem-se novas faculdades mentais.

PRANA é força vital do Universo. É o princípio de todo o dinamismo, força e movimento. No homem, é dessa força vital que é feito o corpo sutil, diferente do físico, mas graças ao qual se realizam todos os fenômenos energéticos do organismo. Regulam as relações que se desenvolvem dentro do indivíduo e as que se realizam entre este e o mundo. É o substrato vital, energético, de todas as funções orgânicas e psíquicas. É o elemento dinamizante de toda a espécie de substâncias. Prana é o princípio sutil da energia atuante no mundo fenomênico. Está mais além da percepção normal do homem, mas como tantas outras coisas que ele não pode perceber, segundo seu funcionamento habitual, faz parte integrante da imensa riqueza e variedade da criação.

O homem extrai PRANA de diversas fontes: do Sol, do Ar, dos Alimentos, etc..., embora não seja nenhum dos elementos físicos ou químicos que os compõem. Circula através dos milhares de nadis ou canais sutis que constitum substancialmente o corpo sutil e se armazena nos ou centros que, por sua vez, são as estações especializadas diversos chakras encarregadas da distribuição prânica por todo o organismo psíquico.

O que se veio a chamar "força nervosa" não é senão uma das manifestações do Prana. A vitalidade de uma pessoa, sua irradiação sua irradiação magnética, sua "personalidade", são expressões de prana. A quantidade de Prana que maneja um indivíduo constitui seu verdadeiro capital energético. A sutil fisiologia indiana assinala a existência de cinco "ares vitais" ou vayús principais que, também recebem o nome genérico dos cinco pranas vitais. São: prana, apana, vyana, samana e udana. Os mais significativos de todos eles são prana e apana.

Prana, em seu verdadeiro sentido, como primeiro vayú, é a energia da função absorvente, atrativa, integradora: tira do ambiente a energia que o indivíduo necessita, principalmente , através do ar inalado.

Apana é a força vital de ação propulsora, expulsiva, desintegradora: expele os elementos que não necessita, que o estorvam. Sua função no aspecto fisiológico manifesta-se, principalmente nas excreções: urina, matérias fecais e emissão de sêmen³.

Vyana é o ar vital que penetra todo o corpo e faz circular a energia derivada do alimento e da respiração em todo o corpo.

Samana é o prana situado na região gástrica. Sua função é a digestão.

Udana é o prana situado na garganta e sua função é a deglutição. Um dos ares vitais que penetra o corpo humano suprindo-o de energia vital. Também situado na cavidade toráxica, controla a entrada do ar e dos alimentos.

A finalidade imediata do Yôga através do pránáyáma é a união, harmonia ou equilíbrio destas duas energias: prana e apana. O ponto que une ou separa ambas as energias ou movimentos é precisamente o kumbhaka (retenção) ou ponto neutro, tanto o interno como o externo. Daí, sua importância no Yôga.

Cada estado de consciência tem seu quadro completo de ritmo de todas as funções. Daí que, no mudar, por exemplo, o ritmo respiratório, produz-se automaticamente a correspondente mudança das demais funções. O tipo da respiração de uma pessoa alegre caminha sempre junto com a mesma euforia afetiva e a mesma produtividade mental(salvo, é claro, diferenças individuais); a pessoa ativa, criadora mas serena e equilibrada tem um ritmo respiratório que é próprio dessas qualidades e qualquer pessoa que respire do mesmo modo(basicamente), sentir-se-á igual. Claro está que falamos de uma respiração estável, contínua, convertida em automática e não de uma determinada instância em que se respire de um ou de outro modo.

OS EFEITOS DA RESPIRAÇÃO

Nos alvéolos pulmonares ocorrem o intercâmbio gasoso. Aumenta a pressão interna no tórax e no abdomen que produz maior afluência do sangue numa e noutra região, com o consequente estímulo do trabalho cardíaco. A respiração promove o transporte do oxigênio e do anídrido carbônico no interior do corpo, realiza constante massageamento do coração e dos órgãos e vísceras abdominais por causa dos movimentos rítmicos da respiração. Promove a transformação dos sangue venoso em arterial, regulariza o equilíbrio ácido-base no organismo, torna possível a combustão orgânica, altera o humor e o estado emocional, influencia os atos do pensar, fornece ao organismo grande parte da energia vital de que necessita estimulando os intercâmbios nutritivos das células, tecidos e órgãos de todo o corpo.

SIGNIFICADO PSICOLÓGICO DA RESPIRAÇÃO

A inspiração é o primeiro ato do homem ao nascer. A respiração é um ato vital que a pessoa executa como um todo. Com a respiração, estabelece sua primeira relação com o exterior. O primeiro ato do homem é, pois, um ato de natureza social. Pela respiração, o homem mantém contato permanente e ininterrupto com o mundo que o rodeia, num intercâmbio vital de primeira necessidade.

A respiração vem a ser a atividade vital que mantém o homem no mundo através de seu aparelho respiratório. A respiração se realiza através de dois níveis diferentes: o nível consciente ou voluntário e o nível inconsciente, automático ou involuntário.

Existe uma estreita relação entre a personalidade profunda ou nível inconsciente e a respiração profunda, assim como entre a respiração superficial e a personalidade consciente ou superficial.

Respiração profunda refere-se a uma autêntica profundidade, que quer dizer, também, totalidade. Em geral, o homem não sabe o que seja respirar profundamente confundindo-o com o inspirar com muita força, com encher os pulmões sob pressão, com risco de prejudicar inclusive seu próprio organismo.

Para respirar profunda e totalmente é necessário que não haja impedimento algum na livre entrada e saída do ar, de acordo com a verdadeira capacidade e necessidade do indivíduo. Exige que os movimentos de inspiração e expiração funcionem sem inibição alguma, consciente ou inconsciente. Respirar totalmente implica em relacionar-se inteiramente com o mundo que nos rodeia, sem temores, restrições ou reservas, com todo nosso ser. Se há tensões emocionais reprimidas, existem também contrações musculares inconscientes que impossibilitam qualquer ação livre. É toda a pessoa que respira e não apenas seus pulmões e seu diafragma; é toda a pessoa que se expressa biologicamente através da respiração, como em qualquer outro aspecto vital e, se a pessoa, em seu íntimo está reprimindo algo, necessariamente se expressará reprimindo também a sua respiração.

O homem, geralmente, não sabe e não pode respirar totalmente. Perdeu ou distorceu o profundo e sadio automatismo da respiração correta. Por debaixo de sua respiração superficial, a única de que é consciente, o homem está realizando uma retenção de ar quase permanente, que não é outra coisa senão uma expressão fisiológica de sua perturbação emocional, de seu inconsciente egocêntrico. Análogo mecanismo é encontrado nas perturbações do aparelho digestivo.

Existe uma evidente relação entre os níveis superficiais e os profundos da respiração como existe também entre o inconsciente e o consciente psicológicos.

Se a respiração superficial se aprofunda, ambos os níveis põe-se em contato, estabelecendo-se uma comunicação direta entre os mesmos, produzindo-se uma verdadeira transfusão de energia do inconsciente para o consciente, com o que não somente diminui a tensão e o gasto energético que esta exige, mas também, ao mesmo tempo, aumenta o capital energético do "eu consciente". Este vai assim, ampliando-se e aprofundando-se: as energias que alimentavam a personalidade subconsciente incorporam-se, então à consciência vígil, o que se sente como uma extraordinária sensação de alívio, de descanso e ampliação da mente, dos afetos e da vontade; numa palavra: como fecunda expansão de consciência.

A respiração é, portanto, o único processo que, sendo profundamente vegetativo, automático e inconsciente, pode, ao mesmo tempo fazer-se regular e dirigir-se conscientemente com a vontade. Neste fato particular que a natureza coloca à nossa disposição, os yogis viram, há vários séculos, um meio para poder penetrar, diretamente com a mente, nesses níveis profundos e manejar, libertando-as da inconsciência, as energias psíquicas do mundo vegetativo e do inconsciente.

TIPOS E FASES DA RESPIRAÇÃO

Segundo a região mais trabalhada pode ser superior, média, diafragmática ou completa. Segundo o volume do dar inspirado pode ser superficial ou profunda. A respiração pode ter frequência rápida, lenta, irregular ou rítmica. As fases da respiração são: inspiração, expiração e suspensão(pausa). A polaridade pode ser positiva ou negativa.

RESPIRAÇÃO EM GERAL

A prática dos exercícios de ásanas (posições) e de pránáyáma (controle do alento) produz uma mudança definida na respiração habitual. A maior elasticidade dos pulmões e do aparelho muscular respiratório conseguida com os exercícios traduz-se por uma respiração muito mais profunda. Entra maior quantidade de oxigênio no fim do dia o que aumenta a purificação do sangue e, por conseguinte, revitaliza-se todo o organismo. Acentua-se a ação da massagem mecânica produzida pelos movimentos da inspiração e da expiração sobre o coração, estômago, pâncreas, fígado, rins e intestinos, graças a que as funções desses órgãos ficam eficazmente estimulados. A saúde melhora rapidamente. Transtornos funcionais de vários tipos são prontamente corrigidos e eleva-se o tônus vital de todo o organismo em geral.

ALGUMAS TÉCNICAS RESPIRATÓRIAS BÁSICAS

a)ARDHA PRANA KRIYA - (Respiração abdominal)

Inspire projetando o abdômen para fora. Retenha o ar por alguns segundos. Expire projetando o abdômen para dentro. Mantenha a coluna ereta e com as mãos em jnãna mudrá.

É o melhor exercício de ação sedativa sobre o sistema nervoso. Nele predomina, de modo natural, a expiração, de ação eminentemente vagotônica. Elimina todas as tensões e contrações abdominais, facilitando o trabalho a todo aparelho digestivo. Proporciona o estado de repouso e do relaxamento da musculatura dando descanso ao aparelho locomotor e ao sistema nervoso central. É a respiração ideal como exercício especial das pessoas super excitadas, tensas, preocupadas, hiperativas.

b) RESPIRAÇÃO EMBRIONÁRIA

O objetivo principal deste exercício respiratório é procurar obter uma longa vida.

A respiração embrionária é auto-suficiente. Realiza um processo preparatório para concentração mental e contemplação. Sentado em qualquer posição de meditação, manter a respiração encerrada no diafragma de maneira a que um pêlo colocado entre o nariz e a boca não se mova.

c) CHANDRA PRÁNÁYÁMA

Sente-se em qualquer ásana confortável. Conserve cabeça, o pescoço e o tronco numa linha reta. Feche a narina direita com o polegar direito. Inspire lentamente através da narina esquerda, durante o máximo de tempo que puder. Faça-o confortavelmente. Expire depois muito lentamente pela mesma narina.

d) SURYA PRÁNÁYÁMA

Feche a narina esquerda com os dedos minguinho e anular da mão direita e inspire e expire através da narina direita. Faça-a lentamente.

e) PRANA KRIYA

devem estar em jñana mudrá. Inspire projetando o abdômen para fora. Continue inspirando e expandindo o tórax lateralmente e elevando os ombros e tombando a cabeça para trás, inspire o máximo. Permaneça o máximo de tempo sem forçar nada e comece a expirar lentamente. Abaixa a cabeça, os ombros e recolhe o abdômen esvaziando os pulmões por completo. Repetir sem chegar ao cansaço físico.

A respiração completa ou integral exercita todos os músculos, cartilagens e articulações do aparelho respiratório, assim como é evidente alcançarem os pulmões sua máxima elasticidade, atua eficazmente sobre o sistema circulatório, aparelho digestivo, sistema nervoso e glandular; desenvolve a capacidade e o hábito de respirar de modo profundo, completo e espontâneo e, por fim, produz os efeitos psicológicos que descrevemos antes. Maneja-se assim, maior quantidade de oxigênio sem outras consequências senão a de elevar o tônus vital, que repercute favoravelmente em todas as funções físicas e psíquicas em geral.

Observações:

A prática abusiva e incorreta dos exercícios de pránáyáma pode produzir graves transtornos físicos e psíquicos principalmente do tipo nervoso, cardíaco e pulmonar.

Os exercícios de pránáyáma produzem efeitos muito intensos e reais e é preciso usar de grande prudência e sentido comum para sua prática adequada.

Boa saúde, clara percepção do assunto, vida moral elevada, discernimento, capacidade de auto-observação, prudência e decisão são os requisitos básicos que é necessário reunir quem queira praticar os exercícios de pránáyáma sem qualquer risco.

f) VAMAH KRAMA(respiração alternada)

Inspire pela narina esquerda e exale pela narina direita. Não retenha a respiração. Depois, inspire pela narina direita e expire pela narina esquerda. Isso completa um ciclo. Repita de seis a dez vezes no início.

Após um mês de práticas respiratórias, retenha a respiração o máximo de tempo que puder fazê-lo sem desconforto. Isso se chama kumbhaka (retenção).

g) SUKHA PURVAKA (respiração alternada com biorritmo)

Inspire profundamente pela narina esquerda, depois retenha a respiração sem fazer força e a seguir expire lentamente pela narina direita. Agora, inspire pela narina direita, retenha a respiração e máximo que puder fazê-lo confortavelmente e depois expire pela narina esquerda. Utilize o biorritmo 1:4:2 podendo aumentar gradativamente para 16:64:32.

h) SHAVÁSANA PRÁNÁYÁMA

Deite-se de costas. Relaxe o corpo e a mente. Inspire profundamente e retenha a respiração sem fazer força e expire lentamente. Repita OM mentalmente enquanto estiver inspirando, retendo a respiração e expirando. Você se sentirá como novo.

i) BHÁSTRIKA

Sente-se numa posição firme e agradável com as mãos em jñana mudrá. Inspire e expire muito rapidamente, com ruído, durante dez segundos. Depois, inspire profundamente e expire lentamente. Isto perfaz um ciclo. Faça seis ciclos. O bhástrika gera calor e é especialmente indicado no inverno. A prática prolongada deste pránáyáma pode curar asma e a tuberculose.

j) KAPALABHATI

O kapalabhati é semelhante à bhástrika mas neste, a expiração é feita com uma súbita e vigorosa expulsão de ar. A inspiração deve ser mais lenta e sem ruido. Este respiratório consta como um exercício de kriya nas obras de Hatha Yôga. É um exercício que desobstrui as vias respiratórias. Tem o mesmo efeito curativo que o bhástrika.

k) UJJAYI

Inspire lentamente pelas duas narinas de maneira suave e uniforme, prenda a respiração o máximo de tempo que puder e expire por ambas as narinas. Ao inspirar e expirar, feche parcialmente a glote. Um som suave e uniforme se produzirá. Este exercício tira o calor da cabeça, aumenta o fogo gástrico e pode curar doenças da garganta e dos pulmões.

l) SITKARI

Coloque a ponta da língua na parte superior da boca, no palato, com a boca levemente aberta, aspirar com suavidade. Pode ser feita também com a ponta da língua entre os dentes e aspirando suavemente o ar produzindo um som sibilante. Exale pelas narinas.

Este exercício aumenta a beleza física do praticante e dá vigor ao corpo. Dissipa a fome, sede, indolência e o sono.

m) SITALI

Colocando a língua em forma de calha entre os dentes semicerrados e adiantando um pouco além dos lábios. Aspire o ar pela boca com um ruído sibilante igual a "si". Retenha o ar tanto quanto seja possível com comodidade. Expire lentamente pelas narinas.

Este pránáyáma purifica o sangue, elimina a sede e a fome, esfria o organismo. É indicado para dispepsia, inflamação do fígado, febre, má digestão e desordens biliares.

n) BHRAMARI

Sente-se em padmásana ou siddhásana. Inspire rapidamente pelas fossas nasais imitando o som de um zangão. Expire rapidamente por ambas fossas nasais imitando o zumbido de uma abelha.

A descrição do bhramari pránáyáma de acordo com o Gheranda Samhita é a seguinte: Feche os ouvidos com os polegares. Inspire pelas fossas nasais retendo o ar nos pulmões tanto quanto possível e exale por ambas fossas nasais. Este exercício deverá ser praticado num lugar calmo e livre de ruídos pela noite.

o) MURCHA

Sente-se em padmásana. Inspire profundamente e retenha o ar realizando o Jalandhara Bandha(pressão do queixo contra o peito). Permaneça o máximo de tempo. Expire lentamente. Este pránáyáma insensibiliza a mente e dá felicidade.

p) PLAVINI

Fechar a glótis e absorva o ar, pouco a pouco até encher o estômago. O ar pode ser expulso do estômago através da prática do Uddiyana Bandha.

q) RAJAS PRÁNÁYÁMA

Variante no. 1 - Inspirar elevando os braços até a altura dos ombros e após suave retenção, expirar lentamente baixando os braços.

Variante no. 2 - Inspirar elevando os braços até acima da cabeça. Tombe a cabeça para trás. Permaneça pelo menos 10 segundos. Expire lentamente baixando os braços sincronizando o movimento dos braços com a expiração.

Promove uma oxigenação perfeita e desperta a consciência do corpo e da respiração.

r) KUMBHAKA (retenção)

Existem dois tipos de kumbhakas: sahita e kevala.

Sahita é aquela que se relaciona com a inspiração e expiração. Kevala é exclusivamente retenção sem importar-se com o ritmo. No Kevala Kumbhaka não se regula nem a inspiração nem a expiração. Durante a prática do Kumbhaka, a mente deverá concentrar-se no Purusha ou no Ájña Chakra, o ponto entre sobrancelhas.

s) SOPRO "HÁ"

De pé, com as pernas ligeiramente afastadas, relaxe o corpo. Inspire profundamente pelas narinas elevando os braços, simultaneamente, até acima da cabeça. Sem dobrar os joelhos, abaixe vigorosamente e rapidamente os braços e o tronco emitindo a sílaba "há" bem alto. Permaneça alguns segundos assim e depois retorne a posição inicial. Durante o sopro, solte a garganta e o diafragma. Repetir 3 a 10 vezes.

Elimina impurezas e resíduos pulmonares. Promove a descontração interior.

t) RESPIRAÇÃO PARA FORTALECER OS NERVOS

De pé, com as pernas afastadas na largura de um ombro, expire. Agora, inspire elevando os braços a frente até a altura dos ombros. Cerre os punhos com força. Mantendo os pulmões pleno de ar, contraia os braços com vigor, trazendo os punhos de encontnro aos ombros três vezes. Quando levar os braços para frente para depois contrair, leve os braços resistindo como se estivesse que vencer uma grande resistência contrária ao movimento. Fazer devagar e com grande esforço até a ponto de tremer. Ao expirar, baixe os braços afrouxando-os e deixando cair suavemente.

Aumenta a resistência do sistema nervoso. Dá segurança interior e aumenta as faculdades mentais.

Arquivos de Nuit


Notas

¹ Essa é a definição de Patanjali para Yoga em seus Sutras: Yogás Citta Vritt Nirodhah: o aquietamento das ondas mentais é Yoga.

² Segundo o Vijnanabhairava Tantra, na primeira prática indicada por Shiva à Shakti: A Shakti suprema se revela quando a inspiração e a expiração nascem e morrem nos dois pontos extremos, superior e inferior. Assim, entre duas respirações, experimente o espaço infinito.

³ Devemos compreender que o sêmen é o substrato essencial de tudo o que consumimos e a própria força vital que gera a vida e a consciência, portanto, não é mera excreção ou estorvo como pode ser lido ou interpretado nessa passagem do texto.


terça-feira, 15 de abril de 2025

A Vara e a Serpente

Tudo o que sei é o que significa para os guerreiros(as). Eles não ignoram que a única energia real que possuímos é a energia sexual, que confere vida. Esse conhecimento toma-os permanentemente conscientes de sua responsabilidade - O Fogo Interior, de Carlos Castaneda.

A Energia Criadora Sexual assume muitos símbolos e formas nas diferentes tradições. Ela é a Fonte de nosso Ser no mundo.

Viemos das águas sexuais de nossa mãe e de nosso pai.

Somos o fruto desse conhecimento sagrado do amor. O Amor se polariza para criar.

A água evaporada, a nuvem, se polariza para gerar o filho raio.

22 Assim Moisés foi instruído em toda a sabedoria dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras - Atos 7.

Moisés era um sacerdote egípcio. Foi criado pelos egípcios, pelo Faraó e sua filha.

Interessante que o Egito é uma civilização que junta magia e política com perfeição. O Faraó era ao mesmo tempo rei e sacerdote.

Moisés significa aquele que nasceu das águas. É um símbolo para todo o humano, pois todo humano nasce das águas. Encontramos o arquétipo em outros personagens até mais antigos como Karna (do Mahabharata, um dos filhos de Kunti) e Sargão (da Acádia). Toda a vida nasce das águas. O Rio Nilo era sagrado para os antigos egípcios por isso. Assim como o Ganges para os indianos.

A vida que nasce das águas é como o espermatozoide que adentra ao óvulo, fecundando-o.

As águas seminais do homem que fecundam a terra uterina da mulher.

A vara sagrada do homem fazendo a água da vida emanar da rocha-uterina-divina da mulher.

Falo e Útero, Ás de Paus e Ás de Copas gerando e regenerando a vida.

A Vara, o Cajado é um símbolo de poder. A Taça, o Graal é um outro símbolo de poder.

A dualidade atrativa gerando e regenerando a Vida.

Essa dualidade é uma marca em diversas histórias míticas.

Vejamos a seguinte dualidade, a Vara-Serpente.

A vara é um símbolo do Falo, da energia sexual masculina.

A serpente é um símbolo da Fluidez, dos Ciclos, da Regeneração, da energia sexual feminina.

A Energia Sexual é por excelência feminina, por isso no homem e na mulher Ela é a Shakti, a Força (do arcano 11 do Tarot), a Kundalini.

"A Minha serpente é uma extensão da Sua".

Essas são palavras mágicas entre o Sacerdote e a Sacerdotisa que expressam a união mágica do masculino e do feminino.

Vou citar agora algo que fará alguns amigos (as) pagãos arrepiarem-se...risos.

Eis um exemplo da dualidade masculino-feminino, Vara-Serpente.

Há uma história mágica e mítica na Bíblia onde Moisés (com Arão) transforma a Vara em Serpente e de novo a Serpente em Vara, em Êxodo 4 e 7:

2 Ao que lhe perguntou o Senhor: Que é isso na tua mão. Disse Moisés: uma vara.
3 Ordenou-lhe o Senhor: Lança-a no chão. Ele a lançou no chão, e ela se tornou em cobra; e Moisés fugiu dela.
4 Então disse o Senhor a Moisés: Estende a mão e pega-lhe pela cauda (estendeu ele a mão e lhe pegou, e ela se tornou em vara na sua mão);

e

9 Quando Faraó vos disser: Apresentai da vossa parte algum milagre; dirás a Arão: Toma a tua vara, e lança-a diante de Faraó, para que se torne em serpente.
10 Então Moisés e Arão foram ter com Faraó, e fizeram assim como o Senhor ordenara. Arão lançou a sua vara diante de Faraó e diante dos seus servos, e ela se tornou em serpente.
11 Faraó também mandou vir os sábios e encantadores; e eles, os magos do Egito, também fizeram o mesmo com os seus encantamentos.
12 Pois cada um deles lançou a sua vara, e elas se tornaram em serpentes; mas a vara de Arão tragou as varas deles.

A Vara é um símbolo clássico do poder mágico. Ela simboliza a força do Mago(a) e do Iniciado(a). Representa sua Vontade em domar em si as muitas vontades. Representa também a Coluna Espinhal do ser humano.

A Vara que se torna em Serpente é a própria Força Sexual ascendendo ao longo dos canais sutis da coluna espinhal humana. A Serpente do Éden enroscada em torno da Árvore do Conhecimento é um símbolo da Serpente Kundalini enroscada em nosso Corpo. Nosso Corpo é a Árvore do Conhecimento onde habita a Deusa Serpente.

Qualquer praticante do caminho que acumula e recanaliza sua energia sexual criadora pode senti-la como vida pulsante ao longo de seu canal espinhal.

O Poder de um Mago se determina pelo nível de ascensão da Serpente ao longo da Vara.

A Serpente de Moisés engoliu as Serpentes dos Magos Egípcios porque seu poder era maior. Isso também pode significar que os judeus absorveriam a sabedoria egípcia, da qual Moisés era herdeiro. Moisés era um sacerdote egípcio. Foi o avatar da Era de Áries. Há uma imagem de Moisés com dois chifres, como um deus cornudo. Esse é um clássico símbolo pagão que nada tem a ver com um sentido pejorativo ou do mal.

A Vara transformada em Serpente simboliza a transformação e a transmutação da Energia Sexual Criadora.

Os cornos de Moisés simbolizam o cérebro direito e esquerdo plenamente desenvolvidos e fecundados pela Energia Sexual Criadora Transmutada.

Transformar a Serpente em Vara e vice-versa é um símbolo do processo alquímico do Solve et Coagula.

A Serpente é o poder de dissolução. A Vara, o poder de coagulação. Expressões polarizadas da mesma Energia.

Modak

sábado, 12 de abril de 2025

Uma conversa sobre o poder pessoal

P - Poder pessoal é o poder da pessoa?

R - Não, a pessoa, a persona, a máscara, aquilo que fizeram de nós não tem poder, a pessoa social, a pessoa, que é fruto da socialização, é um animal domesticado, é uma máquina, como diria Gurdjieff, não pode ter nenhum poder, antes é manipulada por outras pessoas, instituições e poderes, apesar de muitas e muitas vezes estar cheia de si. Aqui é preciso entender bem o que significa o termo 'pessoa'. No XG a pessoa se quer existe, é um fantasma, sendo assim como poderia ter algum poder? Por isso que escolas como o Quarto Caminho dizem que a capacidade de FAZER é algo raro, pois FAZER implica em PODER, poder de (auto)realização. Como uma pessoa, uma máquina pode fazer algo? Uma máquina apenas segue a sua programação, uma pessoa social apenas segue o seu condicionamento e assim sonha que está fazendo algo, confunde o fazer, a ação consciente com a reação mecânica típica das máquinas. A pessoa comum acha que fazer é algo ligado ao trabalho, ao emprego, a uma função social para ganhar dinheiro. É muito comum numa conversa qualquer, comum e corrente, alguém iniciar um bate-papo fazendo a clássica pergunta: - O que você faz? Ou ainda: - No que você trabalha? Ou então: - O que você está fazendo da vida? 

Ora, um PERSONAgem não atua, não faz nada e não pode fazer nada a não ser representar um papel do qual não tem consciência. É mecânica, portanto, não tem poder. Vemos isso estampado na vida comum e corrente toda a hora quando a pessoa, por exemplo, precisa empreender uma mudança de hábitos seja por um motivo de saúde ou de carestia. Mesmo havendo necessidade, devido a uma força externa, de mudar os hábitos, para uma pessoa comum e corrente é muito difícil, portanto fazê-lo de uma forma deliberada, voluntária e consciente é impossível. Máquinas não possuem consciência de si mesmas a ponto de realizarem mudanças que impliquem em deixarem de ser máquinas, elas apenas podem se tornar máquinas melhores, pessoas melhores, como um produto de 1ª, 2ª, 3ª geração e daí por diante.

P - Se é assim por que nas obras do Dr. Carlos Castaneda é usada a expressão poder pessoal?

R - É tarefa das novas gerações ir aperfeiçoando os termos, as palavras. Poder pessoal é um termo paradoxal, contraditório se formos olhar para uma das primeiras técnicas comportamentais ensinadas por Don Juan Matus para o Dr. Carlos Castaneda justamente para obter poder pessoal, alcançar o silêncio interior, parar o mundo, livrar-se da pressão coercitiva da primeira atenção: apagar a história pessoal. E aqui devolvo a pergunta: ora, se vamos apagar a história pessoal, se vamos nos liberar da pessoa social e dos frutos podres da socialização como vamos usar a expressão poder pessoal?

P - Que outro termo poderíamos empregar?

R - Na obra do próprio nagual Carlos Castaneda temos uma palavra que nos parece mais adequada: impecabilidade. O termo ficou muito bem definido como economia de energia, melhor uso da energia, dar o melhor de si no que tange a própria energia, seu uso, acúmulo e alinhamento com o Poder. E aqui usamos o Poder com letra maiúscula para denotar que tal Poder é de natureza impessoal, ou seja, a pessoa não tem o Poder, na verdade é o Poder que tem a pessoa, de um tal modo que a própria pessoa é dissolvida pelo Poder, tornando-se vazia no sentido do si mesmo, destituída do eu, do ego, mas ao mesmo tempo preenchida pelo Poder, tal como a gota que se funde ao oceano, talvez por isso o Dr. Carlos tenha usado em sua obra final uma outra metáfora para referir-se ao Poder: o Mar Escuro da Consciência.

P - Como uma máquina pode deixar de ser máquina e entrar nesse caminho?

R - Isso não depende dela, depende do próprio Poder, é muito difícil, quase impossível compreender isso, que só existe a Águia e os comandos da Águia, é Ela quem define, enquanto poder impessoal, por isso, para quem estuda as obras do Dr. Carlos Castaneda, é preciso compreender a fundo o significado de que "não há voluntários no caminho dos guerreiros(as). Um homem (uma mulher) tem que ser obrigado(a) contra a sua própria vontade a entrar no caminho dos(as) guerreiros(as)".

P - Isso não faz dos guerreiros(as) algo superior a pessoa comum?

R - Ao final e ao cabo todos serão devorados pela Águia, tudo o que um(a) guerreiro(a) faz é alinhar-se aos comandos da Águia, não sobra assim nenhum espaço para qualquer tipo de autoimportância. 

Modak

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A Chave Secreta para o Empoderamento

Saúdo a Fonte Eterna em mim e em tudo. Estou atuando a partir do centro da verdade. Que todos os impedimentos sejam removidos. Imagem gerada...