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| "A intensidade é a única coisa que pode nos salvar do aborrecimento" |
Um dos presentes quis saber qual era a posição dos bruxos diante da guerra. Seu rosto refletiu aborrecimento.
"O que você quer que eu diga? - perguntou - Que são pacifistas? Pois não são! A eles não interessa nosso destino como homens comuns e normais! Entendam de uma vez por todas! Um guerreiro é feito para o combate, seu descanso é a guerra".
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...a guerra do bruxo não está dirigida contra os outros, mas contra suas próprias fraquezas.
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O guerreiro sabe que vive em um universo predatório. Não pode baixar a guarda. Por onde quer que olhe, ele vê uma luta incessante, e sabe que é merecedora de respeito, porque é uma luta mortal.
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Seu adversário não é seu semelhante, mas seus próprios apegos e fraquezas.
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Afirmava que a situação da humanidade em geral é horrenda, e que enfatizar certos grupos é uma forma disfarçada de racismo.
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Quando eu lhe expunha minha preocupação pelas pessoas, ele indicava minha incipiente papada e me dizia: 'não se engane, Carlitos, pois se você se interessasse de verdade pela condição humana, não trataria a si mesmo como a um porco'.
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"Quando sentir que a mente coletiva o pressiona, tentando convencê-lo de que se concentre nas aparências do mundo, repita para seu interior esta tremenda verdade: 'eu vou morrer, não sou importante, ninguém o é!' Saber isso é a única coisa que importa".
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A tragédia do homem atual não é sua condição social, senão a falta de vontade de mudar a si mesmo.
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Ele me ensinou que a ordem do mundo não tem que ser como nos dizem, que eu posso deixá-lo de lado quando eu quiser. Eu não estou obrigado a manter uma imagem para os outros, a viver um inventário que não me convém. Meu campo de batalha é o caminho do guerreiro!
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2 - A Importância Pessoal
Acrescentou que a informação de que precisamos para ampliarmos a consciência se esconde nos lugares mais improváveis; e que se não fôssemos tão rígidos como normalmente somos, tudo à nossa volta nos contaria segredos incríveis.
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"O caminho para converter um ser humano normal num guerreiro é muito árduo. Sempre intervém nossa sensação de estar no centro de tudo, de sermos necessários e termos a última palavra. Nós nos sentimos importantes. E quando a pessoa é importante, qualquer intento de mudança se converte em um processo lento, complicado e doloroso”.
"Esse sentimento nos segrega. Se não fosse por ele, todos nós fluiríamos no mar da consciência e saberíamos que nosso eu pessoal não existe para si mesmo: seu destino é alimentar a Águia”.
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...nós não estamos obrigados a viver em uma única realidade, porque o universo está construído com princípios muito maleáveis que podem se acomodar em formas quase infinitas, produzindo incontáveis gamas de percepção.
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"Nossa herança é uma casa estável onde viver, mas nós a transformamos em uma fortaleza para a defesa do eu, melhor dizendo, em um cárcere onde condenamos nossa energia a consumir-se em prisão perpétua. Nossos melhores anos, sentimentos e forças se vão no conserto e na sustentação daquela casa porque nós acabamos nos identificando com ela”.
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Carlos continuou explicando que a auto-importância se alimenta da mesma classe de energia que nos permite "ensonhar". Portanto, perdê-la é a condição básica do nagualismo, porque libera para nosso uso um excedente de energia; porque sem essa precaução, o caminho do guerreiro poderia nos converter em umas aberrações.
"Assim, antes de mais nada, deem-se conta disso. Peguem uma cartolina e escrevam nela: 'A importância pessoal mata', e pendurem-na no lugar mais visível da casa. Leia essa frase diariamente, tente se lembrar dela no seu trabalho, medite sobre ela. Talvez chegue o momento em que seu significado penetre em seu interior e você decida fazer algo. O dar-se conta é por si mesmo uma grande ajuda porque a luta contra o eu gera seu próprio impulso.
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"Percebam que a importância pessoal é um veneno implacável. Nós não temos tempo e o antídoto é a urgência. É agora ou nunca!”.
"Uma vez que vocês tenham dissecado seus sentimentos, devem aprender como canalizar seus esforços mais além da faixa do interesse humano, até o lugar da não piedade. Para os videntes, esse lugar é uma área de nossa luminosidade tão funcional como é a área da racionalidade. Nós podemos aprender a avaliar o mundo de um ponto de vista desapegado, da mesma que nós aprendemos, quando crianças, a avaliá-lo a partir da razão. Só que o desapego, como ponto de enfoque da atenção, está muito mais próximo da realidade energética das coisas”.
"Sem essa precaução, a convulsão emocional resultante do exercício de espreitar a nossa autoimportância pode ser tão dolorosa que o aprendiz pode ficar louco ou ser levado ao suicídio. Quando ele aprender a contemplar o mundo a partir da não compaixão, intuindo que por trás de toda a situação que implique um desgaste energético há um universo impessoal, o aprendiz deixa de ser um nó de sentimentos e se torna um ser fluido”.
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"Um modo de definir a importância pessoal, é entendendo-a como a projeção de nossas fraquezas através da interação social. É como os gritos e atitudes prepotentes que adotam alguns animais pequenos para dissimular o fato de que na realidade eles não têm defesas. Somos importantes porque nós temos medo, e quanto mais medo, mais ego.
"Ao não termos compaixão, podemos enfrentar com elegância o impacto de nossa extinção pessoal. A morte é a força que dá ao guerreiro valor e moderação. Só olhando através de seus olhos nos damos conta de que nós não somos importantes. Então ela vem viver ao nosso lado e começa a nos transmitir seus segredos”.
"...a ousadia do guerreiro nasce do contato com sua morte iminente".
"Narrou a história de uma moça que chegou um dia no escritório de seu editor, pôs uma esteira no chão, sentou-se sobre ela e disse: "Daqui eu não saio até falar com Carlos Castaneda!" Todas as tentativas com o fim de desencorajá-la desse propósito foram inúteis, pois ela permaneceu inflexível. Então o editor chamou a Carlos pelo telefone e o avisou que uma louca exigia sua presença".
"O que eu podia fazer? Fui para lá e me coloquei diante dela. Quando eu lhe perguntei a razão de seu estranho comportamento, ela me falou que, estando mortalmente doente, tinha ido ao deserto para morrer. Mas, enquanto meditava em solidão, entendeu que ainda não tinha esgotado tudo e decidiu jogar sua última carta. Que, para ela, significava conhecer pessoalmente o nagual”.
"Impressionado por sua história eu lhe fiz uma proposta sem igual: 'Deixe tudo e venha para o mundo dos bruxos. E ela respondeu imediatamente: 'Jogo!' Quando eu escutei sua resposta me eriçaram os pelos, porque isso mesmo era o que me falava don Juan: 'Se vamos jogar, ora, joguemos! Mas joguemos a morte”.
"Assim é o sentimento do bruxo diante do seu destino: 'Aposto minha vida neste intento, nada menos. Eu sei que o meu fim me espera em qualquer parte e não há nada que eu possa fazer para evitá-lo. Portanto, estando definido o meu caminho, aceito a responsabilidade de viver plenamente e arriscar tudo numa única jogada”.
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"...para quem já morreu, cada segundo de vida é um presente".
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"O aspecto da impecabilidade que mais concerne à nossa vida diária, é saber até onde o exercício de nossa liberdade afeta a outros e evitar os esbarrões a todo custo. Ocasionalmente, nossas relações com os demais geram fricções e expectativas. Um bruxo em pé de guerra se previne contra tais esbarrões e se converte em um caçador de sinais. Se não há sinais, ele não interage com as pessoas; limita-se a esperar, porque, assim como não tem tempo, tem toda a paciência do mundo. Sabe que há muito em jogo e não está disposto a arruinar tudo por um passo em falso”.
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"Como não se desespera por relacionar-se com ninguém, o guerreiro pode escolher seus afetos com sobriedade e desprendimento, tomando cuidado a todo momento para que as pessoas com as quais consente em ter relações sejam compatíveis com sua energia. O segredo para ter tal claridade de visão consiste em se identificar e não se identificar. O bruxo se identifica com o abstrato, não com o mundo. Isso lhe permite ser independente e cuidar-se sozinho".
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"Percebam que, diante do destino, cada um de nós está sozinho. Assim, que tomem o comando da sua própria vida. Um guerreiro lapida os detalhes, desenvolve sua imaginação e põe à prova seu engenho para resolver as situações. É inconcebível que se sinta inválido, porque tem autodomínio e não necessita nada de ninguém. Ao se concentrar nos detalhes, aprende a cultivar a fineza, a sutileza e a elegância".
"Don Vicente Medrano dizia que a beleza desta guerra reside nos pontos que não se veem. Essa é a marca registrada do bruxo,
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4 - A Consciência da Morte
"A premissa dos bruxos para tratar com este tipo de prática é o silêncio mental. E a qualidade de silêncio requerido para algo tão descomunal quanto parar o mundo, só pode vir de um contato direto com a grande verdade de nossa existência: que todos nós vamos morrer".
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"Se vocês querem conhecer a si mesmos, sejam conscientes de sua morte pessoal. Ela não é negociável e é a única coisa que vocês realmente têm. Todo o resto poderá falhar, mas a morte não, a ela podem dar por certo. Aprendam a usá-la para produzir efeitos verdadeiros em suas vidas".
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"Uma vez alinhados com a morte, estarão em condições de dar o seguinte passo: reduzir ao mínimo a bagagem. Este é um mundo prisão e é necessário sair como fugitivos, sem levar nada”.
“Os seres humanos são viajantes por natureza. Voar e conhecer outros horizontes é nosso destino. Por acaso você sai de viagem com sua cama ou com a mesa em que come? Sintetiza sua vida!".
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"O poder que nos rege nos deu escolhas. Ou nós passamos a vida dando voltas ao redor de nossos hábitos, ou nos animamos a conhecer outros mundos. Só a consciência da morte pode nos dar a sacudidela necessária”.
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