domingo, 20 de julho de 2025

Citações do livro "Encontros com o Nagual", de Armando Torres



Conversações com Carlos Castaneda


"A intensidade é a única coisa que pode nos salvar do aborrecimento"




1 - A Revolução dos Bruxos

Um dos presentes quis saber qual era a posição dos bruxos diante da guerra. Seu rosto refletiu aborrecimento.

"O que você quer que eu diga? - perguntou - Que são pacifistas? Pois não são! A eles não interessa nosso destino como homens comuns e normais! Entendam de uma vez por todas! Um guerreiro é feito para o combate, seu descanso é a guerra".

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...a guerra do bruxo não está dirigida contra os outros, mas contra suas próprias fraquezas.

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O guerreiro sabe que vive em um universo predatório. Não pode baixar a guarda. Por onde quer que olhe, ele vê uma luta incessante, e sabe que é merecedora de respeito, porque é uma luta mortal.

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Seu adversário não é seu semelhante, mas seus próprios apegos e fraquezas.

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Afirmava que a situação da humanidade em geral é horrenda, e que enfatizar certos grupos é uma forma disfarçada de racismo.

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Quando eu lhe expunha minha preocupação pelas pessoas, ele indicava minha incipiente papada e me dizia: 'não se engane, Carlitos, pois se você se interessasse de verdade pela condição humana, não trataria a si mesmo como a um porco'.

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"Quando sentir que a mente coletiva o pressiona, tentando convencê-lo de que se concentre nas aparências do mundo, repita para seu interior esta tremenda verdade: 'eu vou morrer, não sou importante, ninguém o é!' Saber isso é a única coisa que importa".

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A tragédia do homem atual não é sua condição social, senão a falta de vontade de mudar a si mesmo. 

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Ele me ensinou que a ordem do mundo não tem que ser como nos dizem, que eu posso deixá-lo de lado quando eu quiser. Eu não estou obrigado a manter uma imagem para os outros, a viver um inventário que não me convém. Meu campo de batalha é o caminho do guerreiro!

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2 - A Importância Pessoal

Acrescentou que a informação de que precisamos para ampliarmos a consciência se esconde nos lugares mais improváveis; e que se não fôssemos tão rígidos como normalmente somos, tudo à nossa volta nos contaria segredos incríveis.

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"O caminho para converter um ser humano normal num guerreiro é muito árduo. Sempre intervém nossa sensação de estar no centro de tudo, de sermos necessários e termos a última palavra. Nós nos sentimos importantes. E quando a pessoa é importante, qualquer intento de mudança se converte em um processo lento, complicado e doloroso”.

"Esse sentimento nos segrega. Se não fosse por ele, todos nós fluiríamos no mar da consciência e saberíamos que nosso eu pessoal não existe para si mesmo: seu destino é alimentar a Águia”.

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...nós não estamos obrigados a viver em uma única realidade, porque o universo está construído com princípios muito maleáveis que podem se acomodar em formas quase infinitas, produzindo incontáveis gamas de percepção.

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"Nossa herança é uma casa estável onde viver, mas nós a transformamos em uma fortaleza para a defesa do eu, melhor dizendo, em um cárcere onde condenamos nossa energia a consumir-se em prisão perpétua. Nossos melhores anos, sentimentos e forças se vão no conserto e na sustentação daquela casa porque nós acabamos nos identificando com ela”.

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"Por causa de nossa importância, nós estamos cheios até as bordas de rancores, invejas e frustrações. Nós nos deixamos guiar pelos sentimentos de indulgência e fugimos da tarefa de nos conhecer a nós mesmos com pretextos como: 'me dá preguiça' ou 'que cansaço!'. Por trás de tudo isso há uma ansiedade que tentamos silenciar com um diálogo interno cada vez mais denso e menos natural".

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Carlos continuou explicando que a auto-importância se alimenta da mesma classe de energia que nos permite "ensonhar". Portanto, perdê-la é a condição básica do nagualismo, porque libera para nosso uso um excedente de energia; porque sem essa precaução, o caminho do guerreiro poderia nos converter em umas aberrações.

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"Assim, antes de mais nada, deem-se conta disso. Peguem uma cartolina e escrevam nela: 'A importância pessoal mata', e pendurem-na no lugar mais visível da casa. Leia essa frase diariamente, tente se lembrar dela no seu trabalho, medite sobre ela. Talvez chegue o momento em que seu significado penetre em seu interior e você decida fazer algo. O dar-se conta é por si mesmo uma grande ajuda porque a luta contra o eu gera seu próprio impulso.

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"Percebam que a importância pessoal é um veneno implacável. Nós não temos tempo e o antídoto é a urgência. É agora ou nunca!”.

"Uma vez que vocês tenham dissecado seus sentimentos, devem aprender como canalizar seus esforços mais além da faixa do interesse humano, até o lugar da não piedade. Para os videntes, esse lugar é uma área de nossa luminosidade tão funcional como é a área da racionalidade. Nós podemos aprender a avaliar o mundo de um ponto de vista desapegado, da mesma que nós aprendemos, quando crianças, a avaliá-lo a partir da razão. Só que o desapego, como ponto de enfoque da atenção, está muito mais próximo da realidade energética das coisas”.

"Sem essa precaução, a convulsão emocional resultante do exercício de espreitar a nossa autoimportância pode ser tão dolorosa que o aprendiz pode ficar louco ou ser levado ao suicídio. Quando ele aprender a contemplar o mundo a partir da não compaixão, intuindo que por trás de toda a situação que implique um desgaste energético há um universo impessoal, o aprendiz deixa de ser um nó de sentimentos e se torna um ser fluido”.

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"Um modo de definir a importância pessoal, é entendendo-a como a projeção de nossas fraquezas através da interação social. É como os gritos e atitudes prepotentes que adotam alguns animais pequenos para dissimular o fato de que na realidade eles não têm defesas. Somos importantes porque nós temos medo, e quanto mais medo, mais ego.

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"Ao não termos compaixão, podemos enfrentar com elegância o impacto de nossa extinção pessoal. A morte é a força que dá ao guerreiro valor e moderação. Só olhando através de seus olhos nos damos conta de que nós não somos importantes. Então ela vem viver ao nosso lado e começa a nos transmitir seus segredos”.

3 - O Caminho do Guerreiro

"...a ousadia do guerreiro nasce do contato com sua morte iminente".

"Narrou a história de uma moça que chegou um dia no escritório de seu editor, pôs uma esteira no chão, sentou-se sobre ela e disse: "Daqui eu não saio até falar com Carlos Castaneda!" Todas as tentativas com o fim de desencorajá-la desse propósito foram inúteis, pois ela permaneceu inflexível. Então o editor chamou a Carlos pelo telefone e o avisou que uma louca exigia sua presença".

"O que eu podia fazer? Fui para lá e me coloquei diante dela. Quando eu lhe perguntei a razão de seu estranho comportamento, ela me falou que, estando mortalmente doente, tinha ido ao deserto para morrer. Mas, enquanto meditava em solidão, entendeu que ainda não tinha esgotado tudo e decidiu jogar sua última carta. Que, para ela, significava conhecer pessoalmente o nagual”.

"Impressionado por sua história eu lhe fiz uma proposta sem igual: 'Deixe tudo e venha para o mundo dos bruxos. E ela respondeu imediatamente: 'Jogo!' Quando eu escutei sua resposta me eriçaram os pelos, porque isso mesmo era o que me falava don Juan: 'Se vamos jogar, ora, joguemos! Mas joguemos a morte”.

"Assim é o sentimento do bruxo diante do seu destino: 'Aposto minha vida neste intento, nada menos. Eu sei que o meu fim me espera em qualquer parte e não há nada que eu possa fazer para evitá-lo. Portanto, estando definido o meu caminho, aceito a responsabilidade de viver plenamente e arriscar tudo numa única jogada”.

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"...para quem já morreu, cada segundo de vida é um presente".

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"O aspecto da impecabilidade que mais concerne à nossa vida diária, é saber até onde o exercício de nossa liberdade afeta a outros e evitar os esbarrões a todo custo. Ocasionalmente, nossas relações com os demais geram fricções e expectativas. Um bruxo em pé de guerra se previne contra tais esbarrões e se converte em um caçador de sinais. Se não há sinais, ele não interage com as pessoas; limita-se a esperar, porque, assim como não tem tempo, tem toda a paciência do mundo. Sabe que há muito em jogo e não está disposto a arruinar tudo por um passo em falso”.

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"Como não se desespera por relacionar-se com ninguém, o guerreiro pode escolher seus afetos com sobriedade e desprendimento, tomando cuidado a todo momento para que as pessoas com as quais consente em ter relações sejam compatíveis com sua energia. O segredo para ter tal claridade de visão consiste em se identificar e não se identificar. O bruxo se identifica com o abstrato, não com o mundo. Isso lhe permite ser independente e cuidar-se sozinho".

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"Percebam que, diante do destino, cada um de nós está sozinho. Assim, que tomem o comando da sua própria vida. Um guerreiro lapida os detalhes, desenvolve sua imaginação e põe à prova seu engenho para resolver as situações. É inconcebível que se sinta inválido, porque tem autodomínio e não necessita nada de ninguém. Ao se concentrar nos detalhes, aprende a cultivar a fineza, a sutileza e a elegância".

"Don Vicente Medrano dizia que a beleza desta guerra reside nos pontos que não se veem. Essa é a marca registrada do bruxo,

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4 - A Consciência da Morte

"A premissa dos bruxos para tratar com este tipo de prática é o silêncio mental. E a qualidade de silêncio requerido para algo tão descomunal quanto parar o mundo, só pode vir de um contato direto com a grande verdade de nossa existência: que todos nós vamos morrer".

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"Se vocês querem conhecer a si mesmos, sejam conscientes de sua morte pessoal. Ela não é negociável e é a única coisa que vocês realmente têm. Todo o resto poderá falhar, mas a morte não, a ela podem dar por certo. Aprendam a usá-la para produzir efeitos verdadeiros em suas vidas".

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"Uma vez alinhados com a morte, estarão em condições de dar o seguinte passo: reduzir ao mínimo a bagagem. Este é um mundo prisão e é necessário sair como fugitivos, sem levar nada”.

“Os seres humanos são viajantes por natureza. Voar e conhecer outros horizontes é nosso destino. Por acaso você sai de viagem com sua cama ou com a mesa em que come? Sintetiza sua vida!".

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"O poder que nos rege nos deu escolhas. Ou nós passamos a vida dando voltas ao redor de nossos hábitos, ou nos animamos a conhecer outros mundos. Só a consciência da morte pode nos dar a sacudidela necessária”.

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"A pessoa comum passa a existência inteira sem parar para meditar, porque ela pensa que a morte está ao término da vida; afinal de contas, nós sempre teremos tempo para ela! Mas um guerreiro sabe que isso não é certo. A morte vive a seu lado, a um braço de distância, permanentemente alerta, olhando-nos disposta a saltar à menor provocação. O guerreiro transforma seu medo animal à extinção em uma oportunidade de prazer, porque ele sabe que tudo aquilo que ele tem é este momento. Pensem como guerreiros, todos vamos morrer!"

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"Ao contrário do homem comum, os bruxos estão ávidos de qualquer situação que os leve além da interpretação social. Que melhor oportunidade que a própria extinção? Graças às suas frequentes incursões pelo desconhecido, eles sabem que a morte não é natural, é mágica. As coisas naturais estão sujeitas a leis, a morte não. Morrer é sempre um evento pessoal, e por essa única causa, é um ato de poder”.

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"A morte não é brincadeira não, é de verdade! Se não fosse por ela não haveria força alguma no que os bruxos fazem. Ela o envolve pessoalmente, queira ou não. Você pode ser tão cínico a ponto de descartar outros tópicos dos ensinamentos, mas você não pode debochar de seu fim, porque está além de sua decisão e é implacável”

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"Quando um guerreiro põe em xeque suas rotinas, quando já não lhe importa estar acompanhado ou estar só, porque tem escutado o sussurro silencioso do espírito, então a pessoa pode dizer que, verdadeiramente, está morto. A partir dali, as coisas mais simples da vida se tornam para ele extraordinárias”.

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"Se vocês querem dar espaço ao desconhecido, deem entrada à sua extinção pessoal. Aceitem seu destino como o fato inevitável que é. Purifiquem esse sentimento, fazendo-se responsáveis pelo incrível evento de estarem vivos. Não implorem à morte; ela não é condescendente com os que hesitam. Invoquem-na conscientes de que vieram à este mundo para conhecê-la. Desafiem-na, ainda sabendo que, façamos o que façamos, não temos a menor possibilidade de vencê-la. Ela é tão gentil com o guerreiro como é impiedosa com o homem comum".

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"É inventariar seus entes queridos e todo mundo que lhes interesse. Uma vez que os classifiquem, de acordo com o grau de sentimentos que vocês têm por eles, vão pegar um por um e passá-los pela morte".

Eu pude notar um murmúrio de consternação que sacudiu seus ouvintes.

Fazendo um gesto tranquilizador, Carlos acrescentou:

“Não se assustem! A morte não tem nada de macabro. O macabro é que não possamos enfrentá-la com deliberação”.

"Vocês devem levar a cabo o exercício à meia noite, quando a fixação de nosso ponto de aglutinação se move e estamos dispostos a acreditar em fantasmas. É muito fácil, vocês evocarão os seus entes queridos através de seu fim inevitável. Não pensem em como ou quando eles morrerão. Simplesmente, tomem consciência de que algum dia eles já não estarão aqui. Um por um eles partirão, só Deus sabe em que ordem, e não importará o que você possa fazer para evitá-lo”.

"Ao evocá-los assim, vocês não os prejudicarão, pelo contrário!, estarão os colocando na perspectiva apropriada. O ponto de enfoque da morte é prodigioso, restabelece os verdadeiros valores da vida".

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5 - A Drenagem de Energia

“Os bruxos sustentam que falar de nós mesmos nos faz acessíveis e fracos, enquanto que aprender a estar quieto nos enche de poder. Um princípio do caminho do conhecimento é fazer da própria vida algo tão imprevisto que nem mesmo o próprio sujeito sabe o que vai acontecer”.

“O único modo de sair do inventário coletivo é nos distanciando daqueles que nos conhecem bem. Passado um tempo, as muralhas mentais que nos aprisionam se abrandam um pouco e começam a ceder. É então que se apresentam oportunidades genuínas de mudança e nós podemos tomar o controle de nossas vidas”.


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"Continuou dizendo que a energia se distribui pelo universo na forma de camadas. Todos os seres conscientes pertencem a uma delas e nós podemos sintonizar a energia de outras faixas graças a um fenômeno conhecido como "o alinhamento da percepção".

"Em alguns pontos as camadas se cruzam, gerando vórtices de energia, onde se dão lugar fenômenos da maior importância para os bruxos que Veem. Lá as condições para o alinhamento são ótimas e isto ocorre de um modo espontâneo. Os videntes falam de passagens, pontes e barreiras no espaço onde as coordenadas do tempo se anulam e a consciência do viajante penetra em mundos estranhos. Seres inorgânicos provenientes de todos os cantos do universo aproveitam esses pontos para cruzarem a fronteira para a Terra. E nós também podemos fazer a mesma coisa".


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“Quando duas pessoas entram em relação, o que acontece é um intercâmbio de emanações. Nossas fibras de luz interagem, ainda que nós não queiramos, ou ainda sem que sequer percebamos. É uma lei que a energia flua de onde há mais para onde há menos. Como nós passamos a vida em uma constante interação, o normal é que, ao fim, a pessoa seja muito pouco de si mesmo e muito do que os outros deixaram em nós”.

“Porém, os guerreiros aprendem a violar a lei da troca energética por meio de exercícios como a recapitulação, cujo fim é recuperar a energia. Dessa maneira eles ficam autossuficientes, eles recuperam seu capital e devolvem escrupulosamente tudo o que ‘emprestaram’. Como já não há desgaste, pode ser dito que seus ovos luminosos são térmicos”.


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“O tema dos intercâmbios é da mais séria implicação em nossas vidas e deu lugar ao dito ‘diga-me com quem andas e eu te direi quem és’. Esse ditado que não só descreve um estado de afinidade psicológica entre duas pessoas, mas um efeito energético mensurável que um bruxo pode perceber. Se você quiser ser você mesmo, aprenda a andar sozinho”.

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"O propósito do sexo vai mais além, pois nos conecta com o mistério da origem de todas as coisas, porque o universo surgiu de uma única explosão que dura até hoje e se expressa toda vez que fazemos amor. Se a fonte do que nós somos é o poder germinal, então o centro de nosso trabalho interior é a recanalização da energia sexual".

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Explicou que, geralmente, os novos videntes optam por uma posição de celibato e autossuficiência, porque eles são muito avaros com a energia deles e preferem dedicá-la ao aumento de sua consciência. Os mundos de que são testemunhas em suas viagens pelo infinito fazem com que todas as outras coisas, até mesmo o ato sexual, pareçam pálidas e carentes de atrativos.

"Don Juan dizia que fazer amor é para aqueles que não têm apegos".

Respondendo a outra pergunta, ele disse que não há um "problema sexual" em si, mas indivíduos com seus próprios e muito particulares dilemas para resolver.


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Atendendo a outra pergunta, sustentou que o melhor modo de cortar a drenagem de energia que acontece pela sexualidade é aprendendo a ter expressões magnânimas, que contradigam e recanalizem a fixação de nossa atenção.

“Nós recebemos a vida como um presente cósmico e é nosso privilégio refletir aquele gesto com desprendimento total. Graças a seu desapego, o guerreiro está em posição de fazer do amor dele um cheque em branco, incondicional, um afeto abstrato, porque não parte do desejo. Que maravilha!”.

“Contra tudo que o homem médio possa pensar, a natureza dos bruxos é teluricamente passional. Só que seu objetivo já não é carnal. Eles viram a cola que une todas as coisas, uma onda de paixão que inunda o universo e que não pode ser detida, porque, se fosse, tudo seria reduzido a nada”.


“Através de seu ver, eles estabeleceram sua base na pedra angular da consciência: o mais poderoso estado da atenção individual. O amor deles é uma realidade demolidora que vibra em cada respiração, intenta em cada gesto e adquire sentido em cada palavra; uma força que os impelem a explorar, a correr riscos e a evoluir, dando o melhor de si a cada momento”.

"Os bruxos descobriram a forma mais refinada de amor, porque eles amam a si mesmos. Eles sabem que tudo aquilo que nós damos para fora é um reflexo do que nós temos dentro. Eles puseram o poder da paixão ao serviço do ser, e isto lhes dá o impulso necessário para empreender a única busca que conta: a de si mesmo".


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6 - A Recapitulação

“Afortunadamente, no âmbito da energia não existem coisas como o tempo e o espaço. Dessa forma, é possível voltar ao lugar e ao momento mesmo onde aconteceram os eventos a serem revividos. Não é muito difícil, já que todos sabemos muito bem onde nos dói”.

“Recapitular é espreitar nossas rotinas, submetendo-a a um escrutínio sistemático e impiedoso. É a atividade que nos permite visualizar nossa vida como totalidade e não como uma sucessão eventual de momentos. Porém, e ainda que isto possa parecer estranho, só os bruxos recapitulam como norma; o resto das pessoas apenas o faz por casualidade”.


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"A recapitulação é a herança dos antigos videntes, a prática básica, a essência da bruxaria. Sem ela não há nenhum caminho".

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 "Uma forma muito rentável do exercício, acessível a todos nós, é a recapitulação fortuita. Se vocês perceberem, nós estamos constantemente recapitulando. Todas as recordações que conformam nosso diálogo interno podem ser classificadas como tal. Porém, nós os evocamos de forma involuntária. Em vez de os observar em silêncio, nós os julgamos, interagimos visceralmente com eles. Isso é lamentável. Um guerreiro tira proveito da oportunidade, porque essas recordações, aparentemente ao acaso, são avisos de nosso lado silencioso".

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“A recapitulação parte de dentro e se sustenta sozinha. É uma questão de silenciar a mente e então nosso corpo energético toma o controle, fazendo o que para ele é uma delícia fazer. Você se sente bem, confortado; longe de dar trabalho, o deixa descansado. Seu corpo percebe isso como uma ducha inefável de energia”.

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“No princípio, recapitular pode nos dar algum trabalho, porque nossa mente não está acostumada à disciplina. Mas, depois de fechar as feridas mais dolorosas, a energia se reconhece a si mesma e nós vamos ficando viciados no exercício. Dessa maneira, cada partícula de luz que recuperamos nos ajuda a ganhar mais”.

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“De imediato, corta nosso diálogo interno. Quando um guerreiro consegue parar seu diálogo está estreitando relações com sua energia. Isso o libera da obrigação da memória e da carga dos sentimentos, e deixa um resíduo energético que pode ser investido no aumento das fronteiras da percepção. O guerreiro começa a apreciar a coisa genuína, não a interpretação. Pela primeira vez, faz contato com o consenso dos bruxos que é a descrição de uma realidade inconcebivelmente integrada”.

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7 - O Umbral do Silêncio

Enfatizando as palavras, especificou que a bruxaria é a arte do silêncio.

“O silêncio é uma passagem entre os mundos. Ao calar nossa mente, emergem aspectos incríveis de nosso ser. A partir desse momento, a pessoa se torna um veículo do intento e todos os seus atos começam a emanar poder”.

"Durante minha aprendizagem, meu benfeitor me mostrou prodígios inexplicáveis que me espantavam, mas, ao mesmo tempo, despertavam minha ambição. Eu também queria ser poderoso como ele! Frequentemente lhe perguntava como eu poderia aprender seus truques, mas ele colocava um dedo sobre seus lábios e ficava me vendo. Foi apenas muitos anos mais tarde que eu pude apreciar completamente a magnífica lição de sua resposta. A chave dos bruxos é o silêncio".


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Explicou que o silêncio mental não é só a ausência de pensamentos. Realmente, trata-se de suspender os juízos, de testemunhar sem interpretar. Sustentou que entrar no silêncio pode ser definido, de acordo com o modo contraditório dos bruxos, como "aprender a pensar sem palavras".

“Para muitos de vocês o que eu estou dizendo não faz sentido, porque estão acostumados a consultar tudo com a mente. O irônico é que, para começar, os pensamentos nem mesmo são 
nossos, eles soam através de nós, o que é diferente. E, como nos acossam desde que temos feito uso de razão, nós terminamos nos acostumando com eles”.

“Se perguntam à mente, ela lhes dirá que o propósito dos bruxos é tolice, porque não se pode demonstrá-lo com a razão. Em vez de lhes aconselhar que vão e verifiquem honestamente esse propósito, ela os ordenará que se escondam atrás de um sólido bloco de interpretações. Portanto, se querem ter uma oportunidade, só lhes resta uma saída: desconectem a mente! A liberdade se consegue sem pensar”.


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"Don Juan afirmava que somos animais predadores que, à força de nos amansarmos, acabamos nos transformando em ruminantes. Passamos a vida regurgitando uma lista interminável de opiniões sobre quase tudo. Os pensamentos nos chegam em torrentes e se encaixam um no outro até encher o espaço da mente. Esse barulho não tem nenhuma utilidade porque praticamente em sua totalidade é dirigido ao engrandecimento do ego.

"Devido ao fato de que vai contra tudo o que nos foi ensinado desde crianças, o silêncio deve ser intentado com ânimo de combate. Neste momento, vocês têem uma grande vantagem: a experiência dos espreitadores. Os bruxos de agora pretendem passar pelo mundo sem chamar a atenção, tratando a todos igualmente. Um guerreiro espreitador é o dono da situação, para o bem ou para o mal, porque há algo terrivelmente efetivo em atuar sem a mente".


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“A técnica de observar, quer dizer, de contemplar o mundo sem idéias preconcebidas, funciona muito bem com os elementos. Por exemplo, com as chamas, as quedas de água, as formas das nuvens ou o pôr do sol. Os novos videntes o chamam ‘enganar a máquina’, porque, em essência, consiste em aprender a intentar uma nova descrição”.

“A pessoa tem que lutar corajosamente para conseguir isto, mas, depois que ocorre, o novo estado de consciência se sustenta naturalmente. É como por o pé na porta; já que está aberta, é questão de acumular energia suficiente para passar ao outro lado”.

“O importante é que nosso intento seja inteligente. De nada vale que nos esforcemos para chegar ao silêncio se primeiro não criarmos condições favoráveis para que se sustente. Portanto, além de treinar na observação dos elementos, um guerreiro é obrigado a fazer algo muito simples, mas muito difícil: ordenar sua vida”.


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“Se o que nós queremos é acumular silêncio profundo, de efeitos duradouros, o melhor não fazer é a solidão. Junto com a economia da energia e o abandono desses que nos dão por feitos. Aprender a estar só é o terceiro princípio prático do caminho”.

“O mundo do guerreiro é a coisa mais solitária que há. Até mesmo quando vários aprendizes se unem para viajar pelas rotas do poder, cada um sabe que está sozinho, que não pode esperar nada do outro nem depender de ninguém. O máximo que ele pode fazer é compartilhar o caminho com aqueles que o acompanham”.

"Estar só requer um grande esforço, porque nós ainda não aprendemos a superar o comando genético da socialização. No princípio, o aprendiz deve ser forçado a isto pelo seu mestre, através de armadilhas se for necessário. Mas com o tempo aprende a desfrutá-lo. É normal que os bruxos busquem o silêncio na solidão da montanha ou do deserto e que vivam sozinhos durante longos períodos".


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"Por outro lado, a solidão do guerreiro é como o retiro dos enamorados, desses que procuram um nicho remoto para escrever poemas a seu amor. E seu amor está em todos os lugares, porque é esta terra que por tão pouco tempo veio pisar. Assim, onde quer que vá, o guerreiro se entrega a seu romance. É natural que, às vezes, evite lidar com o mundo; o silêncio interior é solitário".

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"A resistência da descrição do mundo pode ir de uns segundos a uma hora ou mais; contudo, não é eterno. Vencê-la por meio de um intento contínuo é o que os bruxos chamam de "chegar ao limiar do silêncio".

“Essa ruptura se sente fisicamente, como um ruído na base do crânio ou como o som de um sino. A partir daí, é uma questão de quanta força foi acumulada”.


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“Apesar de ser indefinível, podemos medir o silêncio pelos seus resultados. Seu efeito final, o que os bruxos procuram com avidez, é que ele nos sintoniza com uma dimensão magnífica de nosso ser, onde temos acesso a um conhecimento instantâneo e total que não é composto de razões, mas de certezas. As velhas tradições descrevem esse estado como ‘o reino do céu’, mas os bruxos o preferem chamar por um nome menos pessoal: o conhecimento silencioso”.


Citações do livro "Encontros com o Nagual", de Armando Torres










    

sexta-feira, 6 de junho de 2025

A Chave Secreta para o Empoderamento


Saúdo a Fonte Eterna em mim e em tudo.

Estou atuando a partir do centro da verdade.

Que todos os impedimentos sejam removidos.


Imagem gerada por Grok 3, criado por xAI.
Prompt por Uni K.A.


    A busca pelo sucesso, pela alegria, saúde, riqueza e realização. A busca pela verdade. Esta é a jornada para manifestar o poder em mim.

    A chave para o empoderamento já se encontra em cada um de nós, precisamos apenas acessá-la para assim resgatar todo potencial mágico em sua plenitude. Não precisamos ser iniciados ou especialistas em alguma tradição mística esotérica, física quântica ou mesmo psicológica e parapsicológica para constatar de fato aquilo que nos impede de manifestar o poder. O verdadeiro poder é factual, está a menos de um palmo de distância de cada um de nós. Somos nós mesmos quem mantemos o poder afastado, pois ignoramos nossa verdadeira natureza e somos levados a buscar o poder onde este não está.

   A primeira causa do desempoderamento é a ‘educação’ recebida através da família, escola, religião e sociedade. Omitem o fato de que somos seres mágicos, vivendo em um tempo e mundo mágicos. Não nos mostraram as possibilidades da magia. Assim como não estimularam em nós a prática da mesma.

    A descrição que se propõe a definir o que nós somos assim como a descrição de mundo que nos foi imputada através da educação também estabelece definições falsas e estereotipadas do que venha a ser o poder – poder econômico, poder político, poder bélico ou poder da força física. Nada disso é Poder! Dinheiro nenhum pode curar uma doença para a qual ainda não tenha sido descoberta a cura. Política nenhuma elimina o mal em nós ou na sociedade e o poder bélico nunca trará a paz e nem a prosperidade.

    Poder é aquilo capaz de manifestar o tudo a partir do nada. É aquilo que torna o impossível, possível. É a causa daquilo chamado milagre. É a fonte da vida, do cosmos, do espaço-tempo, de mim e de você. 

     1ª Chave secreta para o Empoderamento

   Saber que existem forças atuando incessante'mente a todo momento em cada indivi-duo para prevenir o empoderamento. Quem ou o que são essas forças e de onde elas vêm não importa. A única coisa que importa é saber que para conquistar o poder se faz necessário lutar e vencer tais forças. Existe também o poder emprestado, onde essas mesmas forças empoderam “idiotas perfeitos” para servirem como testas de ferro para as mesmas. Mas isso não é empoderamento, isso é escravidão. 

    A descrição de mundo que é passada para as pessoas omite propositadamente o fato de que existem forças operando ativa'mente para nos manter desempoderados. É esta pseudo-inocência que de fato coloca a primeira barreira que previne a maioria das pessoas de empoderar. O fato de não saber que existem forças trabalhando ativa'mente e incessante'mente para nos manter desempoderados. A crença da maioria das pessoas é que basta aprender alguma fórmula mágica, algum ritual secreto ou ter acesso a algum manual transcendental que assim o poder se tornará acessível. Esta é uma visão ingênua que foi implantada de propósito em cada um de nós, acreditar que o poder não se manifesta porque está distante de nós. O melhor lugar para esconder alguma coisa é a vista. E o melhor cão de guarda é aquele invisível, o qual ninguém vai combater pois nem mesmo sabem sobre sua existência.

    A fim de empoderar precisamos lutar e vencer essas forças que barram o empoderamento, o cão de guarda invisível. Essa é a chave secreta para o empoderamento, saber que existem forças agindo para garantir que nós não tenhamos acesso ao poder, conhecer a estratégia utilizada por essas forças e saber como derrotar essas forças. Mas as pessoas querem apenas uma pílula ou alguma iniciação mágica para empoderar, elas não querem trabalhar para conquistar o poder. Muitas querem acreditar que o poder pertence a alguém e que basta esse alguém lhes dar o poder. A única coisa que estas pessoas vão conquistar com tal atitude é apenas mais ilusão, mais desempoderamento, ou seja, tristeza, frustração, sofrimento, doença, desgraça e escravidão.

    2ª Chave secreta para o Empoderamento

     Saber como atuam essas forças que se empenham em prevenir que empodere- mos. 

   A segunda causa do desempoderamento se dá porque no âmago sabemos que nossa verdadeira natureza é puro poder. Porém as possibilidades do poder foram podadas em nós através da educação, da doutrinação e isso estabeleceu um abismo. Por um lado sabemos que existe algo mágico, precioso e poderoso em nós e por outro lado este algo mágico e poderoso não está manifesto de forma explícita, objetiva e acessível naquilo que chamamos de mundo.

    É neste abismo que se dá entre o intuir, o saber sem palavras e a não constatação daquilo que sabemos que se instala a segunda causa do desempoderamento, aquela que está operando efetiva'mente neste exato momento, um ‘guardião’ invisível.

    Sabendo que há uma demanda reprimida em cada pessoa, o ‘guardião’ invisível oferece uma alternativa que a primeira vista parece bastante lógica, razoável e sem nenhuma contraindicação ou efeitos colaterais. Já que as pessoas não sabem objetivamente que são puro poder, o ‘guardião’ oferece a elas uma imagem, que pode tanto ser uma imagem de preciosidade, bondade, compaixão, como tantas outras qualidades consideradas positivas, como pode também ser uma imagem fundada em qualidades consideradas negativas como a impotência, a fraqueza, a feiura ou a pobreza entre tantas outras. O guardião sabe muito bem arquitetar uma imagem que vai emplacar como uma luva feita sob medida para cada pessoa.

    E assim as pessoas se identificam com uma imagem, um conjunto de qualidades e / ou defeitos e dizem: - “Eu sou assim. As pessoas vão ter que me aceitar do jeito que eu sou. Eu tenho que me aceitar do jeito que eu sou.”

    Pois bem, nós não somos um conjunto de qualidades e/ou defeitos, muito menos um pedaço de carne ambulante. Nós somos a consciência, aquilo que percebe as qualidades ou defeitos, aquilo que percebe o corpo, aquilo que percebe os pensamentos e aquilo que percebe as emoções. Nós somos aquilo que percebe e não aquilo que é percebido. O guardião, o cão de guarda da prisão na qual o homo sapiens é mantido refém, oferece algo para as pessoas se identificarem e assim alienam a cada um de nós com relação a nossa verdadeira natureza. Com isso as pessoas são levadas a empoderar aquilo que não são, inconscientes do fato de que aquilo que elas são já é o próprio poder. 

    Eu sou a consciência, aquilo que percebe, sem começo e sem fim, incriada e não nascida. Pura bem-aventurança, imaculada. Não posso ser queimada pelo fogo e nem apagada pela água, não posso ser perfurada pela flecha e nem cortada pela espada. Sou a consciência una e eterna. Sou aquilo que percebe e jamais aquilo que é percebido. Percebo o corpo, portanto não sou o corpo, percebo os pensamentos, portanto não sou os pensamentos. Percebo as emoções e portanto não sou as emoções. Percebo o vento, então não sou o vento, percebo a luz, então não sou a luz, e nem a escuridão. Não sou o bem e nem o mal. Não tenho qualidades e nem defeitos. Toda e qualquer identificação com aquilo que é percebido é falsa. O preço de se identificar com qualquer coisa diferente da consciência leva ao desempoderamento.

    Recebi a chave para o empoderamento, cabe a mim aplicar esse saber. Cabe a mim não dar ouvidos a qualquer coisa, pessoa ou entidade, material ou imaterial, visível ou invisível que tente dizer o contrário. Cabe apenas a mim me identificar como sendo aquilo que percebe e apenas aquilo que percebe e jamais como sendo aquilo que é percebido. Sou puro poder! Esta é a minha única identidade verdadeira.


Uni K.A.


quinta-feira, 5 de junho de 2025

Novidade! A Ordem Divina, contação de estórias


Inauguramos a contação de histórias Pistas do Caminho em forma áudio no YT. 

Nosso intento é nos adequarmos as novas mídias, promovermos práticas ancestrais com as novas formas digitais mantendo aceso o fogo, mesmo que virtual, que tece tramas cada vez mais complexas na teia da Vida.

Não estamos começando com as estórias do Xamanismo Guerreiro, começamos com estórias de outra tradição, a sufi, pois foi através dela que o Espírito soprou em nós essa ideia de contar histórias enquanto líamos a obra portentosa do poeta e místico sufi Rumi chamada Manasvi. Naturalmente que não esperávamos por tal. O Espírito está sempre a nos pregar peças e é bom que assim seja, é bom que não saibamos, como dizia o homem nawal Juan Matus, de qual cartola sairá o coelho.

"Quando nada é certo, permanecemos alertas, sempre atentos. E mais emocionante não saber por trás de qual arbusto o coelho está escondido do que se comportar como se soubéssemos de tudo".

Buscávamos na rede - www - por conhecimentos relativos ao silêncio interior, a plataforma básica e o estado interior fundamental para realização verdadeira das práticas toltecas. E nos deparamos com as palavras de Rumi sobre o tema, logo surgiu o anseio por conhecer tal poeta, místico e vidente. Daí para começarmos o projeto de contação de estórias foi um salto. Tudo pareceu convergir para isso, inclusive com o surgimento de ferramentas novas para tal tarefa. As manifestações do Espírito se evidenciavam por aqui e por ali compondo uma estória em si mesma.

A história que contaremos, via aúdio, traduz bem o primeiro cerne abstrato em feitiçaria - as manifestações do Espírito - e indicam que um xamã, um médico do Espírito, um nawal,  um tolteca, um homem de conhecimento, um jnani, um sankhya não age por si mesmo, mas de acordo com a ordem divina.

Modak

A Ordem Divina

Notas sobre Recapitulação: relendo a si mesmo.

O grande barato de recapitular, e é um barot literal muitas vezes, é o fato de ao resgatarmos a nossa energia a nossa consciência no aqui e no agora se faz natural e abundante.

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Recapitular aumenta a lembrança de nós mesmos no dia a dia e assim permite uma melhor espreita de si.

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O outro grande barato de recapitular é o fato psicológico muito simples e real de não termos mais preocupações, especialmente, a preocupação com o que pensam os outros, isso por que não temos mais tanto a energia dos outros em nós.

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Recapitular nos torna conscientes de que tudo é energia. Inclusive essa mensagem, tão simples, feita aparentemente de bits e bytes.

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Recapitular é "viciante" muitas vezes, pois a energia resgatada produz um aumento de energia que é muito prazeiroso de uma maneira sutil. É algo que faz você se aproximar daquela condição de completude que tínhamos quando éramos crianças.

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Recapitular vai nos levar muitas vezes a nos defrontar com emoções que não saberemos precisar sua origem. Essas emoções surgirão e não conseguiremos de primeira precisar os fatos mais profundos que as detonam. Como os eventos que vivemos estão conectados entre si vai acontecer de ao recapitularmos um evento ele tocar uma fibra do nosso ser que remete a um evento mais profundo. Essa emoção desperta por um evento mais recente recapitulado, e conectado a um evento mais profundo, tornar-se-á uma camada de resistência, de mais difícil penetração. É importante dar continuidade ao processo. Uma emoção que surge aí, por vezes, é uma tristeza que não conseguimos definir a sua razão.

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Recapitular eliminará o sentimento de solidão e tornará você mais sozinho, especialmente, com relação as pessoas associadas a sua socialização. Estar sozinho será reconfortante.

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Para começar a recapitular de fato é necessário compreender que em nossas relações presentes temos nos relacionado muito mais com os fantasmas do passado do que com os seres reais que estão em nossa vida no momento. Descobrir isso produz um choque, uma sensação de quase horror, é como perceber que estivemos por muito tempo sonhando, nos relacionando com projeções ou efígies, quando pensávamos estar acordados.

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Recapitular vai exigir de nós uma manobra paradoxal que é se afastar dos outros estando com eles. Isso é espreita.

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Recapitular produz uma sensação corporal que é muito particular. Sinto-a muitas vezes na altura do coração, como uma vibração. "A arte da espreita é o enigma do coração."

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É fundamental começar o processo do fato mais recente ao fato mais antigo. Querer acessar memórias mais profundas é colocar-se numa situação onde não se tem energia para lidar com elas. Por não termos energia para lidar com elas certamente não vamos enfrentá-la, mas uma força "externa" a nós mesmos pode deflagrá-la.

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Existe um risco em lidar com pessoas que tem muito mais energia do que nós. Nossa energia tenderá a se moldar pela dela e isso nos levará a vivenciar situações críticas de forma intensa. Seria bom se pudéssemos lidar com pessoas que tivessem o nosso nível de energia ou um pouco maior e que tivessem o propósito claro do Trabalho.

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O nawal nos diz que a Tensegridade é a forma física da recapitulação. Eis alguns movimentos:

A série da cinco preocupações

O Homem que corre

Olinda

Os Fundamentos

Longas caminhadas em silêncio completo

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Examinemos o seguinte fato ou façamos a nós mesmos a seguinte pergunta: Porque sonhamos mais facilmente com pessoas do nosso passado do que do nosso presente?

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Há nos sonhos dicas de recapitulação importantes. Não é possível sonhar sem recapitular pois os sonhos estão cheios de ligações energéticas com o nosso passado.

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Ao recapitular uma pessoa, caso ela seja uma praticante que já tiver recapitulado, você sentirá dificuldade em lembrar de seu nome e até mesmo das interações.

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Uma pergunta, incômoda no início, deverá tornar-se uma obsessão para mais a frente desaparecer em você porque você mesmo fundiu-se a ela: o que eu estou fazendo agora está de acordo com meu propósito de liberdade de perceber?

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Recapitular nos faz conscientes da flutuações de energia que a presença do outro nos causa.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

A inter-relacão da consciência e da percepcão por novos canais

Há já algum tempo participo de listas na net, são verdadeiras comunidades virtuais onde notamos o surgir de toda uma relação entre grande parte dos(as) envolvidos(as).

Mesmo as pessoas que só "leem" que nunca se expressam nas listas, participam de uma forma antiga, ainda limitada a não interatividade que a TV e os sistemas de comunicação para as massas, condicionam na maior parte das pessoas.

A Internet, como toda ferramenta, tem seu uso determinado pela habilidade de quem a usa, assim teremos vários níveis de existência na Internet. As comunidades das listas correspondem a um nicho complexo.

A teia que se forma na Net é como a rede de Indra (metáfora usada no hinduísmo para ilustrar a interconexão e interdependência de todos os fenômenos no universo), a qual em cada nó tinha outras redes. Numa mesma lista se acomodam pessoas das mais heterogêneas, focadas no "tema da lista" que cada uma, obviamente, interpreta dentro de seus referenciais pessoais. Como tudo que existe não há como explicar as listas, elas acontecem, essa necessidade humana de se comunicar, de partilhar suas experiências com outras pessoas. É muito interessante que isto, esta comunicação é feita de diversas formas. Como no mundo cotidiano as pessoas geram os mais diversos tipos de comportamento, até agressões e males estares vários são gerados na rede, numa imitação perfeita do que é a vida.

Observando como o mundo virtual vem sendo moldado como uma réplica da sociedade tida por real, da sociedade vigente, pude perceber melhor como estamos presos a modelos fixos de comportamento, existe uma vasta e ainda sem fronteiras, dimensão a ser explorada e o que conseguimos trazer são repetições dos comportamentos e formas de ser do cotidiano, leitura das realidades apresentadas dentro dos limites cognitivos da realidade cotidiana.

Perceber isso me leva a questionar o quanto também tem essa "influência moldadora", esse estilo único de lidar com outras realidades, influenciado no contato com outras dimensões. O quanto aquilo que chamamos de Magia, de Bruxaria e de Xamanismo estão impregnados de nossos referenciais prontos, nós que fomos criados num mundo que por principio nega os valores fundamentais destes caminhos, pois é óbvio que este sistema que estamos inseridos que chamam civilização é um agente degradador em alto nível da realidade e os modelos que sobrevivem neste sistema tem pouco respeito pela vida e pela qualidade de vida do ser humano. Basta observar a realidade que nos cerca. Então esse mundo assustador ronda lá fora, feroz, perigoso e as pessoas encontram na NET uma forma de se expressar, de se comunicar, de se por em contato.

A barbárie está solta, lá fora, em torres ou casas, em cômodos quase que apenas quadrados ou retangulares, olhando com avidez para as telas também quadradas, em 1 e 0 se comunicam, as pessoas trocam informes, partilham seu saber e sabem mais. Vou me deter um pouco sobre as listas de temas da Net.

Primeira coisa que considero interessante numa lista é como as pessoas têm opiniões diversas sobre o mesmo termo.

Segunda é como comunicação é algo que tem ligação com gestos corporais, tons de voz, gestos faciais. A inexistência desses meios na comunicação por escrito das listas leva a uma diminuição da eficácia de comunicação, o que faz da maior parte das listas palco de certas discussões e desentendimentos que alguém "de fora" nota que estão ou falando da mesma coisa, ou a ofensa "original" nunca ocorreu, foi só ausência de compreensão entre o que queriam realmente expressar e o que foi interpretado.

Brigas homéricas saem daí, envolvem vida pessoal das partes envolvidas, enfim, para quem considera que o mundo virtual é uma ilusão de elétrons correndo loucos (fótons nas fibras óticas) devia assistir o começo e desenvolvimento dessas crises que surgem em certas listas entre pessoas que até então eram "presenças virtuais".

É muito interessante observar isto do ponto de vista mágico, por que entre os(as) bruxos(as) antigos(as), os(as) xamãs ancestrais, existiam linhagens, troca de conhecimentos, que ensinavam sobre Magia, sobre Xamanismo e sobre Bruxaria.

Hoje existem sites, existem páginas, existem listas que debatem as mais diversas escolas, os mais diversos caminhos.

As listas têm esse papel, é uma comunidade virtual onde pessoas diversas se aglutinam em torno de um tema central. As listas seguem um fluxo, que varia sob muitos fatores e as personalidades encontradas nas listas cobrem vasto espectro das possibilidades humanas.

Amizades, amores e brigas ferrenhas acontecem. A projeção da consciência na "personalidade" de internet é tremenda, muitas pessoas levam totalmente as crises da net para a casa, para o dia a dia, para muitas o mundo da internet e o mundo real, que são mundos paralelos, perde essa característica, eles se fundem, aí tudo gira em torno da NET .

O nick name é um nome mágico, um mote virtual que trás a tona o personagem que cada pessoa gera ao entrar na NET.

Estou apenas apontando fatos, sem pretender julgar.

O que me interessa observar é que as comunidades das listas comportam-se como sociedades humanas do mundo "real". E dentro dessas comunidades virtuais se discute e trocam-se informes sobre Magia, Xamanismo e Bruxaria.

Existe o assunto de escopo da lista, o tema em torno do qual gera o centro de interesse do grupo. Mas o poder interativo das listas é muito interessante e a diversidade de pessoas que existe é fascinante de observar. Pessoas que muitas vezes jamais se conheceriam nos caminhos "reais" do mundo, se encontram neste ambiente virtual. Amizades e mesmo amores e casamentos acontecem, ou seja, encontros no mundo virtual que alteram a vida que temos por real.

Esse aspecto da rede é muito interessante, ela colabora para os encontros, ela colabora para que pessoas que por processos diversos teriam grande dificuldade de se encontrarem, de se conhecerem, o fazem, por um contato inicialmente virtual. Podemos discordar sobre interpretações do papel da rede, mas o fato da rede, o fato de uma conexão entre pessoas do mundo inteiro por este interessante meio, este fato é evidente e inegável.

Há pessoas que partilham de seus universos mais íntimos, de pensamentos e sentimentos que carregam secretamente consigo há datas e o fazem com alguém, que algumas vezes, nunca esteve presente em "corpo", nem a imagem real tem, quando muito uma foto escaneada. E no entanto partilham-se ideias, partilham-se sentimentos, partilham-se planos e anseios, amam, brigam, se odeiam e se apaixonam e tudo isso acontece por intermédios de elétrons e fótons correndo em suas transformações de onda e partícula.

Se já é interessante meditar que a música hoje executada repousa sobre 7 notas, que vocabulários se formam por alfabetos de 20 e poucas letras e no entanto toda essa complexidade virtual vem da combinação de 1 e 0, só um e zero.

Por vezes pessoas que vivem fisicamente do lado de uma outra não se conhecem quase nada, ou nada mesmo, desse rico universo interior, que só é partilhado com aquela "presença virtual". Mas que esta "presença virtual" é também "presença real" em seu espaço e tempo, em seu ambiente, às vezes situado num outro país, outro continente, outro hemisfério. Essas possibilidades comunicativas da Internet estão mexendo com o mundo em vários níveis. Pela primeira vez na história conhecida da humanidade temos uma teia constante no planeta praticamente inteiro, com elementos da espécie humana se comunicando em vários pontos do globo. Só a liberdade de informações que circula na NET já é um passo incrível para a tão cantada e clamada Era de Aquário, ou novo Aeon.

Se pensarmos e sentirmos a Terra como ser vivo e consciente, como até a ciência, com a hipótese Gaia, já abre flancos para admitir, podemos ir mais longe e compreender que a rede, a INTERNET está mexendo com o inconsciente coletivo e com o consciente coletivo da humanidade, logo mexendo também com a consciência da Terra. No estado meio robô, meio sonâmbulo que a humanidade está acaba participando dessa nova energia entrando no nosso sistema, mas sem aproveitar essa energia para a profunda transformação de paradigmas pessoais e coletivos que se faz necessário.

Se em outros tempos, homens e mulheres falaram da transformação da consciência como necessidade, hoje a necessidade tem premência total, pois é da possível destruição do planeta, do esgotar de seus recursos naturais, do poluir e degradar em níveis que afetam a nossa qualidade de vida, é disso que temos hoje que escapar.


Imaginem isso, sintam isso, pensem nisto, com foco, com visão sistêmica. O que representa isso? E ao mesmo tempo que estamos nesse cenário de destruição temos realizações incríveis como a NET, que, por exemplo, permite que eu, agora, chegando de uma fogueira, na Serra da Mantiqueira, céu estrelado, calor, ainda que Outono, possa expor algumas coisas que conversei com pessoas que trilham um caminho conjunto ao que trilho.

A troca de informações ocorrendo numa velocidade quase instantânea... Até aí, troca de informações, todos partilham, todos "concordam" agora vamos encarar o lado mágico disso. Temos dois seres humanos "conversando" pelo ICQ. Ambos dotados de energias em vários estágios, desde o sólido de seus ossos, o pastoso de certos fluídos corporais, o líquido da linfa e do sangue, os gases que percorrem nosso corpo, a misteriosa força da vida, ou força vital, que a ciência contemporânea, financiada por laboratórios a quem a visão energética do ser humano não interessa, nega, todas essas partes de nosso corpo estão impregnadas de energia e temos um corpo de energia, um corpo inorgânico paralelo a este corpo orgânico que nos colocam como única verdade, confundindo nosso limite perceptivo, para deixá-lo bem estreito, limitando nossa flexibilidade perceptiva.

Quando acionamos a net estabelecemos uma conexão efetiva, de informações correndo por cabos e /ou ondas de rádio, via satélite, enfim há uma conversão e reconversão, uma transdução seguida da outra da informação.

Há um momento que estamos teclando, a energia mental, o pensamento veio ativar o sistema nervoso que tecla, momento que a energia é a pressão do dedo na tecla, depois a tecla ativa uma combinação de 0 e 1 dentro do software de escrita usado e depois a mensagem é enviada, corre por vários meios de propagação (fios, cabos, ondas) até chegar como mensagem numa máquina que pode estar em qualquer lugar do mundo (satélites criaram possibilidades de contato incríveis).

Serão apenas as palavras que caminham em forma de energia pura pela rede? Os sentimentos que evocam, os questionamentos que provocam, a vida que carregam consigo, será apenas o poder da palavra, do Verbo, da linguagem?

Existiram outras energias sutis sendo trocadas pela rede?

As listas geram egrégoras.

Como serão essas egrégoras?

Nuvem que passa

(continua)

terça-feira, 6 de maio de 2025

Introdução ao Sonhar

O tema do sonhar é de grande interesse. Poderíamos começar definindo o que é sonhar. Para o Xamanismo, sonhadores são os(as) que atuam conscientemente com o corpo de energia. Temos esse corpo físico que desenvolvemos, melhor dizendo, que se desenvolve até o estado maduro, depois começa a envelhecer e "morre", isto é, deixa de atuar com a força da vida, deixa de existir enquanto organismo e retorna a entropia, retorna ao solve para depois coagular em outras formas.

Existe outra parte nossa, outra "natureza" que para ser desenvolvida necessita trabalho consciente, embora algumas pessoas tenham um "talento sonhador" em estado latente.

Operamos na realidade cotidiana com nossa natureza física, atuamos com nosso corpo e este atuar também é "mais ou menos", pois atuamos com pouca consciência do que é realmente nosso corpo, das imensas possibilidades que trazemos.

Existem disciplinas como o Rolfing, os trabalhos de Moshe Fedelkreins, Mathias Alexander, Gurdjieff e outros que lidam com esta questão do uso limitado e robótico que fazemos de nosso corpo, como tensionamos partes desnecessárias, como usamos mal nosso corpo e como temos pouca consciência do mesmo.

Mas apesar de tudo isso o corpo físico é que nos dá esta sensação de continuidade, quando acordamos todas as manhãs vamos nos lembrando de coisas que já foram e temos uma solução de continuidade, algo que gera o que chamamos "eu".

Nos sonhos comuns a consciência é errática, não há solução de continuidade, não há uma "vida", mas várias ocorrências, em mundos espectros ou mesmo fugidios mergulhos em realidades efetivas, mas sem o corpo de energia ter sido totalmente desenvolvido estamos apenas vivenciando erráticos deslocamentos do ponto de aglutinação.

Assim como o corpo cria o sentido de existência nessa realidade, o corpo de energia, o corpo "sonhador" cria a continuidade que permite a percepção operar com foco e precisão em mundos outros que não esse.

Quando sonhamos estamos em outra condição da realidade, damos um salto quântico, mesmo que andemos pelos lugares daqui, até que o corpo de energia esteja plenamente pronto e sejamos capazes de sonhar com este mundo, nossas incursões aqui são feitas como entidades de energia.

Um dos problemas chaves da viagem para outros estados de ser é que quando existimos enquanto entidade energética pura perdemos a habilidade de atuar sobre a matéria dessa dimensão.

Entes diversos que se projetam através dos mundos passam pelo mesmo.

Atuar no mundo físico a partir do corpo energético se faz possível apenas quando "sonhamos acordado", ou seja, atuamos num estado de consciência onde o ponto de aglutinação se desloca para uma posição onde o corpo de sonho e o corpo físico se fundem, tendo um partilhado o poder do outro.

Esse estado é conhecido como "fundindo as duas identidades" e é atingido após um longo caminho de disciplina e trabalho.

Por isso quando assistimos filmes como "O Tigre e o Dragão" fica parecendo pueril e exagerado o estilo de luta dos adeptos do estilo interno, quando na realidade estão apenas operando com outros níveis, mais que o corpo apenas, embora este profundamente treinado seja a porta primeira para esse estado.

Quando comecei a trabalhar com o corpo de sonho usava a ideia de olhar em lugares onde não olhava, em cima de um guarda roupa, na face superior de um lustre, em cima da porta, o desenho da madeira ali, em cima do telhado, para depois ir no outro dia ver se o que vi estava lá.

Muito interessante essa ideia de mexer os objetos enquanto no corpo de energia. Apenas o cuidado de não ficar absorvido me parece recomendável.

Quando no sonho estamos sempre noutra "camada da cebola", pois estamos noutra condição de realidade e de percepção.

Afetar esta realidade a partir de outra realidade é possível?

Pelo que me contaram da história dos antigos povos que desenvolveram sofisticadas civilizações, vivendo nestas "camadas da cebola", o fato de atuarem apenas nestas outras camadas os levou a deixar de lado este aspecto da realidade.

Quando os povos invasores vieram a grande maioria foi dizimada, a casca grossa dos limites perceptivos destes conquistadores não permitia que a percepção destes (as) feiticeiros deslocassem seus pontos de aglutinação para posições onde vivenciariam o poder do (a) feiticeiro.

Protegidos por uma mente que limita e veda a percepção atacaram com ferocidade e civilizações inteiras quase foram dizimadas.

Mais tarde outros conquistadores viriam, ainda mais violentos e destruidores.

Cá estamos na civilização resultante destas ondas de conquista.

Sabemos quem perdeu as batalhas.

Só os (as) dotados (as) de poder pessoal conseguiram sobreviver, com eles (as) a magia funcionou.

Poder pessoal parece ser a chave da ponte entre o corpo de energia e o corpo físico.

Tudo isso que falei é a opinião de um homem falando do sonhar.

Para as mulheres é completamente diferente, tendo útero as mulheres sonham diretamente, sem toda essa elucubração que nós homens nos enredamos.

Mas tal compreensão tem seu valor também, a mente é um escudo eficiente frente aos ataques da ETERNIDADE.

Nuvem que passa

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Pressão

Pressão é força.

Podemos sentir a pressão de diferentes maneiras.

Uma das formas mais interessantes de pressão que já senti diz respeito a pressão do "silêncio" provocada ou gerada com o auxílio de uma planta de poder chamada AYAHUASCA.

Outra forma de pressão muito interessante que senti diz respeito a diferentes vivências de natureza, digamos assim, "místicas". Experiências estáticas decorrentes de técnicas de meditação envolvendo pranayamas (respirações controladas), posturas de Yôga e reflexões ativas sobre temas como a Unidade que produziram e produzem certas sensações que se não são de natureza física podem ser assim traduzidas, como se o corpo que conhecemos fosse algo bem mais sutil do que aparenta.

As práticas de Tensegridade, certas danças sagradas, a pronúncia de mantrans, a prática de ritos de algumas tradições, também produziram em "mim" efeitos próprios do tipo de força com que elas nos permitem sintonizar ou nos alinhar. A pressão, por vezes, parece-se com uma força de natureza inteligente que nos alinha com uma maneira de perceber distinta.

As pressões de natureza mística são sentidas de forma não-opressora (quando dispomos de energia para tal), e são antes a abertura para um novo tipo de percepção. Mas não só isso. Me parece que pela experiência o alinhamento com certas forças ou força pode acontecer num tal nível de intensidade que pode-se perceber um tipo de moldagem do corpo.

O corpo molda-se de acordo com a força alinhada.

Percebo e percebi em "mim" essa experiência em terreiros de Umbanda, Candomblé quando os médiuns atuados por determinadas forças assumem não só posturas diferentes, mas as próprias feições do rosto modificam-se e até mesmo a altura do corpo altera-se.

Hoje percebo que tal moldagem pode ser feito por ação interna e não meramente externa (essa é uma diferença arbitrária) e que essa moldagem depende de nossa capacidade de sintonia ou de alinhamento.

Essa moldagem produz mesmo uma metamorfose.

Sinto que quando estamos fixos numa moldagem estamos prisioneiros de nossa incapacidade para alinhar outras faixas de energia ou de vibrações.

Nossa concretude e densidade é relativa a nossa capacidade de modelagem ou de sintonia com novas frequências ou de "submeter-se" a um tipo de força ou pressão diferentes das quais estamos acostumados.

Observando certos grupos humanos também sinto que a sintonia em que estão molda o seu corpo. Percebo isso, por exemplo, em padres e freiras da Igreja Católica, em médiuns kardecistas e em outros indivíduos associados à instituições que possuem um certo "peso" ou "tradição". Vendo um grupo de amigos muito próximos, na verdade um grupo aprendizes-xamãs, senti a mesma sensação de "peso" confirmada por um amigo próximo.

Sinto que toda atividade ou "técnica" que nos permite romper o padrão habitual de nossos pensamentos e ações nos disponibiliza para novas sintonias até o momento que tal atividade não se transforme ela mesma numa rotina. Antes importa que ela se transforme numa aprendizagem do corpo para acessar uma nova e variada percepção.

O fato mesmo de escrever esta mensagem do trabalho, onde me vejo, por vezes, obrigado a interrompê-la, afeta de forma interessante o influxo inicial que me impulsionou a escrevê-la.

A pressão assume "n" formas, mas essas "n" formas parecem ter mais a ver com as formas que somos capazes de assumir diante dos eventos, sem deixar que os eventos simplesmente aconteçam, sem que haja alguém para observá-los e alguém para administrá-los de acordo com a meta que se tem.

Certamente o que nos faz prisioneiros é a crença embutida em nós de que nossa concretude é uma uma condição imutável e a única disponível. É claro que foram desenvolvidas doutrinas e crenças que até nos dizem de outras possibilidades mas que também habilmente se utilizam de conceitos como o conceito de "carma" para nos fazerem escravos de nossa condição limitadora.

Assim a "nossa mente" foi prensada dentro de um molde estabelecido do qual poucos escapam. Para escapar do molde imposto pela pressão sócio-cultural nos é necessário energia, nos é fundamental liberar energia.

Mas essa é apenas uma visão possível sobre o tema "pressão". Que tem muito a ver com o tema transmutação da energia criadora, não é à toa que o tema "pressão" é tratado no Fogo Interior, no capítulo sobre o "brilho da consciência" (vasu_deva¹) como decorrente do alinhamento entre as emanações externas e internas ao ovo luminoso.

"— O que os novos videntes dizem ser a percepção, Dom Juan?"

"— Para eles, a percepção é uma condição de alinhamento; as emanações no interior do casulo ficam alinhadas com as exteriores, que se adaptam a elas. O alinhamento é aquilo que permite que a consciência seja cultivada por toda criatura viva. Os videntes fazem essas afirmações porque veem as criaturas vivas como realmente são: seres luminosos que parecem bolhas de luz esbranquiçadas."

(...)

"Perguntei-lhe como as emanações do interior do casulo se adaptam às externas de modo a permitir a percepção."

"— As emanações interiores e as emanações exteriores são os mesmos filamentos de luz. Os seres sencientes são diminutas bolhas feitas desses filamentos, microscópicos pontos de luz, ligados às emanações infinitas."

"Prosseguiu explicando que a luminosidade dos seres vivos é constituída pela porção particular das emanações da Águia que sucede estar dentro de seus casulos luminosos. Quando os videntes veem a percepção, testemunham que a luminosidade das emanações da Águia no exterior dos casulos destas criaturas aumenta a luminosidade das emanações em seu interior. A luminosidade externa atrai a interna; ela a aprisiona, por assim dizer, e a fixa. Essa fixação é a consciência de cada ser específico."

"Os videntes podem também ver como as emanações exteriores ao casulo exercem uma pressão particular sobre a porção de emanações interiores. Essa pressão determina o grau de consciência que cada ser vivo tem".

No intento,

Modak

¹
Do Vishnu Purana: a
 derivação comum de Vasudeva foi citada acima (página 62); aqui é derivada de Vas, 'morar', por Vishnu morar em todas as coisas, e tudo nele. O Mahabharata explica Vasu da mesma maneira, e Deva como significando radiante, brilhante: 'Ele faz todas as coisas residirem nele, e ele reside em tudo; por isso ele é chamado de Vasu, sendo resplandecente como o sol, ele é chamado de Deva, e aquele que é esses dois é denominado Vasudeva.' Veja também livro 6. cap. 5

Sinal de Fumaça

A antitreta

O Oráculo de Delfos O ignorante deve guardar silêncio. Sendo ignorante o que há mais para ser dito? Apenas isso: não sei. O sábio deve guard...