Uma das primeiras técnicas ensinadas por Dom Juan Matus à Carlos Castaneda consistia num ato simples e poderoso: apagar a história pessoal, tal como transcrito do livro Viagem a Ixtlan:
— Comece com coisas simples, assim como não revelar o que você realmente faz. Depois, deve abandonar todas as pessoas que o conheçam realmente bem. Assim, você construirá uma névoa em torno de si.
— Mas isso é absurdo — protestei. — Por que as pessoas não me podem conhecer? O que há de errado nisso?
— O que há de errado é que, uma vez que o conheçam, você é coisa em que eles se fiam e, desse momento em diante, não poderá romper o fio dos pensamentos deles. Pessoalmente, gosto da liberdade total de ser desconhecido. Ninguém me conhece com certeza absoluta, como as pessoas o conhecem, por exemplo.
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A pergunta que devemos fazer para quem pretende seguir tal caminho é simples: podemos abandonar as pessoas que nos conhecem realmente bem?
Numa sociedade em que quase todos querem ser conhecidos, famosos e ficarem bem na foto, especialmente nas redes sociais, apagar a história pessoal é um paradigma completamente diferente.
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