segunda-feira, 20 de novembro de 2023

A confiança do guerreiro, por Chögyam Trungpa Rinpoche


Quando há vontade de olhar para si mesmo, investigar e praticar o despertar de forma imediata, então, você se torna um guerreiro. 

Isto é coragem. 

Assim a coragem não é um simples resultado de dominar ou superar o medo, para o guerreiro a coragem é um estado de ser positivo, é um estado pleno de prazer, alegria e brilho nos olhos, o guerreiro, neste caso, não significa alguém que faz guerra contra os outros. 

A agressividade é a fonte dos nossos problemas, não a solução, o guerreiro é, na verdade, a tradição da bravura humana ou a tradição do destemor. 

O guerreiro é alguém que é corajoso o suficiente para viver em paz neste mundo. 

Em última análise esta é a definição de bravura: não ter medo de si mesmo. 

Ser um guerreiro é aprender a ser autêntico, em todos os momentos da vida, é estar simplesmente aqui, sem distração, nem preocupação, e quando estamos aqui, ficamos alegres, podemos sorrir para o nosso medo, não precisamos ter vergonha do que somos, podemos não ser particularmente esclarecidos, pacíficos ou inteligentes, no entanto, como somos seres sencientes, temos um solo suficientemente bom para cultivarmos qualquer coisa nele. 

Temos nossa bondade básica, nosso estado inerente de confiança, que é por natureza desprovido de covardia e agressão, livre do mal.

A covardia é qualidade sedutora e perturbadora de nossas mentes errantes e neuróticas que nos impede de descansarmos em nosso estado natural, o estado de inabalável vigília que chamamos de confiança do guerreiro. 

Desse ponto de vista, o propósito do guerreiro é subjugar o mal de nossas mentes covardes, para descobrirmos a nossa bondade básica, a nossa confiança.

Chögyam Trungpa Rinpoche, por Corvo Seco.


Chögyam Trungpa Rinpoche (1939 - 1987) foi um estudioso, professor, artista, poeta e mestre de meditação da tradição budista vajrayana.

Ordenado monge aos oito anos de idade, Trungpa dedicou-se ao estudo e à prática das diversas disciplinas monásticas tradicionais. Aos vinte anos, em 1959, em razão da invasão do Tibete pelos chineses, Trungpa foi obrigado a partir em exílio.

Pioneiro na disseminação do budismo tibetano no Ocidente, Trungpa foi autor de mais de duas dezenas de livros em inglês. Em 1970 foi para a América do Norte, e nos quinze anos seguintes, fundou uma rede de várias centenas de centros de meditação budista nos Estados Unidos e Canadá.

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