Nós vivemos num país, quiçá num mundo, onde a mudança de hábitos já deixou de ser uma opção existencial, agora é um necessidade imperiosa de sobrevivência.
Falar em mudança de hábitos parece um paradoxo nesse momento, pois tal mudança é por definição uma ação de dentro para fora. Quando ela ocorre de fora para dentro ela é uma imposição.
A mudança de hábitos é uma atitude revolucionária, rebelde, insurgente, consciente e não reativa.
Ser forçado a mudar, mudar a contragosto, sujeitar-se a uma imposição externa não é mudar de fato, pois quando a situação se alterar, e não for mais impositiva, a tendência é retornar ao padrão comportamental anterior.
É dito que o Buda falava sobre três tipos de pessoas, comparando-as a burros, paralelo que em si mesmo já é revelador da nossa tendência a apegar-se a padrões. Então, há três tipos de burros (pessoas):
1 - aquele burro que vê a sombra do chicote e isso já basta para ele andar.
2 - o burro que só anda quando leva chicotada.
3 - e um outro que mesmo a base de chicotada não arreda pé, o empacado.
Poderia se dizer que o primeiro burro é capaz de mudar seus hábitos ao vislumbrar a necessidade para tal. O segundo só muda se for obrigado (pelo "carma", pela vida, pelo meio). E, por fim, o terceiro, que não muda nem a chicotadas.
Muita gente se acha o primeiro burro, mas se assim fosse por que estamos do jeito que estamos vivendo todo esse carma coletivo?
O que nos impede realmente de mudar a despeito de tudo e por causa de tudo?
Para concluir, caso você se ache o tal, o Buda nos revela, já de início, que todos nós somos burros, mas há uma chance de deixar de sê-lo.
obs: pelo desculpas aos burros verdadeiros pelo uso da imagem, que não espelha a nossa verdadeira burrice enquanto espécie.
O mensageiro me disse que o hotel tinha restaurante e, quando desci para comer, vi que havia mesinhas na calçada. Era uma arrumação bonita, numa esquina, debaixo de uma arcada baixa de tijolos, em linhas modernas.
Estava fresco lá fora e havia mesas vazias, e no entanto preferi ficar dentro do hotel, onde estava mais abafado. Tinha reparado, ao chegar, que havia um grupo de engraxates sentados no meio-fio diante do restaurante e estava certo de que me perseguiriam se fosse sentar-me numa mesinha lá fora.
De onde eu estava sentado, via o grupo de garotos pela vidraça. Dois rapazes sentaram-se a uma das mesas e os garotos os rodearam, pedindo para engraxar os sapatos deles. Os rapazes recusaram e fiquei abismado ao ver que os garotos não insistiram, voltando a sentar no meio-fio. Depois de certo tempo, três homens de terno levantaram-se e os garotos correram para a mesa deles e começaram a comer as sobras de comida; em alguns segundos, os pratos estavam raspados, O mesmo aconteceu com os restos em todas as outras mesas.
Reparei que os garotos eram bastante cuidadosos; se derramavam água, enxugavam-na com seus próprios panos de engraxar. Notei, também, como eram meticulosos em seus métodos de limpeza. Comiam até os cubinhos de gelo deixados nos copos d'água e as fatias de limão do chá, com casca e tudo. Não desperdiçavam absolutamente nada.
Durante o tempo em que fiquei no hotel, descobri que havia um acordo entre os garotos e a gerência do restaurante: era permitido aos garotos ficarem no local para ganhar algum dinheiro dos hóspedes e também comer os restos, desde que não apoquentassem ninguém nem quebrassem nada.
Havia onze deles ao todo, de cinco a doze anos de idade; mas o mais velho era mantido a distância do resto do grupo. Os outros o ignoravam propositadamente, provocando-o com uma cantilena de que já tinha pelos púbicos e que era muito velho para estar entre eles.
Depois de passar três dias vendo-os procurarem como abutres os mais parcos restos, fiquei muito desanimado, e saí daquela cidade achando que não havia esperança para aquelas crianças, cujo mundo já era moldado por sua luta quotidiana por migalhas.
— Tem pena deles? — exclamou Dom Juan, em tom de pergunta.
— Por certo — disse eu.
— Por quê?
— Porque me preocupo com o bem-estar de meus semelhantes. São crianças e o mundo deles é feio e vulgar.
— Espere! Espere! Como pode dizer que o mundo deles é feio e vulgar? — perguntou Dom Juan, fazendo pouco de minha declaração. — Você acha que sua. sorte é melhor, não é?
Respondi que sim; e ele me perguntou por quê; disse-lhe que, em comparação com o mundo daquelas crianças, o meu era infinitamente mais variado e rico de experiências e oportunidades para a satisfação pessoal e o desenvolvimento. O riso de Dom Juan era simpático e sincero. Falou que eu não estava tendo cuidado com minhas palavras, que eu não podia saber da riqueza e oportunidade do mundo daquelas crianças.
Achei que Dora Juan estava sendo teimoso. Pensei mesmo que ele estava adotando o ponto de vista oposto só para me aborrecer. Acreditava sinceramente que aquelas crianças não tinham a menor possibilidade de desenvolvimento intelectual. Discuti meu ponto de vista mais um pouco e então Dom Juan me perguntou, abruptamente;
— Você uma vez não me disse que, em sua opinião, a maior realização da pessoa era tornar-se um homem de conhecimento?
Eu tinha dito aquilo, e repeti que, em minha opinião, ser um homem de conhecimento era uma das maiores realizações intelectuais.
— Acha que o seu mundo muito rico algum dia o ajudaria a tornar-se um homem de conhecimento? — perguntou Dom Juan, com um ligeiro sarcasmo.
Não respondi, e ele tornou a fazer a pergunta, de maneira diferente, coisa que sempre faço com ele quando acho que não está entendendo.
— Em outras palavras — disse ele, sorrindo abertamente, sabendo certamente que eu estava vendo seu artifício — a sua liberdade e oportunidades o ajudam a tomar-se um homem de conhecimento?
— Não! — respondi, enfaticamente.
— Então, como é que pôde ter pena daquelas crianças? — continuou ele, muito sério. — Qualquer delas pode tornar-se um homem de conhecimento. Todos os homens de conhecimento que conheço foram garotos como os que você viu comendo sobras e lambendo as mesas.
O argumento de Dom Juan deixou-me com uma sensação incômoda. Eu não tinha sentido pena daquelas crianças desprivilegiadas por não terem o que comer, mas sim porque, a meu ver, o mundo delas já as condenara a serem intelectualmente inadequadas. E no entanto, para Dom Juan qualquer delas poderia conseguir o que eu acreditava ser a epítome da realização intelectual do homem, o objetivo de ser um homem de conhecimento. Meu motivo de compaixão por elas era incongruente. Dom Juan me pilhara direitinho.
— Talvez você tenha razão — disse eu. — Mas como é que se pode evitar o desejo, o desejo sincero, de ajudar a seu semelhante?
— De que modo você acha que se pode ajudá-los?
— Aliviando a carga deles. O mínimo que se pode fazer por seu semelhante é procurar modificá-lo. Você mesmo está empenhado nisso. Não está?
— Não estou, não. Não sei o que modificar nem por que modificar nada em meus semelhantes.
— E eu, Dom Juan? Não me estava ensinando para eu poder modificar-me?
— Não. Não estou tentando modificá-lo. Pode acontecer que um dia você se torne um homem de conhecimento, não há meio de se saber isso, mas tal fato não o modificará. Um dia talvez você consiga ver os homens de outro modo e então compreenderá que não há meio de modificar nada neles.
— Qual é esse outro modo de ver, Dom Juan?
— Os homens parecem diferentes quando você vê. O fuminho o ajudará a ver os homens como fibras de luz.
— Fibras de luz?
— Sim, Fibras, como teias de aranhas brancas. Fios muito finos que circulam da cabeça ao umbigo. Assim, o homem parece um ovo de fibras circundantes. E seus braços e pernas são como espinhos luminosos, espocando em todas as direções.
— É assim que todos aparecem?
— Todos. Além disso, todos os homens estão em contato com tudo o mais, não por suas mãos, mas por meio de um punhado de fibras compridas que saem do centro de seu abdômen. Essas fibras ligam o homem a seu ambiente; mantêm seu equilíbrio; dão-lhe estabilidade. Assim, como algum dia você poderá ver, o homem é um ovo luminoso, quer ele seja mendigo ou rei, e não há jeito de modificar nada, ou melhor, o que poderia ser modificado naquele ovo luminoso? O quê?
O texto do Fernando foi excelente, um dos temas mais complexos e polêmicos dos não menos polêmicos tópicos apresentados pelo Doutor Carlos Castañeda.
Elaborando o texto sobre o "ponto de aglutinação" que em breve enviarei para a lista, pude apreciar o trabalho hercúleo que o Doutor Carlos Castañeda teve em trazer conceitos tão singulares ao alcance de nossa limitada mentalidade ocidentalizada, gerada dentro desta cultura bitolada e consumista.
Com a banalização do chamado esoterismo, quando a fantasia corre solta e o comércio desenfreado que transforma o Xamanismo em lucrativo meio de alguns ganharem dinheiro, sem a correspondente qualidade do produto apresentado, quando o estilo do povo nativo é deturpado em ideias totalmente cristianizadas e ocidentalizadas sob a capa de termos ancestrais, é um bálsamo ler as obras de Charles Spider (um dos nomes do novo nagual) e de suas companheiras.
Mas também é profundamente inquietante pois eles nos trazem de volta a questões que fazemos de tudo para fugir.
Primeiro ponto que lutamos para esquecer é que esta posição confortável que temos na vida, este estar numa casa, com comida, cercado de distrações, tudo isto, é de uma ilusão ímpar.
Para manter tudo isso temos que de alguma forma doar nossa energia a este sistema.
E dia após dia, a tal luta pela sobrevivência pode nos tirar a energia da vida, pouco a pouco, nos sugando.
Este nosso primeiro desafio, aprender a responder as demandas do meio sem nos destruirmos para isso.
Isso não é uma metáfora.
MATRIX não é mera metáfora, é descritiva da condição humana.
Apenas a realidade é pior, pois nossos dominadores, a espécie predadora que nos pastoreia é uma espécie consciente de si, com toda a complexidade que a vida consciente de si é capaz de gerar.
Eu tive acesso a esse tema muito novo, por meios que num outro momento comentarei.
O fato é que comecei a escrever um livro, que estou para lançar agora, onde chamo tais seres de "Sombrios". Isso começou há 16 anos, quando comecei o livro.
Sempre considerei esse tema o mais difícil de colocar em qualquer lugar que ia ser facilitador de alguma vivência, dar palestras ou mesmo escrever sobre o tema Xamanismo. Sempre considerei esse tema impossível de falar com as pessoas.
E ao mesmo tempo me sentia culpado de não falar sobre algo tão sério, tão fundamental.
Quando há coisa de ano e meio li as indicações sobre isso na obra do Novo Nagual um novo horizonte se abriu, um peso enorme saiu de minha consciência.
Não era culpa, era um senso de responsabilidade.
Em vários momentos da minha jornada a obra dos naguais toltecas forneceu subsídio para que eu desse crédito, entendesse ou mesmo não perdesse a sanidade mental, devido a resultantes do caminho que trilhando ainda estou.
Mas a única coisa que eu mesmo não sabia como transmitir, por ser inacreditável, era a tal ideia de sermos mero rebanho de uma espécie alienígena que nos pastoreia ativamente, consumindo nossa energia de forma completa, que nada sobra para requisitarmos nossas reais conexões com a realidade que nos cerca, com a Eternidade.
Este texto coloca uma coisa muito importante.
A mente que usamos no nosso cotidiano é a prisão.
Esta mente não é nossa.
É uma instalação alienígena no mais puro sentido dessa palavra.
E é através dela que nossos pastores nos mantém em seu rebanho aguardando a tosquia sazonal e ao final a degola.
Portanto é claro que uma parte de nosso ser vai gritar que isso é viagem pura.
Tolice sem par, coisa sem sentido e quando menos percebermos já vamos estar pensando em outra coisa, querendo ir a algum lugar, uma ansiedade brota no peito e nos dissipamos, deixamos de ter foco na principal questão.
A mente que usamos normalmente é uma instalação.
O segredo é que podemos ir além dela e então vamos nos libertar, ganhando como bônus tal instalação.
Essa mente gera uma relação com a realidade estática, temos uma realidade apenas, um mundo no qual ficamos fixos.
Agora podemos entrar num tema amplo.
A forma que certos povos compreendem a realidade.
Para alguns povos a realidade é composta em essência de infinitas linhas de energia se estendendo ao infinito em todas as direções mas sem nunca se cruzarem.
Percebam que essa imagem é inacessível a mente usual.
Não temos experiência em perceber um cenário assim. Linhas em todas as direções mas que nunca se cruzam.
Nós seres humanos somos aglomerados de pedaços dessas linhas.
Dizer pedaços seria uma aproximação.
O fato é que somos igual uma bexiga cheia de fios de fibra ótica.
Mas a quase totalidade dos fios está apagada, está adormecida.
Nesta bola toda, só um feixe de fios está aceso.
Um feixe de fios que ocupa um posição central na bola, no sentido longitudinal e na altura de 2/3 da bola há um ponto de brilho intenso.
Esse ponto tem ao seu redor um halo, um brilho.
É esse brilho que ativa esse feixe único que está aceso.
Esse feixe está em ressonância com um feixe externo, com um dos grandes feixes que existem.
Os feixes, internos e externos, em ressonância assim estão porque dos incontáveis fios de energia que passam por esta bola de fibras óticas, apenas um pequeno feixe passa por esse ponto, esse ponto que "aglutina" a percepção.
É o brilho ao redor do ponto que estimula a "consciência" nas fibras que estão dentro da bola.
Assim as fibras selecionadas pelo ponto que aglutina a percepção acendem fibras iguais no interior do casulo, com o brilho da consciência. E nos tornamos conscientes de um mundo.
Como emitir um som numa corda de violão e outra afinada no mesmo tom, ressonar.
Enquanto o ponto continuar aglutinando as mesmas fibras vamos viver na mesma realidade.
O que chamamos educação quer formal quer informal, é uma tática para forçar o ponto de aglutinação a se fixar numa freqüência, isto é, num conjunto de fibras que é o "campo comum" onde foi criada essa civilização dominante.
Fixados nessas fibras, estamos com nossa consciência presa na mesma descrição da realidade de todos a nossa volta.
Se deslocarmos esse ponto que aglutina a percepção para outras fibras, ou seja, para outra área da nossa bola luminosa, da bola luminosa que somos, vamos alterar completamente a percepção temos da realidade e se mudarmos o suficiente o mundo que chamamos de real vai desaparecer e estaremos noutro mundo.
Sonhando a principio, mas se mudarmos profundamente o ponto de aglutinação de sua posição vamos entrar com toda nossa fisicalidade, integralmente, em outros mundos, vamos sumir desse mundo.
Segundo Mariano Aureliano contou a Isidoro Baltazar temos 600 mundos inteiros que podemos ir, ou seja, 600 pontos dentro da bola luminosa que somos, que ao deslocar o ponto de aglutinação para lá, vamos entrar em mundos outros.
O que surpreende nessa abordagem da realidade é sua amplitude e simplicidade.
Os físicos quando descobriram o comportamento das sub-partículas e da luz, ficaram perdidos tentando adaptar suas observações da realidade a teoria newtoniana, até que perceberam que o problema não era no comportamento do mundo que lhes era desvendado em seus ciclotrons, mas o modelo que usavam de paradigma.
Esse modelo de realidade apresentado pelo Doutor Carlos Castaneda, um cientista social que foi noutra cultura, julgada extinta, recuperar uma abordagem da realidade que está para a magia e o esoterismo convencional como a física quântica está para a física newtoniana.
No entanto pontes se constroem com física newtoniana. O homem foi a Lua usando física newtoniana nos cálculos da rota e manobras.
Por isso o chamado a este caminho é para poucos(as).
É para quem já sentiu a busca do mais que humano em nós.
Além do humano, além de nossa forma humana estão as metas desse caminho.
Ele existe em muitas tradições, os Taoístas, Andarilhos do Deserto, descendentes dos Aesires, discipulos do Tathagata, nos que usam o Arco-Íris Bifrost, enfim, em muitos ramos esses antigos conhecimentos vicejaram e amadureceram até chegar ao nosso momento, ao nosso tempo espaço.
O Xamanismo Guerreiro pretende, antes de mais nada, liberdade sobre si mesmo.
Liberdade dessa força alienígena que comentávamos linhas atrás, a qual vc já deve ter esquecido, pois é essa uma das melhores artimanhas dessa força predadora, não se fazer notar.
E assim, ficamos presos a uma condição existencial que torna permanente esse vampirizar funesto de nossa energia durante toda nossa vida.
O corpo humano metaboliza a energia telúrica e a energia do sol.
Também as energias estelares e planetárias são processadas pelo corpo, mas em doses mínimas, pois o tipo de limitação perceptual ao qual estamos presos, nos impede de perceber plenamente as energias cósmicas que incidem sobre nós, tanto quanto a luz do sol.
Físicos sabem que neutrinos passam por nós a todo instante e por vezes se surpreendem quando em seus experimentos partículas vindas do espaço, que chamam de raios cósmicos, atravessam anteparos e afetam seus experimentos.
Nós recebemos energias das mais diversas em nossos corpos.
Ao metabolizarmos estas energias inconscientemente, respondemos com emocionalismos ou pensamentos a tais estímulos.
Assim racionalismos e emocionalismos nos levam a agir e agindo acreditamos que estamos fazendo, quando na realidade está tudo acontecendo, estamos apenas respondendo ao que os astros, nossas influências genéticas, a alma coletiva da Terra, o tonal dos tempos e tantos outros fatores, 48 em nosso mundo, nos levam a fazer.
E enquanto apenas respondemos mecanicamente nossa energia é levada embora.
Sim, a energia destinada a fazer de nós navegantes da Eternidade, exploradores dos mistérios da existência, não em teoria ou "filosofações" mas na prática, numa viagem empolgante pelos mistérios da existência, esta energia é sugada e levada embora para alimentar seres de outro mundo.
E nós nos limitamos a este mundo a este tempo, crendo que os objetivos reais da vida é ter o carro do ano, ter status, representar papéis para ser bem quisto, querido(a) e aprovado pelo meio. Com a desculpa que mais tarde teremos tempo para nós passamos a vida correndo atrás de uma das formas de prisão desse sistema.
"Dinheiro".
Dinheiro é um meio, mas quando ele se torna um fim em si mesmo, passamos a por toda a energia nele, na sua busca. Assim vive a maior parte do mundo, preocupado (a) com dinheiro, atrás de dinheiro. Mas o dinheiro é algo simbólico, não tem valor em si.
Portanto, colocamos uma energia tremenda em algo que em si não tem valor.
Para onde vai essa montanha de energia que dedicamos ao "dinheiro".
Deus, no sentido que este termo foi construído nessa cultura dominante e Dinheiro, são os dois conceitos vazios aos quais a maior parte da humanidade dedica sua energia.
E dedicando sua energia a conceitos vazios em si esta energia acaba indo para algum lugar.
Portanto, o caminho do Xamanismo Guerreiro é um caminho de liberdade.
Um dia quiçá, liberdade total, mas aqui e agora a liberdade mínima necessária para trilharmos de fato o Caminho e não apenas fantasiarmos em achismos e desculpas mil que nos levam a um semi-agir, a um mecanicismo servil.
Como na lenda da tigresa, temos que nos recordar que somos tigres criados entre ovelhas e por isso deturpados em nossa realidade.
Urge que despertemos para nossa real condição, urge que voltemos, discreta e sobriamente, a nossa realidade essencial. Esse é o começo de tudo para quem busca a Liberdade.
Deixar o rebanho e fazer isso com tal sutileza que ninguém perceba o fato.
Ovelha
Sheep
Inocentemente passando o seu tempo no pasto afastado
Harmlessly passing your time in the grassland away
Apenas vagamente ciente de um certo desconforto no ar
Only dimly aware of a certain unease in the air
É melhor tomar cuidado
You better watch out
Pode haver cães por perto
There may be dogs about
Eu olhei para além do rio Jordão e já vi que
I've looked over Jordan and I have seen
As coisas não são o que parecem ser
Things are not what they seem
O que você ganha fingindo que o perigo não é real?
What do you get for pretending the danger's not real?
Submissos e obedientes, vocês seguem o líder
Meek and obedient, you follow the leader
Descendo pelos corredores estreitos até o Vale de Aço
Down well trodden corridors into the Valley of Steel
Mas que surpresa!
What a surprise!
Um olhar de choque terminal nos seus olhos
A look of terminal shock in your eyes
Agora as coisas são o que realmente parecem ser
Now things are really what they seem
Não, isto não é um sonho ruim
No, this is no bad dream
(Pedra, pedra, pedra)
(Stone, stone, stone)
(O Senhor é meu pastor, nada me faltará)
(The Lord is my shepherd, I shall not want)
(Ele me faz repousar)
(He makes me down to lie)
(Através de verdes pastos, Ele me leva por águas tranquilas)
(Through pastures green, He leadeth me the silent waters by)
(Com facas brilhantes, Ele liberta minha alma)
(With bright knives, He releaseth my soul)
(Ele me pendura em ganchos em lugares altos)
(He maketh me to hang on hooks in high places)
(Ele me converte a costeletas de cordeiro)
(He converteth me to lamb cutlets)
(Porque eis que Ele tem grande poder e muita fome)
(For lo, He hath great power and great hunger)
(Quando chegar o dia que, nós, pessoas humildes)
(When cometh the day we lowly ones)
(Através da reflexão silenciosa e grande dedicação)
(Through quiet reflection and great dedication)
(Dominaremos a arte do karatê)
(Master the art of karate)
(Eis que nos levantaremos)
(Lo, we shall rise up)
(E, então, nós faremos os olhos dos sodomitas lacrimejar)
(And then we'll make the bugger's eyes water)
Sangrando e balbuciando, caímos em seu pescoço com um grito
Bleating and babbling we fell on his neck with a scream
Onda após onda de vingadores dementes
Wave upon wave of demented avengers
Marchando alegremente, sem obscuridade, sonho adentro
March cheerfully out of obscurity into the dream
Você ouviu as novidades?
Have you heard the news?
Os cães estão mortos!
The dogs are dead!
É melhor você ficar em casa e fazer o que lhe mandaram
São Paulo, Brasil, 24 e 25 de junho de 2000 - Seminário de Tensegridade
Miles Reid nos contou que um dia ele estava muito ocupado trabalhando com as árvores no jardim do Nagual. Ele havia lhe dado uma longa série de tarefas, e Miles estava muito preocupado com muitas ideias sobre isso. Sua mente estava tão ocupada que ele nem ouviu quando o Nagual se aproximou dele. Castaneda disse que ele tinha muito diálogo interno. Que sua mente estava cheia de ideias e que não permitiria que outras coisas acontecessem. Para que possamos perceber de uma forma diferente da usual, precisamos ganhar mais espaço em nossas mentes. Menos diálogo e mais silêncio. Não se trata de ficar em silêncio sem ouvir ruídos, mas de silenciar o diálogo interno, as preocupações constantes. Para isso, o Nagual lhe ensinou esta série.
1 - Em pé, com os braços soltos ao lado do corpo, damos a nós mesmos um comando de "relaxamento". Sentimos os músculos relaxarem.
2 - Em seguida, damos a nós mesmos um comando de "silêncio". Dizemos silêncio agora.
3 - Batemos levemente com a mão direita no lado direito, um pouco acima da cintura. Entre o osso do quadril e a última costela. 4 ou 5 vezes.
4 - incline-se ligeiramente e levante as mãos à frente do corpo, inspirando e esticando-as completamente para cima (dedos apontando para o zênite, palmas voltadas para a frente). Você começará a abaixá-los com a seguinte posição das mãos: o dedo indicador aponta para cima, esticado, o polegar flexionado, próximo ao dedo indicador, e o restante dos dedos fechados, flexionados na articulação média do dedo.
5 - Prendendo a respiração, abaixe-os lentamente até a altura do peito.
6 - Estique os braços para frente, expirando. Agora leve-o até o peito enquanto inspira (a posição dos seus dedos não mudou).
7 - Leve os braços atrás da cabeça e traga-os para frente formando um círculo acima do peito, mantendo-se próximo às axilas, prenda a respiração e comece a expirar enquanto abaixa as mãos até os centros onde você coloca as mãos paradas (nos centros, estique todos os dedos para apoiar com as palmas abertas).
8 - cruze as mãos na frente do peito - palmas abertas -, e descruze-as fazendo um pequeno círculo na frente, para continuar esticando os braços para os lados, inspirando o tempo todo, com as palmas voltadas para os lados. Quando terminar de alongar e inspirar, traga com tensão expirando, como se as palmas fossem se juntar, mas elas "continuam" e permanecem cruzadas no pulso em frente ao esterno. Dobramos o tronco para frente enquanto cruzamos os pulsos no final do passe (a palma direita fica voltada para o lado esquerdo e a palma esquerda fica voltada para o direito).
Variação
Fizemos uma repetição usando apenas os olhos. Após bater palmas no lado direito, abaixamos os braços e "trazemos" os olhos, inclinando a cabeça para seguir para onde o olhar vai. No ponto -8-, ao esticar os braços para os lados, devemos tentar que cada olho olhe para fora, para o lado. Ou seja, o olho direito deve olhar para a direita, enquanto o olho esquerdo tenta olhar para a esquerda simultaneamente.
Não tenho certeza, mas sei que houve conversas sobre enganchar filamentos de energia de baixo, de cima, da frente e de trás da cabeça (dependendo da posição que as mãos alcançassem).
"Ele disse que iria me mostrar outro exercício para parar meus pensamentos e perceber as linhas de energia. Caso contrário, eu continuaria fazendo a mesma coisa de sempre: sendo cativado pela visão de mim mesmo.
- Sente-se com as pernas cruzadas e incline-se para o lado enquanto inspira, primeiro para a direita e depois para a esquerda, sentindo uma linha horizontal puxando você para fora do buraco em seus ouvidos.
"Ela disse que, surpreendentemente, a linha não oscilava com o movimento do corpo, mas permanecia em uma posição perfeitamente horizontal; esse foi um dos mistérios descobertos por ela e seus companheiros.
- Inclinar-se dessa maneira - ele explicou - desloca nossa consciência - normalmente sempre direcionada para a frente - para os lados.
Ele me ordenou que relaxasse os músculos da mandíbula mastigando e engolindo três vezes.
-E para que serve isso? - perguntei, engolindo em seco.
- Mastigar e engolir saliva reduz parte da energia armazenada na cabeça para o estômago, reduzindo a carga no cérebro - disse ele com uma risada.
- A voz do espírito surge do nada - continuou ele. Ela emerge das profundezas do silêncio, do reino do não-ser. Essa voz só é ouvida quando estamos completamente quietos e equilibrados.
(...)
Como ele explicou, as duas forças opostas que nos governam, masculino e feminino, positivo e negativo, luz e escuridão, devem ser mantidas em equilíbrio para criar uma abertura na energia ao nosso redor: uma abertura pela qual nossa consciência possa deslizar. É através dessa abertura na energia que nos cerca que o espírito se manifesta.
-O que buscamos é o equilíbrio -continuou-. Mas equilíbrio não significa apenas ter uma parcela igual de cada força. Isso também significa que, à medida que as partes se tornam iguais, a nova combinação equilibrada ganha impulso e começa a se mover por conta própria.
...
-Não somos tão inteligentes assim, somos?
...
- Para ser inteligente no meu mundo - explicou Clara - você tem que ser capaz de se concentrar, de focar sua atenção em qualquer objeto concreto e também em qualquer manifestação abstrata.
...
-Uma abertura no campo energético ao nosso redor é uma manifestação abstrata - disse ele. Mas não espere sentir ou ver da mesma forma que você sente e vê o mundo concreto. Algo mais está acontecendo lá.
...
-Agora que está escuro, tente andar sem olhar para o chão - disse ela. Não como um exercício consciente, mas como o não-fazer da Bruxaria.
...
- Não-fazer é um termo transmitido pela nossa própria tradição de Bruxaria - continuou Clara -... Refere-se a tudo o que não está incluído no inventário que nos é imposto. Ao ocupar qualquer item em nosso inventário imposto, nos dedicamos a fazer; Tudo o que não faz parte desse inventário é não-fazer.
"Onde os bruxos se cruzam." Taisha Abelar. Edições Gaia. Coleção Nagual. 4º. Edição, de 1996, página 99.
No caminho do conhecimento, estamos sempre lutando contra alguma coisa, evitando alguma coisa, preparados para alguma coisa; e essa coisa é sempre inexplicável, maior, mais poderosa do que nós.
As forças inexplicáveis lhe chegarão.
Hoje é o espírito do olho d'água, depois será seu próprio aliado, de modo que não há nada que você possa fazer agora senão se preparar para a luta. Há anos atrás, La Catalina o provocou, mas ela não passava de uma feiticeira, e foi um truque de principiante.
O mundo está realmente cheio de coisas assustadoras e nós somos criaturas indefesas, rodeadas por forças que são inexplicáveis e inflexíveis.
O homem comum, por ignorância, acredita que essas forças podem ser explicadas ou modificadas; não sabe como realmente fazer isso, mas espera que os atos da humanidade as expliquem ou modifiquem mais cedo ou mais tarde.
O feiticeiro, ao contrário, não pensa em explicá-las ou modificá-las; ele aprende a utilizar essas forças, se redirigindo e adaptando ao curso delas. É esse o truque deles. Há muito pouco mistério na feitiçaria, uma vez que você descubra o truque.
Um feiticeiro está só um pouco melhor do que o homem comum. A feitiçaria não o ajuda a viver uma vida melhor; de fato, eu diria que a feitiçaria o atrapalha; torna a vida dele complicada e precária.
Abrindo-se para o conhecimento, o feiticeiro torna-se mais vulnerável do que o homem comum.
Por um lado, seus semelhantes o detestam, temem e procurarão extinguir sua vida; por outro, as forças inexplicáveis e inflexíveis que cercam a cada um de nós são, para um feiticeiro, uma fonte de perigo maior ainda. Ser furado por um semelhante é realmente doloroso, mas nada que se compare a ser tocado por um aliado.
Um feiticeiro, expondo-se ao conhecimento, fica à mercê dessas forças e só tem um meio de se equilibrar, a sua vontade; assim, tem de sentir e agir como um guerreiro. Repito mais uma vez: só como guerreiro é que a pessoa pode sobreviver no caminho do conhecimento. O que ajuda um feiticeiro a viver uma vida melhor é a força de ser um guerreiro.
"Tenho um compromisso de lhe ensinar a ver. Não porque eu pessoalmente queira fazê-lo, mas porque você foi escolhido; você me foi apontado por Mescalito.
Contudo, sou levado, por meu desejo pessoal, a ensinar-lhe a sentir a agir como um guerreiro. Pessoalmente, acredito que ser um guerreiro é mais próprio do que qualquer outra coisa. Por isso, procurei mostrar-lhe essas forças como um feiticeiro as percebe, pois somente sob seu impacto aterrador é que a pessoa pode tornar-se um guerreiro. Ver sem ser primeiro um guerreiro o tornaria fraco; isso lhe daria uma falsa humildade, um desejo de recuar; seu corpo degeneraria porque você se tornaria indiferente. É meu compromisso pessoal torná-lo um guerreiro, para você não se desmoronar.
"Já o ouvi dizer várias vezes que está preparado para morrer. Não considero esse sentimento necessário. Creio que é um capricho inútil. Um guerreiro só deve estar preparado para combater. Também já o ouvi dizer que seus pais feriram seu espírito. Penso que o espírito do homem é coisa que pode ser muito facilmente ferido, embora não pelos mesmos atos que você considera injuriosos. Acredito que seus pais realmente o lesaram, tornando-o mole, caprichoso e dado a cismar.
"O espírito do guerreiro não é dado a caprichos e nem a reclamações, nem a vencer ou perder. O espírito do guerreiro só é dado à luta, e cada embate é a última batalha de um guerreiro sobre a face da terra. Assim, o resultado lhe importa muito pouco. Em sua última batalha na terra, o guerreiro deixa seu espírito correr, livre e claro. E enquanto trava sua batalha, sabendo que sua vontade é impecável, o guerreiro ri-se à grande."
A felicidade suprema é a suprema realização de Deus em si.
Quando se tem consciência disto todos as realizações carecem de sentido se não estiverem subjugadas na suprema realização - Ioga.
A diferença fundamental entre uma pessoa adormecida e uma desperta é apenas o esquecimento e a lembrança sobre a divindade dentro de si.
Mas lembrança aqui é um conhecimento visceral de Deus em si, presente em todo o teu ser, a partir mesmo do teu corpo, teu sangue, tua coluna, teu respirar até abranger tudo o mais.
Há níveis diferentes de despertar, mas o despertar começa pelo corpo mesmo, por isto Kundalini-Shakti encontra-se em Mooladhara, o chacra básico.
Levar esta lembrança-consciência de si para dentro do cotidiano e mantê-la é a realização das realizações.
Até lá você deve começar pelo começo, ir adquirindo mais e mais flashs destas lembranças de si até que elas atinjam um ponto crítico que promova uma mudança no ser.
Cuide-se das armadilhas do ego que irá querer fazer com que você pense que já alcançou algo. Lembre-se que o ego não pode alcançar nada, ele precisa ser dissolvido na força do amor divino ou êxtase para que possamos coagular o ser verdadeiro.
Saudações!
Sejam Super Bem Vindas Personalidades da Totalidade Vocês. Aqui é a
personalidade Uni KA da totalidade.
A
medida que formos interagindo vocês perceberão que cada homem
nawal possui um sabor diferente. O velho nawal 'A Lex Sed Rex',
vulgarmente conhecido por Nuvem que Passa é da predileção do
'ver', não quero com isso dizer o VER de vedas,
pois todas as mulheres e homens nawal operam através do VER, do
saber sem palavras, do conhecimento direto sem intermédio da camada
de abstração constituida através da linguagem formalizada.
Esse agora que vos fala é da
predileção do falar, ou seja, da espreita. A clarividência, se não
utilizada em associação ao VER, é uma Despistadora Do Caminho.. é
um perigo! Nós do falar, como o Hãnú Felipe Carioca,
constantemente rolamos de rir com os imbróglios nos quais a turma do
'ver' se enrosca.
Afim
de ajudar a reconhecer de imediato a predileção dos indivíduos
ficam aqui mais algumas dicas, pois os termos predileção da
espreita e predileção do sonhar são muito crípticos. Utilizem a
lente predileção do 'ver' (de clarividência) que são aquelas
personalidades da totalidade que possuem mais desenvoltura no campo
do sonhar, e que portanto, constantemente estão mais aplicadas em
discutir o mundo onírico, e aglutinar em grupos sociais que possuem
essa mesma tendência, em vez de focarem nas questões do "Mundo
da Virgínia". Essas personalidades possuem maior afinidade com
a condição líquida. Um excelente exemplo é Mahadev triâm'bacânico,
com aquela yoni
no meio da testa, por isso costumo me referir a ele como 'xavascado'.
Notem aquele chafariz saindo de sua juba dreadlóckica... Ganga
Deevi. O Figura é da turminha dos líquidos, a turminha do 'ver'. Um
Perigo !!! O Véio nawal faz parte dessa turma aí.
Basta de apresentações. Para
uma comunicação efetiva se faz necessário empregar o mesmo
inventário. O mesmo conjunto de significados e significantes. E como
vocês ainda não experimentaram samadhi / nivanna /
satori. A parada é embaçada!
Para
vocês existe um mundo, um multiverso populado por uma miríade de
objetos e pirilampos. Para o Uni existe apenas a aparência de um
mundo de objetos e pirilampos, o tantra
maya.
Conhecimento para vocês é
aquela pletora de atividades como óleo sobre tela, pintura guache,
acrílico sobre metal. Ou engenharia, física, matemática,
filosofia, ontologia..
Conhecimento para o Uni ou
qualquer outro jivamukti / tathagata é apenas samadhi,
nivana, satori.
Ou seja, nesta sintaxe que
compartilho com vocês, não existe a menor possibilidade de se
atingir o conhecimento através das matérias acadêmicas ou através
das artesanias, ou de ambos. Não é uma crítica. É apenas um fato.
Transo com tesão as matérias acadêmicas e as artesanias.
"O
caminho", sobre o qual tanto discorremos, começa apenas a
partir do momento que o indivíduo experimenta sama
adi (same
as non dual,
semelhante a não dois). Aquilo que para muitas facetas do caminho é
a reta de chegada, aqui para nós do xamanismo guerreiro é a
bandeira de largada. Antes disso, na sintaxe Now All, não tem
"caminho", tem apenas buscar "o caminho.
E por incrível que pareça, são
necessários apenas 2 passinhos pra se permitirem experimentarem
samadhi, nivana, satori, ou parar o mundo.
Passo 1:
- Estabelecer o Silêncio
Interior Definitivo de uma vez por todas.
Passo 2
- Ir de propósito e com força
total contra o inventário que lhes foi passado através da família,
escola, religião, sociedade e etc. Isso se faz aplicando 24/7 o
inventário, a sintaxe que estamos compartilhando com vocês.
Não adianta querer queimar
etapas, pois daí não funciona! Mas antes de embarcarem em qualquer
prática leiam com atenção a seção 'Sobre' (About) no Site
Di-Fusão Now All https://uni-om.github.io/about/
Olhando para a imensidão do Universo a maior parte dele é feito de luz ou de escuridão?
Olhando para dentro de nossa mente a maior parte dela é consciente ou inconsciente?
Olhando para o nosso corpo a maior parte dele está revelado ou escondido?
Mesmo a lua quando cheia só o é por pouco tempo e por um tempo maior ela é vazia, escura, negra.
Aquilo que sabemos é nada diante do que não sabemos.
E quanto mais aumenta o conhecimento mais temos noção da ignorância, eis o paradoxo de Sócrates.
Aquilo de que temos ciência nada é diante do mistério.
O mistério reina soberano desde sempre. Essa compreensão é a fonte da humildade.
E por temer o mistério projetamos nossos fantasmas nele. Assim o mistério, a escuridão, as trevas tornaram-se o reino do mal e a luz a força do bem, que fez e ainda faz arder muitas bruxas na luminosa fogueira da inquisição.
Mas poucos param para pensar que se Deus disse "Faça-se a luz", ele o fez a partir das trevas.
Há no Universo pontos de uma tal densidade que atraem para si a própria luz, os cientistas o chamam de buracos negros.
Mesmo quando nasce um ser se diz que a mãe deu a luz, mas essa doação de luz saiu de dentro da escuridão do útero.
Assim frente a luz as trevas reinam soberanas, e não há nenhum mal nisso, a não ser quando pela própria ignorância nós criamos o mal. Então o mal é uma criação da mente humana ignara. O mal é a ignorância.
O mal é uma criação da mente humana religiosa. Religião vem do latim "religare", religar o homem ao divino, mas na verdade nada está separado, o homem não pode separar-se da divindade.
Assim religião é ignorância também, pois não estamos separados da Divindade, isso é impossível, pois se o homem tivesse esse poder ele seria mais forte que a Divindade e, portanto, a própria.
Vender a ideia da separação é conveniente para os sacerdotes religiosos que se arrogam de intermediários.
Para quem tem sede da Divindade: silencie a mente, mergulhe em seu silêncio interior e você encontrará o que procura.
Quando a mente religiosa crê que sua religião é a única e o seu deus é o único, então, essa mente religiosa considera todas as demais religiões e seus deuses como representantes do mal. O mal surge da projeção de uma mente religiosa fanática.
Mas de onde veio o fanatismo, como surgiu o fanatismo?
Da ideia de que a Divindade é uma exclusividade de um indivíduo, de um grupo, de um povo.
O fanatismo surge da possessividade, da apropriação do divino por um grupo de humanos.
O fanatismo deriva do ciúme religioso, portanto é uma forma de paixão altamente possessiva: meu deus, minha religião, meu senhor.
Mas a divindade não pode ser posse de ninguém. Deus não é propriedade privada de nenhuma religião.
Assim o mal surge da apropriação do divino pelo humano, obviamente uma ilusão. E de onde surge o desejo de posse? Do medo de perder o objeto da nossa crença.
Ora, qualquer coisa que ameace a crença tem que ser combatida ou negada pelo suposto crente. E aquilo que ameaça a crença, a fé, é visto como o mal, as trevas, a escuridão.
Assim apegados a uma pequena percepção queremos crer que ela é toda a verdade, e isso é o absurdo provocado pelo medo diante da imensidão, do infinito, pois por mais que amemos a luz quando olhamos as estrelas, a lua e o sol, o universo é feito em sua maior parte de trevas.
Amemos as trevas porque elas são luzes que ainda não compreendemos.
Amemos ao mistério, ele é a fonte da humildade.
Assim escuridão e luz são apenas um dualismo criado pela nossa mente limitada.
Não tenhamos medo de mergulhar na escuridão de nós mesmos. Quando desejamos luz o que ocorre é que a Divindade nos leva a perceber aquilo que não queremos ver, que tememos ver, mas que precisa ser resgatado em nós mesmos.
Nosso lado escuro é muito maior, muito mais poderoso, uma fonte infinita de energia, mas o nosso mal é considerá-lo como tal, pois aí nos alienamos de nós mesmos.
Lidar com a magia é ser capaz de lidar com o mistério que há em nós, compreendê-lo mais do que explicá-lo, pois explicá-lo é afastá-lo, é torná-lo uma assombração de nós mesmos.
Quando pesadelos e sonhos estranhos nos invadem é por certo essa parte de nós que grita por redenção, por compreensão, por reintegração ao espaço de nosso próprio ser.
Caminhantes,Atualizando e reforçando este sinal de fumaça.
Já estão disponíveis os textos do nawal Nuvem que Passa relativos à lista Ventania, são mais de cem textos (outros materiais ainda virão, estão no forno em preparação), que tem o foco principal no chamado Xamanismo Guerreiro, Xamanismo Tolteca ou Nagualismo.
Para acessar o material basta navegar pelo site sem precisar pagar pedágio, enviar PIX ou assemelhados, não vamos encher o saco de ninguém nesse sentido, o único que pedimos é que enviem esse material, link, para potenciais interessados nos dando uma força na divulgação. Não são necessários nem login, nem senha para entrar no site, que é de natureza estática, não é um espaço de discussão, mas de difusão, Di-Fusão Now All.
O espaço para discussão desses temas por ora é por aqui mesmo, no Pistas do Caminho.
Em breve, dentro de alguns dias ou semanas, teremos disponível o livro em PDF "Bruxaria, Magia e Xamanismo" - BruMaX, aqueles(as) interessados(as) basta deixar um contato para que possamos fazer o envio sem custo algum.
Já estão estão disponíveis os textos do nawal Nuvem que Passa relativos à lista Ventania (outros materiais ainda virão, estão no forno em preparação), que tem o foco no chamado Xamanismo Guerreiro, Xamanismo Tolteca ou Nagualismo.
Para acessar o material basta navegar pelo site sem precisar pagar pedágio, enviar PIX ou assemelhados, não vamos encher o saco de ninguém nesse sentido, o único que pedimos é que enviem esse material, link, para potenciais interessados nos dando uma força na divulgação. Não são necessários nem login, nem senha para entrar no site, que é de natureza estática, não é um espaço de discussão, mas de difusão, Di-Fusão Now All.
O espaço para discussão desses temas por ora é por aqui mesmo, no Pistas do Caminho.
Em breve, dentro de alguns dias ou semanas, teremos disponível o livro em PDF "Bruxaria, Magia e Xamanismo" - BruMaX, aqueles(as) interessados(as) basta deixar um contato para que possamos fazer o envio sem custo algum.
"Há braços"!
No Intento!
***
Está sendo feito um trabalho para disponibilizar todo o material escrito pelo xamã Nuvem que Passa que foi produzido através das listas de discussão nos anos em torno da virada do milênio. Trata-se de muito, mas muito material mesmo e que deve ficar disponível, num site específico para tal, no próximo ano astrológico, logo ali, no final de março de 2025.
Também vamos disponibilizar de forma gratuita um primeiro livro em PDF intitulado BruMax - Bruxaria, Magia e Xamanismo - envolvendo a abordagem desses temas que era própria do Nuvem que Passa.
Outros livros se seguirão. Por exemplo, devemos ter um livro em PDF baseado nos textos da lista Ventania, uma lista focada dentro do Xamanismo Guerreiro ou Nagualismo.
Um romance de autoria do Nuvem que Passa também deve vir à luz, no qual o conhecimento xamânico traveste-se de ficção.
Também estamos buscando as pessoas que de alguma forma ajudaram a reunir tão vasto material para que possamos dar os devidos créditos. Ao longo dos anos algumas pessoas ficaram, digamos assim, como guardiães desses textos e queremos agradecê-las pelas contribuições que fizeram.
Naturalmente o tempo passou, temos aí 20 anos transcorridos, as pessoas perderam o contato, é natural, mas de alguma maneira intentamos retomar agora. Estamos lançando essa rede virtual na vasta teia da internet. Emitimos esse sinal de fumaça pelo espaço cibernético. Aqueles(as) que quiserem receber o material podem entrar em contato conosco por aqui, nos comentários, ou mandar um email para donan.ramak@gmail.com
E mesmo com o transcorrer do tempo os textos continuam vivos, atuais, impregnados daquele intento da busca pela liberdade de percepção que marca a linhagem guerreira. Sim, o espírito do homem nos permitiu contato com outra linhagem além da linhagem fechada pelo nagual de três pontas, o Dr. Carlos Castaneda.
De antemão deixamos aqui o nosso agradecimento a cada um que contribuiu e também ao espírito do homem, pois é como já foi escrito:
"Se um guerreiro quiser pagar por todos os favores que recebeu e não tiver ninguém em particular a quem fazer seu pagamento, pode fazê-lo ao espírito do homem. Essa conta tem sempre um saldo muito pequeno e o que se botar ali é mais do que suficiente" - Roda do Tempo, de Carlos Castaneda.
O que é ser um Hopi? Talvez possamos perguntar: o que é ser?
O que é ser um Tolteca?
O que é ser um homem de conhecimento?
O que é ser?
Quem eu sou? Eis a pergunta da auto-investigação de Ramana Maharshi, atma-vichara.
Qual o mistério de ser?
Tais perguntas não tem respostas autênticas que possam ser dadas pela mente...
Um pouco dessas reflexões por um nativo hopi, Ramson Lomatewama, lembrando que há aqui dois significados para tal palavra um exotérico, digamos assim, e outro mais profundo...
Se a mente está no presente não percebemos a mente ordinária, sentimos uma outra mente, a mente de Buda, a mente iluminada.
A antevisão dessa outra mente causa um temor estranho na mente ordinária.
A meditação é a entrada na mente verdadeira do ser humano.
A meditação é o acesso à natureza real e divina do homem. Na meditação estamos focados no agora, no presente, não oscilamos nem para o futuro, nem para o passado, importa apenas este momento, o agora, o presente, a ocupação real. Não há futuro, nem preocupação. Não há passado, nem pós-ocupação. Ocupação de verdade só é possível no presente. Todas as outras ocupações fora do presente não são ocupações reais, são fantasias da mente fragmentada no passado ou no futuro, são atos mecânicos. Em meditação há apenas ocupação do ser. Há apenas foco no agora. Não há passado ressentido, nem futuro ansioso. Há apenas ISTO, o presente, a Vida pulsante, a respiração e tudo o que está acontecendo neste preciso e desprendido momento.
Meditação – ocupação, agora, presente, realidade, paraíso, foco, postura, elegância, calma, agilidade sem pressa. O pensamento assemelha-se a um rio caudaloso e sereno ou a um lago que parece o espelho do céu.
Distração – quase sempre estamos distraídos com pensamentos que nos levam ao passado ou ao futuro. Há falatório interior, há "fofoca neuronal", há turbulência dispersiva na mente. O fluxo dual do diálogo interior incessante e obsessivo opera entre passado e futuro em ondas emocionais negativas.
Passado: ressentimento, mágoa, saudade que dói, apego, raiva, culpa.
Futuro: expectativa ansiosa, planejamento excessivo, preocupação incessante, tentativa de controle do que não pode ser controlado.
Na meditação somos um, somos inteiros.
Na distração somos muitos, somos legião, somos dispersos.
Simbolicamente, na meditação somos como os santos, pois a aureola dos santos é um símbolo da integração com o divino, com a totalidade.
Por analogia de contrários, na dispersão mental feita de um diálogo interno incessante somos demônios, torturados pela dualidade dos chifres, símbolo da dicotomia da mente que alterna entre passado e futuro.
É claro que isso é apenas uma metáfora. A meditação transcende o santo e o profano, categorias próprias de uma teologia não iluminada. Aliás, só há teologias não iluminadas, pois a meditação, a iluminação é a sua própria teologia, o conhecimento da divindade em nós mesmos de forma direta, a realização da enteogenia do próprio homem.
Teologias e escritos sagrados são, como dizem os mestres zen, dedos apontando para a Lua.
Esse texto é apenas a sujeira na unha do pé de Buda.
"Às pessoas cuja a labuta ultrapassa as ideias e invade o domínio do "real": aos ecólogos das terras áridas, onde quer que estejam, não importa a época, fica dedicada esta tentativa de profecia, com humildade e admiração".
"...decidiu praticar uma das lições do corpo-mente ensinadas por sua mãe. Três inspirações rápidas acionaram a resposta: caiu numa consciência flutuante... focalizando sua percepção... dilatação arterial... evitando o mecanismo divagador da mente... ter consciência por escolha... sangue enriquecido regando as áreas sobrecarregadas... “não se obtém comida-abrigo-liberdade somente com o instinto”... a consciência animal é incapaz de se estender além do momento presente e não conhece a ideia de que suas vítimas possam se extinguir... o animal destrói e não produz... os prazeres animais permanecem próximos dos níveis de sensação e evitam o perceptivo... os humanos necessitam de uma tela de fundo através da qual possam perceber seu universo... consciência focalizada por escolha, isso produz a sua tela... a integridade corporal segue o fluxo sanguíneo-neural de acordo com a mais profunda consciência das necessidades celulares... todas as coisas/células/seres são inconstantes... lute pela permanência de fluxo interno..."
13 de novembro de 2024: Subcomissão de Segurança Cibernética, Tecnologia da Informação e Governo
Audiência conjunta da Inovação e da Subcomissão de Segurança Nacional, Fronteira e Relações Exteriores intitulada “Fenômenos Anômalos Não Identificados: Expondo a Verdade”
5ªPergunta (deputado Eric Burlison): “É possível que UAPs sejam extradimensionais em vez de extraterrestres? O que quero dizer com isso é — é possível que UAPs não se encaixem na narrativa tradicional de alienígenas de outro planeta, mas poderiam ser entidades de outras dimensões.”
Resposta (Luis Elizondo, agente sênior de classificação do Advanced Aerospace Threat Identification Program (“AATIP”) dentro do Departamento de Defesa (“DoD”) ):
Sim.
Vários cientistas dentro da AATIP propuseram que o UAP pode ter origens interdimensionais ou mesmo criptozoológicas.
Aproveitando o conhecimento de ponta da física quântica e da consciência humana, alguns cientistas sugeriram que a inteligência não humana — potencialmente responsável por operar certos UAP — pode ser tão essencial ao nosso ambiente quanto outros fenômenos naturais.
No entanto, atualmente não temos as ferramentas para observá-los ou medi-los usando métodos científicos convencionais.
Outra hipótese apresentada pelos cientistas da AATIP sugere que o UAP pode se originar das profundezas dos nossos oceanos. Há uma correlação bem documentada entre grandes corpos d'água e a atividade de UAP, o que pode explicar por que a Marinha dos EUA relatou mais incidentes do que os outros Serviços. Notavelmente, em junho de 2024, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional relatou que apenas 26,1% do fundo do mar global foi mapeado com tecnologia moderna de alta resolução.
- Você deve entender de uma vez por todas que essas são coisas normais na vida de um feiticeiro. Você não está ficando louco; está simplesmente ouvindo a voz do emissário do sonhar. Depois de atravessar o primeiro ou o segundo portão do sonhar, os feiticeiros chegam a uma fronteira de energia e começam a ver coisas ou a ouvir vozes. Na verdade não são vozes, e sim uma única voz. Os feiticeiros chamam-na de voz do emissário do sonho.
- O que é o emissário do sonho?
- Energia alienígena consciente. Energia alienígena que procura ajudar os sonhadores dizendo coisas. O problema com o emissário do sonho é que ele só pode dizer o que os feiticeiros já sabem ou deveriam saber, se valessem o que comem.
- Dizer que é uma energia alienígena consciente não me ajuda em nada, Dom Juan. Que tipo de energia? Benigna, maligna, certa, errada, o quê?
- É exatamente o que eu disse: energia alienígena. Uma força impessoal que transformamos em muito pessoal, porque tem uma voz. Alguns feiticeiros têm confiança absoluta nela. Até mesmo a vêem. Ou, como aconteceu com você, simplesmente ouvem-na como voz de homem ou de mulher. E a voz pode falar com eles sobre o estado das coisas, o que na maior parte das vezes é visto como um conselho sagrado.
- Por que alguns de nós ouvimos essa energia como se fosse uma voz?
- Nós vemos ou ouvimos porque mantemos o ponto de aglutinação fixo num determinado posicionamento; quanto mais intensa a fixação, mais intensa nossa percepção do emissário. Cuidado! Você pode vê-lo e senti-lo como uma mulher nua.
Dom Juan riu do que disse, mas eu estava assustado demais para levar na brincadeira.
- Essa força é capaz de se materializar?
- Certamente. E tudo depende de como o ponto de aglutinação está fixo. Mas fique tranquilo, se você for capaz de manter um grau de desapego, nada acontece. O emissário continua sendo o que é: uma força impessoal que age em nós por causa da fixação do ponto de aglutinação.
- E o conselho dele é garantido?
- Não pode ser um conselho. Ele só diz o que é o quê, e nós tiramos as conclusões.
Contei a Dom Juan o que a voz me havia dito.
- É como eu falei - Dom Juan observou. - O emissário não disse nada de novo. Sua afirmação estava correta, mas só na aparência era uma coisa reveladora. O que o emissário fez foi meramente repetir o que você já sabia.
- Acho que não posso dizer que já sabia aquilo, Dom Juan.
- Pode sim. Agora você sabe infinitamente mais sobre o mistério do universo do que suspeitava em termos racionais. Mas esse é o mal dos seres humanos: sabemos mais sobre o mistério do universo do que suspeitaríamos. Ter experimentado sozinho esse fenômeno incrível, sem o apoio de Dom Juan, fez com que eu me sentisse exaltado. Queria mais informações sobre o emissário. Comecei a perguntar a Dom Juan se ele também ouvia a voz do emissário.
Ele me interrompeu e disse com um sorriso largo:
- Sim, sim. O emissário também fala comigo. Quando eu era jovem costumava vê-lo como um frade vestindo um capuz preto. Um frade falador que me deixava apavorado todas as vezes em que surgia. Depois, quando meu medo ficou mais manobrável, ele tomou-se uma voz sem corpo, que até hoje me diz coisas.
- Que tipo de coisas, Dom Juan?
- Qualquer coisa em que eu focalize meu intento; coisas que não quero ter o problema de rastrear sozinho. Como, por exemplo, detalhes sobre o comportamento de meus aprendizes. O que eles fazem quando não estou por perto. Ele me diz coisas sobre você, em particular. O emissário me diz tudo que você faz.
Naquele ponto eu realmente não me preocupava com a direção que nossa conversa tomara. Revirei freneticamente o pensamento em busca de perguntas sobre outros tópicos, enquanto ele gargalhava.
- O emissário do sonho é um ser inorgânico? - perguntei.
- Digamos que o emissário do sonho é uma força que vem das esferas dos seres inorgânicos. É por isso que os sonhadores sempre o encontram.
- Quer dizer, Dom Juan, que todo sonhador ouve ou enxerga o emissário do sonho?
- Todos ouvem o emissário; muito poucos o veem ou sentem-no.
- Você tem alguma explicação para isso?
- Não. Mas realmente não me preocupo com o emissário. Num determinado ponto de minha vida precisei decidir se me concentrava nos seres inorgânicos e seguia as pegadas dos feiticeiros antigos ou se recusava isso tudo. Meu professor, o Nagual Julian, me ajudou a decidir pela recusa. Nunca me arrependi dessa decisão.
- Você acha que eu deveria recusar os seres inorgânicos, Dom Juan?
Ele não respondeu. Em vez disso explicou que toda a esfera dos seres inorgânicos tem sempre uma postura de ensinar. Talvez porque tenham uma consciência mais profunda do que a nossa, os seres inorgânicos sentem-se compelidos a nos manter debaixo de suas asas.
- E eu não vejo nenhum sentido em virar aluno deles - acrescentou. - O preço é alto demais.
- Qual é o preço?
- Nossas vidas, nossa energia, nossa devoção a eles. Em outras palavras, nossa liberdade.
A Arte do Sonhar, de Carlos Castaneda, Cap. 04, Fixando o Ponto de Aglutinação.
Magia, Xamanismo e Bruxaria são caminhos amplos, caminhos que envolvem tradições ancestrais, tradições que surgiram como resultado do trabalho dedicado, de estudo sistemático do mundo por parte de gerações incontáveis de praticantes.
Existem muitas vertentes que se autodenominam com estes termos¹, o que exige do(a) buscador(a) sincero(a) muita atenção, pois existe a Tradição e existem também muitos achismos sobre o que é a TRADIÇÃO. Existem ramos deste conhecimento que vêm da mais remota ancestralidade, mas existem também ramos bem recentes destes conhecimentos nascidos do trabalho de pessoas que se interessaram pelo tema, mas em vez de manter o SABER da TRADIÇÃO, o impregnaram com seus (pre)conceitos.
Há também o(a) iniciado(a) que recebeu conhecimento e energia de uma Tradição. E existem aquelas pessoas que se arvoram em herdeiros(as) apenas para fazer desses caminhos um campo para seus egotismos, campo para suas idiossincrasias pessoais.
É fácil reconhecer pessoas assim, adotam sempre uma atitude proselitista, sempre querendo provar que ‘seu’ caminho é ‘superior’ e veem nos títulos e graus iniciáticos a justificativa para vangloriar-se e se exibir, deixando óbvio que a iniciação não resolveu nada em sua realidade existencial, apenas serviu para ampliar a autoimportância.
Muitas pessoas vão ao Poder sem trabalhar a vaidade pessoal, impérios inteiros caíram no passado devido a isso — o mergulho no além, no transcendente, sem antes resolver o imanente, o aqui e agora.
Existem muitas tradições e propostas que se apresentam sob essas denominações, e é importante frisar que as colocações que faço se referem a caminhos telúricos, caminhos cuja sintonia com a TERRA enquanto ser vivo e consciente é fundamental.
O ser humano foi se afastando da Terra enquanto ser vivo em sua caminhada através das eras. Vamos observar que com o advento da agricultura e das cidades as pessoas foram levadas a operarem em um ritmo diferente, embora ainda ligado aos ciclos da Natureza.
Entretanto, com a perseguição das tradições ancestrais pela Igreja Românica e o advento da era industrial, há um rompimento com a percepção dos ciclos naturais. Os seres humanos, em sua maioria, passam a viver em ritmos completamente artificiais cada vez mais isolados da Natureza.
Portanto, caminhos telúricos exigem todo um trabalho de ressintonia por parte de quem foi criado no ritmo da cidade e da indústria.
A proposta do Xamanismo, da Magia e da Bruxaria, no contexto telúrico, difere um pouco daquelas tradições voltadas a seguir preceitos prontos. Estes caminhos telúricos valorizam a prática. Estão ligados a uma sintonia efetiva entre quem os pratica e os ciclos e forças da natureza, sem que, no entanto, haja adoração de forças ou seres.
Aqui não há projeção de um ‘pai-mãe’ psicológicos, mas sim uma clara proposta de compreender entes e poderes como forças impessoais, sem projetar nossos medos (quando transformamos esses seres em ‘demônios’), nem projetar nossas carências (quando transformamos esses seres em ‘anjos’). A proposta é perceber que tais entes são o que são. Energia consciente alienígena com as quais podemos entrar em contato, desde que saibamos o que estamos fazendo.
Nestes caminhos, ritualizar em um Solstício e trabalhar com o Sol não é adorar forças, mas elaborar uma teia de ressonância com estas forças que passam por estes momentos de poder como o Solstício. É saber que somos parte do Sol e que ritualizar é reatualizar o mito em nós.
Uma xamã que conheço insiste sempre que quando praticantes destes caminhos se ajoelham na Terra, estão se aninhando no seio de sua mãe, nunca implorando ou se subjugando para adorar uma força externa.
Trabalhamos a partir da sensibilidade das pessoas neste enfoque. Cada rito, cada celebração acontece em sintonia com as forças da Natureza e suas manifestações.
Somos parte da Natureza, a Natureza nos criou para desempenharmos um papel muito específico em um amplo contexto. Como enzimas em um organismo cósmico, nosso existir está em harmonia com o existir da Terra, da Vida e de seus ciclos.
O que chamamos de emoção e raciocínio, estas duas formas que temos de reagir a realidade circundante, não nasce em nós. Pois para estes caminhos fica claro, após as práticas de auto-observação, que as emoções e as racionalizações acontecem em nosso campo emocional e mental, mas não ‘nascem’ em nós.
Assim como nosso código genético, assim como os carmas, as emoções e raciocínios que reproduzimos vem sendo elaborados pelos organismos há eras, com finalidades que vão além de nossa compreensão racional.
Este é o primeiro trabalho que uma escola iniciática propõe ao(à) neófito(a): aprender sobre si mesmo(a)². Diferenciar o que fizeram de nós, daquilo que somos em essência, uma essência perceptiva que pode ir além das programações recebidas e originar um ser livre. Que nasce de si, para si, em um contexto distinto daquele que originalmente nascemos.
Podemos ir além do mero emocionar e aprender a SENTIR. Podemos ir além do mero raciocinar e aprender a PENSAR. Podemos ir além do mero reagir e aprender a AGIR. Mas isto exige dedicação, disciplina e um trabalho árduo, pois não temos ‘tendência’ a isto e sim a nos acomodarmos.
Por isso percebemos que todo trabalho iniciático, quando profundo e não apenas formal, implica uma fase de morte para a antiga vida e do renascimento para um novo ciclo.
O ser que nasceu dentro deste contexto que chamamos realidade, tem um script pronto, um papel a desempenhar na realidade da vida.
Energias que vêm dos planetas e de outras realidades passam por nós e as elaboramos para que sejam absorvidas pela Terra, por isso considero perfeita a analogia com enzimas para nossa condição.
Somos metabolizadores de energias diversas na direção da Eternidade para a TERRA e também da TERRA para a ETERNIDADE. Essa me parece a origem dos ritos telúricos, momentos nos quais praticamos de forma consciente este nosso papel de transformadores de energias diversas.
Mas quando queremos ir além disso, quando queremos ir além dessa vida ‘programada’ então surge o caminho iniciático, que nos leva ao confronto com realidades que muitas vezes deixamos de lado. Este aspecto é bem sutil. Há diferenças entre as práticas da Magia, da Bruxaria e do Xamanismo que colocam o ser humano em sintonia com a realidade a sua volta e possibilitam a função transformadora acontecer. Ritos de harmonização com a mudança das estações, com as fases da Lua e muitos outros que podem ser praticados sem que isto implique uma mudança profunda de consciência.
Gurdjieff diz que temos amortecedores, crenças e posturas existenciais que atenuam ou mesmo afastam nossa percepção de certas realidades existenciais. São as abordagens que herdamos das religiões e de certas filosofias de vida, que servem para ‘apaziguar a percepção da realidade’, as abordagens consoladoras.
Assim vamos encontrar muitos caminhos que se denominam ‘xamânicos’, ‘bruxos’, ‘mágicos’ mas que estão totalmente dentro dos paradigmas dos cultos oficiais, onde as mesmas ideias de “pai do céu”, “pecado”, “culpa” e outros conceitos que são a base das religiões oficiais, são adotados apenas com nomes diferentes, mas expressam as mesmas crenças.
O Xamanismo, a Bruxaria e a Magia são abordagens pragmáticas da realidade, não oferecem consolo, do contrário, começam o trabalho por vezes doloroso mas necessário de desmontar todos os ‘amortecedores’, as explicações que nos deram e as quais aceitamos sobre nossa própria realidade e o mundo a nossa volta.
Estes são caminhos naturais, ou seja, não valorizam em demasia a mente racional, pois consideram que a mente racional é fruto de uma série de convenções. Quando tentamos explicar e descrever a realidade, o fazemos através de palavras, e estas têm limites.
A palavra é fantástica, tem um poder tremendo, estamos nos comunicando aqui graças à palavra, mas ela tem limites. Existem fronteiras além das quais esta é ineficaz, pois a sintaxe de nossa linguagem é convencionada, vem da memória, dos códigos já apreendidos. E o novo, o além da realidade não pode ser expresso com base no já vivido.
Por isto o ‘silêncio’ é tido como o grande revelador, a forma mais sofisticada de conhecimento, que vem não da mente racional mas de um estado de insight, o qual brota a partir de práticas que conduzem a este estado ‘alterado’ de consciência que é o silêncio.
Assim o Xamanismo, a Magia e a Bruxaria tem sua base em práticas e estruturas de conhecimento que permitem uma participação efetiva do(a) aprendiz. Nestes caminhos é considerado conhecimento o que praticamos. Apenas falar teoricamente a respeito destes implica dizer muito pouco.
Esta crença exagerada na palavra é um atributo desta civilização na qual estamos. Há um “livro sagrado”, a “palavra de Deus”, rezas e orações. Em caminhos profundos como o Zen, o Taoismo e outros tem-se a mesma percepção que o Xamanismo, a Bruxaria e a Magia. Palavras aludem, mas não revelam. A experiência do transcendente precisa ser vivida diretamente, as palavras ajudam um pouco, porém a vivência direta se dá no ‘silêncio’.
No Xamanismo, na Bruxaria e na Magia a Tradição está contida em ritos, práticas e conhecimentos que restabelecem a sintonia do ser humano com a VIDA, com a NATUREZA e com a TERRA enquanto ser vivo e consciente.
Acreditamos que durante a existência da humanidade fomos contatados por diferentes tipos de seres. Muitos ramos de Magia colocaram esses seres como ‘Deuses e Deusas’, ‘anjos’ e também ‘demônios’ quando considerados ‘inimigos’.
Na Magia, Xamanismo e Bruxaria que estudamos aqui há a plena consciência que vivemos em um universo predador, um universo em que há luta pela consciência e energia. Assim procuramos evitar posturas de adoração em relação a estas forças e seres. Mesmo que alguns deles estejam para nós como uma estrela está para uma vela, ainda assim, são seres. E apesar de apresentarem ciclo de vida com enorme duração, nascem e morrem como nós.
O ser humano, vivendo na cidade e longe da natureza, pode alimentar algumas fantasias sobre a realidade que não vingariam se o mesmo estivesse em uma mata. Quando estamos a sós em uma floresta ficamos agudamente conscientes de que estamos entregues às nossas habilidades e que ninguém virá nos ‘proteger’. O mesmo acontece quando soltos na Eternidade e visitando outros mundos.
Ao deixarmos os mundos da ilusão, os mundos que não geram energia em si mas apenas foram projetados pela força de comunidades ancestrais, vamos encontrar mundos diversos, com seres diversos, com sua própria realidade, realidade que corresponde a seus próprios interesses.
Não há ‘guias protetores’, ou ‘anjos bondosos’ para a concepção do Xamanismo, da Magia e da Bruxaria que estudamos aqui. Podemos estabelecer relações de simbiose e mutualismo com seres de outras realidades, mas para isso se faz necessário foco e atenção total, do contrário correremos riscos tremendos de nos colocarmos à mercê de forças e seres que possuem sua própria agenda.
O Xamanismo, a Magia e a Bruxaria que estamos estudando aqui não colocam o ser humano como ‘ápice’ da Criação, aliás a própria ideia de criação é questionada. Trabalhamos com a noção de ‘emanação’, fomos emanados, nós e toda a existência, a partir da ‘Não-existência’. Esta emanação revela a própria ETERNIDADE assim como suas realizações.
De forma que em um trabalho iniciático mais profundo nesses caminhos não temos uma abordagem antropocêntrica da realidade, não vemos entidades apenas com forma humana, nem reduzimos a realidade aos limites da percepção humana. Mas procuramos justamente desenvolver nossa habilidade de mergulharmos no ‘não humano’, no além do humano, algo que só é possível depois de realizarmos plenamente nossa humanidade. Pois para irmos além do humano precisamos antes conhecer de fato o humano. E não estagnar nesta postura muitas vezes insossa e alienada que nos é imposta.
Expandir a consciência exige que tenhamos consciência. Operacionalizar a VONTADE é algo que exige trabalho e a capacidade de sair da mera ‘reação’ para irmos à ‘ação’. Por isto a auto-observação é fundamental para reunirmos informações sobre o que somos de fato, sobre o que fizeram de nós e então termos a coragem de abandonar o já marcado caminho que nos foi imposto para ousar o novo, o impensado. Então deixamos de ‘sobreviver’ e começamos a viver, algo raro em nossos dias de pessoas que ‘seguem’ e se alienam de si mesmas.
É um desafio que vale a pena entretanto.
Nuvem que Passa
Notas
¹ Nas obras do Dr. Carlos Castaneda vemos que o termo "feitiçaria" é usado para tentar definir o conhecimento transmitido por Don Juan Matus, e conforme o próprio entendimento de seu aprendiz outras definições iam sendo dadas, por exemplo:
"Em várias ocasiões Don Juan tentou, para o meu proveito, dar nome ao seu conhecimento. Ele sentia que o nome mais apropriado era nagualismo, mas que o termo era obscuro demais. Chamá-lo simplesmente “conhecimento” tornava-o vago, e chamá-lo “bruxaria” seria rebaixá-lo. “A mestria do intento” era muito abstrata, e “a busca da liberdade total” longa demais e metafórica. Finalmente, por ser incapaz de encontrar um nome mais apropriado, chamou-o “feitiçaria”, embora admitisse não ser realmente adequado" - O Poder do Silêncio, de Carlos Castaneda.