A morte sorri para todos, numa eterna alegria, consolo dos miseráveis, terror dos ricos, mas para todos ela se mostra equânime.
A única questão que fica é a de sempre: todos querem ir para o céu, mas ninguém quer morrer.
Os ricos se apegam a sua riqueza, elegeram seus bens o seu deus, a morte para eles é a verdade comunista da existência.
Os pobres também se apegam, mas nem tanto, pois a morte é para eles a chance de riqueza que aqui não tiveram, julgam ter sofrido o suficiente para o merecido prêmio celeste.
A classe média vive no purgatório de sempre: a invejar os ricos e a temer os pobres e, talvez, mesmo na morte ainda devem invejar os santos ou iluminados, esses ricos espirituais, e temem os quiumbas, os miseráveis do outro mundo.
Muda e sorridente, com olhos profundos de negro buraco a todos Ela aguarda paciente, pois a Morte espera a vida inteira, sem nenhuma necessidade de apocalipse ou fim de mundo.
Essa questão de fim do mundo, aliás, é sempre algo muito particular, pessoal e intransferível. A maioria nem se dá conta.
Ela, Nossa Senhora Morte, percebe que todo esse agito humano, essa luta ansiosa pelo viver não faz o menor sentido. E, tranquila, sorri.
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