sábado, 23 de dezembro de 2023

Cada caminhante é em última instância seu próprio caminho

Saudações Ventanias; 

Em mail anterior prometi falar um pouco sobre as origens do Xamanismo em termos históricos. O que vou narrar aqui é história como os (as) xamãs entendem história, não uma narrativa linear de eventos, mas o cerne do interesse dos (as) xamãs é algo sutil, é sobre a manifestação de uma força misteriosa, com a qual lidam todos que buscam a "alma do mundo". 

Leio muitos mails, dos mais diversos, diariamente. Mais jornais e livros e conversas com pessoas e cursos, dá para ir formando uma ideia de como é o "senso comum " da realidade. As pessoas do mundo "comum" foram condicionadas a uma percepção da realidade, por um conjunto de condições históricas que culminou na revolução industrial. Com a ocorrência da revolução industrial há uma produção de manufaturados em larga escala, uma necessidade de matéria prima também em grande quantidade, uma necessidade de que pessoas comprem o que está sendo produzido, enfim, as necessidades da revolução industrial criou toda uma era, a Era Industrial. 

Estudiosos como Toffler, Domenico de Masi, Giovanni Vismara, A. Touraine, Gershuny e tantos outros(as) já falam sobre o fim da Era Industrial e a transição que estamos vivendo para outra Era, outra "Onda " no dizer de Toffler. A revolução industrial, entretanto, ainda representa um conjunto de valores que dominam muitos setores da sociedade, inclusive a mídia e algo que tem poder sobre a mídia tem o poder de vender a própria imagem como quer. Esse poder da mídia é um tipo de magia moderna que muitas vezes passa despercebida.

 Existem pessoas que sabem usar do poder da mídia para criarem frente ao mundo uma imagem, isso é magia, criar, gerar algo por intenção. Este poder da mídia associado a religião, escola e educação familiar são vetores eficientes de conceitos e paradigmas da era industrial. Cada um desses conceitos e paradigmas são limites a nossa percepção. E são esses limites perceptivos que precisam ser investigados e compreendidos para que possamos não apenas deixá-los de lado por um tempo, mas realmente nos tornarmos entes perceptivos e singulares, gerados a partir de nós mesmos, de nosso cerne silencioso, intocado por qualquer programação exterior. Dessa forma vem a memória um dos conceitos importantes sobre xamanismo que o velho nagual apresentou ao novo, no mito tolteca atual: " Não é que a medida que o tempo passa o(a) guerreiro(a) aprenda Xamanismo; antes, o que ele aprende enquanto o tempo passa é economizar energia . Esta energia vai capacitá-lo a manipular alguns campos de energia que são normalmente inacessíveis a ele. Xamanismo é um estado de consciência , a capacidade de usar campos de energia que não são empregados para perceber o mundo cotidiano que conhecemos" (de "O Poder do Silêncio" citado no "A Roda do Tempo". 

Este conceito é de uma sutileza e abrangência fenomenais, a capacidade de exprimir em sintaxe comum tais conceitos revela uma maestria das palavras que é bem mais que a expressão entre dois seres perceptivos e conscientes, mas algo mais mesmo, algo relativo a essa estranha "Força" que permeia a Realidade mais ampla , na qual estamos inseridos, como uma camada em vasta cebola. O Xamanismo tem sido sempre isto, ir mais longe, ir além, ser mais amplo, ampliar a consciência. Os meios que podem ser utilizados são vários e 

cada caminhante é em última instância seu próprio caminho.

Dentro desta proposta o Xamanismo é a herança que temos de uma civilização anterior que existiu num outro tempo e outro espaço, mas que nos antecedeu. Os clãs de vários lugares tem história sobre um mundo anterior a esse, o quarto mundo de onde nossos antepassados vieram depois que tal mundo foi destruído. Há muitas histórias que tentaram com armas, doutrinas, pregações, medo, culpa e dor apagar de nossa memória. 

Mas o tempo mítico está voltando, as emanações de Hunab Ku voltam a incidir sobre nosso plano da realidade. Estávamos como que em um eclipse, em relação a Hunaby Kü, agora outro tipo de energia começa a incidir sobre nós. Nós sabemos disso, mas os Senhores e Senhoras Feudais atuais também sabem e seus feiticeiros de aluguel estão cuidando , através de meios com títulos sofisticados como "engenharia religiosa", " engenharia e gestão de comportamento de massas" entre outros, desenvolver linhas de ações por todo o planeta para evitar que no momento da grande transição, em "aproximadamente" 23 de Dezembro de 2012 façamos a conexão com o vasto poder que vai estar, como uma nuvem, passando por aqui. Se esta conexão for feita estamos reconectados com o Centro Galáctico, com a vasta energia que de lá emana e teremos entrado noutras possibilidades realizadoras em termos efetivos e concretos, no TONAL da Realidade. 

Mas as possibilidades que se abrem no outro campo é também imensa, pois sabemos que o campo adequado para se "treinar" no Nagual é o campo análogo ao tamanho do poder do Tonal sobre a realidade. O velho nagual mostrou isso ao grupo do México levando-os em excursão para um vale distante e lá colocando uma mesa com objetos em cima e usando tal mesa para demonstrar o Tonal, frente a vastidão do Nagual, quando foram a uma montanha longe olhar a mesa, imperceptível, no meio do vasto vale. Recomendam os Naguais da linhagem Tolteca que não nos percamos tolamente no mundo do Nagual, ou seja, em todas as outras realidades alternativas a essa que realmente existem. Este é um detalhe muito sutil no Xamanismo. 

Xamanismo é simplesmente usar o corpo esquerdo para perceber a realidade de forma funcional e ampliar a capacidade do corpo direito para o mesmo fim. Agora a nossa "personalidade", nossa estrutura psíquica frente a tudo isso que podemos fazer é algo que pode ou não ser cultivado. Podemos nos trabalhar, aprender a lidar e ir além das carências e medos, fantasias e culpas que o sistema criou como travas para impedir nossa liberdade por isso o Xamanismo Guerreiro não começa com "caçar animal de poder" ou ir a outros mundos e tudo mais que pode ser sim feito e deve, depois. 

Primeiro é preciso trabalhar o aqui e agora, pois tenho tido cada vez mais certeza na minha experiência pessoal que toda pessoa que consegue se realizar aqui e agora, que consegue lidar com o imanente está pronta para a aventura e o desafio que é suportar a pressão do desconhecido, já quem vive sempre fugindo em universos fantasiosos e explicações rebuscadas de sua preguiça em lidar com o aqui e agora, sempre criam problemas, confusões e acabam cedendo as pressões do infinito se tornando seguidores de algum sistema ou seres, não livres viajantes pela eternidade, que é como concebo o Xamanismo. 

Alguns temas para meditar.

Nuvem que Passa

Data: Ter Dez 26, 2000 6:04 pm

Assunto: Re: [ventania] Natal e Calendários

 

Nenhum comentário:

Sagrado Feminino: Kali.

Justamente hoje (08/03//2024) é interessante lembrar de um arquétipo do feminino que é fundamental, não só pela sincronicidade que está rola...